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domingo, 28 de fevereiro de 2016

CRÔNICA: As flores do Sertão são presentes para quem ainda acredita no ser humano






Por Paulo César Gomes, Professor e escritor serra-talhadense

O tempo na caatinga tem suas próprias regras. Regras essas ditadas pela própria natureza. Para quem olha a vegetação sertaneja em tempos de seca, é praticamente impossível acreditar que toda aquela paisagem acinzentada possa algum dia ressuscitar.

Pois bem. Em um passe de mágica, o que antes estava morto, ganha vida! … E este truque de mágica esconde-se por trás de pequenas gotas de água. Essa fantástica metamorfose vem à tona nos primeiros raios de sol de uma manhã de inverno sertanejo.

O clima de festa é anunciado pelo canto vigoroso do galo e pela revoada dos pássaros, que nos céus realizam movimentos acrobáticos em perfeita sintonia… Tudo acompanhado pelo canto de cigarras teimosas e bem-te-vis insistentes!

É nessas primeiras horas do dia, que as flores que antes haviam sido sepultadas pela imaginação humana, desabrocham. Os efeitos dessas flores em nosso globo ocular é hipnotizante… é sedução instantânea. Um verdadeiro deleite para as abelhas e borboletas.
Bem aventurado é o homem do campo! Que acorda bem cedinho e pode acompanhar bem de pertinho essa extraordinária mutação!

Um forte abraço e até a próxima!









quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Imagens do local a onde se retira areia do leito do Rio Pajeú em Serra Talhada de forma predatória


Muitos se fala sobre o Rio Pajeú, mas pouco se faz... Diariamente são retiradas dezenas de caçambas de areia do leito do rio – mais precisamente nas proximidades da ponte que leva ao bairro da Caxixola - sem controle e de forma predatório. Não se sabe o destino final da areia retirada, o que se sabe é que o rio está com os seus dias contados! 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

A LINHA DO TEMPO

A LINHA DO TEMPO

A linha do tempo!
Um entrelaça entre espinhos, arames e a vibração do tic tac do relógio
Acompanhados pelas batidas do coração
Pela sensação indescritível de que tudo passa...
E tudo sempre passará!

Autor e foto: Paulo César Gomes (http://professorpaulocesar.blogspot.com.br/)





MISS PERNAMBUCO 1975: O bi-campeonato da beleza feminina para Serra Talhada e a renúncia do título por um casamento



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Por Paulo César Gomes, especial para o Farol


O concurso de Miss Pernambuco de 1975 foi um dos mais emblemáticos da história. Esse evento contou com a participação de duas irmãs gêmeas – Edileide Maria Vital Constantino, Miss Moreno (4º) e Edinilza Constantino, Miss Jaboatão (7º). Outro fato curioso é que a vice-campeã já havia sido vice também pelo estado da Paraíba.

O concurso ocorreu em 13 de junho 1975, no Ginásio “O Geraldão”, com um público presente de mais de 10 mil pessoas, 24 candidatas disputaram o titulo de mulher mais bela do estado. Naquela noite ocorreram os shows de Elza Soares e Jair Rodrigues, além da Orquestra de Mário Griz.

Foi em meio a esse clima de excentricidade, que a representante de Serra Talhada na época, à jovem Maria de Fátima Mourato, foi eleita Miss Pernambuco. A garota oriunda do distrito de Água Branca, zona rural da cidade, e funcionária de um supermercado, desbancou outras candidatas que eram apontadas como fortes nomes a conquista do título, tornando o município bi-campeão estadual da beleza feminina.

Fátima foi recebida com muita festa na cidade, com direito a desfile em carro aberto e uma carreata pelas principais ruas. A bela serra-talhadense foi a 16ª. colocada no Miss Brasil 1975, que foi realizado no dia 20 de junho, no Ginásio Presidente Médici, em Brasília. O concurso foi transmitido pata todo o Brasil pela extinta TV Tupi. Fátima curtiu muito pouco curtiu o glamour proporcionado pela título de Miss Pernambuco, pois quatro meses após a conquista, ela renunciou ao posto para se casar com o Major José Ferreira dos Anjos. O Major que chegou a Serra Talhada em março de 1975, ficou conhecido na cidade pela alcunha de “Ferrerinha”.

A faixa deixada pela serra-talhadense foi herdada pela vice, Solange Costa, que também renunciou para se casar. Coube a Inês Regis de Melo, terceira colocada, ostentar o título até a escolha da Miss do ano seguinte.

Passados mais de 40 anos da conquista, pouco se sabe sobre Fátima Mourato, que após o casamento passou a levar uma vida discreta, dedicando-se exclusivamente a família. 

Um forte abraço a todos e até a próxima!

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Publicado no Portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 21 de fevereiro de 2016.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

MISS PERNAMBUCO 1976: Matilde Terto, a serra-talhadense que venceu desafios, sendo exemplo de beleza e vida

Por Paulo César Gomes, professor, pesquisador e escritor serra-talhadense


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Foto publicada na revista Manchete


Matilde Terto desfilando no CIST


Matilde de Souza Terto, ou simplesmente Tida, como é carinhosamente conhecida por amigos e familiares, foi a última serra-talhadense a ostentar a coroa de Miss Pernambuco, uma façanha que este ano completa 40 anos. Maltide foi alçada a condição de Miss Serra Talhada de forma despretensiosa.

“Eu estudava na Escola Normal, quando numa das aulas de educação física a professora Raquel Dantas e demais colegas me incentivaram a candidatar ao concurso de miss Serra Talhada. Não pensava até então na possibilidade de enfrentar as passarelas. A ideia foi amadurecendo, e resolvi falar com minha mãe a qual não concordou de imediato deixando a responsabilidade para o meu pai, que era mais acessível as minhas vontades. O meu nome foi lançado e a acolhida pelos serra-talhadenses foi satisfatória”, relata a ex-Miss.

Antes na consagração estadual, a serra-talhadense que na época tinha dezessete anos, foi eleita Miss Elegância, uma prévia do concurso que foi realizada em Arcoverde, onde participaram 25 candidatas. A partir deste resultado, Matilde despontou como uma das favoritas para a conquistar o terceiro título consecutivo para Serra Talhada.

A DISPUTA E MUITAS EMOÇÕES

O dia 04 de junho de 1976 foi histórico para Matilde e para Serra Talhada. Na referida data ela foi eleita Miss Pernambuco diante uma plateia com cerca de 22 mil pessoas, um público similar a um disputa de grandes times de futebol, o que mostra a grandiosidade do concurso 1976. Na memória de Matilde aquele dia se tornou inesquecível.

Ela ainda hoje preserva os detalhes daquele 04 de junho.  “No dia do concurso chegamos cedo ao Geraldão – ginásio onde foi realizado o evento – para os preparativos com maquiagem e cabelo. A expectativa era de muita tensão com olhares de avaliações por pessoas que tinham acesso aos bastidores. Chegando o momento do desfile, a mãe de uma das candidatas pegou meu cabelo e assanhou o penteado, gerando desconforto, o meu cabeleireiro, Jaime, estava por perto, prontamente prendeu o penteado e eu voltei a minha posição de entrada. No momento em que foi anunciada as cinco finalistas o meu coração disparou! A torcida com faixas, batucadas vibravam muito. Lembro-me como se fosse hoje a hora em que foi anunciado o resultado final: É o tri! Serra Talhada! Fiquei atônita, sem acreditar. A emoção foi tanta que chorei. Ao receber a faixa, coroa e cetro, olho para a plateia e vejo lágrimas de felicidade dos meus familiares e amigos. Voltei a desfilar na passarela com os aplausos das pessoas que de fato torceram, sofreram e me ajudaram na conquista. Foi emocionante testemunhar e fazer parte do concurso ao qual saí vitoriosa com o título de Miss Pernambuco”.

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A VOLTA PARA SERRA TALHADA E O MISS BRASIL



A nova Miss Pernambuco foi recebida com festa em Serra Talhada, um hábito que já estava virando rotina na cidade. Faixas com frases enaltecendo a conquista foram espalhadas pelas ruas. ‘”Obrigada, Matilde! Por manter a tradição” e “Serra Talhada, tri! Cilene, Fátima e Matilde”.

Pouco tempo depois ela embarcou para Brasília (DF) para disputar o concurso de Miss Brasil. À caçulinha entre todas as candidatas, chegou de forma simples, no entanto, fez grandes amizades, chegando inclusive a receber incentivo do cantor Benito de Paula.

“Acompanhou-me a Brasília, a tia de Cilene Aubry (Bezinha) que ficou comigo no hotel, Socorro (Bio) e meu pai. A minha chegada foi marcante. No aeroporto estavam à minha espera parte dos organizadores do concurso e carros com desenhos de corações em suas portas, e escrito Miss Brasil com vários policiais da presidência da República em motos com sirenes ligadas. Quando cheguei ao hotel muitas das misses me receberam com aplausos, abraços e muito calor humano. Nos bastidores houve mais harmonia, solidariedade, respeito, consideração. Benito de Paula que chegou até a mim e disse: ‘bota pra quebrar Leão do Nordeste’.

Outra passagem marcante para a serra-talhadense foi o encontro com o rei Roberto Carlos, que na época era a “coqueluche” entre os jovens. “Quando soubemos que Roberto Carlos estava se hospedado no hotel que estávamos foi um grande alvoroço. Cada candidata queria ter o seu momento com o rei. O meu foi inesquecível”.

Mesmo não obtendo um grande resultado, a experiência vivida no Miss Brasil foi determinante a formação da personalidade da nossa querida Tida.

Quatro décadas depois de ser eleita a mulher mais bonita de Pernambuco e de ter superado a dor provocada pela trágica morte de seu pai, Sebastião Nunes Terto, Matilde Terto convive entre as cidades de Triunfo e Recife. Cheia de vida e de bom humor, a agora avó, Tida é exemplo de humilde e de espiritualidade, uma bela referencia para as jovens que desejam seguir a carreira de Miss ou de modelo.

“Se fosse possível começaria tudo novamente. Adorei o concurso. Tive destacada atuação durante o meu reinado de beleza. Eu tenho saudade de tudo que marcou a minha vida, e só se sente saudade do que realmente valeu à pena. Para as que almejam o título, que saibam aproveitar a chance com amadurecimento, lembrando que a beleza não está apenas ligada ao físico. Exige muito de dentro de cada uma. Humildade acima de qualquer coisa, que sejam elegantes no comportamento, trazendo leveza, harmonia, desenvoltura, graciosidade… reunindo um padrão de beleza que sirva de referências para as futuras gerações. Que brilhem na passarela e aproveitem cada momento de glamour. Sou mãe, avó, amiga… um ser humano normal, tenho qualidades e defeitos. Muito fiel a lei do retorno. Amo minha família e amigos, eles são minha razão de viver, porque tornam a minha vida bem mais feliz”, conclui a ex-Miss Pernambuco.

Um forte abraço e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 14 de fevereiro de 2016.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

RETIRADA DO LIXÃO: Prefeitura de Serra Talhada não cumpre promessas e aumenta exclusão social dos catadores de lixo








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Na última parte da reportagem especial “Profissões Perdidas: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada” (Parte 1) e (Parte 2), mostraremos as contradições existentes entre o discurso da classe política e a realidade de quem sobrevive no lixão da PE 390. As fotos são de Alejandro García.

O GOVERNO MUNICIPAL E A PROMESSA NÃO COMPRIDA



Em maio de 2013, a prefeitura municipal anunciava com estardalhaço que em 120 dias – 30 de setembro daquele ano – todos os catadores seriam realocados para a Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Serra Talhada, uma iniciativa que atendia ao prazo previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, através da Lei 12.305/2010 (relembre).

Passados quase três anos do anuncio, o que se vê é que nada saiu do papel, o que torna a vida dos catadores uma verdadeira ignota, já que a reforma para ampliação da pista do aeródromo de Serra Talhada já foi anunciada pelo governo estadual. Soma-se a isso, o fato de que após ampliação a cidade deverá receber voos comerciais operados pela companhia área Azul. No entanto, para que Serra Talhada seja habilitação para tal operação, a retirada do lixão se torna obrigatória.

ENQUANTO O DEBATE SOBRE A RETIRADA DO LIXÃO SE ACIRRA NO MEIO POLÍTICO; OS CATADORES SÃO EXCLUÍDOS DA DISCUSSÃO

Nas últimas semanas o debate sobre a retida do lixão da PE 390 tem ganhado manchetes em vários veículos de imprensa do estado. Recentemente o clima ficou bastante tenso entre o Secretário de Transportes, Sebastião Oliveira, e o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Euclides Ferraz, que publicamente divergiram sobre as responsabilidades sobre a retirada do lixão.  O detalhe mais importante desse imbróglio é a forma como os encaminhamentos para a retirada do deposito de lixo vem sendo tomados, sem que os catadores sejam pelos menos ouvidos. Até momento nenhuma autoridade ou órgão não governamental estive no local para orientar ou esclarecer como será o futuro de quem vive em meio aos entulhos.

“Ninguém disse nada. Mas a gente sabe que temos direito. Tem que ajeitar e colocar a gente em um bom lugar”, relata Maria Dardiclécia, de 40 anos. Muitos catadores são céticos com relação ao futuro depois da retiradas do lixão. “Quando retirar o lixão para onde iremos? Esse negócio de aterro sanitário é ruim. Vai ficar mais de 40 pais de família sem emprego”, desabafa João Marcos, de 30 anos. O fim do depósito ainda não é vista como bom olhos por quem vive na área, “a gente não quer sair daqui.

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Tiramos o nosso pão daqui”, disse o um dos coletores pedindo para não ser identificado. O que mais revolta os catadores é ausência das autoridades, que só aparência de forma oportunista em épocas de eleição. “Os políticos só aparecem em época de eleição. Quero ver o prefeito aparecer aqui para pedir votos”, disse João Batista. Outra coletora bastante revoltada é Marcionília Custódio de Lima, 38 anos, “Já falei com o prefeito quatro vezes para ele me arrumar um emprego”. Segundo ela, “o prefeito até hoje não fez nada do que me prometeu”.

Entre os poucos políticos lembrados pelos catadores está a vice-prefeita Tatiana Duarte. Curiosamente ela foi uma das poucas autoridades a visitar o local – ainda quando era aliado do prefeito – em 2013. Segundo Zaquiel, o pouco reconhecimento e apoio que recebem vêm das escolas públicas e privadas. “Quem sempre aparece por aqui são os professores e os estudantes das escolas que vem trazer cestas básicas, roupas e brinquedos. Para os outros a gente parece que não existe”.

Forte abraço e até a próxima!







Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 09 de fevereiro de 2016.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

PROFISSÕES PERDIDAS: O drama dos que sofrem preconceito e vivem sem assistência médica no lixão de Serra Talhada (2a. Parte)


 


Marcionilia Custodio de Lima, 38 anos, faz a comida da familia em meio aos entulhos de lixo
Reportagem: Paulo César Gomes – Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García
Na segunda matéria da reportagem “Profissões Perdidas: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada” (relembre), relatamos os depoimentos dos catadores que moram no lixão e que sofrem pela a falta de assistência médica e social, além da descriminação que sofrem do comércio da cidade.

UMA VILA CONSTRUÍDA EM MEIO AO LIXO; SEM ÁGUA ENCANADA, BANHEIROS E ESGOTOS

Entre as toneladas de entulhos que são despejados no lixão semanalmente – onde podem ser encontrados uma infinidade de objetos, como restos de bicicletas, velocípedes, bonecas, carrinhos, pneus e capas de revistas de moda – os catadores ergueram uma vila, que possui mais de 20 barracos, onde cerca de 40 pessoas moram, alguns passam a semana, outros chegam a residir por vários meses.

A maioria dos barracos possui apenas energia elétrica, que vem de uma placa de captação de energia solar, o que aparentemente pode significar algum conforto. No entanto, a situação é muito degradante, pois as moradias – construídas com material extraídos do próprio lixão – não dispõem de banheiros, água encanada e rede de esgotos. A falta de condições mínimas de higiene, em um local com alto nível de insalubridade, acaba pondo em risco a saúde física e mental de todos que laboram na área.
Dona Rita, 57 anos, senti dores de cabeca
Dona Rita, de 57 anos, é um das mais velhas catadoras de lixo, segundo ela a fedentina e o “chorume” – substância líquida resultante do processo de putrefação (apodrecimento) de matérias orgânicas – incomodam bastante. “De vez em quando eu sinto fortes dores de cabeça”, declara Rita. Outra catadora, Maria Dardiclécia, de 40 anos, também alega sentir problemas de saúde: “além das dores de cabeça eu sinto muita gripe, algumas delas vêm muito forte”.

Encontrar água é um grande desafio para quem vive na área. “A água que a gente usa é pegada nos barreiros que ficam aqui pertinho e que quando chove”. Segundo um catador não há assistência médica e social no lixão. “Nesse tempo que eu estou aqui eu nunca vi um agente de saúde ou qualquer outra pessoa visitar a gente para orientar sobre a questão d’água e dos alimentos, nem sobre a dengue e nem sobre essa outra doença com um nome difícil”.

A COMIDA FEITA EM MEIO AO LIXO E AS MOSCAS

Mesmo diante de toda essa falta de higiene do local, e ainda contado com a companhia de centenas de moscas, Marcionília Custódio de Lima, 38 anos, cozinha a comida para a sua família. “Ou gente faz a comida ou fica sem comer!”, justifica Marcionília o seu dilema frente à situação difícil em que vive. Segundo ela, é preciso paciência para fazer as refeições, “para comer a gente tem que ficar de baixo de um mosquiteiro por causa das moscas”. Os mosqueteiros também são úteis durante a noite, já que existe muita muriçoca, principalmente no período de chuva.

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“POR SER CATADORA NO LIXÃO FOI IMPEDIDA DE COMPRAR A PRAZO EM UMA LOJA DA CIDADE”


Outro grande desafio enfrentado pelos catadores de lixão é a descriminação, que ocorre tanto na esfera pública como privada. “Até hoje ninguém daqui foi sorteado para o projeto Minha Casa, Minha Vida. É uma situação que a gente não entende direito”, lamenta Maria Dardiclécia. A catadora ainda fala com tristeza da descriminação que algumas lojas têm com quem vive da coleta de lixo.

“Foi comprar em uma loja e a moça me perguntou qual era a minha profissão. Eu disse que era coletora de reciclagem. Ela me perguntou se eu era da associação de reciclagem e eu disse que não era, coletava somente no lixão. Depois que disse isso a moça olhou pra mim e falou que eu não podia comprar a prazo lá”. “Coletar lixo é uma coisa honesta, só que as pessoas vêem isso como se fosse uma coisa feia”, desabafa a coletora de lixo.
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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 08 de janeiro de 2016.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PROFISSÕES PERDIDAS: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada




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Reportagem- Paulo César Gomes- Fotografias: Farol de Notícias/Alejandro García

o carnavalesco Joãzinho Trinta, levou para a Avenida Marquês de Sapucai, a passarela do samba do Rio de Janeiro, o enredo Ratos e Urubus, larguem minha fantasia! O desfile da escola de samba Beija-Flor entrou para a história por incorporar o lixo ao tradicional luxo das alegorias e adereços. Passados mais de 27 anos da inesquecível epopeia carnavalesca, o lixo voltou ser o tema principal do carnaval, só que agora em Serra Talhada. E ainda que alguns queiram ignorar ou fechar os olhos para o tema, a questão é muito mais séria do que se imagina.

Diante desse paradoxo entre o lixo e o luxo, eu, Paulo César Gomes, e repórter fotográfico do FAROL, Alejandro Garcia, visitamos o lixão  de Serra Talhada, que fica às margens da PE-390, para ouvir as pessoas que buscam no lixo uma forma de construir suas vidas. A matéria será editada em três partes.

O LIXÃO É FONTE DE RENDA PARA MAIS DE 40 FAMÍLIAS

O lixão de Serra Talhada é algo assustador. A síntese do local é  retratada pela enorme quantidade urubus que sobrevoam a região o em busca de alimentos. O mau cheiro é insuportável e pode ser sentido a mais de 1 km do local, um sinal de que ali não é o espaço o adequado para as pessoas trabalharem e muito menos morarem. No entanto, mais de 40 pessoas vivem naquele ambiente insalubre.

A área do lixão é de mais de 10 hectares, parte do lixo já está atravessando a rodovia, uma demonstração clara do aumento da produção de dejetos. Uma equipe da prefeitura vai ao local apenas para abrir caminho entres as montanhas de entulhos que se formam a cada despejo.

Zaquiel, de 34 anos, que há 13 anos trabalha como catador, relata a dura rotina. São seis coletas por dia, feitas depois que os carros do lixo despejam, e também os das empresas privadas que trazem muita coisa. “Tem dia que até a noite a gente trabalha. A gente sai catando os ferros, os alumínios e as garrafas de plásticos, porque são os que têm mais valor,” explica Zaquiel. O catador também descreve o sistema para adquirir os rendimentos, o ganho por produto, sendo que um catador pode chegar a fazer at R$ 700 por mês se for em um período bom.

Edinaldo Gomes da Silva, o Catimbau, de 55 anos, trabalha como catador no lixo a mais de 30 anos e é um dos mais animados catadores. “Eu chego a coletar de três a quatro sacos por dia”, nos conta o divertido coletor, que também mora no local.

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A FALTA DE SEGURANÇA É UMA AMEAÇA

O assunto lixão vem sendo discutido há muitos anos em Serra Talhada. Muitas promessas já foram feitas, mas até agora nada de concreto foi realizado para mudar a realidade de quem precisa sobreviver catando lixo. Os catadores trabalham sem nenhuma proteção, o que coloca em risco a saúde dos trabalhadores. Itens básicos como luvas, botas, capacetes e mascara de gás, não são usados por nenhum dos trabalhadores. A situação é preocupante porque os catadores podem adquirir inúmeras doenças infecto-contagiosas. “De vez em quando a gente fura ou corta a mão ou o pé com tampas de latas de sardinhas, pregos, cacos de vidros e até agulhas de seringas” narra Alexsandro de Lima.

O CARNAVAL DE QUEM VIVE NO LIXO

No final da entrevista, Zaquiel disse que iria passar o final de semana na cidade. Quando perguntado se estaria indo por causa do carnaval ele respondeu com bom humor. “Senhor, estou indo porque estou doente. Carnaval é pra quem pode”. Assim como Zaquiel, a maioria dos catadores dizem que não estão animados com o carnaval, deixando a impressão que a festa mais popular do Brasil é coisa de um outro mundo.

O que na verdade os deixa felizes por não usarem uma fantasia luxuosa ou estarem brincando em um sofisticado camarote, mas no que for deixado pelos foliões em avenidas, ruas e esquinas. Porque para eles, o luxo vem do lixo, pois infelizmente, dos restos deixados pelos outros que ele constroem a vida com dignidade e honestidade. 

Bom carnaval a todos e até a próxima!

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Alexsandro de Lima, “de vez em quando a gente corta as mãos com vidros quebrados e com agulhas de seringas”

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Edinaldo Silva, o ‘Catimbau’, mora no lixão

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 07 de fevereiro de 2016.

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

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