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Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
Serra Talhada, assim como a maior parte do Brasil, vive uma onda violência, na qual várias residências e estabelecimentos são arrombados e saqueados durante a noite. Mesmo com dezenas de câmeras, alarmes e outros instrumentos de tecnologia bastante avançada, muitos cidadãos ainda recorrem aos “vigias noturnos” para se sentirem seguros e protegidos.
Um desses “guardiões da noite” é o tema da reportagem dessa semana, da série “Profissões Esquecidas”, escrita pelo pesquisador, professor e jornalista Paulo César Gomes, com imagens registradas pelo nosso Ricardo Darín, Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL. O nosso personagem é o sereno e prestativo “Seu Antônio Vigia”.
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Antonio Numeriano da Silva, 67 anos, é vigia há 23 anos. Foi com o dinheiro conseguido com esse trabalho que ele terminou de criar os quatro filhos. Segundo ele, foi a falta de oportunidade de um trabalho estável que o levou a se tornar um  vigia,  “a falta de outra oportunidade de trabalho. Antes eu trabalhava uma semana num canto, outra semana num outro”. Mas, a partir de 1993 que a vida do nosso “guardião da noite” ganhou novo rumo. “Foi na época de Augusto César (1993), quando trabalhava no Posto de Saúde do Alto da Conceição, ai me transferiram pra cá pra praça. Quando o mandato de Augusto César acabou eu fiquei como vigia noturno das ruas”, narra Antônio Silva.
A rotina de trabalho de vigia é bastante puxada. Todos os dias ele confere as portas, portões, grades e janelas de casas e estabelecimentos comerciais durante várias vezes na noite, uma por uma.  “Eu trabalho de domingo a domingo, mais de oito horas por dia, já que gosto de chegar meia hora antes”, explica Silva. Em 23 anos como vigia, ele só se ausentou por mais de uma semana em duas oportunidades. “Viajei duas vezes para São Paulo para visitar a família, foi quando passei quinzes dias fora do trabalho”.
POUCA GENTE VALORIZA
Seu Antônio entristece ao lembrar que a profissão não seja reconhecida pela maioria da sociedade. “Essa é uma profissão que pouca gente valoriza”, lamenta o vigia, que graças a sua determinação e profissionalismo consegue garantia à segurança do patrimônio de muita gente, mesmo diante das péssimas condições de trabalho. “Uma vez estavam levando as mercadorias das lojas de um rapaz que vende celular.
Tinha um em cima da parede e outro embaixo recebendo as sacolas por quinze. Quando eu apitei, eles saíram correndo, e desse jeito eu acabei salvando a mercadoria do rapaz”, conta com alegria o velho guardião da noite. Ele finaliza contando uma de suas últimas façanhas. “Há uns dias atrás tinha um ladrãozinho em cima das casas, pulando de um lado por outro. A gente chamou a polícia e ele acabou preso”.
Nota aos Leitores:
Por uma questão de segurança não detalhamos a rotina diário do nosso grande Antônio Vigia. No entanto, não poderíamos deixar de registrar a nossa admiração e respeito por todos os vigias noturnos, que buscam garantir a paz, a tranquilidade e o sono de muitas famílias.

Um forte abraço a todos e até a próxima reportagem da série Profissões Esquecidas!!
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