O procurador da República aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima coordenou a força-tarefa da operação Lava-Jato entre 2014 e 2018. Ele fez diversas críticas às ações de Jair Bolsonaro à frente da presidência.
De acordo com Lima, não há compromisso do presidente com o combate à corrupção: “Eu já estava engasgado com Bolsonaro desde o episódio do Coaf, porque tenho uma consideração enorme pelo Roberto Leonel (ex-presidente do Coaf) e achei que a condução daquele episódio já mostrava que não havia um compromisso (do presidente) com o combate à corrupção. O compromisso ali era a proteção aos filhos, não é?”, comenta.
Para o ex-coordenador da Lava-Jato, o jeito radical com que Bolsonaro conduz o Brasil e o interesse em ter acesso direto a informações da Polícia Federal revelam uma má intenção. "O presidente radicalizou num sentido que só pode significar que ele está imbuído de má intenção, que é o poder político tomar conhecimento de informações de investigações criminais", aponta.
No final da tarde deste sábado (25), três resultados foram liberados pelo LACEN/PE testando positivo para Covid-19.
Tratam-se de dois pacientes do sexo feminino e um do sexo masculino de 43 anos, 4 anos e 1 mês de idade, respectivamente.
“Os três pacientes encontram-se em isolamento domiciliar com acompanhamento diário pela equipe de saúde familiar e estão estáveis”, diz a prefeitura em nota.
Eram 18h da última quinta-feira quando o então ministro Sérgio Moro andava em círculos, com o telefone celular grudado no ouvido, no seu gabinete no quarto andar do prédio da pasta da Justiça e Segurança Pública. Trancado ali ao longo da tarde, Moro recebia ligações de autoridades dos três Poderes da República, boa parte delas com "sugestões" e "conselhos" para que deixasse o governo - "um barco que estava afundando, mergulhado em investigações", como descreveu um dos interlocutores.
O celular de Moro recebeu ligações dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O ex-juiz da Lava Jato ainda conversou com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e colegas do primeiro escalão do governo de Jair Bolsonaro. Entre um telefonema e outro, Moro conversou ainda com amigos e a mulher, Rosângela, que há tempos vinha sugerindo a ele deixar o governo, conforme relataram pessoas próximas do ministro.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro para investigar as tentativas de interferência nos trabalhos da Polícia Federal, relatadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro em pronunciamento nesta sexta-feira no qual ele pediu demissão.
Algumas horas após o pronunciamento, Aras assistiu à gravação do anúncio de demissão do ex-ministro e pediu à sua equipe uma análise jurídica sobre possíveis crimes cometidos pelo presidente em sua conduta. A equipe analisou que existem indícios de que a conduta de Bolsonaro pode ser enquadrada em delitos como obstrução à investigação de organização criminosa e advocacia administrativa. Com isso, Aras decidiu enviar ao STF um pedido de abertura de inquérito. O pedido de abertura de inquérito foi enviado ao STF no fim da tarde desta sexta-feira.
O pedido feito por Aras apura os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva privilegiada. No pedido, Aras registra que, caso as declarações de Moro não se comprovem, pode ficar caracterizado o crime de denunciação caluniosa.
"A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa", escreveu no pedido
Na solicitação, o procurador-geral sugere ao STF que, antes de deliberar sobre a abertura da investigação, tome o depoimento de Moro, para que ele preste esclarecimentos formalmente sobre os possíveis crimes envolvidos na conduta do presidente e possa apresentar provas dessas interferências.
O antecessor de Bolsonaro na Presidência, Michel Temer (MDB), chegou a ser formalmente investigado durante o exercício do cargo e foi denunciado três vezes pela Procuradoria-Geral da República (PGR) enquanto ainda era presidente.
Pela Constituição, um presidente da República só pode ser responsabilizado por atos que ocorreram durante o exercício do seu mandato. No caso da conduta de Bolsonaro, trata-se de fatos ocorridos durante o exercício do mandato, por isso a PGR pode, em tese, pedir investigação e denunciá-lo no exercício do cargo. O inquérito pode ser aberto por decisão monocrática de um ministro do STF.
Caso se comprovem as suspeitas e seja oferecida denúncia, entretanto, essa denúncia precisa ser encaminhada à Câmara dos Deputados, a quem cabe apreciar a abertura do processo. No caso de Temer, as três denúncias foram barradas pela Câmara e, por isso, ele passou a responder aos processos somente após deixar a Presidência.
Segundo Moro, Bolsonaro manifestou preocupação com inquéritos em curso no STF que podem lhe atingir e disse que tinha interesse em mexer na PF para frear esses inquéritos. Há duas investigações que atingem aliados do presidente: o inquérito das fake news, aberto no ano passado, e outra investigação mais recente solicitada nesta semana por Aras para investigar a organização de manifestações antidemocráticas e pró-ditadura militar. Ambas tramitam sob relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Moro também afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a informações de inteligência da PF, o que o ministro considerou inaceitável.
Dizer que Sergio Moro pediu demissão do cargo de ministro da Justiça é muito pouco para traduzir o que aconteceu em Brasília no final da manhã desta sexta-feira, 24 de abril de 2020. Moro não se demitiu, ele se reinvestiu na condição de juiz para emitir uma sentença contra Jair Bolsonaro. Condenou o presidente pelo crime de tramar o uso político da Polícia Federal para abafar investigações, inclusive inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal.
Desde o início da crise do coronavírus, quando Bolsonaro começou a conspirar contra si mesmo de forma mais intensa, o país receava que surgisse uma encrenca terminal, capaz de empurrar a conjuntura para o caos. Temia-se o aparecimento de um fato que justificasse o uso do ponto de exclamação que se escuta quando as pessoas dizem "não é possível!" Pois bem, o sinal foi dado.
A saída de Moro, chutando a porta, ficará gravada no enredo da tragicomédia em que Bolsonaro transformou a sua Presidência como um marco da derrocada. De agora em diante, tudo é epílogo para o capitão. Na prática, Moro cancelou a primeira posse de Bolsonaro. Sua despedida marca a reinauguração do governo. O presidente é o mesmo, só que virado do avesso.
Ao esmiuçar as conversas antirrepublicanas em que Bolsonaro lhe disse que desejava aparelhar a Polícia Federal para anestesiar os inquéritos que rondam o clã presidencial, Moro arrancou da cena o cordeiro antissistema que prevaleceu na campanha de 2018. Materializou-se na sentença do agora ex-ministro um lobo sistêmico que aparelha a PF e negocia com a alcateia corrupta do centrão uma a blindagem política contra o derretimento do seu mandato.
Moro como que retirou do baralho de Bolsonaro a carta da reeleição. Acomodou no lugar o curinga do impeachment. Içado ao primeiro escalão do governo como símbolo do combate à corrupção, Moro ofereceu no seu último ato no ministério farto material para o enquadramento de Bolsonaro no crime de responsabilidade. Deu a Bolsonaro uma aparência de sub-Lula ao realçar que nem mesmo os governos do PT ousaram converter a PF num órgão companheiro.
Ao informar que vai ao mercado à procura de emprego, Sergio Moro declarou que continuará à disposição do país. Com a popularidade na casa dos 50%, contra cerca de 30% atribuídos ao agora ex-chefe, Moro deixou no ar o aroma de um flerte com as urnas de 2022. Bolsonaro criou um pesadelo do qual terá dificuldade para despertar.
Bolsonaro disse, há pouco, em sua fala, que comunicou, sim, ao ex-ministro Sérgio Moro que estava demitindo, ontem, o diretor geral da Polícia Federal. E surpreendeu ao afirmar que Moro aceitou mudar Valeixo, mas só em novembro, depois dele (Moro) ser nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. "Eu não assumo esse compromisso, a não ser que lá na frente você se saia bem", contou.
Cidades brasileiras registraram panelaços, na tarde de hoje, durante entrevista de Jair Bolsonaro sobre a demissão do ministro da Justiça Sergio Moro. É a segunda manifestação registrada nesta sexta contra o presidente.
Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de gritos "fora, Bolsonaro!". Muitas pessoas também bateram panelas para se manifestar.
O anúncio da demissão ocorreu após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, homem de confiança de Moro. O ex-juiz disse que foi pego de surpresa com a publicação do ato no "Diário Oficial". O presidente, em seguida, anunciou que daria uma entrevista para "restabelecer a verdade" sobre a demissão do ministro.
em ‘Bolsonaro é envolvido com milícias’, diz Bivar
Na live que participou, pelo Instagram do Blog do Magno, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, admitiu que o presidente Bolsonaro tem filhos envolvidos com milícias e ele próprio também.
Confessou-se arrependido de ter votado e apoiado o então aliado, a quem lhe entregou o partido, e condenou também as tentativas de Bolsonaro de promover um retrocesso institucional no País.
“O que mete medo no presidente são suas investidas para destruir as instituições que garantem a democracia. A maior perda nossa é a perda da liberdade”, afirmou.
O Brasil acompanhou a doença inicialmente à distância, através dos jornais. A população brasileira não demonstrava grande preocupação com a espanhola, por considerar que ela não se propagaria no território nacional, devido à distância do continente europeu.
Contrariando essas previsões otimistas, a gripe penetrou no país a partir de setembro de 1918, quando a divisão naval enviada pelo Brasil a Dacar, para participar do patrulhamento do Atlântico Sul como parte do esforço de guerra do país ao lado dos Aliados, retornou. Nesse momento inicial, morreram mais de uma centena de marinheiros – o que correspondia ao número de brasileiros mortos em decorrência da participação na Primeira Guerra Mundial.
Em território brasileiro propriamente dito, a disseminação da gripe pode ser atribuída a alguns navios que aportaram em portos do Nordeste, como o inglês Demerara, que esteve em Recife e Salvador naquele mês de setembro. Em pouco tempo a espanhola atingiu várias cidades nordestinas e no final de outubro já atingia quase todas as grandes cidades do país, inclusive Rio de Janeiro e São Paulo. Em novembro chegava à Amazônia. Sua expansão provocou um esvaziamento dos centros urbanos, causado pelo medo de contágio da doença. Desconhecendo medidas terapêuticas para evitar o contágio, as autoridades pediam à população que evitasse as aglomerações.
Ao longo do período pandêmico, registraram-se mais de 35 mil mortes em todo o Brasil. O Rio de Janeiro, maior núcleo urbano do país, apresentou o número de óbitos mais elevado. Em dois meses faleceram cerca de 12.700 pessoas, cerca de 1/3 do total registrado no país, para uma população de quase um milhão de habitantes. O momento crítico deu-se em meados de outubro, quando a Diretoria Geral de Saúde Pública, através de seu titular Carlos Seidl, admitiu a impossibilidade de a gripe ser controlada. A cidade estava parada. Colégios, quartéis e fábricas interromperam suas atividades. Havia falta de alimentos, de remédios, de leitos e até de caixões. A pedido do presidente da República Venscelau Brás, o médico sanitarista Carlos Chagas liderou o combate à gripe espanhola implantando 27 pontos de atendimento à população na capital federal.
Em São Paulo, com população estimada em 470 mil habitantes, de outubro a dezembro foram registrados 5.328 óbitos causados pela espanhola. Muitas pessoas buscaram refúgio em áreas afastadas no interior. Só no mês de outubro, morreram 1.250 pessoas em Recife, cuja população chegava então a 218 mil habitantes. Em Porto Alegre – onde se registraram 1.316 óbitos para uma população de cerca de 140 mil habitantes – foi criado um cemitério especialmente para as vítimas da doença. Salvador apresentou o menor percentual de vítimas fatais entre as grandes cidades brasileiras. Numa população estimada de 320 mil pessoas, cerca de 130 mil contraíram a gripe e 386 morreram.
Embora a gripe espanhola tenha efetivamente atravessado toda a pirâmide social, sua feição “democrática” deve ser olhada com atenção, pois a maioria das vítimas provinha das camadas populares e daqueles grupos chamados pelas autoridades de indigentes. De todo modo, a doença vitimou até o presidente eleito, Rodrigues Alves, que na pôde tomar posse na presidência em 15 de novembro de 1918 e morreu em janeiro de 1919.
Sergio Lamarão/Inoã Carvalho Urbinati
[Verbete do Dicionário histórico-biográfico da Primeira República 1889-1930. Coordenação: Alzira Alves de Abreu/FGV]
A gripeespanhola foi uma pandemia que aconteceu entre 1918 e 1919, atingindo todos os continentes e deixando um saldo de, no mínimo, 50 milhões de mortos. Não se sabe o local de origem dela, mas sabe-se que ela se iniciou de uma mutação do vírus Influenza. Os primeiros casos foram registrados nos Estados Unidos.
A gripe espanhola espalhou-se pelo mundo, principalmente, por conta da movimentação de tropas no período da Primeira Guerra Mundial, tendo um impacto direto nos países que participavam desse conflito. Aqui no Brasil, ela chegou em setembro de 1918, espalhando-se por todas as regiões do país e causando a morte de 35 mil brasileiros.
Onde surgiu?
Os primeiros casos de gripe espanhola foram registrados entre militares nos Estados Unidos.
Uma série de estudos foram conduzidos ao longo dos séculos XX e XXI sobre a gripe espanhola, e a origem da doença permanece um mistério. Existem duasteorias que sugerem que ela pode ter surgido na China ou nos Estados Unidos, mas não há provas que possam confirmar em qual dos dois lugares ela tenha de fato aparecido pela primeira vez.
O que se sabe é que, provavelmente, a gripe espanhola foi uma mutação do vírus Influenza que passou de aves para os seres humanos. Além disso, sabemos que os primeiroscasos que se tem conhecimento aconteceram nos Estados Unidos e foram registrados no Fort Riley, uma instalação militar localizada no estado do Kansas.
O primeiro paciente foi o soldadoAlbertGitchell, o qual foi internado, com sintomas de gripe, na enfermaria de Fort Riley, em 11 de março de 1918. Nas semanas seguintes, mais de 1100 outros soldados desse local foram internados com os mesmos sintomas. Acredita-se que por meio das tropas norte-americanas que participavam da Primeira Guerra Mundial é que a doença espalhou-se pelo mundo.
Por que é chamada de gripe espanhola?
Se a gripe espanhola surgiu ou nos Estados Unidos ou na Chima, por que a chamamos de gripe espanhola? O termo “espanhola” não faz referência à suposta origem da doença, mas sim ao fato de que a imprensa espanhola ficou conhecida por divulgar as notícias dela pelo mundo. A explicação para isso tem relação direta com a Primeira Guerra Mundial.
A gripe espanhola afetou todos os continentes do mundo e teve um impacto muito grande nos países que lutavam na Primeira Guerra Mundial. Por conta desse conflito, era necessário que as informações da doença fossem escondidas de forma a não prejudicar o moral dos soldados, não criar pânico na população e nem passar imagem de fraqueza para o adversário.
Assim, as notícias dessa gripe letal eram censuradas em grande parte dos países europeus. A Espanha, no entanto, não participava da guerra, e sua imprensa tinha liberdade para falar da doença. Isso fez com que a cobertura espanhola ficasse conhecida no mundo, e a pandemia passou a ser nomeada como “gripe espanhola”.
Difusão da doença
A gripe espanhola alastrou-se pelo mundo em três ondas:
Primeiraonda: iniciada em março de 1918;
Segundaonda: iniciada em agosto de 1918;
Terceiraonda: iniciada em janeiro de 1919.
Entre essas três ondas, a segunda ficou conhecida por ser a mais contagiosa e por possuir os maiores índices de mortalidade. A tese aceita é a de que a doença inicialmente se espalhou pelo mundo por meio das tropas norte-americanas enviadas para a Europa para participarem da Primeira Guerra Mundial.
Uma vez estabelecida no continente europeu, a doença foi levada para o restante do mundo pelo deslocamentodepessoas por meio de viagens ou do sistema de transporte internacional de mercadorias. Aqui no Brasil, por exemplo, ela chegou, em setembro de 1918, por uma embarcação que veio da Inglaterra e passou por Lisboa, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Todos os continentes habitados foram afetados pela gripe espanhola, e o historiador J. N. Hays alega que pouquíssimos locais, como áreas do norte da Islândia e algumas ilhas da Samoa Americana, não foram afetadas|1|. Isso significa que somente locais remotos conseguiram escapar da gripe espanhola.
Tratamento
O uso de máscaras foi comum em alguns locais dos Estados Unidos como forma de diminuir o contágio da gripe espanhola.
À medida que a gripe espanhola ganhou espaço, o efeito era o mesmo em diferentes locais: o sistema de saúde entrou em colapso devido à grande quantidade de pessoas doentes. A princípio muitos cientistas acreditavam que o causador da doença tinha sido uma bactéria conhecida na época como bacilo de Pfeiffer, mas atualmente sabemos que essa teoria não estava correta.
Os médicos da época não sabiam como tratar adequadamente a doença, primeiro, por ela ser nova, e segundo, porque a medicina até então não tinha conhecimento suficiente para tal ação. Uma série de medicamentos começaram a ser administrados nos pacientes como tentativa de combatê-la, mas mostraram-se ineficazes.
Os tratamentos dedicaram-se, dessa forma, a aliviar o sofrimento dos pacientes, e, assim, o papel das enfermeiras foi essencial, pois elas mantinham os cuidados diários com aqueles que adoeciam. No entanto, como mencionado, o colapso dos sistemas de saúde ocorreu em diferentes locais onde a doença chegou, e nem todos tiveram acesso ao tratamento devido.
Isso forçou a tomada de medidasemergenciais, como a improvisação de hospitais e de leitos para atender as pessoas que adoeciam. Outro ponto é que os pacientes mais graves e que desenvolviam infecções sofriam consideravelmente, pois, naquela época, não existiam antibióticos para realizar o tratamento deles.
Como se identificou que a doença era contagiosa, muitos locais adotaram medidas de isolamento social. Assim, foram decretados o fechamento de escolas, igrejas, comércio e repartições públicas em diferentes locais, inclusive no Brasil. Em alguns deles, como nos Estados Unidos, adotou-se o uso de máscaras para reduzir-se o contágio. Muitos locais incentivaram a população a entrar em quarentena.
J. N. Hays afirma que a quarentena em alguns lugares, como na Austrália, teve grande sucesso, uma vez que o país foi atingido pela primeira onda da gripe, mas não foi afetado pela segunda|2|. O combate contra a gripe espanhola presenciado em locais como a Europa e a América do Norte não o foi em locais como a Ásia e a África, em grande parte ainda colonizados pelos europeus, o que fez com que milhões de pessoas morressem neles.
Isso fez com que surgissem algumas teorias que tentaram explicar a mortalidade da doença pela classe social. Em alguns locais, como a Índia, ela pode ser aplicada (em outros, não); entre os milhões de mortos de gripe espanhola no país (fala-se que entre 18 e 20 milhões de pessoas morreram só na Índia), a maioria pertencia às castas mais baixas. Outra questão que permanece sem explicação é o porquê da doença ser mais mortal em jovens de 20 a 30 anos.
Consequências
A gripe espanhola foi uma das piores pandemias da história da humanidade. Mostrou-se como uma doença com grande capacidade de contágio e altamente letal. Os especialistas do assunto falam que 25% de toda a população norte-americana foram afetados pela doença, o que corresponde de 25 a 30 milhões de pessoas|3|.
No caso do Brasil, por exemplo, a cidade de São Paulo foi uma das mais afetadas, e, embora tenham sido notificados 116.777 casos nela (22,32% da população), acredita-se que o total de pessoas infectadas pela gripe espanhola tenha sido de 350 mil, o que corresponde a cerca de 2/3 da sua população naquele período|4|.
Ao todo, os especialistas do assunto apontam que a quantidade mínima de pessoas que morreram de gripe espanhola, entre 1918 e 1919, tenha sido de 50 milhões, mas algumas estatísticas elevam esse total para até 100 milhões de pessoas. Um dos locais mais afetados, como mencionado, foi a Índia, que registrou, no mínimo, 18 milhões de mortos. Aqui no Brasil foi registrado, oficialmente, o total de 35 mil mortos.
Notas
|1| HAYS, J. N. Epidemics and pandemics. Their impacts on human history. Austin, Texas: Fundação Kahle, 2005. p. 386.
|2| Idem, p. 391.
|3| Idem, p. 385.
|4| BARATA, Rita Barradas. Cem anos de endemias e epidemias.
Um dos bloqueios. População arrancou estacas instaladas pela prefeitura
Em conversa nesta tarde com o Farol de Notícias, o secretário de Obras de Serra Talhada, Cristiano Menezes confirmou o bloqueio de sete corredores de entrada na cidade para um melhor controle do fluxo de veículos com o objetivo de fortalecer as barreiras sanitárias já abertas no início da semana para o combate à covid-19 [veja os locais].
Menezes afirmou que o governo ficou preocupado ao constatar que muitos carros, caminhões e motos estão evitando passar nas barreiras de controle epidemiológico, que buscam orientar para a prevenção ao coronavírus e realizar exames preliminares, como testagem de temperatura.
“Isso faz parte da estratégia de combate ao coronavírus, antes disso foram implantadas algumas barreiras sanitárias, com orientação, monitoramento, para saber de onde as pessoas estão vindo. Então, para conduzir as pessoas a passarem por estas barreiras sanitárias houve a necessidade do fechamento de alguns acessos e aí onde entrou a Secretaria de Obras”.
“Nós tentamos fazer [os primeiro bloqueios] com estacas, mas a população foi lá e arrancou para continuar passando. Então aí tivemos, infelizmente, que tomar uma atitude um pouco mais drástica, que foi jogar barro nas ruas, para conduzir as pessoas a passarem pelos pontos onde estão implantadas as barreiras sanitárias, visando um melhor monitoramento”.
A repercussão do fechamento tem gerado polêmica entre a população, que vem gravando vídeos e compartilhando queixas e insatisfações nas redes sociais diante a medida. Serra Talhada atualmente registra seis casos confirmados da doença.
Resumo sobre a revolta da vacina, causas e consequências,
o que foi e o que aconteceu durante a revolta
Bonde
virado por populares durante a Revolta da Vacina
O que foi
A Revolta da Vacina foi uma revolta
popular ocorrida na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 10 e 16 de novembro
de 1904. Ocorreram vários conflitos urbanos violentos entre populares e forças
do governo (policiais e militares).
Causas principais (resumo)
- A principal causa foi a campanha de
vacinação obrigatória contra a varíola, realizada pelo governo brasileiro e
comandada pelo médico sanitarista Dr. Oswaldo Cruz. A grande maioria da
população, formada por pessoas pobres e desinformadas, não conheciam o
funcionamento de uma vacina e seus efeitos positivos. Logo, não queriam tomar a
vacina.
- O clima de descontentamento popular
com outras medidas tomadas pelo governo federal, que afetaram principalmente as
pessoas mais pobres. Entre estas medidas, podemos destacar a reforma urbana da
cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil), que desalojou milhares de
pessoas para que cortiços e habitações populares fossem colocados abaixo para a
construção de avenidas, jardins e edifícios mais modernos.
O que aconteceu durante a
revolta (como foi)
- Muitas pessoas se negavam a
receber a visita dos agentes públicos que deviam aplicar a vacina, reagindo,
muitas vezes, com violência.
- Prédios públicos e lojas foram
atacados e depredados;
- Trilhos foram retirados e bondes
(principal sistema de transporte da época) foram virados.
Conclusão: a reação do governo
e principais consequências
- O governo federal suspendeu
temporariamente a vacinação obrigatória.
- O governo federal decretou estado de
sítio na cidade (suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais).
- Com força policial, a revolta foi
controlada com várias pessoas presas e deportadas para o estado do Acre. Houve
também cerca de 30 mortes e 100 feridos durante os conflitos entre populares e
forças do governo.
- Controlada a situação, a campanha de
vacinação obrigatória teve prosseguimento. Em pouco tempo, a epidemia de
varíola foi erradicada da cidade do Rio de Janeiro.