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Reportagem: Paulo César Gomes/ Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia


Após um breve hiato, a série “Profissões Perdidas” volta a ser publicada. Nessa pesquisa contamos com a parceria sempre fiel do nosso Clark Gable da fotografia, Alejandro J. García. Após uma busca incansável descobrimos em Serra Talhada um mecanógrafo, mas antes de falarmos sobre o nosso personagem, é necessário inicialmente que se explique a origem das máquinas de datilografia.

A ORIGEM DAS MÁQUINAS DE DATILOGRAFIA.

A Remington, que antes se dedicava apenas à produção de armas, foi à primeira empresa a investir na produção de uma máquina de escrever, em 1874. A partir de 1880, as máquinas de escrever passaram a ser adotadas pelo mercado corporativo, em busca da legitimação dos documentos comerciais que eram produzidos em todas as transações. No Brasil, as máquinas de escrever foram importadas a partir da criação de 1941.

A Primeira empresa a se instalar no Brasil foi à americana Remington, em 1948, depois, a sueca Facit chegou, em 1955, e, finalmente, a italiana Olivetti passou a produzir em São Paulo, em 1959. Outras fábricas também surgiram mais tarde, como a Precisa S/A, de origem Suíça, em São Paulo, ou a IBM, especializada em máquinas eletrônicas para os escritórios.

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A CHEGADA DAS MÁQUINAS DE ESCREVER E O INÍCIO DA CARREIRA DE FÁBIO DA OLIVETTI

Na há registro precisos da chegada das máquinas de escrever em Serra Talhada, mas possivelmente tenha ocorrido com a criação de órgão públicos estaduais e, principalmente, federais, o que ocorreu na primeira metade do século XX.

Um dos principais fabricantes das máquinas a se instalar na cidade foi Olivetti, ainda nos anos 70, sob administração do Sr. João Duque de Souza. Foi então que em 1972, Fábio Rodrigues de Andrada, de 68 anos, iniciou a sua trajetória profissional o que levou a ser carinhosamente chamado de “Fábio da Olivetti”.

“Comecei a trabalhar em 1972, na parte de contabilidade e também na parte de vendas e manutenção da empresa”, relata Fábio. Segundo ele, os seus conhecimentos mecanográficos foram adquiridos por conta própria. “Aprendi por conta própria. Observei muito João Bacurim consertar as máquinas. Com o tempo fui só me dedicando ao conserto de máquinas e de outros objetos como mimeógrafos, balanças, calculadoras e máquinas de contar dinheiro dos bancos”.

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O APOGEU E O DECLÍNIO DA PROFISSÃO DE MECANÓGRAFO


“Quando eu comecei uma máquina de escrever custava mais do que uma televisão preto e branco. Era um artigo de luxo. Poucas casa possuíam uma máquina, a maioria ficava nas empresas. Cheguei a ver vários vendedores da Olivetti saírem para a região do alto Pajeu e do Araripe com mais de 18 máquinas e não voltarem com nenhuma”, detalha Fábio, narrando assim um pouco do universo que ele viveu no auge da sua profissão.

Ainda Segundo o mecanógrafo, a obrigatoriedade de se ter um curso de datilografia fez com que várias escolas fossem criadas. “Para uma pessoa assumir um emprego publico e até privado, era preciso saber datilografar. A pessoa recebia uma carta e tinha um tempo mínimo para datilografar o texto, se não conseguisse era reprovado. Por isso muita gente entrava em uma escola. Lembro da de João da Carteira Profissional, de Lia de João Numeriano e a do Mercado Público”. Além das citadas por Fábio de Andrada, existiram outras escolas de datilografia, a exemplo de Antônio Gomes, que ficava no final da Rua dos Correios.

O declínio das máquinas de escrever veio com o surgimento dos computadores.

A última fábrica de máquinas a fechar as portas foi a Godrej & Boyce, da India, em 2011. Em Serra Talhada, o comércio de máquinas fechou as portas no início do anos 90. No entanto, o hoje aposentado Fábio, ainda trabalha consertando as benditas máquinas, assim como as comercializa.

“Sempre aparece gente pedindo para eu consertar ou vender as máquinas. Elas hoje chegam a custar entre R$100,00 e R$120,00. O problema é encontrar as fitas. A últimas que eu tenho foram compradas por um amigo em Recife”. Após quase 45 anos de profissão, Fábio não deixa de lado a importância das máquinas em sua vida, uma relação que vai muito além do profissionalismo, tornando-se um caso único de paixão que pelo que fez e pelo que faz.

“Muitas coisas que conquistei na minha vida eu devo as máquinas de datilografar!”, concluiu um dos últimos mecanógrafos do Sertão Pernambucano.

Um forte abraço a todos e até próxima “Profissões Perdidas”!