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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Seca no Nordeste Brasileiro


Trata-se de um fenômeno natural, caracterizado pelo atraso na precipitação de chuvas ou a sua distribuição irregular, que acaba prejudicando o crescimento ou desenvolvimento das plantações agrícolas.
O problema não é novo, nem exclusivo do Nordeste brasileiro. Ocorre com freqüência, apresenta uma relativa periodicidade e pode ser previsto com uma certa antecedência. A seca incide no Brasil, assim como pode atingir a África, a Ásia, a Austrália e a América do Norte.
No Nordeste, de acordo com registros históricos, o fenômeno aparece com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. As secas são conhecidas, no Brasil, desde o século XVI.
A seca se manifesta com intensidades diferentes. Depende do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta.
Em outros casos, quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas a caatinga e acumular um pouco de água nos barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimento normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde.
Essas variações climáticas prejudicam o crescimento dasplantações e acabam provocando um sério problema social, uma vez que expressivo contingente de pessoas que habita a região vive, verdadeiramente, em situação de extrema pobreza.
A seca é o resultado da interação de vários fatores, alguns externos à região (como o processo de circulação dos ventos e as correntes marinhas, que se relacionam com o movimento atmosférico, impedindo a formação de chuvas em determinados locais), e de outros internos (como a vegetação pouco robusta, a topografia e a alta refletividade do solo).
Muitas têm sido as causas apontadas, tais como o desflorestamento, temperatura da região, quantidade de chuvas, relevo topográfico e manchas solares. Ressalte-se, ainda, o fenômeno "El Niño", que consiste no aumento da temperatura daságuas do Oceano Pacífico, ao largo do litoral do Peru e do Equador.
A ação do homem também tem contribuído para agravar a questão, pois a constante destruição da vegetação natural por meio de queimadas acarreta a expansão do clima semi-árido para áreas onde anteriormente ele não existia.
A seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da produção agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em um problema político.
As conseqüências mais evidentes das grandes secas são a fome, a desnutrição, a miséria e a migração para os centros urbanos (êxodo rural).
Os problemas que sucedem as secas resultam de falhas no processo de ocupação e de utilização dos solos e da manutenção de uma estrutura social profundamente concentradora e injusta.
O primeiro fato se manifesta na introdução de culturas de dificil adaptação às condições climáticas existentes e do uso de técnicas de utilização dos solos não compatíveis com as condições ecológicas da região. O segundo ocasiona o controle da propriedade da terra e do processo político pelas oligarquias locais.
Esses aspectos agravam os resultados das secas e provocam a destruição da natureza, a poluição dos rios e a exploração por parte os grandes proprietários e altos comerciantes, dos recursos destinados ao combate à pobreza da região, no que se denomina de "indústria da seca".
A questão da seca não se resume à falta de água. A rigor, não falta água no Nordeste. Faltam soluções para resolver a sua má distribuição e as dificuldades de seu aproveitamento. É "necessário desmitificar a seca como elemento desestabilizador da economia e da vida social nordestina e como fonte de elevadas despesas para a União ...desmitificar a idéia de que a seca, sendo um fenômeno natural, é responsável pela fome e pela miséria que dominam na região, como se esses elementos estivessem presentes só aí".(Andrade, Manoel Correia, A seca: realidade e Mito, p. 7 ).
Com uma população muito inferior à nordestina, a Amazônia, que possui água em abundância, também apresenta condições de vida desumanas, assim como diversas outras regiões brasileiras. Lá o problema é outro, pois o meio ambiente mostra-se inóspito, devido às enchentes, aos solos pobres, à proliferação de doenças tropicais.
Crises climáticas periódicas, como enchentes, geadas e secas, acontecem em qualquer parte do mundo, prejudicando a agricultura. Em alguns casos tornam-se calamidades sociais. Porém, só se transformam em flagelo social quando precárias condições sociais, políticas e econômicas assim o permitem. Regiões semi-áridas e áridas do mundo são aproveitadas pela agricultura, por meio do desenvolvimento de culturas secas ou culturas irrigáveis, como acontece nos Estados Unidos, Israel, México, Peru, Chile ou Senegal.
Delimitado pelo Governo Federal, em 1951 (Lei n° 1.348), o Polígono das Secas, com uma dimensão de 950.000 km2, equivale a mais da metade do: território da região Nordeste (52,7%), que vai desde o Piauí até parte do norte de Minas Gerais. O clima é semi-árido e a vegetação de caatingas. O solo é raso, na sua maior parte, e a evaporação da água de superfície é grande. Essa é a área mais sujeita aos efeitos das secas periódicas.
O fenômeno natural das secas ensejou o surgimento de um fenômeno político denominado indústria da seca.
Os grandes latifundiários nordestinos, valendo-se de seus aliados políticos, interferem nas decisões tomadas, em escala federal, estadual e municipal. Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos créditos bancários concedidos. Não raro aplicam os financiamentos obtidos em outros setores que não o agrícola, e aproveitam-se da divulgação dramática das secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os grupos dominantes têm saído fortalecidos, enquanto é protelada a busca de soluções para os problemas sociais e de oferta de trabalho às populações pobres.
Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários, ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a serem despedidos ou a terem os acordos desfeitos.
A tragédia da seca encobre interesses escusos daqueles que têm influência política ou são economicamente poderosos, que procuram eternizar o problema e impedir que ações eficazes sejam adotadas.
A questão da seca provocou diversas ações de governo. As primeiras iniciativas para se lidar com a questão da seca foram direcionadas para oferecer água à zona do semi-árido. Nessa ótica foi criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (Decreto n°-7.619, de 21 de outubro de 1909), atual Dnocs, com a finalidade de centralizar e unificar a direção dos serviços, visando à execução de um plano de combate aos efeitos das irregularidades climáticas. Foram, então, iniciadas as construções de estradas, barragens, açudes, poços, como forma de proporcionar apoio para que a agricultura suportasse os períodos de seca.
A idéia de resolver o problema da água no semi-árido foi, basicamente, a diretriz traçada pelo Governo Federal para o Nordeste e prevaleceu, pelo menos, até meados de 1945. Na época em que a Constituição brasileira de 1946 estabeleceu a reserva no orçamento do Governo de 3% da arrecadação fiscal para gastos na região nordestina, nascia nova postura distinta da solução hidráulica na política anti-seca, abandonando-se a ênfase em obras em função do aproveitamento mais racional dos recursos.
Com o propósito de utilizar o potencial de geração de energia do Rio São Francisco, foi fundada (1945) a Companhia Hidroelétrica do São Francisco(Chesf). Em 1948, criou-se a Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), hoje denominada Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco(Codevasf) e, em 1952, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). A idéia era de criar uma instituição de crédito de médio e longo prazos especifica para o Nordeste.
Em dezembro de 1959, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste -Sudene (atualmente extinta e com projetos de ser recriada em novos moldes), organismo constituído para estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento da economia nordestina, com o objetivo de diminuir a disparidade existente em relação ao Centro-Sul do país. Procurava-se estabelecer um novo modelo de intervenção, voltado tanto para o problema das secas quanto para o Nordeste como um todo.
A partir da seca de 1970, surgiu o Programa de Redistribuição de Terra e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (Proterra), em 1971, com o objetivo de promover uma reforma agrária pacifica no Nordeste, pela compra de terra de fazendeiros, de modo espontâneo e por preço de mercado. Em 1974, foi instituído o Programa de Desenvolvimento de Terras Integradas do Nordeste(Polonordeste), para promover a modernização da agropecuária em áreas selecionadas da região. O Projeto Sertanejo, lançado em 1976, viria atuar nas áreas do semi-árido visando a tornar a sua economia mais resistente aos efeitos da seca, pela associação entre agricultura irrigada e agricultura seca.
Com o propósito de incorporar os projetos anteriores, considerados fracassados, foi implantado o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural(Projeto Nordeste), em 1985, propondo-se a erradicar a pobreza absoluta, inovando com a destinação de recursos para os pequenos produtores.
Como ações emergenciais, tem-se apelado para a distribuição de alimentos, por meio de cestas básicas e frentes de trabalho, criadas para dar serviço aos desempregados durante o período de duração das secas, dirigidas para a construção de estradas, açudes, pontes.
Os problemas das secas somente serão superados por profundas transformações sócioeconômicas de âmbito nacional. Várias têm sido as proposições formuladas:
- Transformar a atual estrutura agrária, concentradora de terra e renda, por meio de uma Reforma Agrária que faça justiça social ao trabalhador rural.
- Estabelecer uma Política de Irrigação que adote tecnologias de mais fácil acesso aos trabalhadores rurais e que sejam mais adaptadas à realidade nordestina.
- Instituir a agricultura irrigada nas áreas onde houver disponibilidade de água e desenvolver a agricultura seca, de plantas xerófitas (que resistem à falta de água) e de ciclo vegetativo curto. Alimentos como o sorgo e o milheto, como substitutos do milho, seriam importantes para o Nordeste, a exemplo do que ocorre na Índia, China e no oeste dos Estados Unidos.
- Estabelecer uma Política de Industrialização, com a implantação de indústrias que beneficiem matérias-primas locais, visando à diminuição de custos com transporte, bem como oferecer oportunidades de trabalho à mão-de-obra da região.
- Proporcionar o acesso ao uso da água, com o aproveitamento da água acumulada nas grandes represas, açudes e barreiros, perfuração de poços, construção de barragens subterrâneas, de cisternas rurais, por parte da população atualmente excluída.
- Corrigir as práticas de ocupação do solo, no que se refere à pecuária, eliminando-se o excesso de gado nas pastagens, que pode ocasionar sérios danos sobre pastos e solos; a queima de pastos, que destrói a matéria orgânica existente; e o desmatamento, por conta da venda de madeira e lenha.
- Estimular o uso racional da vegetação nativa (caatinga) para carvão e comercialização de madeira-de-lei.
- Implantar o Projeto de Transposicão das Águas do Rio São Francisco para outras bacias hidrográficas do semi-árido regional.
Não é possível se eliminar um fenômeno natural. As secas vão continuar existindo. Mas é possível conviver com o problema. O Nordeste é viável. Seus maiores problemas são provenientes mais da ação ou omissão dos homens e da concepção da sociedade que foi implantada, do que propriamente das secas de que é vítima.
O semi-árido é uma região propícia para a agricultura irrigada e a pecuária. Precisa apenas de um tratamento racional a essas atividades, especialmente no aspecto ecológico. Em áreas mais áridas que as do sertão nordestino, como as do deserto de Negev, em Israel, a população local consegue desfrutar de um bom padrão de vida.
Soluções implicam a adoção de uma política oficial para a região, que respeite a realidade em que vive o nordestino, dando-lhes condições de acesso à terra e ao trabalho. Não pode ser esquecida a questão do gerenciamento das diretrizes adotadas, diante da diversidade de órgãos que lidam com o assunto.
 
Medidas estruturadoras e concretas são necessárias para que os dramas das secas não continuem a ser vivenciados.

Resumo sobre a Idade Média


Introdução


A Idade Média teve início na Europa com as invasões germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a retomada comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.
Estrutura Política 


Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
Todo os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos 
senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

Sociedade Medieval


A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).
 
Economia Medieval
A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica

Religião na Idade Média

Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a Bíblia.

Educação, cultura e arte medieval 

A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam.  Esta era marcada pela influência da Igreja, ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. Grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros.

arte medieval também era fortemente marcada pela religiosidade da época. As pinturas retratavam passagens da Bíblia e ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um pouco mais sobre a religião.
Podemos dizer que, no geral, a cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião. Na arquitetura destacou-se a construção de castelos, igrejas e catedrais.
No campo da Filosofia, podemos destacar a escolástica (linha filosófica de base cristã), representada pelo padre dominicano, teólogo e filósofo italiano São Tomás de Aquino.
As Cruzadas


No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os "infiéis" (árabes) da Terra Santa.  Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos, deixando milhares de mortos e um grande rastro de destruição. Ao mesmo tempo em que eram guerras marcadas por diferenças religiosas, também possuíam um forte caráter econômico. Muitos cavaleiros cruzados, ao retornarem para a Europa, saqueavam cidades árabes e vendiam produtos nas estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa forma, as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano e comercial a partir do século XIII. Após as Cruzadas, o Mar Mediterrâneo foi aberto para os contatos comerciais.


As Guerras Medievais

A guerra na Idade Média era uma das principais formas de obter poder. Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e o poder. Os cavaleiros formavam a base dos exércitos medievais. Corajosos, leais e equipados com escudos, elmos e espadas, representavam o que havia de mais nobre no período medieval. 
Peste Negra ou Peste Bubônica


Em meados do século XIV, uma doença devastou a população europeia. Historiadores calculam que aproximadamente um terço dos habitantes morreram desta doença. A Peste Negra era transmitida através da picada de pulgas de ratos doentes. Estes ratos chegavam à Europa nos porões dos navios vindos do Oriente. Como as cidades medievais não tinham condições higiênicas adequadas, os ratos se espalharam facilmente. Após o contato com a doença, a pessoa tinha poucos dias de vida. Febre, mal-estar e bulbos (bolhas) de sangue e pus espalhavam-se pelo corpo do doente, principalmente nas axilas e virilhas. Como os conhecimentos médicos eram pouco desenvolvidos, a morte era certa. Para complicar ainda mais a situação, muitos atribuíam a doença a fatores comportamentais, ambientais ou religiosos.
Revoltas Camponesas: as Jacqueries


Após a Peste Negra, a população europeia diminuiu muito. Muitos senhores feudais resolveram aumentar os impostos, taxas e obrigações de trabalho dos servos sobreviventes. Muitos tiveram que trabalhar dobrado para compensar o trabalho daqueles que tinham morrido na epidemia. Em muitas regiões da Inglaterra e da França estouraram revoltas camponesas contra o aumento da exploração dos senhores feudais. Combatidas com violência por partes dos nobres, muitas foram sufocadas e outras conseguiram conquistar seus objetivos, diminuindo a exploração e trazendo conquistas para os camponeses.

Texto da Professora e Jornalista Helena Conserva falando sobre o livro “D.Gritos: do sonho à tragédia”publicado no Jornal do Sertão.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

D.GRITOS contarão com participações especiais em gravação de DVD; saiba quais!

Por Paulo César Gomes
 
A banda D’ Gritos, que marcou a história do rock em Serra Talhada e na região em meados dos anos 80 e inicio da década de 1990, retorna em grande estilo com a gravação de um DVD na próxima sexta-feira (30), no palco cultural da Festa da Padroeira da Capital do Xaxado. O grupo começou os ensaios para o grande show nesta terça–feira (27).
 
Alguns nomes que fizeram parte da história da banda já confirmaram presença no evento, entre eles, Camilo Melo, Jorge Stanley, Gisleno Sá, Noroba, Nilsinho, Edésio Espedito e Derivan Calado. A grande expectativa é com relação à presença de Paulo Rastáfari, que foi o vocalista do grupo durante a gravação do disco Barriga de Rei, em 1988.
 
O show também contará com as presenças de alguns músicos convidados como Rai di Serra, Carlinhos Pajeú, Orlando Lima, Fábio Livre e Álvaro Severo. O grupo está preparando um repertório com os maiores sucessos e que promete sacudir o público, além de uma grande homenagem ao músico Ricardo Rocha, um dos líderes do grupo que morreu há 20 anos durante uma apresentação na abertura da Festa de Setembro.
 
A gravação do primeiro DVD da banda promete atrair um público gigantesco de fãs, além reunir a lendária “Turma dos D.Gritos”, que chegou a ser formada por mais de 100 jovens durante á década de 80. A história dos D.Gritos está eternizada em vários sucessos do grupo. Muitas canções se perpetuaram ficando plantadas na mente na nova geração de roqueiros da cidade.
 
Além disso, o sucesso e a tragédia que marcaram a banda foram parar nas páginas do livro D.Gritos: do Sonho à Tragédia, do escritor Paulo César Gomes. A gravação do DVD dos D.Gritos, certamente, será um dos pontos altos da Festa de Setembro.

“Duque errou em não mudar o IPPST e está sepultando a sua reeleição”, diz colunista

Por Paulo César Gomes, escritor e professor serra-talhadense, filiado ao PT

“Logo após a eleição de 2012, o prefeito Luciano Duque (PT) anunciou que iria montar um governo com o perfil técnico e que irá exigir o cumprimento de metas. Antes do anuncio do secretariado foi feito um suspense que mais parecia que estava se guardando a relação dos jogadores que iria ser convocados para defender o Brasil em uma copa do mundo. Feito o anuncio, percebeu-se que não havia muita coisa de novo. Sendo que alguns nomes representavam apenas “o conservadorismo administrativo”.

Na verdade o prefeito perdeu uma bela oportunidade de renovar o quadro administrativo da gestão municipal. Um belo exemplo foi o de não mudar a direção do  IPPST, uma instituição que há anos vem dando problemas, nem tanto aos gestores, mas, em particular, aos servidores municipais.

Para não mudar o modelo de gestão do Instituto de Previdência, o prefeito petista preferiu enviar a Câmara de Vereadores um projeto de lei que aumentar a alíquota de contribuição dos servidores municipais. Na verdade o trabalhador será o responsável por cobrir o  déficit da previdência que chega  a quase R$ 5 milhões. Um débito que curiosamente não foi feito pelos trabalhadores.

Diante dessa situação só resta uma saída ao prefeito Luciano Duque: mudar o modelo de gestão do IPPST. Caso contrário terá que daqui a dois anos enviar um novo projeto de lei  aumentando a alíquota de contribuição dos servidores. E o pior! Estará sepultando de vez a possibilidade de reeleição. Nesse momento é sempre bom lembrar que a maioria das eleições na cidade foi decidida com o voto de servidores municipais insatisfeitos com o tratamento que foi dado pelos administradores. Diz um ditado popular que quem avisa amigo é!”

Um forte abraço a todos e a todos e até a próxima!

Publicado no site Farol de Notícias de Serra Talhada, em 27 de agosto de 2013.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A perseguição

Do sertão de Serra Talhada, onde não se brinca de valente, narrativas de morte e vingança
 
 Por Caco Barcelos •Versus 7 •dezembro de 1976
 
 
 Os inimigos ali na frente,vendo a sua agonia. Nenhuma facada a mais. Nenhuma agressão. Nunca um Gaia agonizou aos olhos do inimigo. Batista Gaia,o mais corajoso dos Gaias,do alto sertão de Pernambuco,estámorrendo num quarto de bordel de Serra Talhada. Os inimigos continuam ao péda cama. O velho mal consegue erguer os pés. O corpo esticado sobre a cama jánão lhe obedece àvontade. Batista põe a folha do poema para tapar o buraco do pescoço ferido pelo punhal e jamais deixa de encarar os homens que estão de pécom a faca. Se ao menos a menina de 20 anos que estácom ele acordasse… Consegue arrastar o braço pelo lençol ensangüentado. Apóia a mão esquerda na cabeça da mulher. Sacode. Mas ela dorme. A única arma de Batista éa que resta em sua mão:a poesia –que escrevia para ela naquela hora –folha molhada de sangue que joga na cara de um inimigo. A perseguição Por que não matam de uma vez esse velho!? O grito éde uma mulher,veio da boca de mais um inimigo que estáno quarto e o velho ainda não sabia. Matem logo! O pedido éda menina loira que fingia dormir. Uma traição a Batista em troca de 500 cruzeiros e de proteção que os três inimigos prometem. A traição parece tê-la enlouquecido. A mulher vêBatista esfaqueado,vivo,olhando e continua gritando matem,matem! Ela estádesesperada quando os três homens terminam de matar Batista com coronhaços de rifles na cabeça,facadas e tiros no sexo. Quase meia-noite,a mulher chora sobre a cama ensangüentada,os 500 cruzeiros estão espalhados no chão e o corpo do velho éarrastado do cabaréatéa sarjeta de uma rua escura que sobe no Alto do Urubu,em Serra Talhada. Serra Talhada fica numa planície,são cinco ou seis ruas paralelas que rodeiam uma praça,as casas são baixas e antigas. Todo caminho termina numa subida. A cidade écercada por montanhas que têm profundas rachaduras cobertas de vegetação rasteira. Daío nome Serra Talhada. E em um desses morros que cercam a cidade,no Alto do Urubu,que Vilmar Gaia,um rapaz parecido com Batista,moreno,alto,olhos amendoados,pele de índio,encontra o cadáver do pai. A cabeça esmagada,a camisa em pedaços,sem calças,o sapato trocado de pée no lado do corpo,o rifle 44 em cima de uma folha escrita pelos inimigos,com data. Dia 6 de junho de 1971:“Última poesia do velho mulherengo”. Minha morte éuma justiça. No sertão não se brinca de valente. Os Gaias mataram os soldados. Eu morro com os inimigos na frente. Sertão de Pernambuco,seca de 1970. A história da morte de Batista começa em 30 de dezembro de 70,durante a grande seca,numa frente de trabalho da SUDENE. Os trabalhadores reclamam pela falta de dinheiro ao engenheiro encarregado do pagamento. Batista estáentre os homens que reclamam. Também estava na multidão quando dois soldados da Polícia Militar de Pernambuco,Adalberto Clementino de Moura e Alberto Alves de Moura,começam a agredi-los a pontapés e cacetadas. Os trabalhadores,humilhados,voltam àfila. Mas não todos. Aqueles cinco irmãos com cara de índio se revoltaram. Armados de foices e lambedeiras,cinco irmãos Gaia,Cícero,Eduardo,Tozinho,Antônio e Enoque,matam a dupla de soldados. E o velho Batista Gaia escreve uma poesia em homenagem àvitória da família. Ainda durante a seca,começa a perseguição ao velho,que éassassinado seis meses depois,naquele cabaré,no Alto do Urubu. Alto do Urubu,voltamos a junho de 71. Morre Batista Gaia e,no enterro,seu filho Vilmar agarrado ao rifle 44,jura vingança. Ele desconfia dos parentes,dos amigos,atédo padre que benze o caixão de Batista. Todas as pessoas que vêpara ele são o inimigo. A namorada,o juiz da cidade,as crianças. Vilmar interroga todos que estão no cemitério de Serra Talhada. Faz tantas perguntas que a loira amante de Batista lhe confessa quem são os criminosos: Três soldados (da 17ªCompanhia Militar de Pernambuco) mataram Batista! Ainda na noite do dia do enterro,Vilmar,22 anos,de bermudas,chinelo e sem camisa,vai àcaatinga e torna-se pistoleiro. Coloca na mata um lampião a 50 metros de distância,apóia o rifle na clavícula,mira,aperta o gatilho e os tiros apagam o fogo mais de 20 vezes nessa madrugada. Amanhecia quando Vilmar évisto atravessando a Praça Nossa Senhora da Penha. Às 8 horas continuava investigando. Vestia apenas a bermuda,com dois revólveres na cintura,quando entra no prédio da delegacia para falar com o delegado Sebastião Nogueira. Seu plano começava a dar certo porque o delegado aceita o seu pedido. Agora Vilmar,além de pistoleiro,épolicial da 17ªCompanhia. Nos primeiros cinco dias na polícia,Vilmar continua nas investigações e ganha dezenas de cartucheiras dos soldados. Conversa sobre o crime pelos corredores e ànoite tiroteia em garrafas de cerveja,latas de sardinhas,em alvos cada vez menores. Em uma semana descobre o inquérito sobre a morte do pai nos arquivos da delegacia,e sabe,assim,os nomes dos soldados criminosos. No dia seguinte àdescoberta,o delegado Sebastião Nogueira reprova Vilmar no teste de capacidade intelectual. Ele éexpulso da 17ªCompanhia e duas semanas depois mata com 16 tiros um dos três inimigos,Arnaldo Cipriano,num bar de Salgueiro,a 300 quilômetros de Serra Talhada. Fazenda Lavra de Mangueira,outubro de 73. O suplente de comissário,Pedro Inácio,dáuma festa na fazenda. Como fazia o velho Batista,Vilmar entra na festa acompanhado de uma prostituta. Pedro Inácio manda ele embora. Os dois discutem,brigam e depois tiroteiam. Vilmar éferido no ombro e cai. Do chão ele atira e mata o comissário. O baile continua. A polícia éavisada do crime e Vilmar dança no salão. Calça e camisa pretas,duas cartucheiras na cintura,ele dança uma rancheira. A prostituta veste uma saia curta a um palmo do joelho e aperta o corpo de Vilmar. Ela rebola,desabotoa a camisa do pistoleiro e beija-lhe o peito na hora em que alguém dáum tiro. Apagam-se as luzes,éa polícia chegando. Vilmar estána escuridão dentro da casa cercada pela patrulha. Da janela ele vêque outro matador de seu pai,o soldado Natalício,estána chefia da patrulha. As mulheres gritam e correm do salão,puxadas pelos homens. O último a sair na porta do salão éVilmar Gaia,com rifle na mira de Natalício,que morre com um único tiro no peito. Nenhum outro soldado reage. E Vilmar foge a cavalo com a prostituta. No Velório de Natalício: àmeia-noite Vilmar vai ao velório do inimigo. A mesma roupa preta,um chapéu de abas largas,óculos de lente escura,ele distribui cópias da última poesia do velho mulherengo e vai embora. Três dias depois da morte de Natalício: Émorto o cunhado de Vilmar Gaia,Luiz Zuza. O corpo éenterrado na caatinga. Tribunal de Justiça,outubro de 74: O juiz Ítalo JoséNandi decreta prisão preventiva de Vilmar. E também éacusado de matar o primo Antônio Augusto que teria se vendido para a família de JoséCipriano. A família que pagou para matar seu pai. Morre o soldado Luiz Gonzaga que Vilmar perseguia para completar sua vingança. O povo atribui a Vilmar mais de 30 mortes. E o juiz sofre um atentado,um dos tiros quebra a antena do seu carro. Novembro. Circulam folhetos de cordel em homenagem ao pistoleiro que fez sua própria justiça no Alto do Sertão de Pernambuco: “Filho de Serra Talhada/ No sertão de terra quente/ onde nasceu Lampião/ Natureza de serpente/ Agora tem Vilmar Gaia,feio,disposto e valente/ Dizem que ele se encanta/ Num péde mandacaru/ Vive também envultado/ Numa onça canguçu/ Extasiando maior assombro no Vale do Pageú/ Sótem 26 anos/Esta éa sua idade/Mas dizem que ele briga/De 110 qualidade/ Briga dentro da caatinga e luta em qualquer cidade/Jáfez 32 mortes/Abraçou a miséria e deu coice na sorte/ Éo maior cangaceiro que temos aqui no Norte”. Fevereiro de 75. Chegada de David Jurubeba e seus pistoleiros em Serra Talhada. Jurubeba veio para acabar com os Gaias. Ele éum rastejador profissional desde a década de 40,quando perseguia Virgulino Lampião. Sua inimizade aos Gaias vem dessa época,pois o velho Batista protegia o cangaceiro das volantes. Com a morte dos soldados Natalício e Luiz Gonzaga,seus parentes,aumenta o ódio de Jurubeba: –Vim para matar. Venho das terras de Nazarée sóvoltarei quando for eliminada a raça dos Gaias. Eu sou do clãdos Ferraz Jurubeba. Minha vida éno mundo perseguindo bandido. Se esse tal de Vilmar évalente como falam eu o perseguirei atéa morte. Quero cortar a cabeça desse cabra como fizemos com Lampião. Batista era coiteiro e família que protege o cangaço não merece o perdão. Estou pronto para a luta. Primeiros dias de março –Jurubeba e dois pistoleiros carregam munição para uma camioneta,defronte ao prédio da delegacia. No mesmo dia um cunhado de Vilmar,Arnaldo Gaia,éfuzilado no balcão da caixa da sua mercearia,no centro de Serra Talhada. No dia seguinte éa vez de Batistinha Gaia,irmão de Arnaldo. Os pistoleiros fuzilam àqueima-roupa. No dia 5,as cinco famílias dos irmãos do velho Batista estão em pânico com a entrada de Jurubeba e sua volante em suas terras. Os fuzis apontam para os cinco irmãos. Os dois canos grossos da arma estão bem junto aos olhos de Laudelino. O fuzilamento seráàqueima-roupa. Ao lado de Laudelino estáTozinho,pele de índio,cabelo preto,liso,com a baioneta do fuzil quase lhe raspando o nariz. Depois de Tozinho vem Eduardo,depois Cícero e por último Enoque. Todos os irmãos Gaia morrerão se não responder àpergunta: –Onde estáVilmar Gaia? –Respondam bandidos! No milharal da fazenda,as mulheres vêem aquela cena e pedem de joelhos proteção a São Tomás de Aquino,a Frei Damião e a Padre Cícero. As crianças cantavam orações. De longe dali se ouvia a cantoria que sónão era mais forte que o som dos gritos do fuzilamento. Fogo nos bandidos! Como nenhum dos irmãos fala sobre Vilmar,os policiais apertam o gatilho. Os tiros fizeram mulheres e crianças correrem e os animais da fazenda corriam juntos para todos os lados. Mas os Gaias continuam de pé. O fuzilamento fora uma ameaça. Os tiros passaram rentes àcabeça de Enoque e ele permaneceu como estava,o olhar fixo nos olhos do carrasco. Indiferente,mudo,parece tranqüilo. Enoque estátão calmo que Jurubeba,o carrasco,assustado,muda de tática. Amarra os pulsos de Enoque e a mesma corda éamarrada nas ensilhas do cavalo. Assim ele começa a ser arrastado pelas terras do distrito de São João,a norte de Serra Talhada. O cavalo de Jurubeba éum animal selvagem que corre a trotes largos em direção às montanhas. A estrada éde pedregulhos e o corpo de Enoque se mantém um pouco atrás das patas do cavalo,os braços esticados,a cabeça erguida,o peito arrastando,jásem botas e sangrando. Nas poucas vezes que abre os olhos,o que vêépoeira e patas. O cavalo abre caminho. Enoque ainda ouve o relincho quando cruza os milharais. Enoque ainda vive. –O cavalo de Jurubeba éarisco,selvagem. Mas não consigo imaginar a que velocidade anda. Sei que andava rápido quando começou a malvadeza. Naquela hora vocênão sente dores. Eu estava sendo arrastado de bruços e sentia as pedras que batiam no meu corpo,sentia as pedras entrando na minha carne. Os galhos secos eram espinhos grandes e a terra queria devorar a minha barriga. Meu corpo estava mole,saltava como borracha. Mas um homem nesta hora ainda sente muita força. –Nunca me passou a idéia de trair o meu sobrinho. Eu sabia que estava sofrendo a malvadeza por causa dele. Mas eu sou dos homens que não sabem trair o irmão de sangue. Dizer onde estáVilmar Gaia édesprezar a nossa grande vingança. Seria uma atitude de homem que não preza amor da família. Que as patas me furem os olhos mas eu não falo. Podem me chutar a boca,que me quebrem os dentes porque eu não digo. Vou proteger a pele do menino Vilmar atéa morte se for preciso. Écerto que Vilmar épistoleiro e bandido. Mas também écerto que um homem sóéafoito e valente se antes ele foi revoltado e corajoso. O caso de Vilmar éde revolta pela morte do pai. Ele fez sua própria justiça aqui no sertão. A justiça que os homens tiveram medo de fazer. Jamais vou trair um menino assim. Eu esperava pela morte porque a morte me salvaria daquele momento. Eu queria que a morte viesse depressa para não dizer o esconderijo de Vilmar,queria a morte como salvadora,como uma aliada contra o inimigo. O sol éforte no sertão quando Jurubeba desata a corda do pulso de Enoque desfalecido. A roupa estáúmida do sangue que escorre do rosto,a sobrancelha puída pela terra,a cabeça de Enoque éuma grande ferida. O couro cabeludo foi pelado,os fios de cabelo ficaram pelo caminho da tortura. E aquelas perguntas continuam… Os habituais interrogatórios aos Gaias tornam-se trágicos. Maria Aparecida,uma tia de Vilmar,morre de colapso cardíaco quando vêo corpo de Enoque torturado. Ninguém denuncia,mas David Jurubeba continua a perseguição. Oferece um Volks para o Gaia que delatar Vilmar. Serra Talhada,22 de março. O governo do Estado de Pernambuco contrata o campeão brasileiro de tiro-livre,capitão João Ferreira dos Anjos,para perseguir Vilmar Gaia. E a Secretaria de Segurança pernambucana substitui todos os policiais de Serra Talhada,inclusive o delegado Sebastião Nogueira. Quarenta policiais militares selecionados,com modernas metralhadoras,granadas e bombas de gás lacrimogênio auxiliam o capitão João Ferreira nas diligências. Maio de 75. A Rede Globo de Televisão oferece 25 mil ao capitão João Ferreira para que ele garanta uma entrevista exclusiva de Vilmar no dia em que ele for preso. A família Gaia éinterrogada todos os dias. Caatinga,junho,julho,agosto. Tem dias que o capitão João Ferreira caminha 40 quilômetros a péna caatinga. Os Gaias estão aflitos. Toda a família. Quando ouvem um ruído de carro,eles pensam que évolante que vem chegando. Mec Gaia,uma criança,quase um bebê,nunca mais voltou de uma fuga. A polícia acha que ele estáno esconderijo de Vilmar. A única pista da polícia éo cocôde Mec. Um cocôenroscado,fino,menor que o de um gato. Éo que resta na caatinga de uma criança de dois anos,de um foragido da volante. Os cães,um rastejador profissional e 30 homens armados perseguem Mec. Sem camisa,o calção puído na bundinha,o fugitivo chupa bico e carrega no pescoço,preso a um cordão,um presente do tio Vilmar:o cartucho 44 do tiro de vingança. Talvez ele esteja morrendo. A merdinha do Mec diminui a cada dia. Mas a família Gaia crêna sobrevivência do menino,crêna proteção da caatinga aos perseguidos,crêno sol como um alimento a Mec. Eles crêem que um dia Mec voltarátransformado em mais um Gaia vingador. De 17 a 20 de agosto de 76. O capitão João Ferreira não dorme hátrês dias e avança o sertão do Cearáem direção àfronteira da Paraíba. Às 4 horas da madrugada do dia 22 chega ao vilarejo de Ipaumerim e dáordens para 30 soldados fazerem o cerco na casa da Fazenda Quitéria. Duas portas e oito janelas na mira de três metralhadoras,dez mosquetões,bombas de gás lacrimogênio,uma pistola e um rifle. Na casa tudo quieto –apenas Vilmar Gaia,que dormia nu em uma rede,se movimenta para pegar o revólver Taurus 38. A polícia nunca esteve tão perto depois que ele fugiu de Serra Talhada. Os soldados estão prontos para matar,o capitão João Ferreira estádeitado no chão com a arma carregada de balas alemãs. A porta se abre,peito nu,cabeça baixa para a braguilha que tenta abotoar. Depois Vilmar levanta a cabeça,ergue os braços e caminha em direção ao capitão João Ferreira dos Anjos. Vilmar Gaia chega preso ao xadrez de Serra Talhada. Os homens esqueceram a justiça. A justiça de Deus écom ele. Minha justiça eu jáfiz. Agora o capitão João Ferreira que faça a dele. Dia 20 de agosto. David Jurubeba,maior inimigo dos Gaias,abandona Serra Talhada. Carrega uma maleta de mão,cartucheira,um rifle nas costas,volta às terras de Nazarée fala decepcionado:“Eu não sei viver sem um grande duelo. Desde Lampião espero por um bandido perigoso que me desafie. Vilmar era a minha grande esperança,eu queria matar esse menino,queria matar todos os Gaias em um grande incêndio. A prisão de Vilmar não teve graça. Por isso continuarei na perseguição aos pistoleiros. Ainda espero pelo grande duelo,tenho paciência. Enquanto esse dia não chegar perseguirei atémulher barriguda do sertão. Alguma coisa me diz que a cada segundo pode nascer um homem perigoso,um novo Lampião. A polícia de Pernambuco que se cuide”. No dia da prisão de Vilmar Gaia,as rádios de Serra Talhada transmitem a notícia de dez em dez minutos. E tocam a música Cabra macho do Rocha,inspirada no pistoleiro. O comércio fecha,estão suspensos os expedientes dos bancos e repartições públicas. Uma multidão empurra os soldados na porta de entrada da delegacia para ver Vilmar. Às 9 horas do dia,o capitão João Ferreira comunica a prisão de Vilmar ao secretário de segurança,Rui Aires Lobo,que dáordens para uma escolta levá-lo ao Dops de Recife. Nessa hora as crianças brincam de Vilmar Gaia pelas ruas de Serra Talhada. Um menino que nem forças tem para manter a arma erguida também brinca na janela do colégio. A arma estáengatilhada. Ele faz a pontaria enquanto a professora escreve no quadro negro. Quando a professora vira de frente o menino recua e se agacha. Espera alguns minutos e quando aperta o gatilho o tiro écerteiro e acerta de verdade no alvo:a nuca de um coleguinha. Ninguém soube dizer os motivos do crime. O menino fugiu. O povo conta que o menino era Mec Gaia porque a arma do crime foi descoberta. Era um rifle calibre 44.viver de artesanato
 

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

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