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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Há 25 anos a banda D.Gritos lançava o disco Barriga de Rei

Há 25 anos era lançado pela banda D.Gritos o disco BARRIGA DE REI, um trabalho musical revolucionário, levando-se em consideração o contexto da época, onde o verdadeiro forró dominava o seguimento musical em praticamente todo o Nordeste.
O LP é recheado de pegadas de guitarra de altíssimas qualidade, com variações eletrizantes de solos e de rifes, assim como de uma bateria extremante vibrante, lembrando o que de melhor existia no rock nacional. A qualidade do trabalho se estende ao baixo e aos teclados, instrumentos que eram bastante usados em grupos nacionais e internacionais, com o RPM e o Queen.  Uma inovação apresentada pela banda no disco foi uso de instrumentos de percussão, uma mistura que foi usada pouco tempo depois por Chico Science e o movimento Manguebeat.



Capa do disco 

Outro destaque do disco são as letras, que também refletiam o sentimento da juventude local que começa a vivenciar a liberdade proporcionar com o fim da Ditadura Militar. Soma-se a isso, o fato de  que os compositores da banda – Camilo Melo e Ricardo Rocha – traduziram como ninguém os seus dilemas pessoais e as sua indagações sobre a vida, o amor, a politica e a religião.
O trabalho foi gravado no estúdio Estação do Som, em Recife, e produzido por  Orlando Lima (Zé Orlando) e a própria banda. Segundo Camilo, a participação de Zé Orlando foi decisiva para o  sucesso do BARRIGA REI, pois ele acrescentou muito com a sua experiência e talento. Zé Orlando acompanhou o grupo desde os ensaios, ainda em Serra Talhada, até fase a final com a passagem das músicas para o type. Para fazer todo o processo de gravação, mixagem e masterização, o grupo levou pouco mais de trinta horas. A rapidez é justificada em virtude de questões financeiras. O dinheiro que a banda tinha não era suficiente para passar mais tempo gravando no estúdio.  
Em função de uma viagem de Ricardo Rocha para São Paulo, coube a Paulo Rastafári - que havia entrado há poucos dias na banda - a responsabilidade por imortalizar através da sua voz as músicas que ainda hoje tocam em rádios de todo o Brasil e são baixada através da internet por faz e admiradores do trabalho da D.Gritos.
Músicos que participaram da gravação:
CAMILO MELO – guitarra e violão; JORGE STANLEY: bateria e percussão; TOINHO HARMONIA: contrabaixo; DITINHO - teclado; NILSINHO – percussão -  PAULO RASYTÁFARI – Voz.
Ficha técnica:
Produção Musical: D.Gritos, Orlando Lima
Arranjos: D.Gritos
Gravação: Tião Patinhas, Léo Dim
Mixagem – Léo Dim
Edição - Tião Patinha

No disco BARRIGA DE REI foram gravadas as seguintes músicas: - lado A - “Grilos”, “Escravos de Ninguém (Porra)”, “Barriga de Rei”, “Loucos (Mayra)”,- lado B - “Quando Será Minha Vez”, “Eu Sei”, “Seduções de Imagens” e “Última Vez”.


                                    Banda D.Gritos na foto para a encarte do disco BARRIGA DE REI

Segundo Jorge, o disco BARRIGA DE REI é do ponto de vista musical o mais popular da banda, isso se deve aos arranjos MPB/POP e ao estilo musical de Paulo Rastafári. Além disso, o disco foi o único a ser comercializado.
Entre a gravação do disco e o lançamento oficial, realizado no Batukão, foram mais de onze meses, nesse período a banda realizou algumas apresentações, e também concederam várias entrevistas, além de apresentações em emissoras de TV; em Campina Grande-PB e em Recife; na TV Pernambuco, TV Jornal, Tribuna e Universitária. Mas mesmo com a realização de vários shows e com toda a badalação em torno do repertório, ainda faltava a comercialização do disco que não ocorria em função da capa ainda não está pronta.
Diante da falta de dinheiro para resolver o problema, Camilo teve a ideia de vender os discos de forma antecipada através de cartões (cupons), que foram produzidos com o apoio da Casa da Cultura. Com os cartões nas mãos, o grupo caiu em campo e conseguiu vender aos familiares, amigos, comerciantes, profissionais liberais e servidores públicos, chegando ao total de 288 cupons. Com o dinheiro arrecadado foi possível realizar  a cofecção das capas para os discos que já estavam prensados.


Cartão (cupom) usado para arrecadar dinheiro para a confecção da capa do disco 

A ideia da capa do disco foi de Camilo, sendo que a criação foi de Tarcísio Rodrigues, Aluízio Nunes, Karoba Nunes e Fatima Silva (Fafá). Arte final foi de Edna Batista, e as fotos foram feitas nas areias do Rio Pajeú, utilizando um jornal com o nome da banda pintado por Tarcísio Rodrigues e reveladas no Tucano Studio, de Aluíso Nunes, e no Foto Reis, de Anacleto Reis. O encarte ficou por conta do talentoso artista plástico Karoba Nunes, que ilustrou com maestria o momento politico e social do país. 

Na contra capa do disco a banda prestou várias homenagem, entre elas, uma merece um destaque especial, a que foi prestada as mães de cada um dos integrantes da banda.  “As nossas mães que nos colocaram no mundo e nos deram tantas inspirações e força para chegarmos até aqui. D. Juracy, D. Lourdinha, D.Gilda, D. Ana e D. Adélia muito obrigado!”. Os amigos da “TURMA” dos D.Gritos também foram lembrados e a música “Loucos (Mayra)” foi dedicada in memória de Geovani (Vaninho), um grande amigo dos membros da banda e que morreu em trágico acidente automobilístico alguns dias antes da gravação do disco.
Ainda na contra capa, também consta um agradecimento aos amigos que sempre deram força ao grupo, entre eles: Ivaldo Nogueira, Antônio Alexandre, Nildo Gomes, Rui Grúdi, Bil, Joseley Gildo, Zé Paulo, Márcio, Carlito, Ronaldo, Pedrinho, Antônio Rosa, Álvaro, Fred Pinto, Domar, Veva, Tovinho, Fafá, Tarcísio Rodrigues, Daniel Dantas, José Fernandes.



Encarte do disco BARRIGA DE REI elaborada pelo artista plástico Karoba Nunes

Com o material pronto, o disco começou a ser vendido e acabou sendo lançado em outubro de 1989, em um grande evento no Batukão, já contando com o retorno de Ricardo Rocha. Foi uma noite memorável, que contou com a presença de familiares, amigos e muitos fãs da banda. Esse momento ficou marcado na memoria de todos os músicos que tocaram naquele noite, pois foi com o disco BARRIGA DE REI que a banda D.Gritos entrou definitivamente para a história da música pernambucana e brasileira. Em função do valor histórico, alguns colecionadores e fãs do grupo chegam a pagar valores generosos por um exemplar do disco.





Fotos do show no Batukão durante o lançamento do disco BARRIGA DE RE


Fonte: Livro "D.Gritos: do sonho à tragédia. A história da maior banda de rock do Sertão Pernambucano", escrito por Paulo César Gomes.

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