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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

HISTÓRIAS PERDIDAS: O dia municipal da cultura e a estagnação da nossa tradição popular

Por Paulo Cesar Gomes

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Segundo Dierson, o dia municipal da Cultura têm como referência ao dia do nascimento do poeta Emygdio de Miranda
Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García



Hoje, excepcionalmente, estamos publicando mais uma matéria da série “Histórias Perdidas”, isso porque é nessa data que comemoramos o dia municipal da cultura. Conscientes do nosso dever de investigar os episódios que são deixados de lado, justamente por aqueles que têm a obrigação de preservar a memória e de estimular a cultura de Serra Talhada, estivemos mais uma vez ao lado de Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL, atrás da origem da comemoração.

Para compreendermos melhor a trajetória que levou o dia 05 de agosto a ser definido como data máxima da cultural local, visitamos o professor e ex-presidente da ASL – Academia Serra-talhadense de Letras, Dierson Ribeiro. Segundo Dierson, a data tem como referência o dia do nascimento do poeta Waldemar Emygdio de Miranda, mais conhecido com Emygdio de Miranda. “Sou um entusiasta da obra Emygdio de Miranda. Acho que a cidade deveria fazer mais homenagens a ele. Por isso, procurei o então vereador, Ari Amorim (1997/2000), com a ideia de um projeto para torna do dia 05 de agosto o dia municipal da cultura”, explica Ribeiro.

Ainda de acordo com o escritor, alguns parlamentares chegaram a se opor ao projeto. “Teve vereador que chegou a dizer que Serra Talhada possuía muitos políticos de renome e que a data deveria ser em homenagem a um deles”, relata o professor. Apesar da rejeição inicial, o projeto de lei acabou sendo aprovado. Dierson Riberio – que tem como patrono na ASL Emygdio – espera que a data seja lembrada com mais ênfase, bem como a obra e a vida do poeta, que muito bem poderia ter ser seu nome dado a uma escola, rua ou órgão público.

LAMPIÃO E A ESTAGNAÇÃO DA CULTURA POPULAR

Lampião é sem dúvida o grande atrativo cultural da cidade. A história que envolve o Rei do Cangaço atravessa os limites do país, e por isso, é mais do que justo de que se explore tudo de bom que o fascínio que Virgolino Ferreira da Silva exerce sobre as pessoas. O mais controverso dos serratalhadenses é tema de centenas de livros, cordéis, matérias de jornais e revistas, filmes, pesquisas acadêmicas e outras infinidades de trabalhos, o que torna a propagação do assunto uma ótima porta de entrada de negócio para cidade.

No entanto, é preciso que se destaque que são poucas as iniciativas que visam o estimulo de outras práticas culturais. Somos a segunda maior cidade do Sertão pernambucano, com um potencial artístico ímpar, mas não existem projetos para garimpar ou lapidar novos talentos. Para se conquistar um espaço diferente na cidade é preciso coragem e teimosia. Pois, os órgãos que deveriam promover a cultura da cidade se perderam no tempo e no espaço. Muitas são as reclamações sobre a atuação da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Casa da Cultura, que hoje parecem duas irmãs siameses separadas, abruptamente na hora do parto, mas que estão na profunda inércia.

Ao mesmo tempo, os artistas são rotulados de “artistas da terra”, o que para alguns é mais uma forma pejorativa do que um reconhecimento. Recentemente o cantor Rai di Serra fez a seguinte revelação em um programa de rádio, “um produtor cultural renomado da cidade disse que somos como minhoca, por isso somos artistas da terra, essa é imagem que fazem da gente”.

O que melhor demonstra a atual situação é o fato de que eventos como Fecust (Festival de Cultura de Serra Talhada), Mostra de Teatro, Mostra de Cultura nos Distritos, Festival de Música, Festival de Repentistas e outros projetos, já não são realizados há anos. Oficinas de teatro nas escolas, exposição de pinturas e fotografias, são movimentos inexistentes, e quando ocorrem, são promovidos por iniciativas pessoais ou por entidades de fora da cidade.

Outros exemplos são: a recente reclamação do grupo de capoeira que não encontrou apoio para realizar seu encontro e a ausência de um Teatro Municipal. Salientado que o Teatro é uma das maiores bandeiras da classe, um local chegou a ser alugado para esse fim, mas pelo jeito acabou virando apenas um depósito (Foto acima).

EMYGDIO DE MIRANDA, O “VATE PEREGRINO”

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Waldemar Emygdio de Miranda nasceu na cidade do Recife, em 05 de agosto de 1897. Seus pais foram o professor Auxêncio da Silva Viana e sua esposa D. Maria dos Passos de Miranda Andrade, que se fixaram em Serra Talhada, abrindo uma escola na sua residência, na Praça Sérgio Magalhães, tendo tal fato acontecido no princípio do século passado até mais ou menos o ano de 1920. Emygdio viveu na cidade até os 18 ou 19 anos de idade.

Ainda jovem entregou-se ao vício do álcool, sem abandonar, portanto a poesia, e passou a peregrinar pelas cidades do interior pernambucano, como Triunfo, Arcoverde, Caruaru, a capital Recife e Princesa Isabel, na Paraíba, o que lhe deu o carinhoso apelido de “Vate Peregrino”. Foi amigo de alguns dos mais importantes coronéis da politica da época, entre eles, Cornélio Soares e José Pereira.

Com a sua poesia encantou dezenas de pessoas, conquistando o respeito e muitas paixões. O poeta não teve o prazer de ver suas obras publicadas, faleceu em 29 de agosto de 1933, aos 36 anos de idade, pobre e abandonado, em Arcoverde (na época Rio Branco) onde foi sepultado. Após a sua morte os amigos reuniram alguns desses poemas e publicaram nos livros “Rosal” e “Rosa da Serra”.

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ALGUNS DOS MAIS BELOS POEMAS DE EMYGDIO DE MIRANDA

A um burguês

Tu ventrudo burguês analfabeto,

Escultura rotunda da Irrisão
Para quem um viver mais limpo e reto
Consiste em ser avaro e ter balcão;


Tu que resumes todo teu afeto

No dinheiro – o metal da sedução
Pelo qual negocias, abjeto,
Tua esposa, teu lar, teu coração;


Escuta oh ignorantaço o que te digo:

Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um Pachá,


Pode comprar qualquer burguês cretino,

Mas a lira de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará!


Esta que passa

Foi minha amante esta mulher que passa…

Sorveu-me em beijos todo o meu ideal!
E comigo bebeu na mesma taça
O vinho do desejo sensual…


Muito tempo possuímos nós, sem jaça,

A gema da ventura triunfal!
Mas um dia partiu… E ei-la devassa,
Bracejando no pélago do mal…


Quando ela passa, eu vejo na tristeza

De seu olhar de erótica beleza
Todo o brilho da orgia da desgraça…


E não posso ficar indiferente,

Só porque afinal, infelizmente,
Foi minha amante essa mulher que passa…


Toda de branco

Toda de Branco vai entrar na Igreja…

Traz a palma e a capela do noivado;
Por isso não é de admirar que esteja
O velho laranjal despetalado.


Deus que é pai, Deus que é bom, Deus a proteja!

Porque nunca ela teve um só pecado…
Sua alma é como a própria sombra, alveja
Hóstia de armindo em cálix nevoado!


É pura, e no entanto amou um dia!

Alguém a teve trêmula nos braços,
Trêmula e branca! Virginal e fria.


Mas hoje é noiva. Afortunada seja!

Mulher de outro por sagrados laços,
Toda de Branco vai sair da Igreja.


A Senhora

Ao Primoroso Cônego Antonio Andrade


Soberba, no silêncio augusto das grandezas,

Loucada do esplendor, das grandes majestades;
Sentinela gigante, a perscrutar reveze,
Feita da veztudez de todas as cidades


Perde monja a rezar, contemplando cidades,

Irmã do vale e o rio irmã das correntezas;
Afrontando o tufão, barrando as tempestades,
– Berço altivo demais para embalar baixezas.


Serra, teu alcantis, teus píncaros selvagens,

Teus profundos desvãos, tuas grandes folhagens,
Sangram meu coração numa amargura estranha…


Sim! Porque de um penhasco em dia de invernada,

Eu vi tombar, rolar, a minha doce amada.
Indo morta cair aos pés de ti, montanha…!

Publicado pelo portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 05 de agosto de 2015. 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Opinião: Fonseca não tem espaço para ser candidato pelo PTB; Augusto César vai indicar o vice de Luciano Duqeu


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Paulo César Gomes é professor e escritor

Durante a realização da última Exposerra tive a oportunidade de bater um papo bastante descontraído com o deputado estadual Augusto César (PTB), no estande do FAROL DE NOTÍCIAS. Afagos à parte, a conversa me rendeu algumas observações importantes sobre o cenário politico atual. Mas, antes de adentrar nas questões centrais, é necessário destacar algumas observações feitas pelo deputado sobre a sua passagem à frente da prefeitura em Serra Talhada (1993/1996).

O primeiro destaque dele foi o fato de ter sido o primeiro prefeito a pagar salário mínimo aos funcionários, antes dele a maioria recebia um valor bem inferior. Outro ponto foi o concurso público, o que permitiu que várias pessoas ingressassem no serviço público sem ter que depender de apadrinhamento político. Último ponto apresentado por Augusto foi o fato de ter sido o único prefeito nos últimos 20 anos a não ter contas rejeitadas pela Câmara de Vereadores.

Passadas a primeira fase da conversa, passei a provocar o parlamentar sobre questões locais. A mais importante dela foi sobre o fato que ele possui no seu grupo o nome que desponta bem nas pesquisas para as eleições do próximo ano. Claro que me referi a Dr. Fonseca. A reposta do líder petebista foi simples: “Precisamos harmonizar primeiro o grupo”, disse Augusto César. Foi quando me veio o questionamento: Fonseca não une o PTB?

Não é preciso muita imaginação para se chegar á conclusão de o que PTB é hoje um partido dividido, sendo que a sua maior parte deseja uma aliança com prefeito Luciano Duque (PT). Essa postura é uma orientação do Ministro Armando Monteiro Neto (PTB). Na outra ponta da corda está os que são contra a adesão à gestão petista, entre esses nomes está Dr. Fonseca, que pelo andar da carruagem terá que novamente mudar de partido as vésperas do encerramento do calendário eleitoral, se de fato quiser ser candidato de oposição na próxima eleição.

O resultado de toda a conversa é que o prefeito Luciano Duque irá guardar até a última hora a carta que cultiva na manga, que no caso é a indicação do nome do candidato à vice na sua chapa a reeleição. Vários são os nomes que almejam essa vaga. No entanto, não será surpresa se a indicação seja feita pelo deputado Augusto César, que mesmo não morrendo de amores por Luciano Duque, sabe que o seu futuro político como liderança passa por uma vitória de um aliado nas próximas eleições. Na próxima opinião narraremos outros encontros e bate papos que revelam um pouco dos bastidores da politica local.

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 02 de agosto de 2015.

domingo, 2 de agosto de 2015

A SERRA: Um patrimônio cultural do povo serra-talhadense abandonado à própria sorte

Por Paulo Cesar Gomes

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Fotos: Farol de Notícias/ Alejandro Garcia


A história de Serra Talhada está diretamente ligada a serra que pela natureza foi talhada. Imponente, a serra é um dos maiores orgulhos dos serra-talhadenses. Não existe um filho desta cidade que ao avistar a montanha a quilômetros de distância não se emocione ao perceber que está chegando ou de que está em casa.

Toda essa beleza é uma propriedade privada, e por isso mesmo, o seu uso para fins de utilidade pública é cercada de polêmicas. No entanto, para nós – Alejandro Garcia e Paulo César Gomes -, a serra que é vista diariamente de qualquer ponto da cidade, não pode e não deve cair no “esquecimento”, por isso estivemos em duas oportunidades no topo da montanha, ao lado do fotógrafo e jornalista Álvaro Severo, para registrar algumas das dezenas de “Histórias Perdidas”, que envolvem a majestosa serra talhada.

OS DESAFIOS DE QUEM VIVE NO TOPO DA SERRA

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Aldenício Ribeiro de Souza mora há 16 anos no topo da Serra


O topo da serra é formando por rochas e por uma camada de terra bastante fértil. Quase toda a área é povoada por sítios, os moradores trabalham como meeiros ou arrendatários. A maioria pratica a agricultura de sobrevivência. Um desses moradores é o senhor Aldenício Ribeiro de Souza, 46 anos, que mora há 16 anos, em um pequeno sítio.

Na área ele cria animais, cultiva algumas fruteiras e planta milho e feijão. Segundo Aldenício, um dos maiores desafios de quem vive no topo da serra é conviver com a falta d’água, principalmente no período de estiagem. “Quando chove a gente tira água das fontes, mas quando a seca chega, a gente tem que pagar mais de R$ 200 para que um carro pipa suba ate aqui”, desabafa o morador.

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O VELHO CRUZEIRO ABANDONADO
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Um dos pontos mais visitados da serra é o cruzeiro, porém, para se chegar até o local é preciso enfrentar uma caminhada por uma trilha íngreme e cheia de pedras. Soma-se aos desafios naturais, a falta de placas de orientação, sobre as questões de segurança com a caminhada e a indicação dos pontos turísticos.

Durante o percurso, que fica na talha que divide a serra em duas partes, é possível perceber que a mata nativa está bastante comprometida e a poluição está tomado de conta da trilha. Um morador que pediu para não ser identificado, revelou que nos últimos três anos o número de visitantes caiu vertiginosamente. Isso, segundo ele, se deve ao fato de que aumentou a incidência de assaltos, o uso de drogas e de práticas sexuais, e também o número de assassinatos. “A violência tem afastado as pessoas. Não existe segurança e as pessoas ficam com medo. As turmas de estudantes e os grupos de jovens deixaram de subir a serra”, relatou um dos moradores da redondeza.

Ao chegarmos ao famoso cruzeiro percebemos ele está abandonado e sem nenhuma preservação. A cruz está ameaçando cair. A imagem da santa que ficava no local foi roubada. Também não existe nenhuma identificação sobre quem foi que construiu ou teve a ideia de erguer no meio da serra aquele cruzeiro. O certo é que a paisagem é linda, e a Serra Talhada vista de lá é ainda mais sedutora. No próximo domingo traremos mais “História Perdidas” sobre a serra. 

Um forte abraço e um bom domingo a todos!

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A cidade vista do Cruzeiro

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 02 de agosto de 2015.

domingo, 26 de julho de 2015

Serra Grande: Uma história perdida sobre o cangaço e da batalha mais famosa de Lampião

Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/ Alejandro Garcia

As histórias envolvendo Lampião e o cangaço exercem um fascínio sobre vários historiadores e pesquisadores do Brasil. No entanto, quase nenhum teve a coragem de enveredar pelos caminhos que cercam a maior batalha travada e vencida por Lampião: A Batalha da Serra Grande.

A Batalha da Serra Grande – que completará 90 anos em 2016 – é certamente um dos episódios que envolvem Lampião que deve seu estudo levado em consideração, sobre vários aspectos, entre eles, a geografia da região e a fatos que se tornaram popular entre os moradores do entorno.

Para nós – Alejandro Garcia e Paulo César Gomes – que a cada domingo apresentamos aqui no FAROL a serie de reportagem “Histórias Perdidas”, o fato tem que ser narrado a partir da visão dos homens e mulheres que direta ou indiretamente se relacionam com o acontecido, além de fazermos um trabalho verificando pessoalmente o local.

Sendo assim, a narrativa que apresentamos hoje se dar com base em depoimentos de moradores da região da Serra Grande, que fica próximo ao distrito de Caiçarinha da Penha, mais precisamente em Santana de Cima, na Fazenda Barreiras. Nessa jornada contamos com a participação do grande amigo Álvaro Severo, fotógrafo e jornalista, e neto do Coronel Manoel Pereira Lima.

O CATIVEIRO DE ‘MINEIRO’ NA FAZENDA DO CORONEL PEREIRA LIMA
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LOCAL DO CATIVEIRO DE ‘MINEIRO’


O cativeiro de ‘Mineiro’ na fazenda do Coronel Manoel Pereira Lima Mineiro foi apelido dado a Pedro Paulo Magalhães Dias, um funcionário da Standard Oil Company – hoje companhia Esso -, que foi sequestrado por Lampião na estrada que liga Serra Talhada a Triunfo. Para libertar Mineiro Lampião pediu vinte contos de réis, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, situada a noroeste da Serra Grande.

O sequestro de Mineiro deu início à história da maior batalha vencida por Lampião – história que será contado com novos elementos em breve -. Segundo o depoimento gravado por Álvaro Severo com Juvenal Rodrigues, morador da região já falecido, enquanto a batalha entre cangaceiros e volantes era travada na Serra Grande, Mineiro estava em um cativeiro na Fazenda Barreiras, de propriedade do Coronel Manoel Pereira Lima (prefeito da cidade de Triunfo por três vezes).

O cativeiro era em baixo de um pé de umbuzeiro, a margem esquerda do riacho São Domingos – Segundo Juvenal Rodrigues o clima no local foi bastante divertido. “Lá onde Mineiro estava havia uma festa com bebida e mulheres”. A narrativa de Rodrigues pode está inteiramente relacionada à declaração de Mineiro aos jornais, ao chegar ao Recife, logo após ser libertado, de que havia sido bem tratado pelos cangaceiros.

A EMBOSCADA A VOLANTE DE CASACA PRETA E A MORTE DE ZÉ PAULO

Casaca Petra era membro de uma volante que andou pela região da fazenda Barreiras ameaçando os moradores na tentativa de encontrar pista de Lampião e seu bando. O cangaceiro sabendo da presença e das intenções de Casaca Petra, armou uma emboscada para o volante, o local escolhido foi justamente o pé de umbuzeiro.

Casaca Petra foi atraído até um umbuzeiro e acabou sendo surpreendido pelos cangaceiros. O volante saiu em disparada e buscou abrigo na casa do Coronel. No entanto, antes de adentrar na residência, Casaca Petra quase leva um tiro de um fuzil 7 mm disparado por um volante de uma distância de mais 200 metros. A marca da bala ainda hoje está gravada na porta da casa da fazenda.

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MARCA DO TIRO QUE TINHA COMO ALVO CASACA PETRA


Segundo Álvaro Severo, os mais antigos moradores da região contam que Lampião tinha um primo chamado Zé Paulo, e que o mesmo teria sido usado pelos os volantes como refém. A ideia era trocar Zé Paulo por Mineiro. “A ideia não funcionou e a volante acabou matando Zé Paulo”, narra Severo.

Uma cruz parcialmente destruída na beira da estrada identifica o local onde o corpo de Zé Paulo foi enterrado. “A gente sabe muito pouco sobre Zé Paulo. Dizem que ele era parente de Lampião. O certo é ele foi trazido já morto da cima serra e para ser enterrado aqui”, relata Luiz Juvenal, 60 anos, morador da região e filho de Juvenal Rodrigues.

Luiz Juvenal indicado o local onde Zé Paulo foi sepultado
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Local onde Zé Paulo foi enterrado (Foto: Álvaro Severo)

FAZENDA BARREIRAS: UM EXEMPLO DE PRESERVAÇÃO CULTURAL E AMBIENTAL
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A fazenda Barreiras possui cerca de 800 hectares de caatinga preservada, além disso, m local com muitas histórias para serem contadas. Uma delas é a da Pedra D’Agua, uma fonte de Água localizada no leito do riacho São Domingos e que foi cavada a pedido de Dona Ana Maria, esposa de Manoel Pereira Lima, e avó de Álvaro Severo.

“Esse poço foi à salvação de muita gente durante a grande secas do início do século 20”, declara Severo. Ele também a proveito a reportagem para mostrar o ponto embaixo do umbuzeiro onde foram enterrados alguns cangaceiros.

A fazenda está aberta para visitas para estudos ambientais, pedagógicos, históricos e culturais. Os interessados devem agenda à visita com Álvaro Severo, pelo telefone 999226627, bem como ver o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=AJXocUjZDdo. 

Um forte abraço e até a próxima!

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ÁLVARO SEVERO E PAULO CÉSAR GOMES

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FONTE DA PEDRA D’ÁGUA

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 Crucifixo encontrado embaixo do pé de umbuzeiro onde supostamente foram enterrados vários cangaceiros (Foto: Álvaro Severo)


Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 26 de julho de 2015.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

História: Conheça o Bar Flutuante que virou ponto turístico na década de 80 em Serra Talhada

Por Paulo Cesar Gomes 

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Bar Fluntuate - Reprodução: you tube/ Tv Globo


A preservação da memória do seu povo tem sido um dos grandes legados deixados pelas grandes civilizações que se desenvolveram ao longo dos séculos. Essa prática atualmente é regra em muitos países desenvolvidos, onde história, cultura e memória, fazem parte de um tridente de elementos que ajudam a difundir determinadas ações humanas que se destacaram em suas respectivas épocas e que hoje são lembradas como grandes façanhas humanas.

Nossa querida Serra Talhada é uma cidade alheia a essa tendência mundial, pois ainda está presa a um círculo vicioso de se fazer cultura e de como se deve contar a sua história. Isso pode ser devastador para as futuras pesquisas sobre a cidade, já que estamos perdendo muitas fontes orais, documentais e fotográficas. Um belo exemplo disso é a falta de registro sobre certo ponto turístico da cidade, que foi destaque em reportagem da TV Globo, no início dos anos 1980, e que infelizmente tornou-se mais uma “História Perdida”.

No entanto, para o repórter fotográfico do FAROL, Alejandro García, e esse simplório escritor e pesquisador, toda história merece ser lembrada e contada. Por isso estivemos essa semana vasculhando nos arredores do Açude da Borborema, buscando informações que nos levassem ao proprietário do revolucionário bar flutuante, que funcionou durante o final da década de 70 e o início dos anos 80.

O FLUTUANTE;  “O POINT” DA CIDADE





Infelizmente não se tem fotos ou relatos sobre o bar flutuante, o único registro é em encontrado no siteYoutube, em uma matéria produzida pelo repórter Tonico Ferreira – vencedor de prêmio nacional de jornalismo em função da reportagem – para o programa Globo Repórter, exibido em 1982, sobre o escândalo da mandioca. No vídeo é possível ver que o bar atraía uma grande quantidade de frequentadores, além de muitos curiosos que iam só para conhecer o bar, que não época era uma grande novidade para a população. A falta de material não nos permitiu adentrar como mais profundidade sobre o tema, mas ainda assim, registramos o local onde há mais de 30 anos funcionou o famoso bar flutuante.

Um forte abraço e até a próxima!

O vazio tomou conta do açude Borborema
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Fotos Alejandro Garcia (Farol de Notícias) 

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 19 de julho de 2015.

domingo, 12 de julho de 2015

ESTAÇÃO ESQUECIDA: O legado de uma época de desenvolvimento e força política

Por Paulo Cesar Gomes

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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotografias: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

É indiscutível que uma cidade não se desenvolve economicamente, socialmente e até culturalmente, sem que a política esteja envolvida. Isso é comprovado quando olhamos o desenvolvimentos das grandes cidades em relação ao interior, principalmente do Norte e Nordeste, e comparamos o peso político de cada região. Pois bem, Serra Talhada sempre foi uma cidade privilegiada no que diz respeito a participação ativa na política brasileira.

No entanto, nos últimos anos vem perdendo protagonismo. Uma prova disso é o fato de que a cidade não foi contemplada com uma plataforma de embarque e desembarque da Ferrovia Transnordestina. Acontece que há mais de 30 anos atrás a Capital do Xaxado possuía duas estações ferroviárias. Sendo uma das únicas do interior do estado a ter esse privilégio.

A primeira estação fica onde hoje é a popular “Estação do Forró”. Mas aonde estaria localizada a segunda? Por que motivos ela não foi construída na zona urbana da cidade? Essas perguntas foram o combustível para que mais uma vez estivéssemos ao lado do querido amigo Alejandro Garcia, repórter fotográfico do FAROL, buscando encontrar as ruínas da “estação esquecida”.

A ORIGEM DAS ESTRADAS DE FERRO EM PERNAMBUCO

Para entendermos o contexto desse trabalho de pesquisa é preciso que se faça uma viagem pela história de Pernambuco, mais precisamente em 1885, quando teve início a construção da Estrada de Ferro Central de Pernambuco (EFCP), em um trecho entre Recife e Jaboatão, pela empresa inglesa Great Western do Brasil, que mais tarde viria a incorporar quase todas as ferrovias da região Nordeste.

Aos poucos, a linha foi sendo estendida, somente chegando ao seu extremo, em Salgueiro, no ano de 1963, sem se entroncar com linha alguma na região. Antes disso, em 1950, a União incorporou a rede da Great Western, que passou a se chamar Rede Ferroviária do Nordeste (RFN).

A EFCP passou a se chamar Linha Centro. Esta linha, assim como toda a RFN passou a ser controlada pela RFFSA – Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – a partir de 1957. Em 1983, os trens de passageiros e cargas do interior foram extintos. Permaneceram apenas os de passageiros no trecho entre Recife e Jaboatão, como trens de subúrbio.

O CICLO DO ALGODÃO FOI DETERMINANTE PARA CHEGADA DO TREM EM SERRA TALHADA

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INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SERRA TALHADA EM 1957


Não há como negar que o ciclo do algodão foi o fator determinante para a chegada do trem em Serra Talhada. Diante da necessidade de escoamento da grande produção do chamado “ouro branco”, fazia-se necessário a utilização de um meio de transporte rápido e econômico. Apesar disso é preciso que se diga que o fato de Agamenom Magalhães ser filho de Serra Talhada, foi um atenuante nesse processo.

Desta forma, o trem acabou se tornando a melhor alternativa, tanto para o transporte de mercadorias e da produção agrícola, bem como para a locomoção da população para outras cidades, principalmente para a capital. A chegada do trem ocorreu em 7 de fevereiro de 1957, com a inauguração da primeira estação da cidade. O evento contou com a presença de autoridades do governo federal, estadual e municipal, além de centenas de populares.

A ESQUECIDA ESTAÇÃO FELIPE CAMARÃO

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Muito se sabe sobre a principal estação da cidade. No entanto, pouco se conhece sobre a segunda, que ficava localizada na zona rural da cidade, cerca de 26 km do centro, na Fazenda Barra do Exu, que pertencia ao ex-prefeito Francisco Alves da Fonseca Barros, o coronel Chico Alves, posteriormente passou a ser administrada por Antônio Alves de Nogueira (Tota Alves). Este acabou vendendo a propriedade ao ex-deputado João Falcão Ferraz, que era casado com Ana Lúcia Nogueira Ferraz, sobrinha de Tota Alves.

O que mais chama atenção nessa história é o que levou o governo estadual a construir uma estação no meio do nada. O que se pode compreender que a região era uma grande produtora de grãos e que a família possuía uma grande influência política para ter conseguido tal feito.

A estação Felipe Camarão – homenagem ao índio que compôs a linha de frente das tropas brasileiras durante a insurreição pernambucana – foi inaugurada provavelmente entre os anos de 1963 e 1965,  seguindo a mesma estética arquitetônica das demais que estão espalhadas pelo estado. As terras da antiga fazenda foram indenizadas pelo INCRA e hoje são ocupadas pelos agricultores do assentamento Poldrinhos. Apesar disso, nada foi feito para que o prédio da antiga estação fosse utilizado para algum fim.
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UM CENTRO DE ESTUDOS PARA PESQUISA E ORIENTAÇÕES SOBRE O ECOTURISMO

Ao invés de deixar o prédio da “estação esquecida” virar pó, as autoridades competentes – governos federal e municipal – deveriam realizar um projeto para tornar a região um ponto de cultura e turismo. A estrutura da estação poderia ser recuperada para ser usada como um centro de estudos sobre a pré-história e a prática de atividades ligadas ao ecoturismo, tendo os moradores como guias.

Vale lembrar que na região de Poldrinhos está localizada a Pedra do Letreiro, onde existem pinturas rupestres ainda não catalogadas. Bem como um conjunto de serrotes, formado por rochas sedimentares e mata nativa, propícios para escaladas e outras atividades que fazem parte do rol dos esportes de aventura. Nós que estivemos na região, somos testemunhas da adrenalina que é escalar um dos serrotes, com quase 60 metros de altura, e a visão deslumbrante que se tem do cume da estrutura rochosa.

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VALE DE AVENTURAS, MAS SEM INVESTIMENTOS


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Publicado pelo portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 12 de julho de 2015.

domingo, 5 de julho de 2015

Parque de Esculturas: Em Serra Talhada, obras de arte estão sob o signo do descaso e abandono


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

O conceito de arte vai muito além de uma formação linguística, até porque muitas das vezes podemos estar construindo um mero paradoxo. Na verdade, arte adentra pela alma embriagando todos os nossos sentidos. Nos contagiando e seduzindo. Por isso, não temos como defina-la com precisão, ou até mesmo, estabelecer uma valor para o trabalho de um artista. No entanto, muitos trabalhos não recebem a atenção que merecem e acabam sendo ignorados pela sociedade e pelos poderes públicos.

Foi com o foco voltado para o resgate da arte que mais uma vez, na companhia do incansável Alejandro García, repórter fotográfico do Farol, registramos mais um capitulo das “Histórias Perdidas” de Serra Talhada. Dessa vez o nosso trabalho de pesquisa se concentrou na antiga Estação Ferroviária, mais precisamente no Parque das Esculturas de Ferro.

O FERRO COMO ELEMENTO PRINCIPAL DA ARTE

O Parque das Esculturas de Ferro foi idealizado pelo falecido escultor e poeta Ronaldo Aureliano, que era funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e no início anos 80 trabalhou em Serra Talhada. As obras de Aureliano resultam do aproveitamento de pedaço de trilhos e outro objetos que não eram aproveitados na ferrovia. Algumas peças chegam a ter mais de 2 metros de altura, o que nos leva crê que elas demoraram bastante tempo para serem construídas. Ronaldo também deixou trabalhos artísticos na estação de Viçosa – AL, cidade onde viveu até a sua morte.

O trabalho com caraterísticas abstratas e formas humanas seguem as tendências modernistas e surrealistas que dominaram arte em praticamente todo século XX. Ao mesmo tempo em que a ferrovias entrava em decadência, Ronaldo conseguiu transformá-la em vitrine cultural para a cidade, já que na época o I FECUST (Festival de Cultura de Serra Talhada) foi realizado no local, e o então vereador Louro Eliodoro, apresentou o primeiro projeto para erguer na estação a estátua de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.

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ARTE ESQUECIDA EM MEIO AOS GALHOS DE ÁRVORES E ABANDONO


Na última década a antiga estação ferroviária se tornou um dos grandes focos da cultura serra-talhadense. Apesar disso, as obras de Ronaldo Aureliano vivem esquecidas em meio a galhos de árvores e expostas a depredação. Algumas peças já foram mutiladas e outras estão sendo dominadas pela ferrugem.

Não existe nenhuma referência nas peças, sobre título ou data, nem mesmo encontra-se citação sobre o autor. É lamentável que isso ocorra, já que a preservação da memória de um povo, da sua arte, também faz parte da cultura. Será que daqui a cem anos as pessoas saberão quem foi o artista que elaborou aquelas peças? Será que existirá daqui a cem anos algum resquício de que na estação já existiu um parque de esculturas?

UM ARTISTA QUE PERDEU A VIDA APÓS UM GESTO DE HEROÍSMO

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Ronaldo Aureliano


Ronaldo Aureliano da Silva foi poeta, escultor, professor, ator e escritor de teatro. Era membro da Academia Serra-talhadense de Letras. Como poeta é co-autor da obra “Faces de um Novo Sol” e autor da obra “Raça Viva”, com a qual venceu um concurso estadual em Alagoas, onde teve a obra publicada e divulgada em todas as escolas daquele estado. A mesma obra foi publicada na França e na Inglaterra a pedido das suas embaixadas aqui no Brasil.

Ronaldo Aureliano, faleceu aos 52 anos, em 25 de setembro de 2008, após salvar dois jovens do afogamento e tentar salvar um terceiro, o estudante Antonio Carlos Nunes Guimarães, de 15 anos. Aureliano era secretário-adjunto de Cultura da Prefeitura de Viçosa, a 82 quilômetros de Maceió. Ele havia sido convidado a acompanhar um grupo de 30 alunos da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, da capital alagoana, em uma aula de campo, por conhecer a cachoeira.

Segundo a professora responsável pelo grupo de alunos, quando chegou ao local, Aureliano pediu aos estudantes que não entrassem na cachoeira, pois era muito perigoso nadar ali. Mesmo assim, três jovens desobedeceram à recomendação e pularam na água.
Como não sabiam nadar direito, começaram a se afogar. Foi então que o artista plástico pulou na água para salvar os garotos, conseguindo resgatar dois. No entanto, ao tentar salvar Antonio Carlos, Aureliano não conseguiu vencer a força da correnteza e acabou se afogando com o jovem.

Ronaldo é o pai da talentosa atriz e cantora Roberta Aureliano. A jovem vem encantando o público com suas atuações como a Maria Bonita, da peça “O Massacre de Angico”.

Um forte abraço e até a próxima!

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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 05 de julho de 2015.

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