Escreva-se no meu canal

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

PROFISSÕES PERDIDAS: O drama dos que sofrem preconceito e vivem sem assistência médica no lixão de Serra Talhada (2a. Parte)


 


Marcionilia Custodio de Lima, 38 anos, faz a comida da familia em meio aos entulhos de lixo
Reportagem: Paulo César Gomes – Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García
Na segunda matéria da reportagem “Profissões Perdidas: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada” (relembre), relatamos os depoimentos dos catadores que moram no lixão e que sofrem pela a falta de assistência médica e social, além da descriminação que sofrem do comércio da cidade.

UMA VILA CONSTRUÍDA EM MEIO AO LIXO; SEM ÁGUA ENCANADA, BANHEIROS E ESGOTOS

Entre as toneladas de entulhos que são despejados no lixão semanalmente – onde podem ser encontrados uma infinidade de objetos, como restos de bicicletas, velocípedes, bonecas, carrinhos, pneus e capas de revistas de moda – os catadores ergueram uma vila, que possui mais de 20 barracos, onde cerca de 40 pessoas moram, alguns passam a semana, outros chegam a residir por vários meses.

A maioria dos barracos possui apenas energia elétrica, que vem de uma placa de captação de energia solar, o que aparentemente pode significar algum conforto. No entanto, a situação é muito degradante, pois as moradias – construídas com material extraídos do próprio lixão – não dispõem de banheiros, água encanada e rede de esgotos. A falta de condições mínimas de higiene, em um local com alto nível de insalubridade, acaba pondo em risco a saúde física e mental de todos que laboram na área.
Dona Rita, 57 anos, senti dores de cabeca
Dona Rita, de 57 anos, é um das mais velhas catadoras de lixo, segundo ela a fedentina e o “chorume” – substância líquida resultante do processo de putrefação (apodrecimento) de matérias orgânicas – incomodam bastante. “De vez em quando eu sinto fortes dores de cabeça”, declara Rita. Outra catadora, Maria Dardiclécia, de 40 anos, também alega sentir problemas de saúde: “além das dores de cabeça eu sinto muita gripe, algumas delas vêm muito forte”.

Encontrar água é um grande desafio para quem vive na área. “A água que a gente usa é pegada nos barreiros que ficam aqui pertinho e que quando chove”. Segundo um catador não há assistência médica e social no lixão. “Nesse tempo que eu estou aqui eu nunca vi um agente de saúde ou qualquer outra pessoa visitar a gente para orientar sobre a questão d’água e dos alimentos, nem sobre a dengue e nem sobre essa outra doença com um nome difícil”.

A COMIDA FEITA EM MEIO AO LIXO E AS MOSCAS

Mesmo diante de toda essa falta de higiene do local, e ainda contado com a companhia de centenas de moscas, Marcionília Custódio de Lima, 38 anos, cozinha a comida para a sua família. “Ou gente faz a comida ou fica sem comer!”, justifica Marcionília o seu dilema frente à situação difícil em que vive. Segundo ela, é preciso paciência para fazer as refeições, “para comer a gente tem que ficar de baixo de um mosquiteiro por causa das moscas”. Os mosqueteiros também são úteis durante a noite, já que existe muita muriçoca, principalmente no período de chuva.

DSC_0083
“POR SER CATADORA NO LIXÃO FOI IMPEDIDA DE COMPRAR A PRAZO EM UMA LOJA DA CIDADE”


Outro grande desafio enfrentado pelos catadores de lixão é a descriminação, que ocorre tanto na esfera pública como privada. “Até hoje ninguém daqui foi sorteado para o projeto Minha Casa, Minha Vida. É uma situação que a gente não entende direito”, lamenta Maria Dardiclécia. A catadora ainda fala com tristeza da descriminação que algumas lojas têm com quem vive da coleta de lixo.

“Foi comprar em uma loja e a moça me perguntou qual era a minha profissão. Eu disse que era coletora de reciclagem. Ela me perguntou se eu era da associação de reciclagem e eu disse que não era, coletava somente no lixão. Depois que disse isso a moça olhou pra mim e falou que eu não podia comprar a prazo lá”. “Coletar lixo é uma coisa honesta, só que as pessoas vêem isso como se fosse uma coisa feia”, desabafa a coletora de lixo.
DSC_0028DSC_0060DSC_0074DSC_0075
DSC_0072



Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 08 de janeiro de 2016.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

PROFISSÕES PERDIDAS: A dura rotina de quem sobrevive entre toneladas de entulhos, urubus e mau cheiro no lixão de Serra Talhada




lixão
Reportagem- Paulo César Gomes- Fotografias: Farol de Notícias/Alejandro García

o carnavalesco Joãzinho Trinta, levou para a Avenida Marquês de Sapucai, a passarela do samba do Rio de Janeiro, o enredo Ratos e Urubus, larguem minha fantasia! O desfile da escola de samba Beija-Flor entrou para a história por incorporar o lixo ao tradicional luxo das alegorias e adereços. Passados mais de 27 anos da inesquecível epopeia carnavalesca, o lixo voltou ser o tema principal do carnaval, só que agora em Serra Talhada. E ainda que alguns queiram ignorar ou fechar os olhos para o tema, a questão é muito mais séria do que se imagina.

Diante desse paradoxo entre o lixo e o luxo, eu, Paulo César Gomes, e repórter fotográfico do FAROL, Alejandro Garcia, visitamos o lixão  de Serra Talhada, que fica às margens da PE-390, para ouvir as pessoas que buscam no lixo uma forma de construir suas vidas. A matéria será editada em três partes.

O LIXÃO É FONTE DE RENDA PARA MAIS DE 40 FAMÍLIAS

O lixão de Serra Talhada é algo assustador. A síntese do local é  retratada pela enorme quantidade urubus que sobrevoam a região o em busca de alimentos. O mau cheiro é insuportável e pode ser sentido a mais de 1 km do local, um sinal de que ali não é o espaço o adequado para as pessoas trabalharem e muito menos morarem. No entanto, mais de 40 pessoas vivem naquele ambiente insalubre.

A área do lixão é de mais de 10 hectares, parte do lixo já está atravessando a rodovia, uma demonstração clara do aumento da produção de dejetos. Uma equipe da prefeitura vai ao local apenas para abrir caminho entres as montanhas de entulhos que se formam a cada despejo.

Zaquiel, de 34 anos, que há 13 anos trabalha como catador, relata a dura rotina. São seis coletas por dia, feitas depois que os carros do lixo despejam, e também os das empresas privadas que trazem muita coisa. “Tem dia que até a noite a gente trabalha. A gente sai catando os ferros, os alumínios e as garrafas de plásticos, porque são os que têm mais valor,” explica Zaquiel. O catador também descreve o sistema para adquirir os rendimentos, o ganho por produto, sendo que um catador pode chegar a fazer at R$ 700 por mês se for em um período bom.

Edinaldo Gomes da Silva, o Catimbau, de 55 anos, trabalha como catador no lixo a mais de 30 anos e é um dos mais animados catadores. “Eu chego a coletar de três a quatro sacos por dia”, nos conta o divertido coletor, que também mora no local.

lixão 2
A FALTA DE SEGURANÇA É UMA AMEAÇA

O assunto lixão vem sendo discutido há muitos anos em Serra Talhada. Muitas promessas já foram feitas, mas até agora nada de concreto foi realizado para mudar a realidade de quem precisa sobreviver catando lixo. Os catadores trabalham sem nenhuma proteção, o que coloca em risco a saúde dos trabalhadores. Itens básicos como luvas, botas, capacetes e mascara de gás, não são usados por nenhum dos trabalhadores. A situação é preocupante porque os catadores podem adquirir inúmeras doenças infecto-contagiosas. “De vez em quando a gente fura ou corta a mão ou o pé com tampas de latas de sardinhas, pregos, cacos de vidros e até agulhas de seringas” narra Alexsandro de Lima.

O CARNAVAL DE QUEM VIVE NO LIXO

No final da entrevista, Zaquiel disse que iria passar o final de semana na cidade. Quando perguntado se estaria indo por causa do carnaval ele respondeu com bom humor. “Senhor, estou indo porque estou doente. Carnaval é pra quem pode”. Assim como Zaquiel, a maioria dos catadores dizem que não estão animados com o carnaval, deixando a impressão que a festa mais popular do Brasil é coisa de um outro mundo.

O que na verdade os deixa felizes por não usarem uma fantasia luxuosa ou estarem brincando em um sofisticado camarote, mas no que for deixado pelos foliões em avenidas, ruas e esquinas. Porque para eles, o luxo vem do lixo, pois infelizmente, dos restos deixados pelos outros que ele constroem a vida com dignidade e honestidade. 

Bom carnaval a todos e até a próxima!

lixão 3
lixão 4
lixão 5
lixão 6

Alexsandro de Lima, “de vez em quando a gente corta as mãos com vidros quebrados e com agulhas de seringas”

lixão 7
Edinaldo Silva, o ‘Catimbau’, mora no lixão

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 07 de fevereiro de 2016.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O 'discurso' feito por Ricardo Rocha em shows da Banda D.Gritos, no meio da música Escravos de Ninguém (Porra)



O 'discurso' feito por Ricardo Rocha em shows da banda D.Gritos, no meio da música Escravos de Ninguém (Porra)

“Não precisamos dessa justiça se eu só vejo injustiça
Se nós todos temos condições de fazer a nossa própria justiça
Não precisamos desse governo que não sabe nos governar
Se nos todos temos condições de fazer o nosso próprio governo
Porque ninguém! Ninguém!  Nasceu para ser escravo de ninguém!
Nem muito menos seria assim um idiota
Pra carregar um presidente nas costas
E você pedir e ele prometer e você ficar até o fim da vida
E nada conseguir
Eu não serei escravo de ninguém! Eu não!
Oh Deus! Deus! Eu pensei que esse mundo era só Seu
Que só Você o destruía
Mas hoje homem destrói tudo que Você fez com tanto amor
Eu choro por essa burrice
Essa ignorância
Por tanto preconceito racial
Eu não serei escravo de ninguém!
E quem quiser que venha comigo…”




O áudio com a voz de Ricardo Rocha foi extraído de uma gravação caseira feita em 1992.

Música: Escravos de Ninguém (Porra)
Camilo Melo/Ricardo Rocha

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O jogo de vaidades na oposição e o fator Dr. Nena; ignorar sua presença será burrice


Paulo César
Por Paulo César Gomes, colunista do Farol


Após o fim do “amor de carnaval” entre Luciano Duque e Sebá, um projeto que foi mais virtual do que real, as atenções se voltam para a oposição, que em meio a um intenso jogo de vaidades, bate cabeça constantemente.

Caso o critério da vaidade pessoal prevalecer sobre o projeto político, teremos provavelmente quatro candidatos a prefeito, sendo três da oposição. Claro que ainda é muito cedo para gravar algum um cenário definitivo. De forma especulativa,  poderia apontar os seguintes nomes: Dr. Fonseca, Dr. Nena e Marquinhos Dantas, Ary Amorim e Ricardo Valões ainda são incógnitas.

Um dado estatístico beneficia “as oposições”. Nos últimos 34 anos, sempre que mais de dois candidatos disputaram a eleição, só em duas o candidato governista foi eleito, Ferdinando Feitosa (1988) e Carlos Evandro (Reeleito em 2008), nas demais (1982, 1992, 1996, 2000 e 2004) o candidato saiu vitorioso. Em 2012, Duque era o candidato governista, só que um ano apenas dois nomes disputaram o pleito.

Fica evidente que a maioria da população vem optando pela a alternância de poder. Isso só não ocorreu quando o eleito entendeu que a gestão caminhava bem e por isso deu o aval para que o projeto continuasse.

Dentre os nomes postos sobre a mesa de discussão das oposições, um nome em especial tem chamado a atenção é o Dr. Nena. O médico que já disputou quatros vezes a prefeitura – em 2000 ele retirou o nome no meio da campanha -, desembarcou da barca governista há poucos meses, e desde então vem mexendo com o meio político local. Ele tem adotado um discurso forte contra o atual prefeito, com criticas contundente ao modelo de gestão e contra o PT.

Além disso, Dr. Nena tem projetado o seu nome via os meios de comunicação e as redes sociais. Seus críticos dizem que ele é um “político morte”, no entanto, Dr. Nena poder ser o fiel da balança nessa campanha, pois conhece bem os atalhos da política serra-talhadenses, e tem sido personagem marcante do quadro eleitoral nas últimas quatro décadas.

Ignorar a presença de Nena no cenário atual é burrice. Tanto pelo lado oposicionista, quanto pelo lado governista. É sempre bom lembrar que exerce influencia em importante segmento da classe médica, e que isso ajudou bastante na eleição do prefeito. Ter Nena no palanque pode ser decisivo para uma vitória. Tê-lo como adversário pode ser um passo decisivo para uma derrota. Na política a gente só sabe se um político está morto depois de abrir as urnas. Dessa forma poderemos ver o estrago que ele vez na sua imagem ou nas dos outros políticos.

Um forte abraço e até a próxima!

domingo, 31 de janeiro de 2016

CRÔNICA Os resultados das chuvas na caatinga, o cheiro de terra molhada e imagens inéditas do nosso Sertão

Por Paulo César Gomes, Professor e escritor serra-talhadense/ Fotos: Paulo César Gomes

caatinga

Enfim a chuva chegou. Trazendo alegria e esperança para o povo sertanejo. Deixando no ar o gostoso aroma da terra molhada e um rastro de magia que se espalha pelas “brenhas” da nossa singular caatinga.

Nós, humildes sertanejos, que aprendemos desde cedo a conviver com as metamorfoses e períodos que a nossa vegetação produz, algo raro para outras regiões do país, que ainda têm na mente um estereótipo criado pela imprensa e pelos livros didáticos, que só expõe o Sertão com caatinga “acinzentada” e os leitos dos açudes rachados pela falta de chuva.

No entanto, o verde está ai… bem ao alcance dos nossos olhos! Nos “imbuzeiros”, nas aroeiras, nos marmeleiros, nas “emburanas”… A vida está ai… Para ser contemplada! Para ser desfrutada! Dos cânticos dos pássaros a fruta do mandacaru e do xique-xique. E toda essa riqueza tem como astro rei justamente aquele que é o vilão da história, o sol!

Mas, aqui para nós, existe amanhecer e entardecer mais nostálgico e sedutor do que o nosso do Sertão? Certamente não. Por isso somos privilegiados, pois a nossa a natureza tem um pouquinho de mitologia grega, já que quando tudo parece está feio e sem vida, eis que vem a chuva. E como no passe de mágica transforma tudo! Devolvendo a beleza a quem é bela por natureza!

Um forte abraço e até a próxima!















Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 31 de janeiro de 20016.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Para refletir: A beleza rara do voo do urubu

A beleza rara do voo do urubu

"Se até os animais donos dos hábitos mais abomináveis, são capazes de produzirem atos de rara beleza, imagine se os seres humanos, que possuem diversos tipos de defeitos e imensuráveis virtudes, se deixarem levar pelos seus instintos naturais e aflorarem o que de mais belo possuem... Certamente teremos um mundo mais pacífico e venusto!"


                                                                                             Autor/Fotos: Paulo César Gomes


domingo, 24 de janeiro de 2016

OPINIÃO: A reeleição já deu o que tinha de dar e a experiência não foi tão boa assim

Paulo César
A reeleição no processo político brasileiro tornou-se um grande desastre. Se a idéia inicial era dar continuidade ao modelo de gestão, o tempo comprovou que ela virou uma forma nebulosa de se manter no poder. A história já começou errada em 1997, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso comprou os votos dos parlamentares para aprovarem a emenda constitucional que incluiu a reeleição no sistema nacional.


De lá pra cá o que se percebe é que os governantes pensam mais na continuidade do poder do que necessariamente em executar o seu plano de governo. O processo também trouxe à tona a bipolarização política em todas as esferas – nacional, estadual e municipal. Mas o pior é o fato de que quem está no poder disposto a se reeleger, fazer qualquer coisa para conseguir seus objetivos. Inclusive vender a alma diabo.

As administrações foram loteadas e acabaram virando um balcão de negócio. Tudo em troca de apoio político, principalmente de senadores, deputados federais e estatuais e vereadores. Não é a toa que os maiores escândalos de corrupção dos país tiveram como personagens principais o poder legislativo. Desde a votação pela prorrogação do mandato de Sarney, até o quinto ano, passando pelos anões do orçamento, o caso Sirvan, a Pasta Rosa, o Mensalão e o Petrolão, e tanto outros escândalos.

EM SERRA TALHADA

Em Serra Talhada vivemos o bom exemplo, pois o prefeito Luciano Duque está dando sinais de que é capaz de tudo para se reeleger. Pra ele não existe adversário, existe ex-aliados, por que pra ele um adversário pode ser um provável aliado. Entre esses adversários está o secretário de transporte Sebastião Oliveira.

O fim da reeleição pode ser uma alternativa para ajudar na moralização da gestão pública, inclusive na diminuição do uso dos cargos comissionados e das contratações para se conseguir apoio político e votos. A reeleição já deu o que tinha pra dar e a experiência não foi tão boa assim.

Um forte abraço e até a próxima!

Publicado pelo portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 24 de janeiro de 2016.

PROFISSÕES PERDIDAS: Há 50 anos, um cocheiro transforma pneus usados em Serra Talhada em autênticas obras de arte

cochos
Por Paulo César Gomes, Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
Muitas pessoas nunca devem ter ouvido falar da expressão “cocho para os bichos beberem água”, e quem já ouviu, certamente desconhece o processo de fabricação do tal cocho.
E foi buscando descobrir a origem dos cochos usados como depósitos d’água e comida para os animais na zona rural, que eu e o David Bowie (o andrógino) da fotografia, Alejandro J. García,  estivemos a procura de um dos únicos cocheiro existentes em Serra Talhada.
O COCHEIRO, A SIMPLICIDADE DA ALMA DE UM ARTISTA
Após mais de uma semana de pesquisa encontramos enfim o nosso o cocheiro. *Seu Pedro, mora no bairro da COHAB, é uma pessoa simples e atenciosa, ele exerce a profissão há quase 50 anos.
“Para fazer os cochos eu utilizo pneus usados. Seja de um fusca ou de caminhão”, explica o cocheiro. O processo é rudimentar, porém, bastante simples. “Corto o pneu com uma faca e depois coloco pregos na parte que é usada como fundo do cocho”, detalha Seu Pedro.
O cocheiro chega a fazer até 10 cochos em um dia. Segundo Pedro, os valores variam bastante, “o menor cocho eu faço por R$ 10,00 e os maiores podem chegar a mais de R$ 100,00”.
Os produtos feitos de forma artesanal pelo nobre cocheiro são comprados e levados para a zona rural da cidade, onde os agricultores utilizam para dar ração, milho, capim palma e outros alimentos aos animais. No que se refere água, Seu Pedro é taxativo “pode colocar 30lityros d’água ou mais que cocho segura”.
O trabalho de Seu Pedro é feito no quintal da sua casa, onde ela armazena pneus velhos e cochos feitos com todo o carinho. Um valoroso trabalho realizado pelas mãos de um pequeno homem na estatura e gigante na sua grandeza e talento.
cochos 2

NOTA AOS LEITORES

* Durante a entrevista o nosso cocheiro nos recebeu em sua casa de forma gentil, no entanto, nos pediu para não ser fotografado e nem identificado, por isso utilizamos o nome fictício de Seu Pedro. Respeitamos o seu pedido e entendemos os seus motivos.
Somos gratos pela sua atenção e registramos aqui a nossa satisfação em levar ao conhecimento dos nossos leitores mais uma profissão pouco conhecida e valorizada, mas que é feita por uma pessoa honesta e batalhadora. E se o amigo faroleiro conhece algum alfaiate, rendeira, santeiro ou outro profissional que exerce uma “profissão perdida”, ente em contanto com a gente através do e-mail pcgomes-st@bol.com.br ou anil_stpe@yahoo.com.br .
Um forte abraço a todos e até a próxima reportagem da série “Profissões Perdidas”


Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 24 de janeiro de 2016.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Pensamento: O CRUZAMENTO ANTAGÔNICO ENTRE A LUCIDEZ E O IMAGINÁRIO

" Em certos momentos da vida a lucidez se encontra com o imaginário, gerando sensações únicas. Desse antagonismo nascem coisas que beiram o surrealismo humano; sensitivo e material. Que provoca uma intrigante busca pelo verdadeiro sentido da vida e instiga inúmeros questionamentos sobre a nossa própria existência."

Autor: Paulo César Gomes
Foto: Alejandro J. García



Crônica de uma noite mal dormida: eu e o pesadelo com a união Duque/Sebá

Paulo César
Por Paulo César Gomes, professor, escritor e colunista do Farol


Recentemente tive um sonho – se é que isso pode ser chamado de sonho – muito sombrio. Nele os redatores do Farol de Notícias, me incumbiam de cobrir, junto com o Nabucodonosor da fotografia, Alejandro García, a celebração da união política entre Luciano Duque e Sebastião Oliveira, num evento em Recife.

Antes de entramos no local encontro – uma sofisticada casa de recepções – percebemos que em um bar de esquina estavam tomando uísque o ex-prefeito Carlos Evandro, Dr. Nena, Dr. Fonseca, Dr. Jaílson, Israel Silveira, Duquinho, Dedinha Ignácio e o Deputado Augusto César, o único a tomar água de coco era Marquinhos Dantas. Ao nos aproximarmos da mesa, sentimos que o clima era de fim de velório. Alguém ainda tentou empolgar a turma propondo que o candidato fosse escolhido ali, através do “palitinho”, mas a sugestão acabou gerando mais uma briga interminável e todo mundo foi pra casa mais cedo.

Seguimos então para o evento. Lá dentro demos de cara com um banner gigante do governador Paulo Câmara, e ao fundo do salão, três quadros emoldurados, um de Eduardo Campos, um de Miguel Arraes e outro de Inocêncio Oliveira. Uma espécie de santíssima trindade para abençoar a união política entre ‘Lulu’ e ‘Sebá’.

Na primeira fila estava a primeira dama, alguns secretários da prefeitura e vereadores da bancada governista. Nos 
Sebastião e Luciano Duque
demais assentos estavam os vários cargos de segundo escalão do governo do estado e da prefeitura, e um ‘moi’ de puxa saco. O clima era de desconcentração e de muita animação. Muitos já usavam adesivos no peito com a frase: Eu já sabia!

A mesa onde o acordo ia ser celebrado estava decorada com as cores vermelha e azul. No centro, estava sentado o secretário Faeca Melo, que vestia uma camisa muito elegante, de linho vindo da França, nas cores branca, vermelho e azul.  Do lado esquerdo, estava sentado o prefeito Luciano Duque, que sem perder tempo, expôs o seu belo sorriso para as lentes de Alejandro García. Ao lado do prefeito sentava-se; o secretário Márcio Oliveira e o vereador Marquinhos Oliveira. Do lado oposto, estava o Secretário Sebastião Oliveira e o seu irmão, Waldemar Oliveira.

Antes da assinatura do acordo, ocorreu um momento de descontração, o ‘prefeito sorriso’, em gesto de cortesia para com o seu novo aliado, que já foi adversário e aliado anteriormente, soltou a voz e cantou a música “Bandeira Branca”, de Dalva de Oliveira. Sebá não se conteve e bastante emocionado cantou “A Raposa e as Uvas”, do seu ídolo Reginaldo Rossi, e dedicou especialmente a canção a toda militância vermelha e azul presentes a cerimônia.

A REUNIÃO

Após esse momento de puro êxtase sensorial, a reunião teve início. O primeiro a falar foi ‘Fafá’, que murmurou algumas palavras que praticamente não foram compreendidas. O secretário concluiu com a seguinte frase: “Eu estava certo! Taí… calei a boca de muita gente! Viva a união ‘Lubá’! E encerou fazendo um “L” com os dedos de uma das mãos e um “V” com os dedos da outra mão.

Seba e duque













Em seguida falou o prefeito. Luciano iniciou o discurso dizendo que ali estava nascendo à união política mais importante da história de Serra Talhada e que a estrada para Brasília estava muito esburacada, por isso era melhor mudar a direção e aproveitar que a estrada até Recife estava mais bem pavimentada. Isso graças ao trabalho brilhante do secretário Sebastião Oliveira que bate na porta do governador Paulo Câmara. Duque aproveitou o momento para pedir desculpas a ‘Sebá’ por tê-lo chamado de “coronel” e pela militância que o chamava de “boneco” na eleição de 2012.

O secretário então fez uso da palavra. Inicialmente ele teceu muitos elogios a Duque, e resignado, disse que suas críticas feitas a gestão foram ditas no calor das emoções e que agora estava tudo zerado entre eles. Sem mais delongas, o coordenador Fafá leu os pontos do acordo, que entre outras coisas, previa que Duque seria o cabeça de chapa e a vice seria uma indicação de Oliveira. Sendo que os cargos seriam divididos em igualdade, 50% para cada grupo. Luciano se comprometia em apoiar a reeleição de Paulo Câmara e a votar para as vagas no senador, em Danilo Cabral e André de Paula.

DUQUE E SEBASTIÃO
Feita a leitura dos pontos, Fafá perguntou se tinha alguém que queria contestar a união, caso contrário, ficasse em silêncio para sempre. Eis que suje a turma do PT, que viajou de ônibus fretado, de Serra Talhada até Recife, com intuito de impedir a união. O salão foi invadido por Toinho da Fetape, Sinézio Rodrigues, Manoel Enfermeiro, Domá, Zé Pereira e mais uma dúzia de militantes que empunhava a bandeira do PT com muito orgulho.

“Parem essa união!” Gritou um dirigente do PT. “Luciano, você nos traiu. Logo conosco que o recebemos de braços abertos, demos a chance de você ser candidato, quando as portas se fecharam no PR e você acabou se elegendo com ajuda do nosso partido. Isso não se faz com quem nos dá a mão nas horas de aperreio”, disse um dos petistas, sem conseguir segurar a emoção. “A política é arte dos espertos!”, respondeu o prefeito, para a alegria da plateia.

Outro petista ainda apelou: “Companheiro Luciano, não se vá. A gente entrega as três secretarias que a gente têm e mais os “carguinhos”  que você nos deu, só para você não nos abandonar. E olha que Humberto ainda vai trazer Dilma mais um três vezes aqui só pra te abraçar. Fica Lulu! Fica meu prefeito!…”

Em meio ao melodrama petista, acordei com o som do aparelho telefônico, do outro lado da linha uma gravação me avisava que seu eu não pagasse a conta até o final da tarde a linha seria bloqueada. Confesso que pela primeira vez na vida fiquei feliz com uma cobrança, pois foi graças aquela ligação que o pesadelo que estava tendo chegou ao fim.

O que ficou deste pesadelo é a sensação de que a política em Serra Talhada é feita com olhar, exclusivamente, voltado para o próprio umbigo. Com projetos políticos que são imorais e demagógicos. Como no caso dessa suposta união ‘Lubá’. Na verdade, muitos políticos de Serra Talhada agem com o seguinte pensamento: “É eu por mim e o povo que se lasque!”

Bons sonhos a todos e um forte abraço!

Publicado no portal Farol de Notícias, em 17 de janeiro de 2016.

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

        QUESTÕES DISSERTATIVAS DE SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA QUESTÃO 1 :  João fez um testamento para deixar um dos seus 10 imóveis para seu gra...