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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Princesa Isabel, um novo cangaço ou um sinal de alerta para os governantes?

Por Paulo César é professor e escritor serratalhadense

Logo após o ataque de bandidos a cidade paraibana de Princesa Isabel, alguns órgãos de imprensa e sertanejos anônimos começaram a comparar o episódio aos do tempo do Cangaço e de Lampião. As comparações surgiram em função de como a ação da quadrilha se desenrolou.  Em primeiro lugar eles realizaram um ataque sincronizado e com objetivos bem definidos, uma prova disso é que mesmo diante de uma “chuva de bala”, que durou cerca de uma hora, ninguém saiu ferido.

No entanto, o que mais chamou atenção foi à forma como os bandidos sitiaram a cidade e amedrontaram a população, sem contar com a tentativa de desmoralizar as autoridades locais com tiros em frente ao prédio da prefeitura e a invasão da sede do Ministério Público. Não há dúvidas de que os acontecimentos ocorridos em Princesa Isabel nos remetem aos tempos do Cangaço, porém, é importante ressaltar que não existe e nem existirá um “Novo Cangaço”, pois esse fenômeno social já foi extinto mais há de 70 anos.

O Cangaço não foi um fenômeno aleatório, havia um cenário político-social no contexto da época que o torna singular na história do Brasil. Um prova dessa singularidade é o fato de que logo após as mortes de Lampião e de Corisco – dois dos maiores cangaceiros da história – os cangaceiros que se entregaram as autoridades e os que não se entregaram, conseguiram se ressocializar e não voltaram a praticar qualquer tipo de violência, nem individualmente e nem em grupo. Isso nos leva a crê que havia no movimento a necessidade de um líder que comandasse e uma proposta de ação, que poderia ser um saque a uma cidade ou uma carta a governador propondo a divisão do estado.


Na verdade, os fatos ocorridos na cidade paraibana servem de alerta, pois existe uma possibilidade de que grupos criminosos, com origens em São Paulo e no Rio de Janeiro, migrem para os sertões nordestinos, já que as grandes cidades estão aumentando o efetivo policial em função da realização de grandes eventos no país como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.  O crime organizado no Brasil sobreviveu anos e anos se entrelaçando nas mazelas que envolvem as favelas, como o elevado grau de pobreza, a falta de saúde e de educação.

O cenário existente nas favelas não é muito diferente das de muitas cidades nordestinas. Portanto, o recado foi dado ao governo federal e aos governos estaduais da necessidade de se investir na região, não só em segurança, mas também em educação, saúde e em geração de emprego, pois caso contrário, não será surpresa se outras cidades sertanejas venham a ser sitiadas, amedrontadas e dominadas por bandidos e marginais.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no site Farol de Notícias de Serra Talhada, em 06 de junho de 2013.

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