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domingo, 12 de outubro de 2014

OPINIÃO: O povo nordestino, o preconceito e nossa dignidade expressa através do voto


psdb pt
Por Paulo César Gomes, professor e escritor


Estamos presenciando a maior eleição da história do Brasil, um processo marcado pelo imponderável. Essa dinâmica tem chamado a atenção da sociedade, que acompanha atentamente os movimentos políticos dados pelos candidatos. Mais uma vez PT e PSDB confrontam-se para ver que governará o Brasil pelos próprios quatro anos, e por isso, essa é uma eleição que se expressa por dois tipos de voto: o da continuidade e o do anti-PT.

Infelizmente o voto da mudança não se manifestou nessa eleição, talvez Marina Silva pudesse capitalizar esse voto, no entanto ela se perdeu nas suas próprias contradições. Mas Aécio Neves e o PSDB não representam essa mudança.

Uma coisa negativa a se destacar nessa campanha – fato que já vem se repetindo a ciclo eleitoral – é a forma violenta como os sulistas reagem ao voto da maioria do povo nordestino. Coisas horrendas como jogar uma bomba nuclear na região são publicados nas redes sociais, ou dizer que o voto do nordestino não é qualificado.

Além do preconceito latente, o que se percebe é que as regiões supostamente desenvolvidas do país não aceitam que os nordestinos – ainda que existam dezenas de problemas para serem solucionados – não são mais aqueles incontáveis retirantes que buscavam São Paulo como a única salvação das suas vidas.

Hoje o nordestino tem oportunidades. Sejam eleitoreiras ou não, mais existem. Praticamente todas as propriedades rurais possuem uma cisterna, programas de apoio à agricultura familiar são realidade em várias comunidades. Os filhos do sertanejo não precisam se deslocar para capital e ter que viver em precárias condições em uma casa de estudante porque as universidades públicas foram interiorizadas, nem tão pouco pagar uma escola ou cursinho para que o filho tenha as mínimas condições de passar em um vestibular, porque hoje nos temos o ENEM.

Milhares de famílias nordestinas realizaram o sonho da casa própria através de financiamento público nos últimos anos. Tudo isso é inquestionável. E por isso que o nordestino está votando. Votando para defender as suas conquistas, mesmo que mínimas.

Uma postura comum aos homens e mulheres desde os primórdios. Talvez as elites sulistas que controlam as riquezas dos país através dos bancos e dos meios de produção, que dominam os grandes jornais, revistas e TVs, e que fazem campanha aberta pelo seu candidato, não estejam satisfeitas com o fato que os retirantes não estão mais a fim de serem usados como mão de obra barata.

Que “os paraíbas”, “os cabeça-chatas”, não precisam mais se amontoar de abaixo de viadutos, marquises e em barracos em favelas do sudeste. Têm muita gente que acha que ainda vive no tempo das oligarquias cafeeiras ou na Republica do Café com Leite, e que podem se dar ao luxo de falar pelo resto do Brasil.

Se querem realmente mudança, deveriam primeiro mudar o discurso  xenofóbico e começar a lutar por um país igualitário, inclusive no que se refere à distribuição da renda. Talvez assim não tivéssemos dois países tão distintos. Um lutando por sua dignidade e outro para manter os seus privilégios!

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 12 de outubro de 2014.

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