“Tire a televisão de dentro do Brasil e o país desaparece”, diz Eugênio
Bucci, presidente da Radiobrás, co-autor do livro Videologias e ex-diretor de
redação da revista Superinteressante. O assunto a ser tratado neste texto é
justamente ela, a televisão. Um aparelho que está presente, direta ou
indiretamente, na vida de todos e que exerce um papel determinante na formação
e nas atitudes de toda a sociedade, exercendo fascínio em uns e repulsa em
outros.
A televisão, hoje, mostra o mundo ao vivo e a cores. Cenas do planeta
desfilam sob nosso olhar e atiçam a sensibilidade e inteligência. Fatos
dispersos se sucedem sem nexo e inexplicáveis para a imensa maioria da
população. Imagens fragmentadas e incompreensíveis do mundo em que vivemos.
Planeta de imensos contrastes econômicos e sociais. De um lado, o
desenvolvimento do saber, da ciência, dos avanços tecnológicos e da riqueza. De
outro, o contraste da pobreza, da ignorância e da miséria da grande maioria da
humanidade.
Atualmente as pessoas utilizam os meios de comunicação como meio de
companhia na sociedade individualista em que vivem. A televisão preenche o
vazio social e é utilizada pela maioria das pessoas como uma fuga para as
dificuldades do cotidiano. Os problemas do dia-a-dia são maquiados pela
diversão televisiva. Calcada em um modelo comercial, estruturada sobre um
sistema de grandes redes, a TV aberta brasileira precisa vender para sobreviver
e, nessa direção, se especializa. Vende no horário comercial e vende durante a
programação. Vende produto, mas para garantir o Ibope, entreter e fidelizar o
público, vende também idéias, valores e conceitos.
Sem William Bonner, Xuxa ou
Sinhozinho Malta, nossas roupas, jeito de falar, famílias e a imagem que temos
do lugar em que vivemos seriam diferentes. Diante disso, percebemos que a TV
está presente na vida da maioria das pessoas e pode exercer grande influência
em todas elas. O que nos cabe, portanto a investigação de como essa influencia
se dá. De acordo com dados de 2003 divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) 11,6% da população brasileira com 15 anos ou
mais é analfabeta, ou seja, tem a televisão como uma das únicas fontes de
informação.
Aquilo que é apresentado na telinha torna-se verdade absoluta para
aqueles que não possuem outros referenciais informativos ou repertório que lhes
permita fazer uma leitura crítica do meio. Neste caso, portanto, a TV é um meio
de comunicação ditador de regras, modas e estilos. Seguindo essa linha de
pensamento, para muitos, a televisão introduz novas idéias e apresenta
oportunidades para desvendar fatos que seriam desconhecidos, caso não fossem
transmitidos pela TV.
Por exemplo, lugares que muitos não poderiam visitar
guerras, personalidades internacionais, entre tantas outras coisas que não
estão ao alcance de grande parte da população, tornando-se conhecidos por
estarem sempre na televisão. Os comportamentos também são alterados pelo que é
veiculado neste meio. Desde o uso de uma simples roupa até uma mudança na
escolha política, a televisão é apontada por muitas pessoas como o indicador
dos caminhos a serem seguidos.
Muitos estudiosos e especialistas afirmam que a
televisão é um meio que não possibilita a interatividade do telespectador**. As
pessoas tornam-se passivas perante suas transmissões. Mas isso pode ser
modificado a partir do momento em que a sociedade se tornar consciente dos seus
direitos, interferindo ativamente na programação ou no que é veiculado. Muitos
não têm conhecimento de que toda a população pode e deve intervir, já que a
televisão é uma concessão pública. Verificamos, porém que a falta de um órgão
regulamentador do meio dificulta o controle social dos conteúdos que veicula. A
partir daí, constatamos a importância das Organizações Não-Governamentais, que
exigem responsabilidade das emissoras.
A maioria da população brasileira tem na
TV sua principal fonte de informação, não por ser um meio manipulador de
idéias, mas porque vivemos em um país em que as pessoas não possuem acesso a
outras fontes, devido às suas condições financeiras e à falta de educação e
politização. Qualquer um de nós está sujeito a ser influenciado pela televisão,
assim como por qualquer outra mídia, dependendo do repertório de cada um e do
meio em que vivemos. A televisão tem um papel importante na formação das
pessoas e pode levá-las a refletir sobre a vida e sobre a sociedade em que
vivemos. As crianças e os adolescentes brasileiros são provavelmente os que
mais vêem televisão no mundo.
Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada
pelo Instituto Ipsos (CASTRO, 2004), entre novembro e dezembro de 2003, em dez
países: Brasil,Estados Unidos, México, Canadá, França, Alemanha, Itália,
Espanha, Reino Unido e China a pesquisa indica que as crianças brasileiras são
as mais televisuais de todas as crianças dos dez países pesquisados. Portanto,
no Brasil, as crianças passam mais tempo diante da televisão e menos tempo na
escola, menos tempo brincando com os amigos, menos tempo lendo entre outras
atividades. Em suma, o que podemos deduzir de acordo com nossas pesquisas é que
a televisão também serve tanto para entreter como para (des) informar e (des)
educar
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