O início
Em 1985, coincidentemente o ano em que foi criado o dia mundial do rock
e da realização do 1º. Rock in Rio, surgiu em Serra Talhada, sertão de
Pernambuco, um grupo que revolucionou o cenário musical do interior do estado e
do Nordeste, era a banda D.Gritos, formada por jovens serra-talhadenses, eles
quebraram tabus e preconceitos culturais e sociais que predominavam na época.
Com letras fortes e autênticas eles conquistaram a juventude da sua geração. O
nome é uma corruptela do The Beatles, grupo do qual Camilo Melo é fã.
Foram três discos gravados, sendo que apenas um foi lançado, Barriga de
Rei (1988/1989), os outros foram Traumas (1990) e Navegantes (1992). Mesmo sem
apoio financeiro, a banda D.Gritos conseguiu vencer o Festival de Música
Popular em Salgueiro, em 1987, e realizar shows em varias cidades de
Pernambuco, Paraíba, Ceará e outros estados do Nordeste.
O sucesso
O sucesso obtido com músicas como “Escravos de Ninguém (Porra)”, “Loucos
(Mayra)” e “Barriga de Rei”, proporcionou ao grupo apresentações em emissoras
de TV em Recife-PE (TV Jornal, TV Tribuna, TV Universitária) e em Campina
Grande-PB, além de matérias em jornais de grande circulação como o Diário de
Pernambuco e Jornal do Commércio.
Escravos de Ninguém (porra) (Camilo Melo /Ricardo Rocha)
Cara, talvez você não
entenda mimha intenção
De não ser igual, de nãoo ser igual, eu não!
De não ser igual, de nãoo ser igual, eu não!
Inocentes, antes de
tudo a gente esquece
Que já era, que já era tempo, tempo de tentar.
Que já era, que já era tempo, tempo de tentar.
Porra... eu não nasci
pra ser escravo de ninguém
E muito menos seria assim
Um idiota, eu não!
E muito menos seria assim
Um idiota, eu não!
Porra... eu não serei
escravo de ninguém
Só quero meu mundo
E que esses caras de fuzis, me deixem em paz.
Só quero meu mundo
E que esses caras de fuzis, me deixem em paz.
Cara, talvez você não
entenda mimha intenção
De não ser igual, de não ser igual, eu não!
De não ser igual, de não ser igual, eu não!
Inocentes, antes de
tudo a gente esquece
Que já era, que já era tempo, tempo de mudar.
Que já era, que já era tempo, tempo de mudar.
Porra... eu não nasci
pra ser escravo de ninguém
E muito menos seria assim
Um idiota, eu não!
E muito menos seria assim
Um idiota, eu não!
Porra... eu não serei
escravo de ninguém
Só quero meu mundo
E que esses caras de fuzis, me deixem em paz.
Só quero meu mundo
E que esses caras de fuzis, me deixem em paz.
Barriga de Rei
(Camilo Melo)
Onde estão, as caras
desses otários? hanrran hanrran hanrran.
Onde vão? penduradas no armário. hanrran hanrran hanrran.
A lugar nenhum.
Onde vão? penduradas no armário. hanrran hanrran hanrran.
A lugar nenhum.
Coleção de côcos
vazios. hanrran hanrran hanrran.
Diversão, dizer-se vadios em lugar nenhum, em lugar nenhum.
Diversão, dizer-se vadios em lugar nenhum, em lugar nenhum.
Eu juro que vou
sorrir,
Eu não entendo porque choram tanto.
Pra que licença pra sair
Se há um canto em qualquer canto. oh oh oh.
Eu não entendo porque choram tanto.
Pra que licença pra sair
Se há um canto em qualquer canto. oh oh oh.
Onde estão as obras
de arte? hanrran hanrran hanrran.
Foi lição, verdadeiro desastre, hanrran hanrran
Em lugar nenhum.
Foi lição, verdadeiro desastre, hanrran hanrran
Em lugar nenhum.
Ficarão papeis em
branco.
Ficarão abandonados em pranto, hanrran hanrran
Em lugar nenhum.
Ficarão abandonados em pranto, hanrran hanrran
Em lugar nenhum.
Eu juro que vou
sorrir,
Eu não entendo porque choram tanto.
Pra que licença pra sair
Se há um canto em qualquer canto. oh oh oh.
Eu não entendo porque choram tanto.
Pra que licença pra sair
Se há um canto em qualquer canto. oh oh oh.
Barriga de rei, rei
na barriga.
Antes que diga eu sei, eu sei não me diga.
Antes que diga eu sei, eu sei não me diga.
A lugar nenhum. onde
vão?
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Onde estão? em lugar nenhum!
Onde vão? a lugar nenhum!
Loucos (Mayra) (Camilo Melo)
Ficarei sozinho
Pensando em alguém tão distante
Sem saber qual o rumo no meu quarto
Sem ligar.
Pensando em alguém tão distante
Sem saber qual o rumo no meu quarto
Sem ligar.
Eu queria poder voar
Sentir frio não falha
Sentir frio não falha
Eu queria poder dizer
Estou sozinho, Mayra.
Estou sozinho, Mayra.
Se sentirem a falta
Logo esquecerão
Logo esquecerão
Esse ar de louco
De rebelde na contramão
De rebelde na contramão
Desse lado está o fim
Eu nego o fato.
Eu nego o fato.
Eu tenho sono... Oh
Mayra.
Estou sozinho
pensando no que tem o escuro.
Onde está a luz?
pensando no que tem o escuro.
Onde está a luz?
Não acende
Nem eu quero ligar.
Nem eu quero ligar.
Eu queria poder
sorrir
Bem mais triste que esse sonho
Bem mais triste que esse sonho
O palhaço não sou eu
aqui
Mas não deixa de ser estranho.
Mas não deixa de ser estranho.
Os D. Gritos conseguiram ao longo do tempo escrever uma história muito
peculiar, algo intenso e marcante, tanto no contexto musical regional, onde há
uma preferência pelo forró, como pelas atitudes e as letras extremamente
politizadas de Camilo Melo e Ricardo Rocha. Eles cantavam em alto bom tom:
“Deixe o trem passar. Não arranquem os trilhos”(Grilos), era uma forma de
expressar a vontade em conseguir o almejado reconhecimento e o sucesso a nível
nacional.
A banda liderada por Camilo Melo, Ricardo Rocha, Jorge Stanley e que
contou com a participação de outros integrantes como Cleóbulo Ignácio (Pinga) e
Paulo Rastafári (vocal), Noroba (vocal) Jário Ferreira (guitarra e baixo),
Doda, Toinho Harmonia (baixo e teclado), César Rasec (guitara solo), Derivan
Calado (guitarra base) e Elton Mourato (baixo, guitarra solo e base), Girleno
Sá (violão e guitarra), Nilsinho (percussão), Ditinho (teclado) e Edésio
Expedito (bateria), construíram em pouco mais de oito anos um legado musical
inigualável, uma história para ser registrada e nunca mais esquecida!
O legado
musical
Ao contrário do que acontece com a maioria dos grupos musicais, a banda
D. Gritos começou sem quer ninguém soubesse tocar nenhum instrumento. Mas,
mesmo diante da falta de conhecimento, Camilo Melo e Ricardo Rocha, desafiaram
a lógica e se aventuraram pelo mundo da música.
Em meados da década de 80 as rodas de violão em Serra Talhada aconteciam
na Praça Sérgio Magalhães (banco da divá), na Concha Acústica e em frente à
Escola Irmã Elizabeth. Nesses locais era comum a presença de Dema, João Grudi e
Zé Orlando, ainda moleques, Camilo Melo e Ricardo Rocha, já participavam desses
movimentos. Influenciados por esse cenário musical alternativo Camilo começou
aprendeu a tocar violão e aproveitou para ensinar a Ricardo os
primeiros acordes.
primeiros acordes.
Nesse período Camilo compôs a música “Escravo de Ninguém (Porra)”, que
começou a ser tocada por ele e Ricardo em festas de aniversários e em
apresentações em escolas. Essas apresentações rederam a dupla o apoio e a
presença de amigos e admiradores que já começavam a cantar as músicas do
repertório. Outro integrante da banda que entrou sem saber tocar foi Jorge
Stanley, que teve que improvisar uma bateria pra poder aprender. Ele estudou
muito, eram mais de 6 horas diárias tocando e sempre ouvindo som produzido pelo
baterista Neil Peart da banda Rush. Logo ele já estava tocando em pé e de
costas e também cantando, além dessas vertentes artísticas, ele foi peça fundamental
em vários arranjos da banda.
As influências musicais
A Banda D.Gritos foi muito influenciada por grupos nacionais como os
Paralamas do Sucesso, Titãs, RPM, Biquíni Cavadão, e a nível internacional por
bandas como Pink Floid e Smith, e regionalmente por Alceu Valença, Zé Ramalho,
Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, mais a grande referência foi a maior banda
de Rock de todos os tempos, os The Beatles. Um fato interessante era que
Ricardo Rocha era fã de carteirinha de Michel Jackson, chegando a ganhar um concurso de imitação do rei do pop.
Mesmo com todas essas referências, o trabalho do D. Gritos é único, ele
é singular, pois não existe nenhuma semelhança musical com qualquer outra banda
ou cantor. A maioria das músicas são composições de Camilo e outras e parceria
com Ricardo, mas há também músicas solos inéditas de Ricardo e também em
algumas em parceria com Jorge Stanley.
Entre as músicas gravadas como: “Escravos de Ninguém (Porra)”, “Barriga
de Rei”, “Grilos”, “Quando Será Minha Vez”, “Medo da Verdade” possuem um forte
conteúdo político e social. “Seduções e Imagens” têm um conteúdo religioso e
profético, já “Loucos (Mayra)”, “Eu Sei”, “Romance Entre Abelhas” e “Coisas de
Palhaços” são reflexos dos conflitos sentimentais e amorosos dos integrantes do
grupo, uma
pequena amostra da versatilidade e criatividade dos músicos.
pequena amostra da versatilidade e criatividade dos músicos.
A genialidade de Camilo Melo e Ricardo Rocha
Há duas músicas em especial que mostram o potencial de Camilo e Ricardo
em reproduzir o sentimento momentâneo e a transcrição de um projeto de vida.
São elas: “Fogão de Lenha” e “Navegantes”. “Fogão de Lenha” foi uma resposta a
uma pergunta preconceituosa, e de certa forma racistas, feita por um repórter
do Diário de Pernambuco aos roqueiros pajeuzeiros e a outra “Navegante”, um
resumo dos desafios, das dúvidas, das certezas e incertezas, dos sonhos e das
batalhas vividas ao longo de oito anos de existência da banda.
A última música composta pela dupla foi “Homem Pó”, em 1991, foi um
prenúncio da fatalidade que marcou a história do grupo. Essa música acabou
sendo gravada por Camilo em 2008 em trabalho solo e que leva o nome do título
da música.
Homem Pó
(Camilo Melo/Ricardo
Rocha)
Sentado estava o
homem
Pensando e observando ao seu redor
Viu que havia medo
E as pessoas e seus segredos
Não estavam sós.
E procurava...
Mesmo com as armadilhas sob o pó.
Pó que cobre a terra
Terra que engole homens
Homens que se matam sem dó.
Vidas que nasciam
Vidas que morriam
Vidas que apenas se escondiam.
Veja seus filhos
Que criarão os seus filhos
Filhos de um homem que morre
Veja seus netos
Que criarão os seus netos
Netos de um homem que morre.
Em pé ficou o homem
Lembrou que há vários dias estava ali
Lembrou de seus três filhos em casa esperando
Pelo pai, homem sentado, que morre.
Correu desesperado
Não sabia onde morava
O nome de seus três filhos esqueceu.
E quase maluco
Em seus últimos minutos
Olhou pra terra e viu que era pó.
Veja seus filhos
Veja seus netos.
Pensando e observando ao seu redor
Viu que havia medo
E as pessoas e seus segredos
Não estavam sós.
E procurava...
Mesmo com as armadilhas sob o pó.
Pó que cobre a terra
Terra que engole homens
Homens que se matam sem dó.
Vidas que nasciam
Vidas que morriam
Vidas que apenas se escondiam.
Veja seus filhos
Que criarão os seus filhos
Filhos de um homem que morre
Veja seus netos
Que criarão os seus netos
Netos de um homem que morre.
Em pé ficou o homem
Lembrou que há vários dias estava ali
Lembrou de seus três filhos em casa esperando
Pelo pai, homem sentado, que morre.
Correu desesperado
Não sabia onde morava
O nome de seus três filhos esqueceu.
E quase maluco
Em seus últimos minutos
Olhou pra terra e viu que era pó.
Veja seus filhos
Veja seus netos.
Navegantes (Camilo Melo/Ricardo Rocha)
Nós mudamos a
dimensão daquilo que restou
Da lembrança de um lírio que brilhou
Pra dar ao verde o verde que se acabou
E pelo homem que foi e não voltou
E por nós mesmos, quando ninguém chorou.
Da lembrança de um lírio que brilhou
Pra dar ao verde o verde que se acabou
E pelo homem que foi e não voltou
E por nós mesmos, quando ninguém chorou.
E o eco gritado de
uma voz
A razão torturada por todos nós
Aqui a esperar.
A razão torturada por todos nós
Aqui a esperar.
Se navegamos tanto
sem parar
Não é motivo pra desistir
Ficar aqui e não lutar
Não é motivo pra desistir
Ficar aqui e não lutar
Se nós lutamos tanto
sem ganhar
Não é motivo pra desistir
Esse é um jogo que não pode parar.
Não é motivo pra desistir
Esse é um jogo que não pode parar.
E nós chegamos a
desvendar todo o mistério
De uma batalha que ninguém vai ganhar
E de uma árvore que nunca vão derrubar.
De uma batalha que ninguém vai ganhar
E de uma árvore que nunca vão derrubar.
E se o negro das
idéias nos caçar
Nos desculpem mas não vamos nos calar.
Nos desculpem mas não vamos nos calar.
E o eco gritado de
uma voz
A razão torturada por todos nós
Aqui a esperar.
A razão torturada por todos nós
Aqui a esperar.
Se navegamos tanto
sem parar
Não é motivo pra desistir
Ficar aqui e não lutar
Não é motivo pra desistir
Ficar aqui e não lutar
Se nós lutamos tanto
sem ganhar
Não é motivo pra desistir
Esse é um jogo que não pode parar.
Não é motivo pra desistir
Esse é um jogo que não pode parar.
Trajetória interrompida
A trajetória de sucesso da banda foi interrompida de forma trágica em 29
de agosto de 1993, quando realizavam o show de abertura da Festa de Setembro e
de forma inesperada veio a falecer Ricardo Rocha, vitima de um choque elétrico,
com apenas vinte e três anos. Muito do que Ricardo pensava foi traduzido em um
pensamento escrito horas da sua morte:
“Existe gênios loucos,
e loucos sábio.
Por isso somos uma humanidade
Que vive no lambirinto escuro
Cuja luminosidade somos nós.”
A melhor narração dos fatos ocorridos naquela noite foi feita por
Giovanni Sá, de forma poética e emocionada ele escreveu:
“O show transcorria na mais profunda relação de amor com o público. Já
se passava um pouco mais da meia-noite, depois de dedicar uma canção carinhosa
a um amigo que partira sem retorno, ao som da canção NAVEGANTES, “o menino
maluquinho” caía no palco pra não mais se levantar e decretava ali a sua
IMORTALIDADE. O companheiro Ricardo Rocha, tombava sob a luz dos holofotes
coloridos e os aplausos de um público apaixonado, no meio dos seus companheiros
inseparáveis. A BANDA D.GRITOS emudecia atônita, era difícil acreditar. A vida
que levava sempre era cheia de desafios, afinal, ser músico em Serra Talhada
nunca foi fácil.Aquela madrugada será inesquecível, por ser perfeita e tão
belo, aquele show, alguém assistia ao show do “menino maluquinho”. Tamanha
beleza e alegria tinham que ser divididas entre os mortais e as estrelas, que
com certeza, acabaram de receber mais uma nessa imensa constelação de
estrelas.” (Trechos do TRIBUTO AO COMPANHEIRO, “Crônica do Show Anunciado”, publicado
no Jornal Desafio em setembro de 1993).
Com a morte de Ricardo chegou ao fim o D.Gritos, a maior banda de rock
pop do interior pernambucano, era o fim de um sonho de jovens sertanejos que
encontraram na música uma forma de se expressar, demonstrando as suas revoltas,
suas frustrações e ilusões. Porém, o repertório musical da banda venceu o
tempo, e uma prova disso é que elas continuam sendo executadas diariamente em
rádios de todo o interior nordestino.
O reecontro da banda
Em 2010 a Prefeitura Municipal e a Fundação Casa da Cultura promoveram
um Tributo a Banda D.Gritos, pela primeira vez em mais de dezessete anos alguns
ex - integrantes do grupo Camilo Melo, Jorge Stanley, Gisleno Sá, Cesar Rasec e
Nilsinho, voltaram ao palco e a som de “Escravos de Ninguém (Porra)” fizeram
uma viagem no tempo. O destino de forma irônica colocou todos juntos no mesmo
local onde ocorreu a tragédia com Ricardo Rocha. Na oportunidade Gisleno Sá
deixou a seguinte mensagem:
“Não se pode falar da banda D.Gritos sem primeiro falar de Ricardo Rocha,
como também não se pode falar de em Ricardo sem falar da banda D.Gritos. 17
anos se passaram e ficou aqui um arquivo de uma das melhores bandas de pop rock
do sertão pernambucano que ficou no anonimato. Mais que virou história de Serra
Talhada. E que ainda soa nos ouvidos de tanta gente, as músicas que deixaram
saudades e de um poeta que ainda brilha lá no alto. De um sonho que não acabou,
mas que ainda paira no ar e lembrança de um lírio que brilho”.
O reencontro histórico da banda D.Gritos só veio a comprovar que “eles
mudaram a dimensão daquilo que restou”, que eles são “o lírio brilhou” e que o
“eco gritado de uma voz” continua navegando pelo tempo, como se fosse uma
eterna melodia!
Um comentário:
Muito arretado! Parabéns pelo registro desses fatos da cultura nordestina. Essa História do D Gritos é extraordinária! Quando puder, acesse www.lanopires.blogspot.com.br
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