O processo de
povoamento de Serra Talhada ao longo da história está diretamente ligado aos
benefícios proporcionados pelas águas do Rio Pajeú. O rio nasce na
Serra do Balanço, município de Brejinho, entre os Estados de Pernambuco e
Paraíba. Percorre uma distancia de 347 km ate desaguar no lago formado pela
Barragem de Itaparica, no Rio São Francisco. Margeia ao longo do seu percurso as
cidades de: Itapetim, Tuparetama, Ingazeira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba,
Flores, Calumbi, Serra Talhada e Floresta.
O Rio que
já foi usado como um dos temas da música Riacho
do Navio, de autoria de Zé Dantas e imortalizada na voz de Luiz Gonzaga,
hoje vive agonizado em meio à poluição das suas águas, a degradação do seu leito
e o assoreamento das suas margens, marginalizado e esquecido, tanto por órgãos
públicos, como pela sociedade. É lamentável ver um dos nossos maiores
patrimônio natural e também um cartão postal da cidade servindo de depósito de lixo e de
esgotos, um espaço dominado pela fedentina.
Esse cenário
contrasta com os dos tempos áureos do Pajeú, onde as suas águas eram usadas
para o consumo da população, além de ser um importante ponto de lazer da
cidade, pois a maioria da população tomava banho nas suas águas, com
preferência para o “Cortume” e o “Poço do Padre”, e jogava bola nas suas areias. Era um período em que as
famílias frequentavam o rio, já que era comum ver mulheres lavando roupas, os
homens pescando, para o consumo e a venda, e as crianças soltando pipas. Em
tempos de seca, a exemplo das décadas de 30 e 60 do século XX, foram
construídos poços amazonas ao longo do trecho urbano, aproximadamente 10, para
serem usados pela população, pois mesmo o Pajeú sendo um rio temporário, um
grande volume de água era encontrado no seu subsolo. Porém, a partir da década
de 80, o rio começou a sofrer as consequências do desenvolvimento econômico e
urbano de Serra Talhada, diariamente dezenas de caçambas retiravam área do seu
leito, um verdadeiro crime ambiental.
Infelizmente
nunca houve uma fiscalização com relação à retirada de área do Pajeú, o que
proporcionou lucro para alguns, de contra partida gerou o maior ataque ao meio
ambiente já visto em nossa cidade. Outro agravante aconteceu no final de 1989 e
inicio de 1990, quando a pedra do “Cortume”,
foi praticamente destruída a base de dinamites, para que as suas pedras
fossem usadas no aterro para a construção
da “Ponte da Cachichola”.
Passados mais de duas décadas desses ataques, nenhum projeto de revitalização do
rio foi colocado em prática, mesmo que o tema seja constantemente colocado em
pauta. Na verdade falta vontade política para tornar algumas boas ideias em
realidade, pois a revitalização do rio Pajeú é possível, basta vermos os casos
do Rio Cubatão e Tietê, no estado de São Paulo, que chegaram ficar entre os
mais poluídos do mundo. As lições deixadas pelos Rios Cubatão e Tietê nos leva
a crê que é possível resgatar o brilho do rio Pajeú, mas para isso é preciso
que população se conscientize de que não deve jogar lixo nas margens e nem no
leito do rio, e que seja elaborado um projeto ousado no sentido de tratar os
dejetos que são despejados diariamente no rio. Desta forma, ainda que seja há
longo prazo, o rio Pajeú vai ser recuperado e voltará a ser motivo de orgulho
para Serra Talhada e para o Sertão pernambucano.
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