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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DICAS SOBRE SONETOS

DICAS SOBRE SONETOS - Eloah Borda



Considerações iniciais

Quando se fala que para fazer sonetos é necessário conhecer suas regras básicas, que são a métrica e acentuação tônica corretas, isso não significa que o poeta tenha que escrever, como costumam dizer, “contando nos dedos” e pondo de lado sua inspiração. Quem gosta de sonetos, com certeza, não é por seus catorze versos dispostos em quatro estrofes, isso nada tem de especial, mas sim por seu ritmo, sua sonoridade, que acabamos por decorar assim como decoramos ritmos musicais - daí a importância de ler os mestres sonetistas. Mas os versos nem sempre vêm prontos à nossa mente - nas trilhas dos versos também acontecem pedras... São as quebras de ritmo que o poeta “sente” e que, se conhecer a teoria, terá mais “jogo de cintura” para sanar o problema, poderá logo encontrar a pedrinha e saber como tirá-la do caminho, ou seja, perceber a palavra destoante e trocá-la por um sinônimo, ou fazer uma inversão de termos para assim manter o ritmo. Coisa simples, natural, nada que se pareça com autocastração poética, apenas o esmero que se deve ter com qualquer tipo de criação artística. Uma outra idéia errada, e muito comum, é que o soneto foi modificado pelo advento da Semana de 1922. Não, os poetas modernistas não modificaram o soneto, não quebraram suas regras, apenas, em seu entusiástico desejo de liberdade , simplesmente o descartaram , deixaram-no de lado – sua forma fixa era restritiva, um “molde antigo”, inadequado para expressar as idéias, os sentimentos de um período em ebulição, marcado pela ruptura política e intelectual da sociedade brasileira com as estruturas consideradas envelhecidas.
Posteriormente, houve, sim, algumas tentativas de mudanças, como a inversão das estrofes, ou o estrambote, que não "pegou”, pois na verdade nada acrescentava, não tornava o soneto melhor, ao contrário.

A seguir, um pouco de teoria...

O soneto, como já está implícito no próprio nome (originado da palavra italiana “sonnetto”, que quer dizer pequeno som), é uma composição poética especial, que deve ter um ritmo e uma sonoridade também especiais, para que seja realmente um soneto, e para isso, há REGRAS:

1)A FORMA FIXA - como todos sabem, a mensagem deve ser transmitida em catorze versos, dispostos em 2 quartetos e 2 tercetos, ou, menos usuais, 3 quartetos e 1 dístico ou parelha - soneto inglês. Mas isso, por si só, pode até fazer um belo poema, mas não basta para fazer um soneto.

2) A MÉTRICA – Todos os 14 versos devem ter, exatamente, a mesma métrica, isto é, o mesmo número de silabas poéticas ou métricas, que são diferentes das sílabas gramaticais.

Fiz/mi/nha / a/do/les/cên/cia / ge/ne/ro/sa – 12 sílabas gramaticais.
Fiz/mi/nha a/ do/les/cên/cia / ge/ne/ro/sa – 10 sílabas métricas.
Conta até a última tônica (ro).

A sonoridade deve-se à correta colocação das sílabas tônicas(ou fortes) em cada verso. É isso que dá sonoridade, cadência, ao soneto. Quanto à sonoridade, os versos decassílabos (que são os mais usados em sonetos), por exemplo, classificam-se em três tipos: heróicos, sáficos e sáficos imperfeitos.

Decassílabo heróico - as tônicas são a 6ª e a 10ª sílaba:

E / da / mi/nha es/pe/ran/ça de / me/ni/no. (Hermes Fontes).

Decassílabo sáfico – as tônicas são: 4ª, 8ª e 10ª sílabas:

Em / c a/da / ver/so um / co/ra/ção / pul/san/do. (Cruz e Sousa).

Sáfico imperfeito – as tônicas são: 4ª e 10ª sílabas:

So/nhei / mi/la/gres / pa/ra a / meu / des/ti/no. (Hermes Fontes)

Menos comuns, mas bastante usados, são os dodecassílabos, cujas sílabas poéticas fortes (tônicas), são:

4ª, 8ª e 12ª, ou ainda a 6ª, 10ª e 12ª.

Alexandrinos - todo verso alexandrino é dodecassílabo, mas nem todo verso dodecassílabo é alexandrino.Para que um verso dodecassílabo seja alexandrino, deve ser composto de dois hemistíquios, ou seja dois versos hexassílabos (6 sílabas métricas)independentes sendo que o primeiro deverá ter sempre terminação aguda ou grave -jamais esdrúxula. Se for grave, deverá fazer elisão com a primeira sílaba do segundo hemistíquio(verso). Exemplificando fica melhor de entender:

Terminação aguda do primeiro verso

“Rumorando feliz, /entre a verde folhagem” – ( de O Riacho, by Eloah)

1º. hexassílabo - agudo: Rumorando feliz2º. ...............................entre a verde folhagem

Terminação grave:
“Mas nem tudo é beleza/ em sua longa viagem”, (O Riacho))

1°. Hexassílabo – grave: Mas nem tudo é beleza (última tônica: “le”)
2º. .............................em sua longa, viagem

sendo que há elisão entre a última silaba átona do primeiro hexassílabo com a primeira sílaba do segundo: be/le/za em/sua etc.

Pode usar-se ainda o dodecassílabo trímetro, ou seja, composto de 3 tetrassílabos (versos de 4 sílabas métricas), tendo nesse caso a acentuação tônica na 4ª, 8ª e 12ª, e não na 6ª e 12ª, porém são bem menos usados, talvez por serem mais difíceis e menos sonoros, e não são considerados alexandrinos autênticos.

(Parece complicado, mas com a prática, dá pra tirar de letra...)


Os decassílabos (heróicos e sáficos ), e também os dodecassílabos (incluindo alexandrinos) são os versos usados no sonetos propriamente ditos, os sonetos clássicos, e os mais bonitos.

Ainda existem algumas variações de ritmos nos versos decassílabos que são:

Fonte: http://eusoneto.blogspot.com.br/

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