Nos países de
maneira em geral, participam de sua economia ativa, trabalhadores velhos,
jovens e meia idade, com as suas diversas qualificações participativas na
produção nacional, quer seja no setor de serviços, industrial e/ou agrícola.
Essas participações da juventude no mercado de trabalho têm diminuído muito,
por problemas conjunturais, deixando jovens desempregados ou no subemprego,
vivendo num clima de miséria e revolta, conduzindo para caminhos do submundo do
crime e da marginalidade. É neste sentido que se busca estudar o mercado de
trabalho da juventude e o porque das dificuldades que atravessa esse estrato
social de suma importância para a economia; pois, esta dificuldade está mais
presente nos países periféricos ou terceiro mundo.
A questão do
desemprego e/ou subemprego é uma das mais preocupantes nos dias atuais, tendo
em vista a grande explosão demográfica nos países pobres e as crises econômicas
que passam os países periféricos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT)
tem se preocupado sensivelmente quanto aos rumos que está tomando o problema da
falta de trabalho, da rotatividade crescente no emprego e da mão-de-obra
desqualificada que facilmente se desemprega e dificilmente consegue se reintegrar
no mercado de trabalho. Na atualidade, tem-se observado que o nível maior de
desempregados está na juventude com idade que varia entre 14 a 22 anos e,
especialmente, no que diz respeito às mulheres.
Um primeiro fato
que se pode levantar como causador desse constrangedor número de desempregados
é a recessão que está no meio dos países de economia de mercado. Neste sentido
coloca MELVIN (1978)[1]
que:
é certo que a recessão
econômica mundial está afetando todos os grupos etários, mas os jovens é que
estão sendo mais sacrificados, sendo que nos últimos anos a diferença entre as
taxas de desemprego de adultos e de jovens aumentou acentuadamente: 36 por
cento dos que engrossaram as fileiras dos desempregados entre 1973 e 1975 eram
jovens.
Isto demonstra de forma cabal que a
juventude está sendo rejeitada do processo de trabalho e, por conseqüência,
trazendo problemas quanto à mão-de-obra futura.
Já dizia um grande
poeta que a juventude de hoje são os homens trabalhadores do amanhã; mas, como
se terá este amanhã, se não existem condições de formar-se um jovem para dar
continuidade às atividades dos homens que já se foram. A juventude deve ter seu
espaço garantido hoje, para avançar na criatividade de seus mestres; pois, do
contrário, vai-se ter um jovem desprendido do mercado de trabalho e voltado
para coisas que não fazem a sociedade crescer. O jovem deve ter o seu emprego,
não somente para ganhar a vida; mas, para poder associar a intelectualidade das
escolas com a vida profissional do dia-a-dia. A massificação das escolas tem
alijado o estudante trabalhador de sua atividade de ocupação laboral.
Com isto,
pergunta-se normalmente, por que os jovens são os mais atingidos? A resposta
vem em seguida pelas investigações que são feitas constantemente, por aqueles
que estão preocupados com o mercado de trabalho para a juventude. Segundo
estatísticas publicadas pelas nações que estabelecem uma certa correlação entre
desemprego e idade, sexo, instrução e formação profissional, a maioria dos
jovens que perde o emprego, não tem formação profissional, ou é constituída de
trabalhadores semiqualificados. Ao se considerem os dados estatísticos,
verifica-se que em 1976 na República Federal da Alemanha, um terço dos
desempregados com menos de 20 anos tinham aprendizagem.
A crise econômica
galopeia sem cessar os recantos do País. Com a crise, caminha pari passu
toda uma conjuntura de desequilíbrios, não só econômico, mas político e social,
culminando com vícios, prostituição, roubos, saques e muitos outros
instrumentos criados pela própria ação demolidora da recessão. O jovem, a
partir de 14 anos começa a sentir necessidades de caminhar com seus próprios
sacrifícios, sem ter que mendigar a seus pais dinheiros para comprar seus
pertences. E o que faz? Demanda emprego. Vai às fábricas. Não há vagas. Tenta
nas lojas. O quadro está completo. Essas barreiras perturbam a cabeça do jovem
a tal ponto dele desistir do mercado de trabalho e pairar na marginalização.
O nível de
desemprego da juventude pode ser explicado por diversos ângulos, pois entre os
diversos motivos, pode-se citar a preferência dos empregadores pelos adultos.
Quando a empresa está com problemas e tem que dispensar alguma mão-de-obra, geralmente,
ela opta pela dispensa de jovens e/ou mulheres. Do mesmo modo quanto à
contratação, há uma preferência por trabalhadores experientes e adultos, devido
ser mais responsáveis e dedicados. Os jovens não têm preocupação com
assiduidade, quer dizer, falta uma certa responsabilidade em suas atividades e
as mulheres têm problemas quanto à gestação e algumas proibições pelo marido,
ou noivo, coisa que prejudica a fábrica, por hipótese.
Desta feita, surge
a seguinte questão: qual a política de demanda por mão-de-obra dos empregadores
da maior parte das nações européias em termos normais? Não existe nenhuma idéia
neste sentido, não se conhece nenhuma pesquisa a esse respeito. Somente no
Reino Unido é que existe um estudo preliminar de trabalho deste tipo; pois,
perto de metade dos
empregadores consultados acham que a qualidade profissional dos jovens tem
decaído nos últimos cinco anos em termos de motivação e de educação básica. A
qualidade dos jovens recrutados para trabalhos manuais especializados tem sido
desapontadora. Até o momento essa atitude dos empregadores ainda não modificou
sensivelmente a política de recrutamento; a maioria dos empregadores continua
recrutando a mesma proporção de jovens.
Quando se fala em Brasil, isto foi
constatado pelo aumento excessivo da concorrência externa, quando o país se
abriu ao exterior e a indústria nacional não teve condições de num curto prazo,
participar de igual por igual da competição que naquele momento crescia de
forma assustadora.
Um outro ponto que
merece destaque é quanto ao fator econômico do emprego de um jovem; pois, as
evidências mostram que o custo com relação aos salários pode constituir um
grande obstáculo ao emprego dos jovens. É notório pela literatura que se
conhece, ou até mesmo pela prática do dia-a-dia, um aumento no salário mínimo
leva por consequência, a um decréscimo na demanda de trabalhadores do tipo não
qualificado. A legislação de alguns países já contém dispositivos legais para
prover salários mínimos menores para trabalhadores com idade entre 16 a 21 anos
de idade. Um exemplo clássico é a Dinamarca, onde só os maiores de 18 anos
percebem salários de pessoas adultas, com maior faixa de desemprego entre os
jovens.
Por outro lado,
pode-se dizer que existe todo um aparato legal da proteção ao jovem que ao
invés de protegê-lo, como deveria, atrapalha muito mais o seu espaço no mercado
de trabalho. Na maioria dos países industrializados é quase impossível empregar
jovens que tenham menos de 16 anos, que esteja em seu período escolar. Verifica-se
que lançamento de programas de preparação de jovens para o trabalho, ou de
esquema que combine o estudo com trabalho em nível de escola de segundo grau,
está levando os especialistas a perguntarem se a legislação e a prática não
deveriam levar em consideração a realidade em que a sociedade está apoiada.
Entre as poucas
pesquisas que se tem feito, constata-se que investigações realizadas na França
mostram que as reações dos jovens trabalhadores mudam sensivelmente com relação
à idade, ao sexo, à origem social, ao grau de instrução, à formação e à
natureza do trabalho. Mesmo assim, não é fácil estabelecer diferenças entre o
questionamento do trabalho como valor social maior e o das condições em que ele
se processa. As complicações existentes na fase de transição da vida escolar e
a vida real, o desemprego, a precariedade das condições de trabalho, as mínimas
recompensas financeiras, podem originar um desestímulo, ou indiferença, ou
praticamente, descontentamento na atividade profissional.
Todas as dificuldades
que existem no mercado de trabalho quanto a colocação de jovens atribuem-se às
deficiências do sistema de ensino, especialmente, do segundo grau. Na maioria
dos países industrializados, ou desenvolvidos, não existe um casamento do
ensino com as empresas e nem se quer uma comunicação entre o ensino e o mercado
de trabalho. O ensino de primeiro e segundo graus são inteiramente divorciados
de uma estrutura de ensino que ligue conhecimento à prática, devido a sua
tradição propositadamente errada do sistema de aprendizagem. Somente a
universidade, é que tem uma certa abertura ao mercado de trabalho que é questão
de vida ou de morte, especificamente, em países periféricos.
Finalmente, é
preciso que se faça alguma coisa pelo jovem do mundo inteiro, não lhe dando
tudo que ele quer e entende; mas, lhe proporcionando os instrumentos
necessários a participar do processo de produção, não como mão-de-obra barata;
todavia, como um ser produtivo e integrado na sociedade. A juventude está
tomando caminhos obscuros por culpa daqueles que rejeitam o potencial de
criatividade e de liderança que lhe são peculiares. Portanto, dê as mãos aos
jovens e faça dessa juventude desamparada as maiores lideranças do amanhã, pois
sem ela as crises tomarão proporções incontroláveis.
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