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terça-feira, 27 de julho de 2021

Histórias da tradicional 'Rua dos Correios' em Serra Talhada - PE

Por Paulo César Gomes



A popular “Rua dos Correios” é uma das vias públicas mais antigas de Serra Talhada, com mais de 200 anos de história.

A foto acima destaca a rua durante a década de 1950, na época denominada oficialmente de Siqueira Campos. Logo após a morte do Coronel Cornélio Soares, ela foi rebatizada com o nome do ex-prefeito. A imagem destaca o prédio da agência dos Correios e Telégrafos, construído em 1932.

A fotografia abaixo mostra a rua tendo ao lado esquerdo os fundos da Igreja do Rosário, durante a década de 1940. Ao fundo é possível perceber o prédio do antiga sede do Batalhão da Policia Militar, o hoje funcionado como o DINTER II, a construção foi erguida durante a década de 1930.

Pelas imagens é possível dizer que esta foi uma das primeiras ruas da cidade a ser arborizadas e que o processo de construção de calçamento da via só veio a ocorrer entre o final dos anos de 1950 e 1960.



segunda-feira, 19 de julho de 2021

Em 1947, Serra Talhada foi pivô de suspeita de fraude nas eleições para o governo de Pernambuco

 

Por Paulo César Gomes

Diante da construção de narrativas que buscam empurrar a sociedade brasileira pra uma espécie de “caverna mito-sem-lógica” ou uma “idade das trevas”, onde é alardeado que a terra é plana, que a importância da ciência é ignorada, agora a onda é atacar as urnas eletrônicas. Vale registrar que desde que o voto eletrônico foi criado no país não existe nenhuma denuncia de fraude, então tudo que se especular sobre o assunto é na verdade uma grande “fake news”.

Como base em uma perspectiva histórica, resgatamos aqui detalhes de uma das campanhas eleitorais mais controversas do estado de Pernambuco, a eleição de 1947. Essa disputa foi marcada por várias denúncias de fraude. Uma das cidades que apareciam nas listas das supostas irregularidades foi justamente Serra Talhada.

Na imagem destacamos uma matéria do jornal Diário de Pernambuco, do dia 18 de fevereiro de 1947, onde são apontadas irregularidades nas eleições daquele ano. Em várias outras eleições o nome da cidade aparece com citações sobre problemas com urnas. As denúncias apresentadas nos jornais apontavam para a existência de assinaturas falsificadas, votos acima da quantidades de presentes à seção eleitoral no dia do pleito, até “a presença de mortos” na lista dos votantes. Todos os relatos só comprovam a vulnerabilidade do voto escrito.   

A longa disputa jurídica de 1947 

A eleição para governador de Pernambuco ocorreu em 19 de janeiro 1947. Disputaram a eleição: Barbosa Lima Sobrinho (PSD), Neto Campelo (UDN), Pelópidas da Silveira (PCB/PSB*) e Eurico de Sousa Leão (PR).

O pleito em Serra Talhada foi bastante disputado. Acima podemos ver o encontro promovido por apoiadores de Barbosa Lima Sobrinho, em 1946. A reunião contou com a presença de lideranças políticas e militares de diversas regiões do estado, além de personalidades que residiam na cidade. O anfitrião do encontro foi o Coronel Cornélio Soares, mas quem também marcou presença na reunião foi ex-prefeito do Recife, deputado federal e governador estado, Miguel Arraes. Barbosa Lima também era apoiado por Agamenon e pelo deputado estadual Methódio de Godoy.

Na época o município era um dos maiores expoentes da política pernambucana, isso porque Agamenon Magalhães, então deputado federal, era uma das importantes lideranças do Brasil, e com forte influência nos chamados “currais eleitorais” que viviam espalhados pelo interior de Pernambuco.

Neto Campelo, candidato da chamada “a coligação” era apoiado pelo fazendeiro e empresário Enock Ignácio de Oliveira. Apesar da falta de estrutura e de um grupo forte, Neto Campelo chegou a realizar um comício na Praça Sérgio Magalhães, em janeiro de 1947, conforme registro do jornal Diário de Pernambuco.

O jornalista e deputado federal Barbosa Lima Sobrinho (PSD), foi eleito com 91.985 votos, uma diferença de apenas 575 votos em relação a Neto Campelo (UDN), que obteve 91.410 votos. Ele só assumiu o mandato em fevereiro de 1948, após mais de um ano do pleito, ficando até 1951. O resultado dessa campanha para governador é considerada como a mais acirrada e polêmica da história de Pernambuco.

A demora se deu porque o resultado da eleição foi judicializado em função das suspeitas de fraude. Segundos os jornais da época, Diário de Pernambuco e Jornal Pequeno, as principais denúncias de fraudes envolviam as cidades do interior, principalmente as urnas de Serra Talhada.

A homologação dos resultados dessas urnas, pelo TSE, foi decisiva para garantir a vitória do candidato de Agamenon Magalhães, que acabou aumentando a sua a frente em 888 votos, uma diferença de menos de 0,5% entre Sobrinho e Campelo.

Reunidão da campanha de Barbosa Lima Sobrinha, na casa do Coronel Cornélio, em 1946

Comício de Neto Campelo, em Serra Talhada, em janeiro de 1947 (Fonte: Diário de Pernambuco)

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

IMAGENS HISTÓRICAS: Morre aos 89 anos ‘Seu Né das Bicicletas’

 Por Paulo César Gomes


Morreu em Recife, na última segunda-feira (05/07), Manoel Gomes Batista, mais conhecido como ‘Né das Bicicletas’, aos 89 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória em Recife.


Além de empreendedor, Né das Bicicletas foi um dos ilustres torcedores do imortal time do Comercial Esporte Clube. Na imagem acima, do ano de 1975, o empresário aparece ao lado dos ex-prefeitos Nildo Pereira e Tião Oliveira, do ex-deputado Inocêncio Oliveira, do empresário Zé Naildo e de Luiz de Cecília, o registro fotográfico foi feito antes de um jogo do time do Comercial, no estádio o Pereirão. Ele vestia calça preta e camisa mangas compridas. na ocasião Fátima Mourato foi apresentado como a representante a representante da cidade no Miss Pernambuco, um mês depois ela foi consagrada com a coroa e a faixa de Miss estadual daquele ano.

As imagens abaixo mostram fotos das bicicletas que eram locadas no estabelecimento de ‘Seu’ Né, segundo relatos de alguns moradores, essas seriam as primeiras bicicletas a serem alugadas na cidade. A  outra imagem é de uma cadeira de rodas produzida na oficina do empresário durante a década de 1960.



quinta-feira, 8 de julho de 2021

O plebiscito de 1991 e os destalhes históricos da última batalha de Lampião

 Por Paulo César Gomes


Diário de Pernambuco, dia 28 de maio de 1985

Com intuito de buscar o aprofundamento das pesquisas sobre o Cangaço e sobre o Sertão Nordestino, resgatamos neste texto detalhes de uma das mais controversas passagens da história contemporânea de Serra Talhada, “o plebiscito da estátua de Lampião”. O debate que se travou há 30 anos teve como ápice o dia 07 de setembro de 1991, quando naquela data 76% dos serra-talhadenses votaram favorável da construção da estatua, 22% foram contra e 0,8 % anularam o voto.

Apesar da consulta popular ter sido promovida pela Fundação Cultural da Casa da Cultura, a ideia da construção do monumento não partiu da entidade, mas do ex-vereador (já falecido) Expedito Eliodoro, o popular Louro Eliodoro, que no dia 28 de maio de 1985, concedeu entrevista ao Diário de Pernambuco, expondo o seu projeto de construir uma estátua de Lampião, com 20 metros de altura, na antiga Estação Ferroviária. Por falta de apoio a iniciativa acabou não vingando, apesar disso, o vereador Louro Eliodoro não desistiu de promover culturalmente a relação de Lampião com a sua cidade natal e em setembro de 1988 (Diário de Pernambuco, dia 27 de setembro de 1988) ele encomendou ao artista plástico Juraci Jusseé, esculturas dos cangaceiros. Essas verdadeiras obras de artes ainda hoje se encontram preservadas e protegidas na Casa da Cultura de Serra Talhada.



Diário de Pernambuco, dia 27 de setembro de 1988

Porém, em 1991 que o assunto retornou ao noticiário. Só que desta vez o projeto para construção da estatua foi incorporado à ideia de um plebiscito, o que culminou um acalorado debate que extrapolou os limites territoriais de Serra Talhada e invadiu literalmente as residências de brasileiros de norte a sul. O que ocorreu naquele ano não foi tão somente a promoção de um evento cultural ou uma disputa entre diferentes narrativas sobre Lampião e o cangaço. A verdade é que a partir daquele momento se estabeleceu uma nova perspectiva histórica. Naquele instante a história estava sendo escrita pelos protagonistas do processo, mesmo que o elemento central desse processo tinha sido “um cangaceiro”, a vontade popular foi expressa na sua integralidade.

Diferentes órgãos de imprensa registram o episódio, entre eles, a revista Veja e o Jornal do Brasil. O JB publicou uma extensa matéria, tendo com destaque o produtor cultural, pesquisador e atual presidente da Fundação Cultural de Serra Talhada, Anildomá Souza. Na publicação, Anildomá incorporou um legítimo cangaceiro, tendo ao lado um letreiro com a frase que se tornou um símbolo daquela passagem histórico: Nem herói, nem bandido! É história! Diga SIM a Lampião!

Jornal do Brasil – 1991

Somente em 2019 foram inauguradas as esculturas de Lampião, Maria Bonita e Zabelê, na área externa do Museu do Cangaço, na Estação do Forró. A iniciativa de instalação das obras de arte partiu da Fundação Cultural Cabras de Lampião (FCCL), presidida pela atriz e produtora cultural Cleonice Maria. O projeto idealizado por Cleonice materializou o desejo de todos os que disseram “SIM” a Lampião em 07 de setembro de 1991.


Cartaz oficial do plebiscito de 1991

Revista Veja 1991

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

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