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Reportagem Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

Em mais uma reportagem da série Profissões Esquecidas, sempre na companhia do inoxidável Alejandro Garcia, repórter fotográfico do FAROL, entrevistamos alguns profissionais que labutam usando a força de animais.É comum encontra nas cidades brasileiras a figura do carroceiro. Uma imagem que revela parte do atraso social que ainda persiste no país. A profissão é regulamentada em várias regiões brasileira. Em São Luiz do Maranhão, por exemplo, As carroças são legais e possuem placas da prefeitura de São Luís. Assim podem  circular normalmente e os clientes sentem mais segurança ao contratar os serviços.

Em Serra Talhada, existe o dia municipal do carroceiro, e até uma associação foi criada para representar a categoria, infelizmente a entediante, segundo alguns integrantes, encontra desativada. Segundo estimativas a cidade possui aproximadamente 100 carroceiros só na zona urbana.

A DURA JORNADA DE CARROCEIROS E ANIMAIS

A crise financeira que assola o país acabou atingindo em cheio os ganhos dos carroceiros. “Essa a crise piorou tudo. Já deu para tirar um salário mínimo, mas agora tem dia que a gente não pega um frete se quer. Já teve tempo que a gente não parava aqui (no ponto). Era chegando e já tinha um frente pra fazer”. Relata Seu Luiz, de 63 anos, que já prestou serviço a prefeitura como gari. Ele também já trabalhou como pintor e pedreiro e a cerca de 10 anos é carroceiro.

Luiz divide o ponto, localizado entre a Avenida Miguel Nunes de Souza e a Pracinha Lampião, com mais quatro colegas, entre eles, Chico e Armando. Para Chico, um dos mais indignado do grupo, a culpa da situação é do novo governo, que para ele só vai prejudicar a pobreza.

“Do jeito que vai a coisa só vai piorando. Esse governo vai acabar com tudo. Nunca mais a gente vê um dentro da presidência como Lula e Dilma. Pode olhar pra frente e pra trás. Ninguém viu dar casa ai para o povo. Ninguém passou mais fome. Eles podem ter pegado dinheiro, mas foram muito bom pra pobreza”, desabafou o carroceiro que exerce a profissão há mais de 25 anos.

A rotina dos carroceiros é puxada começa logo pela manhã e se estende até o fim da tarde, durante cinco dias da semana. No sábado eles trabalham até o meio dia.

Segundo Luiz, o mais comunicativo do grupo, não existe uma tabela fixa para os fretes, “o preço é feito com base na distância. Os lugares mais distantes é R$35,00, R$ 40,00, e os mais perto podem ser R$15,00 ou R$20,00”.

Existem também os carroceiros que trabalham sem ponto fixo, como por exemplo, Juciano, de 24 anos, há sete na profissão. “A profissão é esquecida, mas gosto dela porque é de onde arrumo sustento para a minha esposa e a minha filha”, declarou o jovem carroceiro.
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A COMPLEXA RELAÇÃO ENTRE OS CARROCEIROS E SEUS ANIMAIS


É inegável que a relação de exploração dos animais pelos carroceiros levanta muita discussão, pois parte da sociedade condena esse tipo de atividade, por acreditar que os animais são submetidos maus tratos. No entanto, os profissionais que foram entrevistados se mostraram gratos e atenciosos com os seus animais.

“Tem gente que judia, mas são poucos, a maioria toma cuidado. Já tive três animais esse tempo todo, e cuido direito deles, é só ver o brilho do pêlo”, afirma Seu Chico. Juciano é outro que procurar cuidar bem de sua égua a qual chama de Faísca, “tiro capim, dou banho varias vezes na semana, trata bem dela”.

A relação de maior carinho é a de Luiz com Jacaré. O carroceiro afirma que o animal já conhece a sua voz de longe, e que todo esse reconhecimento se deve ao carinho com o qual trata a sua companheira de trabalho. “Deixo ela em um pasto (roça). Também compro palha de milho, às vezes até pão eu dou pra jacaré”, finaliza o carroceiro expondo o seu lado humano frente uma relação de trabalho que é ainda vista com descaso por grade parte dos governos e da população.

Um forte abraço e até a próxima!
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Juciano é carroceiro há 7 anos e tem orgulho da égua Faísca
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Seu Luiz, 63 anos, de gari a carroceiro
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O burro ‘Jacaré’ tem deita balanceada
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