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domingo, 31 de maio de 2015

Rio Pajéu: As histórias perdidas do ‘rio mais teimoso do mundo’ e a sua morte anunciada

Por Paulo Cesar Gomes

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Fotos: Alejandro Garcia / Farol


No próximo dia 05 de junho, sexta-feira, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e foi com a intenção de tornar essa data um momento de reflexão sobre a importância do Rio Pajeú, não só como elemento ambiental, mas também como fonte de histórias que estão diretamente ligadas a formação da identidade da população serra-talhadense, que eu e o inesgotável repórter fotográfico do FAROL, Alejandro Garcia, percorremos trechos do rio que passam na área urbana, registrando imagens da degradação e ouvindo relatos de pessoas que nos ajudaram a resgatar as histórias perdidas do Rio Pajeú.

A BARRAGEM DO JAZIGO E O INÍCIO DO FIM

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É indiscutível que o processo de destruição do Rio Pajeú ocorre na parte dos seus 353 km extensão. No entanto, em relação à cidade, a poluição que é o abandono que fere de forte “o rio mais teimoso do mundo” – expressão usada em reportagem publicada em jornal da capital, para definir o fato do Pajeú correr para o São Francisco no sentido contrário ao mar – tem início no sangradouro da barragem do Jazigo, onde se pode observar o assoreamento e a ocupação irregular das margens do rio.

No local onde antes existiam centenas de peixes e bancos de areias, agora só resta uma mistura de barro e liquido preto que de longe lembra a água limpa e transparente de séculos atrás. O que se ver posteriormente ao Jazigo é o predomínio das algarobas e de outras plantas que não faziam parte do contexto original do leito do rio.

OS TEMPOS ÁUREOS DOS BANHOS NAS PITOMBAS E NA PEDRA DO CURTUME

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Os banhos no Rio Pajeú fazem parte da memória de muitas gerações de serra-talhadenses que até o final dos anos 80 ainda puderam desfrutar das águas “calientes” e transparentes de locais como “as Pitombas” e “o Curtume”.

Segundo o senhor Cícero, morador de uma fazenda que fica nas redondezas das Pitombas, “antigamente tinha gente direto aqui, tomando banho e pescando. Era um monte de carro encostado, tudo com o som ligado”. Hoje água que tem aqui só da para os bichos beberem” lamenta Seu Cícero.

Infelizmente, “as Pitombas” e “o Curtume” foram destruídos pela ganância de alguns e o despreparo das autoridades. Nas Pitombas é possível ver a quantidade de areia que foi retirada do local sem o menor controle da União, deixando marcas deploráveis na paisagem e no leito do rio.

Na Pedra do Curtume o descaso chegou ao extremo, pois o local foi destruído a base de dinamite pela empresa responsável pela construção da ponte que liga o centro da cidade ao bairro da Caxixola, sem que nenhuma autoridade tenha se manifestado contra o crime ambiental. O resultado é que o local que durante décadas foi a principal área de lazer de crianças e adultos, praticamente não existe mais, um cenário que resume bem o que o Pajeú representa para Serra Talhada nos dias de hoje.

OS VELHOS CACIMBÕES QUE MATARAM A SEDE DO POVO E O DESAPARECIMENTO DE VICENTE CORINGA

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O rio não servia apenas para diversão da população, em períodos de seca prolongada, a salvação era a retirada da água dos cacimbões feitos de tijolos construídos ao longo do leito. Alguns desses  ainda resistem ao tempo e podem ser vistos da ponte da Caxixola.

Um das histórias curiosas sobre os cacimbões ocorreu em meados da década de 80, quando durante o período de cheia, o deslocamento entre o bairro da Caxixola e o centro era realizado atrás de uma canoa que pertencia a Sr. Luiz Rufino. Em uma das travessias os remadores perderam o controle da embarcação e se chocaram com um cacimbão, o que levou a canoa a ser dividir em duas bandas. Todos os passageiros salvaram se, a única perca sentida foi a lata de moeda do proprietário da canoa que nunca foi encontrada.

Uma das lembranças mais tristes que se tem do rio foi o desaparecimento do mais famoso nadador que a cidade já conheceu. Vicente Coringa, como assim era conhecido, virou uma lenda entres os serra-talhadenses. Muito se fala das suas braçadas velozes e de sua coragem em desafiar a força das águas do rio, principalmente em períodos de cheia. No entanto, em um triste dia da década de 60, Vicente Coringa desafiou pela última vez as águas do Pajeú e acabou sumindo em meio aos remansos e barceiros. Seu corpo nunca foi encontrado.

UM DEPÓSITO DE LIXO E DE ESGOTOS, LOTEAMENTO E PASTO PARA ANIMAIS

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Quanto mais próximo da área urbana mais se verifica a degradação do rio. São dezenas de toneladas de lixo jogados por mês nas margens e no leito, sem que haja nenhum tipo de fiscalização ou punição para os agressores.

Praticamente todos os esgotos da cidade são despejados no rio sem que exista nenhum sistema de tratamento. O mau cheiro é sentido por moradores que moram nas proximidades das margens. Até mesmo os órgãos públicos, como no caso o Matadouro Público, entram na lista dos que poluem diariamente o Pajeú.

Soma-se a esse cenário tenebroso o fato de “o rio mais teimoso do mundo” ter sido loteado, e onde antes havia espaço para lazer, agora é dominado por centenas de cercas de arame farpado e de pasto para alimentar animais.

Mas ainda assim, com toda essa perspectiva negativa, existem pessoas que acreditam que é possível salvar o rio. E diferente de muitos que ficam só no discurso, esses colocam a mão na massa. Mas essa história, a gente só conta na próxima semana!

Um bom domingo a todos e até a próxima!
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UM DOS CACIMBÕES DO VELHO PAJEÚ

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DEGRADAÇÃO DO RIO NA REGIÃO DAS PITOMBAS

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POÇO DO PADRE, AO LADO DA PEDRA DO CURTUME

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VISTA DA PEDRA DO CURTUME

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CÍCERO: “ANTIGAMENTE TINHA GENTE DIRETO AQUI TOMANDO BANHO”

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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 31 de maio de 2015.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

OPINIÃO: A união entre Carlos Evandro e Sebastião não muda em nada o xadrez de 2016

Por Paulo Cesar Gomes


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A uniã entre o Secretário de Transportes, Sebastião Oliveira, e o ex-prefeito Carlos Evandro, a princípio parece ser um fator determinante para o resultado das próximas eleições. No entanto, trocando em miúdos a nova aliança, é possível identificar que ela não muda muita coisa no cenário do próximo ano, pois não traz à tona qualquer elemento novo.


Por outro lado, a união reforça a tese de que os dois se sentiram enfraquecidos com o processo de cooptação realizado pelo prefeito Luciano Duque. A outra coisa a se vislumbrar é a instabilidade existente em torno do nome de Waldemar Oliveira, que até agora não conseguiu se concretizar como referência para o seu grupo político.

Dois fatores podem ser decisivos para a campanha de 2016. A primeira pode ser o lançamento de uma terceira candidatura, que ao que tudo indica será capitaneada por Marquinhos Dantas. Conta a favor o fato de que desde dos anos 90, sempre que um terceiro nome foi lançado, o prefeito que estava no poder não conseguiu se reeleger ou fazer o seu sucessor. A exceção foi Carlos Evandro em 2008.

Também é bom lembrar que Marquinhos Dantas saiu da eleição para deputado em pé de igualdade com Augusto César e Rogério Leão, que acabaram sendo eleitos. Com um discurso afiado e propositivo, e com o respaldo de um grupo político consistente, Marquinhos Dantas certamente irá tirar preciosos votos dos dois prováveis candidatos, principalmente do prefeito Luciano Duque. Porém, só um nome até o momento é capaz de colocar fogo na disputa: o de Sebastião Oliveira.

Para o bem e para o mal – isso do ponto de vista da metáfora – ‘Sebá’ traz consigo o retrospecto de ter sido derrotado por Duque, o que automaticamente o colocará em evidência para com a alternativa frente ao desgaste que o prefeito vem se submetendo ao longo do seu mandato. Agora é esperar para ver se Sebastião topa a parada ou irá assistir de camarote Luciano Duque engolir o seu grupo político como um predador.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 25 de maio de 2015.

domingo, 24 de maio de 2015

Evangelista Entrevistado por Paulo Cesar Gomes/Alejandro J. García-Far...

Evangelista: Um revolucionário que chegou às telas do cinema, mas que foi esquecido em Serra Tallhada

Por Paulo Cesar Gomes

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Fotos: Alejandro Garcia/ Farol


Serra Talhada é uma cidade detentora de fatos e de personagem que muitas vezes parecem habitar em um contexto cultural diferente do existente atualmente. Um destes “anônimos” ou personagem esquecido da história serra-talhadense, nasceu no município em 1926 e já foi tema de entrevista em grandes programas da TV brasileira, jornais, revistas e de filmes premiados em vários festivais.

Foi com grande satisfação que eu e nosso obstinado repórter fotográfico do FAROL, Alejandro Garcia, estivemos conversando com uma das importantes personalidades já nascida em terras pajeuzeiras e que por questões que fogem a nossa compreensão não recebe a atenção que merece dos seus conterrâneos. O personagem esquecido deste domingo é Evangelista Ignácio de Oliveira, ou Vanja, como os amigos costumam o chamar. Evangelista é um autodidata, fala vários idiomas, é físico, astrônomo, inventor, filósofo e cientista. Segundo ele, os seus dons foram lhe repassados por “uma escolha do mestre Jesus!”

O PIONEIRO DA ASA DELTA NO BRASIL
Nos final dos anos 60, Evangelista surpreendeu a cidade ao criar, com tecnologia própria, a primeira asa delta que se tem registro no Brasil. Infelizmente, as autoridades policiais impediram que Vanja salta-se com o aparelho do cume da serra talhada em direção a Praça Sérgio Magalhães, no dia festa da padroeira, Nossa Senhora da Penha. “O tenente disse que não ia deixar eu morrer e que eu era doido, além disso ele prendeu a asa delta”, conta com bom humor o inventor. A decisão da polícia deixou frustrado não só o jovem cientista, mas também uma multidão que aguardava o voo pioneiro. A asa delta permaneceu na delegacia até ser vendida por 14 mil reis, cerca de R$50,00, (valor atual com base estimativa). Anos depois o comprador entrou em contato para informar que o voo da asa delta havia sido um sucesso.

Quarenta anos se passaram até que finalmente Evangelista pudesse realizar o seu sonho de voar em uma asa delta. O voo ocorreu na cidade do Rio Janeiro, e mesmo não sendo com o aparelho que havia inventado, foi muito marcante para o serra-talhadense. “O voo foi espetacular, em determinado momento o instrutor me deu a direção do aparelho eu conduzi como se fosse um veterano. Após o voo o instrutor me perguntou há quanto tempo eu voava, e respondi que tenha sido o primeiro, para a surpresa dele”, relembra Evangelista.
Na lista de inventos de Vanja ainda constam, uma câmera filmadora de 35mm; armas de fogo em forma de bengala, de isqueiro e de torneira; boneca metálica feita com sucatas de rádios e televisores e um carro com dispositivo que atirava, entre dezenas de invenções, tudo construído com material reciclado.

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UM CIENTISTA A FRENTE DO SEU TEMPO


Muitos encaram as teorias científicas de Evangelista com descrença ou até mesmo com ironia. No entanto, ele é taxativo e contundente ao defender as suas teses. “O sol não possui eletricidade. Na verdade, é silício que gera a energia das placas de capacitação solar!”, afirma o autodidata. Para comprovar a sua teoria ele usa uma das suas invenções. Ele define os críticos dos seus conceitos, inclusive cientistas que ficaram famosos ao longo da história da humanidade de “crianças”. Evangelista também é contundente ao afirmar que “o homem não chegou à lua” e define o planeta com um imã gingante. “A Terra é semelhante a um microfone e a um alto falante. Eu sou o pai do gigante imã”, declara com muita firmeza o revolucionário serra-talhadense.

O HOMEM DO CINEMA E DA TV

Evangelista é hoje um homem que desperta paixões o que levou o a ser tema de reportagens de jornais e revistas, além de ter sido temas de documentários e filmes, entre os trabalhos cinematográficos de destacam “O Som da Luz do Trovão” e O “Gigantesco Imã”, trabalhos dirigidos pelo também serra-talhadense Petrônio Lorena e Tiago Scorza – esse último o foi premiado na última edição do Cine Pe, em Recife.

Evangelista já foi atração no programa de Jô Soares, onde segundo ele, o apresentador não respondeu com clareza a sua pergunta feita em inglês. “Ele é uma criação!”, exclama o inventor ao falar do apresentador global. Recentemente Vanja foi convidado para o programa de Ana Maria Braga. No entanto, em função da sua participação no Cine PE a entrevista foi adiada. Vale ressaltar que já existem contatos para que o inventor inicie sua trajetória a nível internacional, mais precisamente no México.

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UM PERSONAGEM ESQUECIDO DA HISTÓRIA DE SERRA TALHADA


Mesmo com toda a popularidade e a repercussão em torno do nome Evangelista Ignácio, muito pouco dele se sabe em Serra Talhada. Uma contradição que mostra o descaso com o qual a memória da cidade é tratada. Nos anos 80, Evangelistas doou a Fundação Casa da Cultura parte das suas invenções para a exposição ao público. Duas décadas depois não se sabe o destino das peças raras desenvolvidas pelo ilustres inventor. Esse descaso acaba fazendo com que Vanja seja mais um anônimo, assim como tantos outros talentosos locais, que infelizmente são renegados e excluídos pelo um modelo de se fazer cultura ultrapassada e decadente. Evangelista merece se homenageado em vida, algo digno do seu trabalho e de sua postura revolucionária.

Um bom domingo a todos e até próxima história esquecida de Serra Talhada!

P. S.: Esse texto é dedicado ao grande Alejandro Garcia, que aniversário na última sexta-feira. “O ombrer”! Como é carinhosamente chamado, tem sido peça chave na realização desse trabalho pioneiro de resgatar fatos, episódios e personagens que andavam esquecidos em Serra Talhada. Vida longo ao grande Alejandro! Um argentino com alma e coração serra-talhandese!

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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 24 de maio de 2015.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Professores estaduais decidem retornar à greve

Do JC Online

Com informações da repórter Maria Regina Jardim

Segundo o Sintepe, cerca de 2500 professores estiveram no Clube Português definindo o rumo da categoria / Foto: Maria Regina Jardim / JC

Segundo o Sintepe, cerca de 2500 professores estiveram no Clube Português definindo o rumo da categoria

Foto: Maria Regina Jardim / JC

Atualizada às 15h35

Em assembleia geral no Clube Português, na área central do Recife, os professores da rede estadual de ensino decidiram retornar à greve. Ficou definido que, a partir da sexta-feira da próxima semana (29), as aulas serão suspensas em virtude do movimento. No mesmo dia, será realizada uma nova reunião em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), às 14h, para definir os rumos da nova paralisação.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), 2500 professores estiveram no local, além de alunos. O presidente do sindicato, Fernando Melo, iniciou a assembleia lendo partes do ofício que foi enviado pelo governo estadual para definir sobre a reposição dos dias perdidos. Segundo Melo, o governo propôs um reajuste salarial de 0,89% para o mês de abril e 2% a cada trimestre de 2015, totalizando cerca de 7%. O valor, de acordo com ele, é metade do que a categoria cobra atualmente (13%).

A última paralisação durou 24 dias e se encerrou no dia 5 deste mês. A principal reivindicação dos professores é o cumprimento da Lei do Piso Salarial, que garante reajuste de 13,01% a todos os profissionais da rede e não apenas aos que tem nível médio.

domingo, 17 de maio de 2015

HISTÓRIA: O ‘banco da Diva’ e as lembranças da praça Sérgio Magalhães em Serra Talhada

Por Paulo Cesar Gomes
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Praça Sérgio  Magalhães, em Serra Talhada, no início de 1940


As reformas urbanistas realizadas nas grandes e médias cidades brasileiras proporcionaram os surgimentos de novos hábitos e, em contrapartida, sepultou velhos costumes dos seus moradores. Na esteira dessa modernidade, Serra Talhada encontra-se transitando entre esses dois polos; o novo e o velho.

Foi com o olhar nessa fase de transição que eu e o incansável repórter fotográfico do FAROL, Alejandro Garcia, viajamos virtualmente até a Serra Talhada da década de 70, do século passado, para encontrar as explicações para a origem do apelido do famoso “banco da diva”. Seria a diva, uma loira sedutora? Uma prostituta? Ou seria mais uma lenda urbana?

A GESTÃO NILDO PEREIRA E A REFORMA DA PRAÇA SÉRGIO MAGALHÃES


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Banco da Diva-  Departamento de Investigação de Vidas Alheias


Foi durante a gestão do prefeito Nildo Pereira (1969/1973), que as Praças Sérgio Magalhães e Barão Pajeú sofreram as suas maiores transformações, ganhando as características existentes até os dias atuais. As duas praças – na verdade não deveria existir a divisão nominal da praça – são um dos maiores cartões postais da cidade e passagem obrigatória de quem visita a região.

O grande volume de pessoas que sempre transitam pela praça chamou a atenção de um grupo de curiosos e observadores da vida alheia, que em meados dos anos 70, estabeleceram um espaço para se debater a vida dos outros. O local escolhido foi um banco estrategicamente localizado na Praça Barão do Pajeú com vista para a Praça Sérgio Magalhães e as ruas adjacentes. Quem sobe ou quem desce as praças obrigatoriamente têm que passar pelo famoso banco, que foi batizando carinhosamente de DIVA – Departamento de Investigação de Vidas Alheias.

UMA ÉPOCA EM QUE FALAR DA VIDA ALHEIA ERA SÍMBOLO DE AMIZADE E RESPEITO

Segundo o professor João Antunes, tudo começou quando um grupo de jovens resolveu conversar diariamente até altas horas da noite. “Não se sabe quem deu o nome, mas os cadeiras cativas eram Ivo Policarpo e Aluízio (Nenê), infelizmente os dois já  faleceram”. A empresária Ana Maria de Souza Neri, mais conhecida como ‘Aninha’, relata que o banco só era frequentado por homens e que praticamente todos ganhavam apelidos.

“Era uma época de igualdade. Onde todos eram iguais. As brincadeiras eram sadias e não havia tantas maldades como nos dias de hoje”, destaca a empresária. Aninha acrescenta que “foi do banco da diva que surgiram muitas das fofocas que foram publicadas nos jornais ‘o Linguarudo’ e o ‘Tesoura’, apesar das polêmicas nunca ocorreu nenhuma briga por causa das fofocas”.

Outro profundo conhecedor dos frequentadores do banco da diva é Seu Carlos, dono de um dos bares mais tradicionais do centro cidade há mais de 25 anos. Seu Carlos relata que apesar de alguns frequentadores do banco cultivaram os hábitos dos velhos boêmios, ele nunca viu nenhuma confusão no local. “A coisa mais triste que vi foi à morte de um rapaz que foi atropelado logo que saiu do banco há mais de 10 anos”, revelou.

UMA NOVA GERAÇÃO SE MOLDA COM O OLHAR PARA O FUTURO, MAS AS PRAÇAS FICARAM NO PASSADO

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Banco ‘Everest’ ponto de encontro para troca de mensagens nas redes sociais


Ao longo das últimas décadas as Praças Sérgio Magalhães e Barão do Pajéu vêm sofrendo com o abandono e falta de conservação da sua estrutura física. A iluminação é precária e os postes e as lâmpadas são aos moldes da sua última reforma, há mais de quatro décadas. O próprio banco perdeu um pouco do seu charme em função da derrubada inconsequente do pé de azeitona que ficava ao seu lado.

Muitas jovens praticamente não conhecem nada sobre a história do banco da diva e dos seus personagens, muitos, talvez, já tenham sentado no local, mas nem imaginam que por ali já passaram médicos, advogados, engenheiros, músicos, compositores, dezenas de anônimos, que ao longo dos anos transformaram um simples banco e um espaço para diversos encontros e reencontros.

Apesar disso, é importante destacar que as novas gerações constroem as suas próprias identidades. Um dos “points” da nova geração é a calçada do BNB (Banco do Nordeste). No entanto, um outro local que mais se assemelha com o banco da diva, é popularmente conhecido como o “everest”, também é um banco da praça que fica localizado em frente a Igreja Matriz da Penha. Os frequentadores do banco da diva e everest se comunicam através de grupos do  whatsapp .

Um bom domingo a todos e até a próxima história esquecida de Serra Talhada!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, 17 de maio de 2015.

domingo, 10 de maio de 2015

OPINIÃO: Com as suas negociatas, Duque está transformando o processo eleitoral no vale tudo


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Por Paulo César Gomes, Professor e escritor 
serra-talhadense


Em recente entrevista coletiva o prefeito Luciano Duque cometeu um grave equivoco ao comparar a sua estratégia de montar um balcão de negócio dentro da prefeitura ao processo de acomodação de aliados feitos pelo governador Paulo Câmara.

Acomodar aliados que estiveram juntos no processo de uma disputa eleitoral é uma coisas, outra coisa é usar o dinheiro público para atrair adversários. O prefeito deveria explicar se isso é ético e se é moral.

Luciano Duque está transformando a disputa de 2016 em vale tudo, deixando claro a sua intenção de ir até as últimas consequências para conseguir a sua reeleição. Isso demonstra também um certo ar de desespero com a sua gestão sendo reprovada pela população.

Diante disso, cabe a oposição também marcar sua posição frente às negociatas feitas pelo prefeito, expondo a população a forma como o dinheiro público estás sendo usado. Com a palavra a oposição: Sebastião Oliveira, Carlos Evandro/Socorro Brito, Marquinhos Dantas/Tatiana Duarte e Augusto César, se de fato for oposição.

Um feliz Dia das Mães e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 10 de maio de 2015.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Opinião: Duque tornou a PMST um balcão de negócios e Sebá um líder sem liderados

Por  Gomes

paulo césar
O prefeito Luciano Duque tem transformado a prefeitura municipal em um balcão de negócios, com intuito de garantir a todo custo a sua reeleição. Isso só comprova o nível de instabilidade existente nesse governo, que ao invés de buscar trabalhar em sintonia com a população, buscar compensar as fragilidades na base do “é dando que se recebe”, um receituário recomendando pelo que existe de mais atrasado na política brasileira.

Os duquistas dirão que isso é licito. Mas será que para a população isso é ético? Ou até mesmo moral? O prefeito foi eleito para governar ou barganhar apoio político com a base no dinheiro público? Por que as verbas das secretarias são dinheiro dos cofres públicos, que estão sendo usados para atrair adversários, que até bem pouco tempo criticavam e agora se renderam “ao processo de desenvolvimento” estabelecido pelo governo do PT. Algo está errado! Não existe ética no discurso de quem antes era oposição ou do governo, que muda constantemente, igual a um camaleão, e que vive distribuindo “sorrisos” ao bel prazer do vento.

Nessa história ainda resta uma questão. Sebastião Oliveira ainda é o grande líder da oposição? Se de fato é, deve ocupar a posição que lhe é imposta pela cena política. Cabe a ele o papel de ir para o enfrentamento e assumir a condição de pré-candidato a prefeito e fazer a revanche com Luciano Duque. Esse tipo de tira teima já ocorreu em outras fases da politica serratalhadense. Quando ainda não existia a reeleição, nos anos 70 e 80, com os Pereiras (Lorena, Nildo e Hildo) versus os Ignácios (Tião e Ferdinando). E quando foi instituída a reeleição, na década de 2000, com Carlos Evandro versus Geni Pereira.

Caso Sebastião ocupe o seu posto, os seus aliados para 2018, serão obrigados a definir suas posições já para 2016. Do contrário, Sebá será um líder sem liderados, deixando um vácuo gigantesco para o agora bem sucedido “administrador” e “negociador ” Luciano Duque.

Um forte abraço a todos e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 05 de maio de 2015.

O MEU CANTO... E O MEU ENCANTO! (Homenagem aos 164 anos de Emancipação Política de Serra Talhada)

O MEU CANTO... E O MEU ENCANTO!

Este é o meu lugar!
De encantos sem fim...
Da singela beleza do seu casario.
Da exuberância imponente de sua Igreja matriz.
Da majestosa serra de incontáveis talhas.
Da teimosia geográfica do Rio Pajéu.
Da sedução genuína da sua gente.
Do saudosismo presente em cada entardecer.
Sim! Este é o meu lugar!
Esta é a minha terra!
É o meu canto...
E o meu encanto!



Por Paulo César Gomes






domingo, 3 de maio de 2015

Pesquisa: ‘Túnel da Igreja do Rosário’, em SerranTalhada, revela sofrimento dos negros na escravidão


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Por Paulo César Gomes- Fotos: Alejandro Garcia / Farol

A internet e as novas redes estão acabando literalmente com as costumes mais tradicionais em diversas regiões do planeta. No Sertão nordestino, uma das tradições mais afetadas é a popularíssima “história de trancoso”. Esse tipo de história mistura vários elementos da cultura da nossa região, que vai da crendice popular aos fatos folclóricos.

Até bem pouco tempo atrás, os “contadores de estórias” sentavam-se nas calçadas e chamavam as crianças para ouvirem os mais hilariantes contos pajeuzeiros. Um desses contos curiosos, possui mais de 100 anos e está diretamente relacionada a Igreja do Nossa Senhora Rosário e a serra que dar nome a cidade.

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Foi com base em uma “história de trancoso”, que eu e o incansável repórter fotográfico do FAROL,Alejandro Garcia, partimos em busca de desvendar o mistério que envolve a pequena e centenária Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no marco zero de Serra Talhada.

Segundo os contadores de histórias e estórias, durante a construção do templo religioso, entre os anos de 1789 e 1790, os escravos que trabalharam na obra, construíram um túnel que ligava o altar da Igreja a “caverna do morcego”, na serra talhada, o objetivos dos cativos era aproveitar a distração dos encarregados para fugirem. No entanto, ao verificar a estrutura do terreno que separa a igreja da serra, percebemos que humanamente impossível que isso de fato tenha acontecido. O mais lógico era que o túnel fosse construído em direção ao rio Pajeú.

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Infelizmente quase ninguém na cidade sabe informar a origem da fantástica história. Ainda assim, não se pode deixar que episódios como esse caíam no esquecimento, já que a identidade de uma cidade é construída com base na preservação da memória de sua gente.


Outro fato a se destacar é que a velha igrejinha, foi durante a parte final da escravidão o local onde os negros puderam praticar a sua fé, mesmo que isso tenha ocorrido de forma impositiva. Enquanto os negros tinham a igrejinha, os brancos tinham uma igreja de duas torres construída em um dos pontos mais alto da praça central da cidade.

Em um cenário de violência e de separação racial, o imaginário social pesou mais forte e transformou algo improvável, em uma lendária história que demonstra a importância da liberdade de um povo que vivia em condições sub-humanas.

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PISO SALARIAL DA ENFERMAGEM: ENFERMAGEM poderá ganhar novo direito no STF em estado; veja últimas notícias do PISO ENFERMAGEM

Do Jc Ne10 O   piso salarial da enfermagem   continua suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde a definição do ministro Luís Robert...