Por Antonio
Gasparetto Junior
( InfoEscola)
A Escola dos Annales foi
um movimento historiográfico surgido na França, durante a primeira metade do
século XX.
Desde o século XVIII, quando a História passou a ser notada como ciência, os
métodos de se escrever e pensar sobre História conquistaram grande evolução. A
historiografia passou por grandes modificações metodológicas que permitiram
maior conhecimento do cotidiano do passado, através da incorporação de novos
tipos de fontes de pesquisa. Ainda assim, no início do século XX, questionava-se
muito sobre uma historiografia baseada em instituições e nas elites, a qual dava
muita relevância a fatos e datas, de uma forma positivista, sem aprofundar
grandes análises de estrutura e conjuntura.
Em 1929, surgiu na França uma revista intitulada Annales d’Histoire
Économique et Sociale, fundada por Lucien Febvre e
Marc
Bloch. Ao longo da década de 1930, a revista se tornaria símbolo de
uma nova corrente historiográfica identificada como Escola dos
Annales. A proposta inicial do periódico era se livrar de uma visão
positivista da escrita da História que havia dominado o final do século XIX e
início do XX. Sob esta visão, a História era relatada como uma crônica de
acontecimentos, o novo modelo pretendia em substituir as visões breves
anteriores por análises de processos de longa duração com a finalidade de
permitir maior e melhor compreensão das civilizações das “mentalidades”.
O novo movimento historiográfico foi muito impactante e renovador, colocando
em questionamento a historiografia tradicional e apresentando novos e ricos
elementos para o conhecimento das sociedades. Apresentava uma História bem mais
vasta do que a que era praticada até então, apresentando todos os aspectos
possíveis da vida humana ligada à análise das estruturas.
Entre as modificações apresentadas pela Escola dos Annales,
estava a argumentação de que o tempo histórico apresenta ritmos diferentes para
os acontecimentos, os quais podem ser de simples acontecimento, conjuntural ou
estrutural. A obra de Fernand
Braudel, O Mediterrâneo, foi o grande símbolo da nova concepção apresentada.
Ao considerar a História não mais apenas como uma seqüência de acontecimentos,
outros tipos de fontes, como arqueológicas, foram adotadas para as pesquisas. Da
mesma forma, foram incorporados os domínios dos fatores econômicos, da
organização social e da psicologia das mentalidades. Com todo esse
enriquecimento, a outra grande novidade da Escola dos Annales foi a promoção da
interdisciplinaridade
que aproximou a História das demais Ciências Sociais, sobretudo, da
Sociologia.
A Escola dos Annales deixou sua marca bem notável da
historiografia desde então e continua existindo até hoje. Desde seu surgimento,
passou por quatro fases e teve grandes nomes como representantes de cada uma. A
primeira delas, a fase de fundação, é identificada por seus criadores Marc Bloch
e Lucien Febvre. A segunda fase, já em torno de 1950, é caracterizada pela
direção e marcante produção de Fernand Braudel. A partir da
terceira geração a Escola dos Annales passou a receber uma identificação mais
plural, na qual destacaram-se vários pesquisadores como Jacques Le Goff
e Pierre Nora. A quarta geração da Escola dos Annales
é referente a um período que se inicia em 1989, neste momento há um
desenvolvimento notório da História Cultural e os grandes nomes que a
representam são, por exemplo, Georges Duby e Jacques
Revel.
Fontes:
BURKE, Peter. A Escola dos Annales: 1929-1989. São Paulo: Edit.
Univ. Estadual Paulista, 1991.
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