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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OPINIÃO: O Pacto Pela Vida está na UTI porque o material humano não foi valorizado

Por Paulo César Gomes, Professor e historiador serra-talhadense

O Pacto Pela Vida foi ao longo do governo Eduardo Campos (PSB) enaltecido por diversos setores da sociedade, tanto no Brasil como no exterior. No entanto, o programa está hoje na UTI, já que não consegue dar respostas positivas frente ao aumento crescente da violência no estado. A priori o problema está na grave crise financeira que afeta o funcionamento da máquina do estado. Porém, é preciso que se diga que o programa sempre trabalhou priorizando os números, sem que o material humano fosse de fato valorizado.

É evidente que uma das grandes ações de combate a violência consiste na prática da prevenção e da repressão ao banditismo. Só que não podemos esquecer que os policias civis e militares, que são a mola mestre da estrutura funcional da segurança pública, foram ao longo da gestão Eduardo Campos extremamente desvalorizados, sem contar que as delegacias e as viaturas foram sucateadas.

Vários são os casos de policias militares, que em função da rotina estressante, sofrem com problemas depressivos, e ainda assim estão na ativa. Bem como os policiais civis que trabalham sem coletes a prova de bala e sem outros equipamentos essenciais. Esses são alguns dos diversos itens que contribuem para o declinou do Pacto Pela Vida.

Fica evidente que o problema da Segurança Pública não é apenas uma questão de números estáticos ou de cumprimento de metas, e nem tão pouco um mero jogo de marketing político.  É preciso que se invista na melhoria da máquina estatal e na valorização dos policiais, pagando bons salários e fornecendo estrutura para que eles possam desempenhar suas funções com qualidade.

Por outro lado, é necessário que políticas públicas sejam elaboradas para reprimir e inibir a origem da violência. Principalmente no que se refere aos jovens, que independentes da classe social, estão cada vez mais expostos as drogas. Se o jovem pobre usa “crack”, o jovem rico usa cocaína e “ecstasy”,  ou seja, a violência não é fruto apenas uma questão de classe social. Na prática, isso quer dizer que é preciso combater o tráfico de drogas em todas as esferas sociais.

Para combater a violência de fato, é preciso que se invista na educação, em modelo de  habitação popular menos excluídos – o modelo atual só está criando guetos -, nas práticas esportivas, na cultura e no lazer, que se dê oportunidade aos jovens e adolescentes de se mostrarem como realmente são, com suas potencialidades, personalidades, criatividade e rebeldia, fatores que são ignorados e reprimidos por governantes e a sociedade em geral, e que se fossem evidencias certamente ajudariam a ressuscitar o Pacto Pela Vida.


Um forte abraço e até a próxima!


Aproveito a oportunidade para publicamente agradecer aos amigos e amigas, familiares, colegas de trabalho, alunos e ex-alunos, que se solidarizaram comigo em face ao fato lamentável ocorrido na semana passada. Gostaria de registrar as incitavas do professor Jean Charles, de Nilson Senna e dos editores do Farol Notícias, bem como a do Secretário de Transporte Sebastião Oliveira, que mesmo diante do abismo que no separa teve uma atitude muito digna.

A todos o meu muito obrigado!

Prof. Paulo César Gomes


Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 20 de setembro de 2015.

Histórias Perdidas: Os cemitérios esquecidos e o registro da cólera em Serra Talhada


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
Sempre que se fala em cemitério um sentimento triste invade o nossos pensamentos, no entanto, para alguns historiadores os cemitérios revelam mais que isso. Segundo essa nova corrente historiográfica, os cemitérios são locais de onde se podem encontrar diversas fontes que podem ajudar a reconstruir a memória esquecida de uma cidade.
Baseando-se nessa linha de pensamento, estivemos ao lado do nobre repórter fotográfico do Farol, Alejandro García, pesquisando e fotografando a história dos cemitérios esquecidos de Serra Talhada.
O CEMITÉRIO DA CÓLERA
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No século 19, foi construido o Cemitério da Cólera neste local


Pouca gente sabe que onde hoje está localizada a empresa Tupan Construções, na Avenida Miguel Nunes de Souza, foi um cemitério. Essa história teve origem no século XIX, quando Serra Talhada foi acometida por duas epidemias de Cólera-morbo, onde morreram dezenas de pessoas. Por uma questão de higiene e precaução, em 1863, um cemitério foi providenciado para que as vítimas fossem sepultadas em covas bastante profundas. Até a década de 1960 ainda encontravam se cruzes do antigo cemitério.

O CEMITÉRIO VELHO E O ‘CURRAL DE LORENA’

Não se sabe ao certo quando erguido o primeiro cemitério da cidade, muito se fala que já existiu um onde hoje funciona a casa paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Penha. O que se tem de registro é encontrado no livro do ex-prefeito Luiz Lorena, “Serra Talhada. 250 anos de história. 150 anos de Emancipação Política.” Segundo o livro, em 1891, em função do faturamento, foi construído o antigo cemitério. “A prefeitura construiu, entre faveleiras e cardeiros, um cemitério na hoje Rua Joaquim Conrado”(LORENA, p.99).

A cidade cresceu bem rapidamente e o antigo cemitério foi cercado de casas e o seu crescimento ficou impossibilitado. Foi então que em 1957, o então prefeito Luiz Lorena, resolveu erguer a atual cemitério em uma área de 10.000m2, no bairro Bom Jesus.
Segundo o ex-prefeito, os seu adversários apelidaram o cemitério de “o curral de Lorena”.  A nova necrópole já foi ampliada por duas vezes.

O antigo campo santo foi demolido em meados dos anos de 1990, após um intenso debate na sociedade, já que várias pessoas eram contra a demolição em função do valor histórico do centenário cemitério. Existem pouquíssimos registros das construções existentes no local.

Ironicamente onde antes existiam restos mortais, hoje existe um espaço para salvar vidas, no caso especifico o Hemope. No entanto, é preciso que se diga que existiam outros locais pertencentes à União que poderiam ter sido usados para a construção do órgão. Infelizmente, como se pode ver, muitas das memórias da cidade estão se perdendo com o tempo em função da falta de preocupação das autoridades em preservá-las.

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O cemitério velho foi derrubado para dar espaço ao Hemope


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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 13 de Setembro de 2015.

HISTÓRIAS PERDIDAS: Fósseis de animais pré-históricos são encontrados em Serra Talhada


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

Os sertões nordestinos um dia já foram habitados por animais pré-históricos, entre as várias cidades nas quais foram encontrados fósseis que comprovam o fato está Serra Talhada.

No capítulo de hoje da série de reportagens “História Perdidas”, trazemos a tona os fósseis de animais pré-históricos encontrados no povoado da Fazenda São Miguel, mas precisamente na lendária Fazenda Pedreira, que pertenceu a José Saturnino, o primeiro inimigo de Lampião.

FAZENDA SÃO MIGUEL RESPIRA CULTURA E HISTÓRIA

Localizada a pouco mais de 30 km do centro de Serra Talhada, a Fazenda São Miguel tem nas suas origens a mistura entre os povos indígenas, mais precisamente os das tribos tapuias que incluem-se os tamaqueus, koripós, kariri, paru, brankararu, pipipã, tuxá, trucá, umã e atikum, e os escravos.

A comunidade é um dos mais importantes pontos da cultura e da história de Serra Talhada. Além de ser a região onde nasceu Lampião e Zé Saturnino, o povoado também é o berço do cantor e compositor Assissão e de João Paulino, um renomado maestro da música nacional.

Em São Miguel também se encontra o Museu do Trio Nordestino e o famoso Clube da Fazenda, onde se realiza um dos melhores São João do interior do estado, sendo inclusive tema de música.

Andando pela região é possível encontrar o Sitio Passagem das Pedras – local onde nasceu Lampião, as ruínas da casa de José Saturnino, as pedras onde ocorreu o primeiro confronto armado entre Lampião e Zé Saturnino, a Pedra do Sino, as Três Pedras, a Pedra do Risco e a Lagoa do Tapuio.  Esse último ponto é o foco principal da nossa reportagem.

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OS FÓSSEIS DE ANIMAIS PRÉ-HISTÓRICO ENCONTRADOS NA LAGOA DO TAPUIO


Para contarmos essa aventura contamos com a colaboração do vereador Pinheiro de São Miguel, que é neto de Zé Saturnino e profundo conhecedor das histórias que envolvem a Fazenda Pedreira, entre elas, a da Lagoa do Tapuio.

Segundo o vereador, em 1958, o seu pai Antônio Alves de Barros, também conhecido como Pinheiro, mandou escavar a lagoa já que aquele foi um ano de seca.
“Nessa escavação foram encontrados ossos muito grandes. Só um presa chegou a pesar mais de 13kg”, conta o parlamentar.

No entanto, por falta de conhecimento sobre a importância do fóssil, o pai de Pinheiro de São Miguel acabou doando boa parte dos ossos a um Padre. “Nos anos 60 apareceu um padre da ciade de Pesqueira e meu pai deu vários ossos a ele, principalmente os maiores. Anos depois, a minha irmã esteve em um museu no Rio de Janeiro e viu os ossos que haviam sido doados, só que identificados com o nome da cidade de Pesqueira”, relata o vereador.

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A lagoa já foi visitada por professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e já foi tema de matérias de emissoras de TVs, no entanto, pouco foi feito pelos órgãos competentes para preservar os restantes dos fósseis que ainda restam na localizada. “Durante a seca de 1993, outra escavação foi feita e mais ossos apareceram. Acreditamos que ainda existam mais fósseis no local”, explica Pinheiro de São Miguel. Ele tem um projeto para tornar a fazenda em uma reserva florestal.


Enquanto se aguarda o reconhecimento governamental da importância de preservação a lagoa, fósseis ainda são encontrados em grade quantidade no local. Ao que tudo indica os fósseis são do Pleistoceno (período que vai de 1,8 milhão a 11.000 anos atrás) e seriam de uma preguiça gigante (Eremotherium laurillardi), o animal fazia parte da megafauna e podia atingir quase o tamanho de um fusca.

De acordo com especialista esse tipo de fóssil é relativamente comum em cacimbas e lagoas, pois certamente os animais procuravam esses locais para beber água.
Mesmo sem se sentir uma certeza sobre a causa da morte dos animais, acreditasse que nesses pontos eles podem ter sido atacados ou morreram de causas naturais. 

Um forte abraço a todos e até a próxima!

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Vereador Pinheiro luta pela preservação do sítio histórico


Publicado no portal Farol de Noticias de Serra Talhada, em 06 de setembro de 2015.

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