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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Geografia humana

Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/

A ciência geográfica tem como principal objeto de estudo o espaço, que é organizado e modificado por meio das relações homem-natureza. Portanto, os elementos humanos e físicos estão diretamente relacionados e se interagem no processo de organização espacial.

Visando proporcionar maior praticidade para as pesquisas dos leitores, classificamos os artigos em Geografia Humana e Geografia Física. Entretanto, é importante ressaltar que essas duas vertentes não estão desvinculadas, e que essa divisão não prejudicou a análise crítica da configuração do espaço geográfico resultante das relações sociedade-meio.

Portanto, essa seção de Geografia Humana irá abordar artigos relacionados à população, distribuição populacional, composição étnica, globalização, relações econômicas, desigualdades socioeconômicas, transportes, fontes de energia, dentre outros assuntos pertinentes.

Diante da diversidade de temas que a Geografia Humana aborda, dividimos os textos em subseções. Sendo assim, os artigos estão classificados em:

- Meios de Transporte.
- Fontes de Energia.
- Acordos Internacionais.
- População.
- Países.
- Continentes.
- Migração.

Boa leitura!

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia

VIAGEM AO PASSADO: A resistência de um dos últimos casarões de Serra Talhada e o desprezo com a preservação da memória

Por Paulo César Gomes, para o Farol de Noticias



A foto em destaque é de um dos últimos casarões existentes na Rua Enock Ignácio de Oliveira. A pérola arquitetônica é um legado das primeiras décadas do século 20, quando a então ‘Rua do Cisco’ começa a ser povoada. O casarão pertenceu ao comerciante Alfredo Domingos, e posteriormente foi adquirida pelo empresário Valme Olavo, falecido em 2019.

O imóvel chama atenção pela imponência da sua fachada e pelos detalhes nos portais, janelas, colunas e portas. Outra curiosidade é a existência de um charmoso e aconchegante sótão no primeiro andar.

Casarões como esse estão cada vez mais raros em uma cidade que desfruta do sabor do desenvolvimento, mas que ainda tem dificuldades em compreender a importância de se preservar o seu casario e a sua memória, material e imaterial.

A esperança é que o debate sobre a Lei Municipal de Tombamento (LMT) comece a ganhar forma e que a partir de então, os proprietários de imóveis históricos possam entender as vantagens que o tombamento podem proporcionar a todos.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A La ursa quer dinheiro. Conheça


FONTE:https://www.penocarnaval.com.br/

A la ursa ou o Urso do carnaval  é herança européia.

Seu início foi no século XIX com os imigrantes Italianos. Entre eles, a comunidade cigana ligada a arte circense que, entre outros espetáculos apresenta ursos amestrados. Esse número populariza a imagem do urso e o insere definitivamente na cultura nordestina.

A figura central é o urso, um homem vestindo um velho macacão coberto de estopa, veludo, pelúcia ou agave com sua máscara de papel machê pintada de cores variadas, preso por uma corda na cintura. Segurado pelo domador, O urso dança e encanta para a alegria de todos  ao som de músicas carnavalescas ou até mesmo  podendo variar para o baião, forró, xote e até mesmo a polca.

Créditos: Foto: Deyse Euzébio/ Divulgação.
Créditos: Foto: Deyse Euzébio/ Divulgação.

De inicio, a brincadeira era caraterizada apenas pela presença do urso, do domador e do caçador, acompanhados de alguns músicos. Hoje, é comum ver várias crianças nas ruas durante o carnaval, batendo latas, puxando alguém fantasiado de urso e gritando "A La Ursa quer dinheiro, quem não dá é Pirangueiro"

No Recife a presença do Urso do carnaval ou a La ursa foi registrado pela primeira vez numa crônica publicada em 1948.

Os principais instrumentos da orquestra são: sanfona, triângulo, pandeiro, reco-reco, ganzá, tarol e surdo, podendo incluir cavaquinho, violão, banjo, clarinetes e trombones.

Alguns ursos que fizeram ou fazem a alegria do Carnaval de Pernambuco, O Urso Polar de Areias (fundado em 1950), o Urso Preto da Pitangueira (fundado em 1957), o Urso Texaco (fundado em 1958), o Urso Branco da Mustardinha (fundado em 1962), o Urso Popular da Boa Vista (fundado em 1964) e o Urso Minerva (fundado em 1969).

Os primeiros festejos carnavalescos em Pernambuco

Os primeiros sinais dos festejos carnavalescos em Pernambuco sugiram ainda no século XVII, quando trabalhadores das Companhias de Carregadores de Açúcar e das Companhias de Carregadores de Mercadorias se reuniam para a Festa de Reis, formando cortejos carregando caixões de madeira e improvisando cantigas em ritmo de marcha. Mas foi dois séculos mais tarde que a festa se popularizou e tomou o formato conhecido atualmente.
Marcada pela tradição, a folia de momo pernambucana preserva manifestações culturais datadas do período colonial como o Maracatu Nação, e do século XIX como o Frevo, o Maracatu Rural e os Caboclinhos.

História do Carnaval no Brasil

Carnaval foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses entre os séculos XVI e XVII, manifestando-se inicialmente por meio do entrudo, uma brincadeira popular. Com o passar do tempo, o Carnaval foi adquirindo outras formas de se manifestar, como o baile de máscaras. O surgimento das sociedades carnavalescas contribuiu para a popularização da festa entre as camadas pobres.
A partir do século XX, a popularização da festa contribuiu para o surgimento do samba, estilo musical muito influenciado pela cultura africana, e do desfile das escolas de samba, evento que acabou sendo oficializado com apoio governamental. Nesse período, o Carnaval assumiu a sua posição de maior festa popular do Brasil.

Entrudo

O Carnaval chegou ao Brasil por meio da prática do entrudo, uma brincadeira muito popular em Portugal. Essa prática estabeleceu-se no Brasil, na passagem do século XVI para o XVII, e foi muito popular até o século XIX, desaparecendo do país em meados do século XX, por meio da repressão que se estabeleceu contra essa brincadeira.
Quadro do século XIX representando a realização do entrudo no Rio de Janeiro.[1]
Quadro do século XIX representando a realização do entrudo no Rio de Janeiro.
O entrudo poderia ser realizado de diversas maneiras, como manifestações de zombarias públicas. A forma mais conhecida era o jogo das molhadelas, realizado alguns dias antes da Quaresma e que consistia em uma brincadeira de molhar ou sujar as pessoas que passavam pela rua. Poderia ser realizado publicamente, mas também poderia ser realizado de maneira privada.
No jogo das molhadelas, produziam-se recipientes que eram preenchidos de determinado líquido. Esse líquido poderia ser aromatizado, mas também poderia ser malcheiroso e, neste caso, o recipiente era preenchido com água suja de farinha ou café, por exemplo, e até mesmo urina.
No âmbito público, o entrudo era usado como uma ferramenta de zombaria, pois as pessoas voltavam-se contra quem cruzava as ruas das vilas ou cidades. Como era uma prática muito popular, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, essa brincadeira era vista como uma oportunidade de renda extra para algumas famílias.
Essas famílias dedicavam-se à produção dos recipientes, que eram preenchidos com qualquer tipo de líquido, para vendê-los em seguida. A brincadeira era tão popular que até mesmo a família real brasileira foi adepta do entrudo. Mesmo sendo popular, o entrudo não agradava à grande parte das elites do Brasil, tanto que, ao longo da nossa história, diversos decretos contra o entrudo foram baixados.
No século XIX, houve uma intensa campanha contra o entrudo. Como resultado da passagem da monarquia para a república, da atuação mais consistente do Estado em ações de gentrificação (expulsão das camadas populares dos centros das cidades) e da repressão a manifestações populares, a prática perdeu forças no começo do século XX.
A imprensa foi uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento da campanha contra o entrudo no Brasil. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas, principalmente, as polcas.
A elite do Rio de Janeiro criaria ainda as sociedades, cuja primeira foi o Congresso das Sumidades Carnavalescas, para desfilar nas ruas da cidade. Enquanto o entrudo era reprimido, a alta sociedade imperial tentava tomar as ruas.

Cordões, ranchos e marchinhas

Mesmo diante dos obstáculos, as camadas populares não desistiram de suas práticas carnavalescas. No final do século XIX, buscando adaptarem-se às tentativas de disciplinamento policial, foram criados os cordões e ranchos. Os primeiros incluíam a utilização da estética das procissões religiosas com manifestações populares, como a capoeira e os zé-pereiras, tocadores de grandes bumbos. Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas pessoas de origem rural.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, destacando-se a figura de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música “Ô abre alas”. O samba somente surgiu por volta da década de 1910, com a música “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se, ao longo do tempo, o legítimo representante musical do Carnaval.

Afoxés, frevo e corsos

O afoxé é um ritmo musical criado a partir de elementos da cultura africana e que faz parte do Carnaval brasileiro.[2]
O afoxé é um ritmo musical criado a partir de elementos da cultura africana e que faz parte do Carnaval brasileiro.
Na Bahia, os primeiros afoxés (ritmo musical) surgiram na virada do século XIX para o XX com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os primeiros afoxés foram o “Embaixada da África” e os “Pândegos da África”. Por volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.
Ao longo do século XX, o Carnaval popularizou-se ainda mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre a classe dominante como entre as classes populares. Por volta da década de 1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis da elite carioca desfilando pela Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Tal prática durou até por volta da década de 1930.

Escolas de samba e trio elétrico

Entre as classes populares, surgiram as escolas de samba, na década de 1920. Considera-se que a primeira escola de samba teria sido a “Deixa Falar”, fundada em 1928, que daria origem à escola Estácio de Sá. Outra escola de samba pioneira foi a “Vai como Pode”, que atualmente é conhecida como Portela. As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos, e a primeira disputa entre elas ocorreu no Rio de Janeiro, em 1932.
As marchinhas conviveram em notoriedade com o samba a partir da década de 1930. Uma das mais famosas marchinhas foi “Os cabelos da mulata”, de Lamartine Babo e os Irmãos Valença. Essa década ficou conhecida como a era das marchinhas. Os desfiles das escolas de samba ganharam amplitude e foram obrigados a se enquadrar nas diretrizes do autoritarismo da Era Vargas. Os alvarás de funcionamento das escolas apareceram nessa década.
Em 1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e Osmar utilizarem um antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos musicais por eles tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas ruas da cidade. Eles fizeram um enorme sucesso. Todavia, o nome “trio elétrico” somente foi utilizado um ano depois, quando Temistócles Aragão foi convidado pelos dois.
trio elétrico conheceria transformação em 1979, quando Morais Moreira adicionou o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso foi dado aos trios elétricos, que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.

O Sambódromo e os desfiles

O Sambódromo, fundado em 1984, é o local no qual se realizam os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.[3]
O Sambódromo, fundado em 1984, é o local no qual se realizam os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.[3]
As escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro passou a colocar arquibancadas na Avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para ver o desfile. Em São Paulo, também houve o desenvolvimento do desfile de escolas de samba a partir desse período.
Em 1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a edificação passou a ser um dos principais símbolos do Carnaval brasileiro. O Sambódromo sedia os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
O Carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.
Atualmente, as maiores campeãs dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro são a Portela (22 títulos) e a Mangueira (20 títulos). Já na cidade de São Paulo, as maiores campeãs são a Vai-Vai (15 títulos) e a Nenê de Vila Matilde (11 títulos).

Por Daniel Neves e Tales dos Santos Pinto
Professores de História
SILVA, Daniel Neves. "História do Carnaval no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/carnaval/historia-do-carnaval-no-brasil.htm. Acesso em 15 de fevereiro de 2020.


sábado, 15 de fevereiro de 2020

Chicago Boys

Chicago Boys (Garotos de Chicago), foi o nome dado a um grupo de aproximadamente 25 jovens economistas chilenos que formularam a política econômica da sangrenta Ditadura do general Augusto Pinochet. Foram os pioneiros do pensamento Liberal, antecipando no Chile em quase uma década medidas que só mais tarde seriam adotadas por Margaret Thatcher no Reino Unido.
A maioria destes economistas receberam sua instrução econômica básica na escola de economia da Pontifícia Universidade Católica do Chile, e foram mais tarde estudantes de pós-graduação na Universidade de Chicago. Foram os responsáveis pelo "Milagre do Chile", denominação dada pelo economista norte-americano Milton Friedman (The Miracle of Chile).

Os principais Chicago Boys que atuaram no Chile durante o a Ditadura de Pinochet foram:
  • Jorge Cauas (Ministro das Finanças, 1975 - 1977)
  • Sergio de Castro (Ministro das Finanças, 1977 - 1982)
  • Pablo Baraona (Ministro da Economia, 1976 - 1979)
  • José Piñera (Ministro do Trabalho e Aposentadorias, 1978-1980, Ministro das Minas, 1980-1981)
  • Hernán Büchi (Ministro das Finanças 1985 - 1989) (embora tenha realizado seu Ph.D. na Columbia University).
  • Alvaro Bardón (Ministro da Economia, 1982-1983)
  • Juan Carlos Méndez (Diretor do Orçamento, 1975-1981)
  • Emilio Sanfuentes (Conselheiro Econômico do Banco Central)
  • Sergio de la Cuadra (Ministro das Finanças, 1982-1983)
  • Miguel Kast (Ministro do Planejamento, 1978-1980)
  • Martín Costabal (Diretor de Orçamento, 1987-1989)
  • Juan Ariztía Matte (Superintendente do Sistema de Previdência Privada 1980-1990)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Conto: Memórias De Um Dia Especial, de Paulo César Gomes

Arthur Schopenhauer

Por Felipe Araújo (https://www.infoescola.com/)


Schopenhauer viveu de 1788 a 1860. Nascido em Danzig, Prússia, lecionou de 1820 a 1831, ano em que abandonou as salas de aula. Escreveu sua obra prima aos 30 anos, “O Mundo como Vontade e Representação”, mas não obteve sucesso na maior parte de sua vida. Mudou para Frankfurt, onde ficou até sua morte. Só obteve reconhecimento em seus últimos dias, o livro “Parerga e Paralipomena”, uma compilação de aforismos escritos de maneira cativante e popular, foi publicado.
Arthur Schopenhauer. Pintura de Jules Lunteschütz, 1855.
Arthur Schopenhauer. Pintura de Jules Lunteschütz, 1855.
Com sua personalidade forte e palavras amargas sobre o filósofo Hegel, ganhou antipatia no mundo acadêmico. Schopenhauer chegou a dizer que Hegel era um “charlatão de mente obtusa, banal, nauseabundo, iletrado (...)”. Outro motivo que provavelmente foi crucial para seu insucesso foi a audácia de abrir sua filosofia aos pensamentos orientais. Schopenhauer foi o primeiro pensador ocidental a fazer isto, agregou ensinamentos do Budismo e do Hinduísmo em seus estudos.
Schopenhauer falava da relação entre sonhos e realidade. Para ele, seria impossível distinguir as duas condições. A vida seria um sonho muito longo, interrompido durante a noite por outros sonhos curtos. “Nós temos sonhos; não é talvez toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério seguro para distinguir sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?”, afirma Schopenhauer.
Em suas palavras: “São dessa natureza os esforços e os desejos humanos que nos fazem vibrar diante da sua realização como se fossem o fim último da nossa vontade; mas depois de satisfeitos mudam de fisionomia”.
Outro tema polêmico levantado por Schopenhauer é o sexo. Em suas obras, deixa claro que o amor é apenas um truque da natureza na tentativa de preservar a espécie humana. Sendo este mundo um vale de lágrimas, a natureza ligou o orgasmo ao acasalamento, assim, no ato sexual, consegue abstrair a culpa do ser humano quando este faz nascer um novo espécime.
“(...) todo enamoramento, depois do gozo finalmente alcançado, experimenta uma estranha desilusão e se surpreende de que aquilo que tão ardentemente desejou não ofereça nada mais do que qualquer outra satisfação sexual (...)”.
Sua obra ainda observa outros pontos como a negação da vontade de viver, que só seria conseguida com a nolontade (não-vontade). Ele indica, como fonte para chegarmos ao estado sublime de felicidade (Nirvana), a fuga da realidade com silêncio, jejum, castidade e uma renúncia sistemática de tudo que é real.
Sua obra influenciou Freud e Nietzche, que o alcunhou o “cavaleiro solitário”. Schopenhauer morreu aos 72 anos vítima de uma pneumonia.
Apenas para definir melhor a figura de cavaleiro solitário de Schopenhauer, segue abaixo um texto que comprova sua acidez, um excerto que consegue, ao mesmo tempo, nos fazer refletir e querer esquecer tudo que acabamos de ler.
“A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem ordenada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada”.

*Cognoscitivo = referente ao conhecimento e ao aprendizado.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer
Nicola, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: Das origens à idade moderna. São Paulo: Editora Globo, 2005.
Schopenhauer, Arthur. A Arte de Escrever. São Paulo: Editora L&PM, 2009.
Dicionário Michaelis

Friedrich Nietzsche

FRIEDRICH NIETZSCHE

Por meio da Genealogia da Moral, Nietzsche acreditava ser preciso investigar a origem dos valores, em vez de simplesmente aceitá-los


Friedrich Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844, em Rökken (Prússia, atual Alemanha).  Criado em uma família de clérigos luteranos, Nietzsche foi preparado para ser pastor. Aos 18 anos, perdeu a fé em Deus e passou por um período libertino, quando contraiu sífilis. Nietzsche tornou-se professor de filosofia e poesia gregas com apenas 24 anos, na Universidade de Basileia, em 1869. Abandonou a universidade em 1879. Sofrendo de intensas dores de cabeça e de uma crescente deterioração da vista, levou uma vida solitária, vagando entre a Itália, os Alpes suíços e a Riviera Francesa – ele atribui à doença o poder de lhe conferir uma clarividência e lucidez superiores. Em janeiro de 1889, ao ver um cocheiro chicoteando um cavalo, abraçou o pescoço do animal para protegê-lo e caiu no chão. Havia enlouquecido? Muitos amigos que visitavam Nietzsche na clínica psiquiátrica duvidavam de sua doença e alguns de seus biógrafos afirmam que, longe de loucura, ele atingiu uma enorme sanidade. O filósofo morreu em 1900.
“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”
A FILOSOFIA DE NIETZSCHE
Retrato de Friedrich Nietzsche
Retrato de Friedrich Nietzsche (Reprodução/Reprodução)
Para Nietzsche, a filosofia, representada por Sócrates (o “homem de uma visão só”), instaura o predomínio da razão, da racionalidade argumentativa, da lógica, do conhecimento científico e do “espírito apolíneo” – derivado de Apolo, deus da ordem e do equilíbrio. Assim, perde-se a proximidade da natureza e de suas forças vitais, da alegria, do excesso e do “espírito dionisíaco” – derivado de Dionísio, o deus do vinho e das festas. A história da filosofia é, portanto, a história do triunfo da razão contra a “afirmação da vida”. Seria preciso, assim, resgatar o elemento dionisíaco da vida.
Entretanto, não foram apenas os filósofos que contribuíram para a decadência do homem e da cultura ocidental. Para Nietzsche, o cristianismo também teve o seu papel. Isso porque os cristãos defendem uma “moral dos escravos” ou do “rebanho” contra uma “moral dos senhores” ou dos “espíritos livres”. A “moral dos escravos” nega a vontade e o desejo, enquanto a “moral dos senhores” se relaciona com aqueles que afirmam a vida. Importante notar que o termo escravo deve ser entendido aqui não no sentido social, mas psicológico.
Devido à força do número, a mediocridade do rebanho venceu. A moral cristã é hostil à vida, uma forma de os fracos deterem os fortes. Os cristãos condenam os belos, os fortes e os poderosos a um inferno fictício, enquanto legaram aos escravos o céu. O cristianismo sufoca nosso impulso criativo, insaciável. Contra aquilo que pregam os cristãos e filósofos, é preciso ser fiel à vida: “Permanecei fiéis à Terra e não acrediteis nos que vos falam de esperanças supraterrestres! Envenenadores são eles”. Nietzsche propunha uma transvaloração de todos dos valores: por meio de seu método genealógico (A Genealogia da Moral), é preciso investigar a origem dos valores, em vez de simplesmente aceitá-los.
Ao falar da “morte de Deus”, Nietzsche, ao contrário do que se pensa, não se colocava como um “anticristo” no sentido evangélico do termo, mas como alguém que queria a morte das “muletas metafísicas”, ou seja, dos “apoios” fora da vida, de viver baseado num mundo que não existe. Como assim? Para acalmarem a angústia da própria existência, os homens ocidentais sempre procuram inventar em sua vida uma finalidade (um sentido, um motivo, uma razão para sua existência e para os acontecimentos da vida), uma unidade (o conhecimento científico, garantindo que podemos entender o universo) e uma verdade (uma moral, uma razão filosófica). Para Nietzsche, esses três conceitos são ilusões, ídolos.
Assim, o filósofo alemão derrubava os três pilares da cultura ocidental. Para Nietzsche, os principais temas abordados por todos os filósofos até o século XIX, como Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Ciência, Produção, Beleza, Ordem, Justiça, Estado, Revolução, Família, Demonstração, Lógica, seriam construções, valores morais ocidentais, que domesticavam o homem e anulavam sua criatividade. Os valores do mundo estão, portanto, baseados em nada – a cultura que não supera isso é uma cultura niilista.
Niilismo é a inversão dos valores vitais pelo cristianismo, que transforma em afirmação de poder o sofrimento e a lassidão de uma vida diminuída. O niilismo, assim, é a doença dos tempos modernos, a vida depreciando a vida. Paradoxalmente, niilismo é também a denúncia desses valores. Em O Crepúsculo dos Ídolos, Nietzsche declara guerra a esses falsos deuses que criamos: o Estado, as instituições, as ilusões da filosofia, a verdade.
Apenas os espíritos mais refinados têm asco a essas normas, negando Deus, a ciência, a verdade. Superando essa cultura do medo e do ressentimento, nos tornamos o super-homem ou além-homem. Zaratustra – protagonista do livro Assim Falou Zaratustra – é o além do homem (Übermensch), pois ele viu muitas coisas, sofreu muito, amou, odiou, foi guerreiro, experimentou a morte, comemorou a vida.  Em seu caminho cheio de pedras, ele superou a si mesmo. Zaratustra é o homem superior, cujo querer emancipado de todo ressentimento, de toda culpa, de toda negação, assume plenamente o sentido da vida em todas as suas formas e a justifica inclusive no que ela tem de mais ambíguo e de mais assustador. Livre de espírito e de coração, sua felicidade está em vencer a si mesmo. O super-homem não se pergunta “qual é a verdade?”, e sim: “qual é o valor da verdade para a vida?” ou “o que é que o verdadeiro quer de nós?”.
PRINCIPAIS OBRAS
Humano, Demasiado Humano (1876-1880); Assim Falou Zaratustra (1883); A Genealogia da Moral (1887); Além do Bem e do Mal (1889); O Crepúsculo dos Ídolos (1889)
FRASE-SÍNTESE
“O que quer que não pertença à vida é uma ameaça para ela.”

Escola de Frankfurt


Escola de Frankfurt foi uma escola de pensamento filosófico e sociológico, filiada ao Instituto de Pesquisa Social, que nasceu como um projeto de intelectuais vinculados à Universidade de Frankfurt.
A Teoria Crítica foi o elo conceitual que uniu os intelectuais da Escola de Frankfurt, criando uma nova interpretação do marxismo, da sociologia e da política no início do século XX. Participaram da Escola de Frankfurt intelectuais como Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin e Jürgen Habermas.

Contexto histórico do surgimento da Escola de Frankfurt

ascensão da União Soviética como potência socialista começou no século XX. O marxismo era fortemente debatido na Europa, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial. Alguns intelectuais defendiam a aplicação de um marxismo puro nos governos; outros, de ideias marxistas propostas por reformas de base, mas sem extinguir o capitalismo; outros, ainda, eram totalmente contrários ao socialismo, comunismo ou qualquer ideia de inspiração marxista.
Max Horkheimer (à esquerda) e Theodor Adorno (à direita) são dois dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. [1]
Max Horkheimer (à esquerda) e Theodor Adorno (à direita) são dois dos principais pensadores da Escola de Frankfurt. [1]
Também existiam aqueles que defendiam uma nova interpretação das ideias de Marx, mais adaptadas à realidade do século XX. Estes últimos contemplam os intelectuais da Escola de Frankfurt, que, com base em uma Teoria Crítica da sociedade, reuniam elementos marxistas com uma crítica a diversos aspectos do cotidiano social europeu do século XX, mais tarde criticando sobretudo o nazifascismo da Alemanha de Hitler e o fascismo da Itália de Mussolini.
A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica surgiram após a Primeira Semana de Trabalho Marxista, um evento organizado por Félix Weil. A intenção do evento era buscar uma nova interpretação do marxismo, mais pura e fiel às ideias de Marx e com possibilidade de aplicação no cenário do século XX. Como resultado dessa semana, foi criado o Instituto de Pesquisa Social, que obteve o patrocínio de Herman Weil, pai de Félix Weil e um milionário alemão que ganhou muito dinheiro com o plantio de cereais na Argentina.
Instituto de Pesquisa Social obteve uma parceria com o governo alemão, foi vinculado à Universidade de Frankfurt e foi dirigido por Kurt Albert Gerlach após a sua criação por um decreto oficial do ministério da educação alemão, em 1923. No mesmo ano, o diretor do instituto morreu e o cargo foi ocupado, entre 1923 a 1930, por Karl Grümberg.
Em 1930 foi criado um escritório do Instituto de Pesquisa Social em Genebra, e, em 1933, a França passa a abrigar uma filial do instituto. Em 1933, o governo nazista fechou o Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, que passa a funcionar com a sede em Genebra. O nome Escola de Frankfurt para o Instituto de Pesquisa Social somente foi aderido na década de 1950.
Os teóricos mais famosos da Escola de Frankfurt, para além do marxismo, falaram sobre cultura, sobre totalitarismo e sobre política em geral. A filosofia foi o principal viés teórico usado por eles para procurarem soluções para os conflitos de origem política e social.

Indústria Cultural

conceito de Indústria Cultural foi um dos mais importantes produzidos pelos teóricos da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno e Max Horkheimer. Segundo os pensadores, há um fenômeno cultural mundial em curso desde o início do século XX — o capitalismo industrial, que entrou em curso com a Revolução Industrial, necessitava de uma força de propaganda ideológica para ser assimilado pelas pessoas.
Para que as indústrias produzam muito, é necessário que se venda muito. Para vender-se muito, as pessoas precisam comprar muito. A ideologia do consumismo (excesso de consumo sem necessidade) é veiculada por formas de arte também produzidas em escala industrial.
Para Walter Benjamin, a reprodutibilidade técnica é o meio pelo qual a produção de arte em escala industrial é possível; é a capacidade de reprodução em massa de uma música, que pode ser gravada e reproduzida infinitas vezes, ou de uma imagem, que pode ser captada por fotografia ou filmagem e também reproduzida. Para Benjamin, esse fenômeno retira da arte a sua autenticidade, que ele chamou de “aura”.
Para Adorno e Horkheimer, o capitalismo não só utilizou a Indústria Cultural para criar um movimento de consumismo, como utilizou a própria arte como forma de produto para ser consumido. Dessa maneira, o cinema, a música e até as artes plásticas passaram a ter uma produção baseada em uma fórmula que agrada aos espectadores pela facilidade de assimilar-se o conteúdo da obra. O espectador médio da indústria cultural é alguém que não pretende encontrar na obra de arte nada além do entretenimento, caindo numa massificação absoluta dos produtos culturais.
A cultura de massa, aquela produzida pela Indústria Cultural, segue a seguinte fórmula: pega elementos da cultura erudita (segundo Adorno, essa é a cultura autêntica e bem elaborada), junta aos elementos da cultura popular (produzida originariamente por um povo) e lança sobre a junção elementos que agradem ao público. O resultado é a obra de arte produzida em escala industrial.
Vale ressaltar que cultura de massa difere-se de cultura popular, pois, enquanto esta é autêntica, aquela é uma degeneração capitalista da arte.

Filósofos e sociólogos

Os principais pensadores da Escola de Frankfurt são:
  • Theodor Adorno: pensador alemão que se dedicou a entender a problemática moral e social do século XX frente ao capitalismo. Por ser judeu e comunista, foi perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.
  • Max Horkheimer: foi um dos diretores do Instituto de Pesquisa Social. O filósofo e sociólogo foi responsável, junto a Adorno, por elaborar o conceito de Indústria Cultural, no livro Dialética do esclarecimento. Também foi perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.
  • Herbert Marcuse: um dos mais polêmicos pensadores da Escola de Frankfurt, dedicou-se a entender a relação entre sexualidade e capitalismo, além de estudar as problemáticas envolvendo raça e exclusão social. Seus estudos englobavam o marxismo e a psicanálise freudiana. Foi perseguido pelos nazistas pela origem judaica e pela vertente socialista. Marcuse refugiou-se nos Estados Unidos, onde lecionou na Universidade da Califórnia até 1969.
Herbert Marcuse, um dos pensadores da Primeira Geração da Escola de Frankfurt.[2]
Herbert Marcuse, um dos pensadores da Primeira Geração da Escola de Frankfurt.[2]
  • Walter Benjamin: apesar de não ter vínculo direto com o Instituto de Pesquisa Social e de morrer antes da sua reformulação como Escola de Frankfurt nos anos de 1950, Benjamin colaborou com textos para a Revista do Instituto de Pesquisa Social vinculada à Universidade de Frankfurt. Dedicou-se à crítica literária e da arte em geral.
  • Erich Fromm: também influenciado pelo marxismo e pela psicanálise freudiana, une elementos psicanalíticos para estabelecer o papel do ser humano na sociedade como fator de mudança social. Ele analisou fatores da formação da pessoa, como a família e as relações sociais, numa vertente crítica do marxismo.
  • Jürgen Habermas: é o mais influente dos pensadores da segunda geração da Escola de Frankfurt (estudou nela após a reformulação do instituto na década de 1950). Ele ainda está vivo e dedica-se a entender a ética e a política em meio às extensas possibilidades do discurso na atualidade. Para Habermas, as pessoas devem buscar o consenso democrático com base em um discurso que contemple a todos os cidadãos.

Livros

  • A dialética do esclarecimento – Theodor Adorno e Max Horkheimer
  • Minima moralia – Theodor Adorno
  • Indústria Cultural e sociedade – Theodor Adorno
  • Eclipse da razão – Max Horkheimer
  • Análise do homem – Erich Fromm
  • Conceito marxista do homem – Erich Fromm
  • Conceito de crítica de arte no romantismo alemão – Walter Benjamin
  • A origem do drama barroco alemão – Walter Benjamin
  • Eros e civilização – Herbert Marcuse
  • A ideologia da sociedade industrial – Herbert Marcuse
  • Teoria da ação comunicativa – Jürgen Habermas
  • O discurso filosófico da modernidade – Jürgen Habermas

Por M.e Francisco Porfírio
Professor de Filosofia
PORFíRIO, Francisco. "Escola de Frankfurt"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-escola-frankfurt.htm. Acesso em 14 de fevereiro de 2020.

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