*Paulo César é professor especialista em História Geral
O comentário mais ouvido em Serra Talhada nos últimos dias é o de que a
eleição municipal será decidida na base do dinheiro. Por se tratar apenas de
boatos não podemos e não devemos levar esse tipo de comentário a sério, porém, é
importante que a Justiça Eleitoral e Ministério Público fiquem atentos a
qualquer movimento suspeito que seja feito no sentido de aliciar ou induzir o
eleitor antes e na hora da votação. Pois, alguns episódios reprováveis ainda
estão vivos na nossa memória.
O principal deles ocorreu em 1996, quando foi
distribuído livremente um “kit de boca urna” que contava com uma camisa azul e
um pão recheado com vinte reais. Tudo isso aconteceu nas dependências de uma
revenda de automóveis que na época pertencia ao grupo empresarial de um
importante político serra-talhadense. Mesmo sendo informado do que se passava, o
Juiz responsável pela fiscalização do processo eleitoral, o já falecido Clóvis
Silva Mendes, não moveu uma palha para coibir a distribuição do “kit de boca de
urna”. O resultado foi uma eleição decidida por uma diferença de 600 votos, mas
o pior foi ver a cidade abandonada durante longos e tenebrosos quatro anos. Como
diria o escritor Crispiniano Neto, “era um tempo maldito e deletério”.
Em 1998, a Promotora de Justiça Dra. Áurea, uma pequena mulher na estatura,
mas gigante na coragem, informada de que os “kits” estavam sendo novamente
distribuído, não se omitiu do seu dever legal e foi até o local onde “o kit”
estava sendo distribuído e acabou com a festa, e ainda encaminhou algumas
pessoas até o fórum local para prestarem esclarecimentos. Esse episódio foi
bruscamente, pois, pessoas influentes na política brasileira estavam
diretamente
ligadas ao fato, o que impediu que órgãos da mídia nacional
divulgassem detalhes da ação da Promotora. Como prêmio pela atitude corajosa, a
Dra. Áurea foi transferida para o Ministério Público de outra cidade.
Nas eleições municipais de 2000, movido pela expectativa de uma derrota
humilhante, o grupo político que mais se acostumou a usar as práticas
“apelativas” voltou a atacar. Dessa vez até motel foi usado como local para a
distribuição de “kits”. Mas para o bem da democracia, venceu a legalidade e a
justiça. Para nós eleitores, só restar torcer para que o futuro da cidade não
seja decidido com “o recheio do pão”, pois nossa cidade precisar ser governada
por pessoas honestas e de caráter.
Para isso precisamos ficar atentos e denunciar qualquer atitude ilícita, como
a distribuição de feiras, material de construção, e principalmente de dinheiro.
Afinal de contas, os R$ 50,00 ou R$ 100,00 de hoje, podem virar quatro anos de
atraso para a cidade e para a sua vida! Pense nisso antes de aceitar qualquer
tipo de proposta que busque mudar o seu voto.
Publicado no site Farol de Notícias de Serra Talhada, em 03 de setembro de 2012.
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