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domingo, 5 de julho de 2015

Parque de Esculturas: Em Serra Talhada, obras de arte estão sob o signo do descaso e abandono


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

O conceito de arte vai muito além de uma formação linguística, até porque muitas das vezes podemos estar construindo um mero paradoxo. Na verdade, arte adentra pela alma embriagando todos os nossos sentidos. Nos contagiando e seduzindo. Por isso, não temos como defina-la com precisão, ou até mesmo, estabelecer uma valor para o trabalho de um artista. No entanto, muitos trabalhos não recebem a atenção que merecem e acabam sendo ignorados pela sociedade e pelos poderes públicos.

Foi com o foco voltado para o resgate da arte que mais uma vez, na companhia do incansável Alejandro García, repórter fotográfico do Farol, registramos mais um capitulo das “Histórias Perdidas” de Serra Talhada. Dessa vez o nosso trabalho de pesquisa se concentrou na antiga Estação Ferroviária, mais precisamente no Parque das Esculturas de Ferro.

O FERRO COMO ELEMENTO PRINCIPAL DA ARTE

O Parque das Esculturas de Ferro foi idealizado pelo falecido escultor e poeta Ronaldo Aureliano, que era funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e no início anos 80 trabalhou em Serra Talhada. As obras de Aureliano resultam do aproveitamento de pedaço de trilhos e outro objetos que não eram aproveitados na ferrovia. Algumas peças chegam a ter mais de 2 metros de altura, o que nos leva crê que elas demoraram bastante tempo para serem construídas. Ronaldo também deixou trabalhos artísticos na estação de Viçosa – AL, cidade onde viveu até a sua morte.

O trabalho com caraterísticas abstratas e formas humanas seguem as tendências modernistas e surrealistas que dominaram arte em praticamente todo século XX. Ao mesmo tempo em que a ferrovias entrava em decadência, Ronaldo conseguiu transformá-la em vitrine cultural para a cidade, já que na época o I FECUST (Festival de Cultura de Serra Talhada) foi realizado no local, e o então vereador Louro Eliodoro, apresentou o primeiro projeto para erguer na estação a estátua de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.

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ARTE ESQUECIDA EM MEIO AOS GALHOS DE ÁRVORES E ABANDONO


Na última década a antiga estação ferroviária se tornou um dos grandes focos da cultura serra-talhadense. Apesar disso, as obras de Ronaldo Aureliano vivem esquecidas em meio a galhos de árvores e expostas a depredação. Algumas peças já foram mutiladas e outras estão sendo dominadas pela ferrugem.

Não existe nenhuma referência nas peças, sobre título ou data, nem mesmo encontra-se citação sobre o autor. É lamentável que isso ocorra, já que a preservação da memória de um povo, da sua arte, também faz parte da cultura. Será que daqui a cem anos as pessoas saberão quem foi o artista que elaborou aquelas peças? Será que existirá daqui a cem anos algum resquício de que na estação já existiu um parque de esculturas?

UM ARTISTA QUE PERDEU A VIDA APÓS UM GESTO DE HEROÍSMO

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Ronaldo Aureliano


Ronaldo Aureliano da Silva foi poeta, escultor, professor, ator e escritor de teatro. Era membro da Academia Serra-talhadense de Letras. Como poeta é co-autor da obra “Faces de um Novo Sol” e autor da obra “Raça Viva”, com a qual venceu um concurso estadual em Alagoas, onde teve a obra publicada e divulgada em todas as escolas daquele estado. A mesma obra foi publicada na França e na Inglaterra a pedido das suas embaixadas aqui no Brasil.

Ronaldo Aureliano, faleceu aos 52 anos, em 25 de setembro de 2008, após salvar dois jovens do afogamento e tentar salvar um terceiro, o estudante Antonio Carlos Nunes Guimarães, de 15 anos. Aureliano era secretário-adjunto de Cultura da Prefeitura de Viçosa, a 82 quilômetros de Maceió. Ele havia sido convidado a acompanhar um grupo de 30 alunos da Escola Municipal Zumbi dos Palmares, da capital alagoana, em uma aula de campo, por conhecer a cachoeira.

Segundo a professora responsável pelo grupo de alunos, quando chegou ao local, Aureliano pediu aos estudantes que não entrassem na cachoeira, pois era muito perigoso nadar ali. Mesmo assim, três jovens desobedeceram à recomendação e pularam na água.
Como não sabiam nadar direito, começaram a se afogar. Foi então que o artista plástico pulou na água para salvar os garotos, conseguindo resgatar dois. No entanto, ao tentar salvar Antonio Carlos, Aureliano não conseguiu vencer a força da correnteza e acabou se afogando com o jovem.

Ronaldo é o pai da talentosa atriz e cantora Roberta Aureliano. A jovem vem encantando o público com suas atuações como a Maria Bonita, da peça “O Massacre de Angico”.

Um forte abraço e até a próxima!

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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 05 de julho de 2015.

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