Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

Benona Nunes de Oliveira, ou simplesmente Dona Benona, é uma senhora de 97 anos, que apesar da idade ainda conserva em sua memória ótimas histórias da cidade e da família. “Eu moro nesse casarão desde os seis anos de idade”, relata a ex-professora e ex-diretora escolar, mostrando a reportagem do Farol as grandes dimensões da sua residência, que fica localizada no centro da cidade.

Apesar de não ter casado ela cuidou durante muitos anos dos sobrinhos Fernando, Graça e Elza.

Dona Benona é a última filha viva de Sebastião Ignácio de Oliveira (comerciante), e de Dona Pereira Nunes. O casal teve 20 filhos, sendo que a maioria era homens. “Meu pai era descendente de portugueses, era considerado como sendo um dos homens mais ricos da cidade, ele tinha terras em Santa Rita e depois fez essa casa aqui”, nos conta a baluarte das famílias Ignácio/Oliveira.

Dona Benona se declara como um mulher feliz e muito temente a Deus, a única coisa que a tira do sério é o fato de não poder ficar mais a noite na porta de casa, um hábito que conserva há décadas.

“Esse beco é perigoso… Não se pode mais sentar aí fora. É cheio de drogados!”, desabafa. Em meio ao bate papo descontraído Dona Benona nos contou várias histórias que o levou a embarcar num ‘túnel do tempo’. Confira agora um resumo dessas histórias.

A Serra Talhada do século passado
“Todo mundo era amigo. As donas de casa sentavam à noite na porta de casa para conversar e as crianças ficavam correndo… Daqui para Igreja (Matriz de Nossa Senhora da Penha), daqui para Igrejinha (Rosário), quem chegasse primeiro ganhava”.

Os irmãos e as atividades econômicas
“A maioria (dos meus irmão) teve que trabalhar no comércio, porque quase não tinha professor e colégio aqui (Serra Talhada)”.

O sobrinho Inocêncio Oliveira (ex-deputado Federal)
“O deputado Inocêncio Oliveira, eu já conheci ele grande (o deputado estudou boa parte da vida em um colégio interno da cidade de Pesqueira). Ele é um homem que sempre socorreu a família, ajuda em tudo que puder. O que pedisse para ele, arranjava logo. Emprego para alguém pobre, se eu pedisse ele (Inocêncio) arrumava.

O sobrinho Sebastião Andrada Oliveira (Tião)
“Tião foi muito bom demais. Os filhos de Micena foram bom demais, mas não souberam criar os filhos… Na casa de Micena Inocêncio tirou em primeiro lugar. Tião gostava de todo mundo e socorria todo mundo que precisasse. Ele era muito caridoso com o povo… Se a bebida não foi proibida no céu, ele foi (para o céu).”

Nota do autor

As fotos de Dona Benona foram tiradas por Alejandro García, cinco dias antes de sua morte, e por coincidência, essa foi a última pauta que combinamos, sendo que foi a única vez em que eu não estava presente.

De alguma forma essa entrevista significou uma pausa em uma parceria que me rendeu ótimas lembranças, grandes histórias e fantástica descobertas. Confesso que durante muitos dias relutei em escrever esse texto, mas enfim, a vida segue… A parceria não acabou! Ainda vou escrever muitas coisas tendo como pano de fundo as inigualáveis imagens do “Hailander” da fotografia, Alejandro J. García!