Expansão territorial: a marcha para o oeste
Após terem sua independência reconhecida
pela Inglaterra no Tratado de Paris, em 1783, os Estados Unidos garantiram o
controle sobre uma extensa faixa de terra, que se estendia da região dos Montes
Apalaches ao Rio Mississípi. Iniciava-se, assim, a expansão territorial dos
Estados Unidos em direção à costa do Pacífico.
Esse processo de ampliação do território
americano recebeu o nome de “marcha para o oeste” e ocorreu de duas maneiras: pela diplomacia ou compra e pela guerra. A
diplomacia e a compra possibilitaram a adquisição da Luisiana (1803), da Flórida (1819) e do Alasca (1867). A partir da guerra, os Estados
Unidos conseguiram tomar territórios do México.
A Luisiana
pertencia aos franceses, mas a perda do Haiti e as dificuldades financeiras
enfrentadas pela França, no início do século XIX, fizeram esse país vender a
região para os Estados Unidos por 15 milhões de dólares. A Flórida foi vendida
por 5 milhões de dólares pelos espanhóis em razão das dificuldades que esse
país enfrentava na Europa, relacionadas com o período napoleônico. Por fim, os
russos venderam o Alasca por 7,2 milhões de dólares por causa do temor de que a
região fosse invadida pelos britânicos.
No entanto, não
foi somente a partir da diplomacia que o território americano cresceu, pois,
conforme mencionamos, a guerra também contribuiu para esse processo
expansionista. Durante a marcha para o oeste, os americanos travaram conflitos
contra os mexicanos por territórios que hoje correspondem a uma porção de
estados americanos (Califórnia, Arizona, Novo México etc.).
A rivalidade entre as duas nações iniciou-se
com a Revolução do Texas, em que colonos americanos, insatisfeitos com a administração mexicana
do Texas, rebelaram-se e declararam a independência dessa região em 1836. O
interesse dos Estados Unidos por novos territórios mexicanos (que equivalem,
principalmente, à Califórnia) e a anexação do Texas levaram as duas nações à
guerra.
Conhecida como Guerra Mexicano-Americana, e ocorrida entre 1846 e 1848, essa guerra foi
finalizada com a assinatura do Tratado
Guadalupe-Hidalgo, que ratificava a vitória
americana. Com essa vitória, os americanos assumiram a posse de um vasto
território e estabeleceram as fronteiras entre os dois países no Rio Grande. O
México foi indenizado em 15 milhões de dólares pelos territórios perdidos e
teve uma dívida de 3,2 milhões de dólares perdoada.
A ocupação de todos esses territórios por
cidadãos americanos e estrangeiros, que imigraram para os Estados Unidos nessa
época, foi incentivada a partir da década de 1860, quando Abraham Lincoln assinou
a Lei do Povoamento (Homestead Act). Essa lei vendia lotes de terra por preços
irrisórios, desde de que o comprador assumisse o compromisso de morar e plantar
em sua propriedade durante cinco anos.
Durante esse
processo de expansão territorial dos Estados Unidos, os grandes perdedores
foram os indígenas que, repetidas vezes, foram obrigados pelos americanos a
saírem de suas terras. A marcha para o oeste acabou provocando a morte de
milhões desses povos por causa da violência com que foram tratados e da
destruição de seu modo de vida.
A violência contra os indígenas, nesse
período, acabou rendendo episódios como o decreto da Lei de Remoção de Índios, de 1830, que
obrigou várias nações indígenas a mudarem-se da região da Geórgia, e
proximidades, para o oeste do Rio Mississípi. Isso levou à chamada Trilha das Lágrimas, evento que
causou a morte de milhares de pessoas, de diferentes nações indígenas, durante
a marcha forçada para a nova reserva estabelecida pelo governo.
Esse processo de expansão para o oeste e o
ataque contra mexicanos e indígenas foram justificados por uma ideologia
conhecida como Destino Manifesto. Surgidos oficialmente em 1845, esses ideais afirmavam que os Estados
Unidos eram uma nação predestinada por Deus para ocupar aqueles territórios e
levar a “civilização” para esses locais. Esse pensamento foi utilizado também
para justificar todas as violências cometidas durante todo esse processo de
expansão territorial.
Guerra de Secessão
Um dos principais eventos que marcaram a
história dos Estados Unidos, ao longo do século XIX, foi a Guerra de Secessão,
também conhecida como Guerra Civil Americana. Esse conflito foi iniciado em 1861, com a secessão (separação) dos estados sulistas, e
encerrou-se em 1865, com a derrota dos sulistas e sua reintegração à União.
Essa guerra ocasionou a morte de 600 mil pessoas.
Esse conflito
foi resultado da rivalidade existente entre os estados nortistas e sulistas em
relação à expansão do trabalho escravo para os territórios recém-conquistados
pelos Estados Unidos. Os estados sulistas queriam a expandir a escravidão para
os novos territórios, enquanto os nortistas eram contrários a essa proposta.
Esse debate dividiu politicamente a nação e
levou a pequenos conflitos entre colonos nortistas e sulistas em alguns locais
como o Kansas. Essa disputa alcançou o debate presidencial, e a vitória de Abraham Lincoln acabou provocando a
insatisfação dos sulistas, que se separaram da nação e fundaram os Estados Confederados da América.
A separação dos sulistas foi o estopim da
guerra, o que fez as tropas da União lutarem para reintegrar os estados
rebeldes ao território americano. Ao fim da guerra, os sulistas, derrotados,
além de serem reintegrados à União, foram obrigados a aceitar a abolição da
escravidão em todo território dos Estados Unidos a partir da 13ª Emenda Constitucional.
O que foi a marcha para o
oeste nos EUA?
“Marcha para o oeste”
é o nome que dado ao processo de expansão territorial que aconteceu nos Estados
Unidos da América (EUA) ao longo do século XIX. Esse processo foi marcado tanto
pela expansão territorial como pelo estabelecimento de colonos/habitantes
nessas novas terras. Durante esse processo, os Estados Unidos deixaram de ser
um território recluso ao das antigas treze colônias,
alcançou as planícies centrais e estendeu-se até a costa oeste (costa do Oceano
Pacífico).
A expansão
territorial dos Estados Unidos foi iniciada logo após o fim da Guerra de Independência travada
contra os ingleses entre 1776-1781. A ratificação da vitória dos colonos
americanos foi dada pela assinatura do Tratado de Paris em
1783, responsável por reconhecer a independência das treze colônias e o
surgimento dos EUA como nação.
Outra consequência
desse tratado foi a cessão, por parte da Inglaterra, de terras para os Estados
Unidos. Esse território estendia-se da região dos Montes Apalaches até a borda do Rio Mississipi.
A ocupação dessa área tornou-se
polêmica entre colonos e Inglaterra, uma vez que os ingleses não autorizavam os
colonos a se estabelecerem nessas regiões para se evitar conflito com os
indígenas.
Depois de assegurada a independência,
os americanos iniciaram uma rápida ocupação dessas terras à custa da vida de
milhares de indígenas. O processo de expansão territorial dos Estados Unidos
também aconteceu por meio da compra de territórios e da sua conquista pela
guerra. Os territórios que foram adquiridos a partir da compra e da diplomacia
foram os seguintes:
·
Luisiana,
território comprado dos franceses em 1803.
·
Flórida,
território comprado dos espanhóis em 1819.
·
Alasca, comprado
dos russos em 1867.
Luisiana foi um território comprado dos
franceses no começo do século XIX, em 1803. A compra de Luisiana aconteceu pelo
fato de os franceses precisarem de dinheiro para financiar as tropas
napoleônicas que estavam em guerra no continente europeu. Apesar de Napoleão Bonaparte ter
planos futuros para a América, a necessidade de pôr dinheiro naquele momento
falou mais alto, e os franceses aceitaram vender a região por 15 milhões de
dólares.
A compra da Flórida aconteceu em um cenário de
enfraquecimento da Espanha, pois, naquele momento, o país europeu lidava com
uma série de movimentos de independência que pipocavam em suas colônias no
continente americano. Com a Flórida em segundo plano, o governo americano
passou a pressionar o governo da Espanha para vender o território, alegando que
os indígenas da Flórida representavam um risco.
O governo espanhol, fragilizado,
aceitou vender a região como forma de evitar uma guerra contra os americanos. A
Flórida foi vendida em 1819 por 5 milhões de dólares, em acordo assinado no
Tratado Adams-Onís.
Por fim, o último território adquirido
via compra foi o Alasca, obtido em acordo com os russos em 1867. A venda do Alasca aconteceu porque a Rússia passou a
enfrentar uma forte crise em sua economia depois da Guerra da Crimeia.
Territórios como o Alasca – que só davam prejuízo – passaram a ser vistos como
indesejados, e os russos optaram por vendê-lo. William H. Seward,
secretário do Estado dos Estados Unidos, foi o responsável pelo acordo em que
os EUA aceitaram pagar 7,2 milhões de dólares pelo
território do Alasca.
Essas compras foram acompanhadas de um grande fluxo
de pessoas que se mudaram e estabeleceram-se nesses novos territórios. Esse grande volume de terras “vazias” foi habitado,
principalmente, graças a incentivos do governo americano por meio do Homestead Act, ou Lei
do Povoamento.
Essa lei foi instituída por Abraham Lincoln em 1862 e decretou que toda
pessoa que tivesse interesse em se fixar em uma terra no oeste poderia fazê-lo
a um preço baixíssimo. As condições exigidas pelo governo era de que o lote
cedido seria habitado e cultivado por, no mínimo, cinco anos.
A expansão e a
ocupação do oeste pelos americanos foram incentivadas por uma crença que
existia na época, conhecida como Destino Manifesto.
Nessa crença, os americanos afirmavam que os Estados Unidos eram uma nação
escolhida por Deus para ser grande e próspera. Essa crença era utilizada como
justificativa para isentar os americanos da culpa de toda a violência cometida
nesse processo, principalmente contra os indígenas.
A Guerra Mexicano-Americana
Não foi só
de diplomacia e compra que os Estados Unidos obtiveram novos territórios para
si ao longo do século XIX. A expansão americana também aconteceu por meio de
guerra, uma vez que os americanos travaram, nesse percurso, um conflito contra o México que se estendeu por dois anos e
ficou conhecido como Guerra Mexicano-Americana.
A Guerra
Mexicano-Americana aconteceu entre 1846 e 1848 e foi resultado do desgaste das
relações entre Estados Unidos e México ao longo do século XIX, por conta da
questão que envolvia o Texas. Originalmente, o Texas era um território mexicano
que, a partir de 1821, começou a ser povoado por colonos americanos (com
autorização do governo mexicano).
Os colonos
americanos, no entanto, voltaram-se contra o controle dos mexicanos sobre o
Texas por não aceitarem as leis estipuladas pelo governo daquele país,
iniciando assim um levante que forçou o México a ceder o Texas para os Estados
Unidos na década de 1830. Esse acontecimento criou um grande desgaste entre os
dois governos.
Na década de
1840, os Estados Unidos manifestaram interesse sobre a Califórnia, e o governo
mexicano declarou guerra aos Estados Unidos em defesa de seu território. Com
outra derrota, o México foi obrigado a ceder, além da Califórnia, o território
do Novo México.
A violência contra os indígenas
A marcha
para o oeste americana foi realizada ao longo de todo o século XIX e às custas
dos indígenas. A violência
desse processo resultou na morte de milhares indígenas e forçou outros tantos a
abandonarem suas terras e seu estilo de vida para sobreviverem.
Da década de 1830 em diante, uma série de estados
americanos criou leis que obrigavam os índios a se retirarem de suas terras, de
forma a permitir que americanos pudessem desenvolver colheitas nessas regiões.
Essas leis de remoção levaram a um evento conhecido como Trilha
das Lágrimas (Trail of Tears), em que milhares de índios tiveram de marchar por
muitos quilômetros em meio a um rigoroso frio para se estabelecerem em um novo
local definido pelo governo.
Durante essa
caminhada, os historiadores estimam que até 15 mil indígenas tenham morrido. Na
região central dos Estados Unidos, muitos indígenas tiveram seu estilo de vida
destruído, uma vez que sobreviviam da caça aos bisões e, por isso, precisavam
de uma faixa de terra muito longa.
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