Escreva-se no meu canal

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

FRAUDE CONTRA CREDORES. ELEMENTOS ACIDENTAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO.

INTRODUÇÃO
 
O dever da conduta leal no mundo jurídico é essencial para manter o equilíbrio das relações sociais. Muitas vezes, a validade do negócio jurídico é prejudicada por haver vícios que impedem que a vontade seja declarada livre e de boa-fé. A fraude e a simulação são vícios sociais – em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa – fé.
Na simulação, as partes fazem aparentar um negócio que não tinha intenção em praticar.
Fraude é todo artifício malicioso que uma pessoa emprega com intenção de transgredir interesse de terceiros, sendo claramente observada a presença da má-fé.
A garantia dos credores para a satisfação de seus créditos reside no patrimônio do devedor. Enquanto o devedor, no curso de sua vida jurídica, pratica ato que não colocam em choque a garantia de seus credores, está ele plenamente livre para agir dentro da capacidade que o Direito lhe concede.
No momento em que as dívidas do devedor superam seus créditos, mas não, só isso, no momento em que sua capacidade de produzir bens e aumentar seu patrimônio mostra-se insuficiente para garantir suas dívidas, seus atos de alienação tornam suspeitos e podem ser anulados.
Preocupa-se o Direito com dois aspectos do problema: da fraude à lei e a fraude contra o direito de terceiros.
Na fraude contra o direito de terceiros, além da transgressão á lei, a ação fraudulenta é dirigida com malícia, com ou sem intenção de ocasionar prejuízo contra o titular do direito lesado. É, portanto, princípio assente que o patrimônio constitui garantia comum dos seus credores. Se estes dispensam garantias reais ou especiais para assegurar o adimplemento de seu crédito, o fazem pressupondo que o devedor aja dentro dos princípios da boa-fé.
             Assim, quando o devedor age com malícia para depurar seu patrimônio, há fraude, podendo os credores insurgir-se contra os atos por meio da ação pauliana.
A fraude contra credores é, portanto, todo o ato suscetível de diminuir ou onerar seu patrimônio, reduzindo ou eliminando a garantia que este apresenta para pagamento de suas dívidas, praticado por devedor insolvente, ou por ele reduzido à insolvência.
Na fraude, o negócio jurídico é real, verdadeiro, mas feito no intuito de prejudicar terceiros ou burlar a lei, nela não há um necessário disfarce, como na simulação. O ato praticado, de per si, já é lesivo ao direito do credor, e deve ter sua ineficácia judicialmente declarada.
Alvino Lima:
“ A fraude decorre sempre da prática de atos legais em si mesmos, mas com finalidade ilícita de prejudicar terceiros, ou pelo menos frustrar a aplicação de determinada regra jurídica.”
  A existência de prejuízo deve ocorrer para proporcionar ação ao lesado dentro dos parâmetros do interesse em agir. A regra de direito, ou simplesmente o Direito é imperativo, disciplinador da sociedade e obrigam seus membros a agirem conforme as normas. A garantia dos credores é o patrimônio do devedor. Esse patrimônio pode ser depaurado de vários modos pelo próprio devedor para frustrar a garantia, seja pela:
·         Alienação gratuita ou onerosa dos bens;
·         Remissão de dívidas;
·         Renúncia de herança;
·         Privilégio concedido a um dos credores.
Quando o devedor age com malícia, para depauperar seu patrimônio, há fraude, uma vez que ele está dispondo de patrimônio que não mais lhe pertence, podendo os credores insurgir-se contra os atos por meio da ação pauliana. Os atos fraudulentos podem ser anulados se prejudicial ao credor.
 
02 – REQUISITOS
 
Existem três requisitos que tipificam a fraude contra credores: a anterioridade do crédito, o consilium fraudis e o eventus damni.
A exigência da anterioridade do crédito se apóia na afirmação de que quem contrata com alguém insolvente ou prestes a se tornar, não encontrará patrimônio garantidor. Desta forma, os credores posteriores não encontrarão garantias buscadas pela lei. Porém muitos que contratam com credores insolventes, alegam não saber do fato, sendo, pois o contrato por escrito uma das formas de constatar a anterioridade do crédito. 
Ainda em relação à anterioridade do crédito há a hipótese de sub-rogação (substituição) ou a cessão (ato de ceder) do crédito, quando praticadas posteriores ao ato fraudulento. Entende-se que a dívida é anterior, caracterizando a anterioridade do crédito.
Outra hipótese trazida pela doutrina é a fraude que objetiva o futuro. Nesta situação, o credor posterior conhecia ou deveria conhecer os atos ditos fraudulentos; diante disto não poderá questioná-los. Caso não conhecesse tais atos fraudulentos, o vício seria de dolo ou simulação, tornando-se imprópria a ação pauliana.
O requisito eventus damni diz respeito ao prejuízo, é necessário este para ocorrer à fraude contra credores. O prejuízo é quem vai caracterizar o legítimo interesse para propositura da ação pauliana. O objeto desta é revogar ou declarar ineficaz o ato em fraude em relação aos credores. Exemplos dos atos danosos para o credor pode ser tanto a alienação, gratuita ou onerosa, como a remissão (perdão) da dívida, dentre outras.
Quando o ato for à causa do dano, determinando a insolvência ou a agravando, ter-se-á o eventus damni. Portanto, o dano é elemento da fraude contra credores.
O outro requisito o consilium fraudis é elemento subjetivo. Em nosso ordenamento é dispensável a intenção principal de prejudicar, bastando apenas para a existência da fraude o conhecimento do dano resultante do ato fraudulento. Diante disto o requisito não está na intenção de prejudicar, mas sim na previsibilidade do prejuízo.
Porém existe diferença para no tratamento para os atos ou negócios a título gratuito e a título oneroso. No primeiro tratamento a fraude constitui-se por si mesma, independentemente do conhecimento ou não do vício, bastando apenas o estado de insolvência do devedor para que o ato seja tido como fraudulento. Existe, na realidade, presunção de má-fé.
Por outro lado o código civil em seu artigo 159, não dispensa o consilium fraudis. Porém a insolvência deve ser notória ou deve haver motivo para ser conhecida do outro contratante. Para o legislador se faz importante saber se o contratante tinha conhecimento ou não da insolvência.
A notoriedade deve ser provada na ação pauliana, ou seja, avaliando-se o caso concreto. Porém a jurisprudência e a doutrina determinaram algumas situações como, por exemplo: amizade íntima entre o insolvente e o terceiro adquirente, parentesco próximo.
 
03 – AÇÃO PAULIANA
 
Os credores que movem a ação atacam o ato fraudulento como um direito seu e a fazem em seu nome.
Tem como finalidade anular o ato fraudulento, atingindo o devedor alienante e o adquirente. Isto quer dizer, que a intenção da ação é tornar o ato ou negócio ineficaz, fazendo com que o bem alienado retorne a massa patrimonial do devedor, beneficiando, em tese, todos os credores.
A natureza da ação é revocatória e tem por fim recomposição do patrimônio. De acordo com o Código Civil só os credores quirografários (sem garantias) podem exercer a ação pauliana. Porém o credor com garantia também pode ajuizar a ação se a garantia for insuficiente, nesse caso, ele será um credor quirografário no montante no qual a garantia não o protege.
A ação pauliana deve ser movida contra todos os participantes do ato fraudulento. Se assim não for, o ato será anulado ou ineficaz para uns e não para outros.
 
4 – CASOS PARTICULARES ESTATUÍDOS PELA LEI
 
A Fraude contra credores constitui a prática maliciosa, pelo devedor, desfalcando seu patrimônio, com fim de colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas. Dois são seus elementos: o objetivo (eventus damni), que é todo ato prejudicial ao credor; e o subjetivo (consilium fraudis), que é a má-fé, a intenção de prejudicar do devedor e de terceiros. Estado de insolvência: os débitos forem superiores à importância dos bens do devedor. Serão atos fraudulentos a titulo gratuito ou remissão de dívidas, quando as pratique, independe da má-fé, o devedor já insolvente ou por eles reduzido à insolvente. Credor com garantia real(penhor, hipoteca), não poderá reclamar a anulação por ter real a segurança do seu reembolso.
O artigo 160 do CC dispõe que perderão os credores a legitimação ativa de mover a ação revocatória, se o adquirente depositá-lo em juízo com citação de todos os interessados. O pagamento antecipado do débito a um dos credores quirografários (não possuem garantia real, como cheque, nota promissória) frustra a igualdade entre os credores. Ele devera devolver ao acervo do devedor. A partilha entre todos os credores devem ser igual. Se a dívida já estiver vencida, o pagamento será considerado normal.
Dispõe o artigo 163 que se o devedor der garantia real de dívida, vencida ou não, a um dos credores quirografários, ficará em posição privilegiada em relação aos demais, poderá mover ação pauliana (anulação do negócio jurídico). Se tal garantia foi dada antes da insolvência do devedor, não haverá que se falar em fraude.
O artigo 164 do Código Civil afirma que se o devedor insolvente vier a contrair novo débito, visando beneficiar os próprios credores, por ter o escopo de adquirir objetos imprescindíveis não só ao funcionamento do estabelecimento, evitando a piora do estado de insolvência, e o prejuízo do seus credores, mas também a subsistência de sua família.Não haverá o porque de uma ação pauliana. A dívida contraída com tal finalidade não constitui fraude contra o credor incabível ação pauliana.
4.1 – Fraude de Execução
 
Ter-se à fraude contra credores quando a alienação de bens o lesar. E a fraude de execução quando se der a alienação de bens do devedor, já comprometido por obrigação sua, desde que esteja em curso alguma ação movida contra ele e desde que a execução recaia futuramente sobre esses bens.
 
5 – CONDIÇÃO
 
5.1 – Condição Suspensiva
 
É a condição que suspende os efeitos do ato jurídico durante o período de tempo em que determinado evento não ocorre. Prevê o artigo 125, do Código Civil, que "subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa".
 
5.2 – Condição resolutiva
A condição resolutiva acarreta a extinção do contrato quando verificado determinado fato. De acordo com o artigo 127, do Código Civil, "se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido", porém, assim que sobrevier a condição, extinguirá o direito a que ela se opõe. Caso a condição resolutiva seja aposta em um negócio jurídico cuja execução seja periódica, ocorrida a condição os negócios anteriores somente serão válidos se compatíveis com a condição e se as partes agiram com boa-fé.
5.3 – Implemento ou Não-implemento das Condições por Malícia do Interessado. Frustração da Condição
Quando houver condição maliciosamente implementada por quem se favoreça, a lei considera não verificada a condição. Por outro lado, se a condição for bloqueada por quem não se favoreça, a lei considera que a condição ocorreu. A Lei faz sempre o contrário do que o malicioso quer. Art. 129. Considera-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente bloqueado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
5.4 – Retroatividade
Com relação aos negócios de execução periódica ou continuada, somente haverá retroatividade nos seus efeitos, nos atos já praticados, se houver lei dispondo sobre o tema. Vemos no texto, como regra geral, a irretroatividade da condição: sem vontade expressa das partes e sem lei que estabeleça.
5.5 – Pressuposição
É uma condição subentendida, não declarada, porém encontra-se na consciência dos integrantes de um negócio, se não tal negócio não se realizaria. Pode-se dizer que é um evento futuro, mas nem sempre incerto. Ex.: Quando adquiri-se um imóvel de outrem, sendo este imóvel oriundo de herança, pressupões que os demais herdeiros estejam de acordo, caso contrário será inviabilizado o negócio.
 
6 – ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
 
6.1 – Termo
 
      O termo corresponde a fixação do início e do término da eficácia do negócio jurídico. O termo inicial ou suspensivo estabelece quando se dará início aos efeitos do negócio; já o termo final ou extensivo, estabelece quando se devem findar os efeitos do negócio.
      O termo, porém, é a modalidade do negócio jurídico que tem por finalidade suspender a execução ou o efeito de uma obrigação, até o momento determinado, ou o advento de um evento futuro e certo.
      O termo pode derivar da vontade das partes (termo propriamente ou convencional), decorrer de disposição legal (termo de direito) ou decisão judicial (termo judicial).
      O termo, portanto, indica o momento a partir do qual seu exercício inicia-se ou extingui-se.
 
 
6.2  – Prazo
     
      Não há que se confundir o termo com o prazo, que é o lapso de tempo compreendido entre a declaração de vontade e a superveniência do termo em que começa o exercício do direito ou extingui o direito até então vigente.
      O prazo é contado por unidade de tempo (hora, dias, mês e ano) excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento.
      Para resolver questões alusivas a prazo, o Código Civil apresenta os seguintes princípios: a) se o vencimento do ato negocial cair em feriado ou domingo, será prorrogado até o dia útil subseqüente. Logo, como no sábado não há feriado, não há qualquer prorrogação, a não ser que o pagamento tenha de ser efetuado em banco que não tiver expediente aos sábados.
 
6.3  Encargo
 
      Modo ou encargo é a determinação acessória acidental do negócio jurídico que impõe ao beneficiário um ônus a ser cumprido, em prol de uma liberalidade maior. Trata-se de uma auto-limitação da vontade, típica de negócios gratuitos.
      Encargo é peso atrelado a uma vantagem. Geralmente é identificado pelas expressões “para que”, “com a obrigação de”, “com o encargo de”.
      Não suspendendo os efeitos do negócio jurídico, o não cumprimento do encargo não gera, portanto, a invalidade da avença, mas sim a possibilidade de sua cobrança judicial, ou a posterior revogação do negócio, como no caso de ser instituído em doação ou legado.
      Interessante, ainda, é a previsão normativa que o encargo ilícito ou impossível é considerado não escrito (inexistente).
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado, 15ª Ed. Ver e atual, São Paulo: Saraiva, 2010
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil:parte geral, 3ª Ed, São Paulo: Atlas, 2003

Mensalão: comodismo e imediatismo da população não podem ser absolvidos

Paulo César é professor especialista em História Geral
 
O STF entra nessa semana na reta final do julgamento político mais importante da sua história, a Ação Penal 470, popularmente conhecido como “o mensalão”. Um processo que já dura mais de quatro meses e que colocou o Supremo Tribunal Federal no foco das atenções, tanto da mídia, como da sociedade brasileira em geral, o que fez com que alguns ministros se tornassem verdadeiros “pop star”, a exemplo de Joaquim Barbosa. O julgamento do “mensalão” é sem dúvida o maior fato político do ano de 2012, no entanto, as suas consequências no meio político ainda são incertas. Porém, tão logo seja anunciada a sentença de todos os réus, diversas áreas de estudos científicos, como a sociologia, a ciência política, o direito, a história, irão se debruçar sobre o caso, tentando aportar as possíveis mudanças que ocorrerão nas suas respectivas áreas, e principalmente na sociedade brasileira.
 
A princípio duas características podem ser apontadas no que se refere à postura da sociedade diante de um fato de tamanha repercussão, o comodismo e o imediatismo. Para entendemos as duas posturas é preciso voltamos no tempo e analisarmos o que aconteceu em 1992, quando a população saiu às ruas no maior movimento contra corrupção já visto no país, o “Fora Collor”. A pressão popular fez com quer em 29 de setembro daquele ano, a Câmara dos Deputados, após a leitura e a aprovação do relatório final da “CPI do PC Farias”, aprovasse a abertura do processo de impeachment do então presidente Fernando Collor (441 votos a favor e 33 contra) e em 29 de dezembro, no início do julgamento no Senado, o presidente enviou uma carta na qual anuciou a sua renucnia do cargo, no dia seguinte Collor foi condenado à perda do mandato à inelegibilidade por oito anos.
 
O curioso disso tudo é que após todo esse processo, que contou com ampla participação popular, o STF, em dezembro de 1994, absolveu Fernando Collor da acusação de corrupção passiva e por suposto envolvimento com o chamado esquema PC Farias. Os ministros que integravam o STF na época consideraram que não existiam provas suficientes para comprovar a participação do ex-presidente na suposta corrupção passiva. Dos que participaram daquele julgamento, apenas Celso de Mello continua no Supremo. Na ocasião, o então procurador-geral da República, Aristides Junqueira, foi duramente criticado por causa da investigação do Ministério Público que, no entender do STF, não conseguiu provar o suposto crime. A ação penal contra Collor era até então considerada uma das maiores e mais complicadas em tramitação no Supremo. O processo contra o ex-presidente que sofreu o impeachment tinha 11 mil páginas, 39 volumes, 101 apensos e 4 anexos. O julgamento durou 4 dias.
“O curioso disso tudo é que após todo esse processo, que contou com ampla participação popular, o STF, em dezembro de 1994, absolveu Fernando Collor da acusação de corrupção passiva e por suposto envolvimento com o chamado esquema PC Farias. Os ministros que integravam o STF na época consideraram que não existiam provas suficientes para comprovar a participação do ex-presidente na suposta corrupção”
 
Inúmeros episódios se sucederam desde “Fora Collor” até hoje, entre eles, o mais audacioso, “o mensalão”. “O mensalão” é considerado pela maioria da população, do STF e pelos meios de comunicação como sendo o maior esquema de corrupção já identificado na história do Brasil, no entanto, esse fato não foi capaz de colocar novamente o povo nas ruas pedindo o fim da corrupção. Essa contradição é completada quando se verifica que o STF, um órgão formado por membros que são indicados por políticos, no caso o(a) presidente(a) e que é respaldado, ou não, pelo Senado Federal, fez o que já deveria ter sido feito com Collor em 1994, condenar todos aqueles que praticam atos de corrupção. O que o STF está fazendo não só se justifica pelas ilicitudes praticadas, mas principalmente pelo “comodismo” que assola a grande maioria dos brasileiros.
 
Esse “comodismo” nos leva a crê que os atos de corrupção não irão cessar, seja no poder executivo, no legislativo e nem tão pouco no judiciário, possivelmente ainda veremos casos de corrupção piores do que “o mensalão”, pois na cabeças de muitos brasileiros a corrupção está sendo banida pelo STF, assim como já se pesou que tinha sido no Fora Collor. Na verdade, a sociedade brasileira passa por uma das maiores crises culturais, intelectuais, políticas e ideológicas da sua história, e o pior, é a falta de grandes líderes, pessoas que possam dar um norte ao pensamento e as práticas cotidianas da nossa sociedade.
 
Sendo assim, a população começa acreditar que a condenação do casal Nardoni, fará justiça a todas as crianças que são mortas de forma brutal, pra muitos a condenação do ex-goleiro Bruno irá por fim ao machismo e a violência contra a mulher. Situações que só comprovam o nosso “imediatismo”, pois para alguns as coisas se resolvem no aqui, agora! O que é uma mera ilusão. O brasileiro precisa entender que alguns males que afligem a nossa sociedade só serão extintos se ele estiver presente, se ele participar e cobrar. E não somente espera por uma denúncia da TV Globo, Folha de São Paulo, revista Veja ou Isto É. O julgamento do “mensalão” é um passo importante, mas não deve ser único. A sociedade precisa entender que ela é que detém o poder de governar, legislar e julgar, e que deve fazer isso sempre, mesmo que para isso tenha que ir para ruas, pintar a cara e lutar por uma nova sociedade!
 
                                   Um forte abraço a todos e até a próxima!
 
Publicado no site Farol de Notícias de Serra Talhada, em 10 de dezembro de 2012.

DOLO, COAÇÃO, ESTADO DE PERIGO E LESÃO


INTRODUÇÃO

 

O trabalho apresentado sobre Dolo, Coação, Estado de Perigo e Lesão, através de fontes bibliográficas, vem a mostrar os seus tipos e situações e como o Direito pelo Código Civil vem a nos proteger e garantir nossos direitos em defronte com essas situações perante seus efeitos em sentido de prejuízo nos negócios jurídicos.

 
1 DOLO

 

É uma atitude, uma ação maliciosa de alguém para com outro, em que em um ato ( um negócio jurídico) é prejudicial à outra parte contratante, mas é proveitoso a quem o pratica ou a terceiro.

 

1.2 Espécies de Dolo:

 

a) Principal, (CC art. 145) “são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa” e Acidental (CC art. 146) quando,” a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”. Este “só obriga à satisfação das perdas e danos”

b) Bonus é tolerável no comércio em geral. Como é ocaso em que o vendedor exagera em elogios a respeito do seu produto que está à venda e o Malus, este pode acarretar a anulação do negócio jurídico, pois neste, o propósito causa prejuízo.

c) Positivo ou praticado por ação, que são expedientes verbais e enganatórios ou de outra natureza, os quais podem influenciar nos atos, decisões e condutas à outra pessoa em determinado negócio jurídico e Negativo ou por omissão, é a reticência ou omissão dolosa (CC art.147), nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se sem ela o negócio não se teria celebrado. Caso seja provado o negócio seria anulado.

d) Do Representante, (CC art. 149) que vem a distinguir o representante legal do convencional.

-Legal, de uma das partes só obriga o representante a responder civilmente até a importância do proveito que teve. O representante não tem responsabilidade pela escolha, boa ou má, do representante escolhido.

-Convencional, o representante responde solidariamente com ele por perdas e danos, por ter escolhido mal o mandatário. Ele cria risco para si próprio.

e) Bilateral, (CC art.150), “Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma pode alega-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização”. Ou seja, ambas as partes têm culpa, pois cada qual quis prejudicar a outra e neste caso nenhuma delas pode alegá-lo para anular o negócio e nem pedir indenização.

f) De Terceiro, esta prática conduz à anulação do negócio que provém de outro contratante. Como no caso em que uma pessoa, na compra de uma joia, o comprador não tem certeza se esta é realmente de ouro e uma terceira pessoa afirma que sim, esta joia é de ouro, o que leva a pessoa a comprá-la. Pelo vendedor ter omitido a afirmação do terceiro e não ter alertado o comprador é que permitirá a anulação do negócio.

g) De Aproveitamento, constitui o elemento subjetivo de outro defeito do negócio jurídico, que é a lesão. É o caso, quando alguém aproveita-se da situação de premente necessidade (uma necessidade forçada) ou da inexperiência do outro contratante para obter lucro exagerado, de tal forma, que o valor é desproporcional à natureza do negócio(art. 157 CC).

 

2 COAÇÃO

 

É toda ameaça ou pressão ( seja por força, seja psicologicamente) exercida sobre um indivíduo, com o intuito de forçá-lo, contra a sua vontade a realizar um negócio.

 

2.1 Espécies de Coação:

 

a) Absoluta exercida pela força física, sem levar em consideração o consentimento da outra parte, logo o negócio é inexistente.

b) Relativa ou Moral, em que o coautor impõe à vítima grave ameaça sobre uma opção: praticar o ato exigido ou sofrer as consequências de ameaça ressaltadas. Como se trata de uma coação psicológica, o negócio é anulável.

c) Principal e Acidental, como no dolo, em que a primeira é a causa determinante do negócio, sendo este anulado e a segunda, somente seria obrigado o ressarcimento do prejuízo.

 

2.2 Requisitos da Coação

 

a) Deve Ser A Causa do Ato, ou seja, o negócio só realizou-se por causa de uma grave ameaça ou violência. Se não fosse desta forma, o negócio não teria sido realizado.

b) Deve Ser Grave, é uma ameaça de tamanha intensidade, que o temor causado à vítima repercute nas condições particulares ou pessoais desta.

c) Deve Ser Injusta, ou seja, de forma ilícita, contrária ao direito, ou abusiva.

d) Deve Ser de Dano Atual ou Iminente, são os que estão prestes a se consumarem, podendo variar a apreciação temporal segundo as circunstâncias de cada caso.

e) Deve Acarretar Justo Receio de Dano- Não mais se exige que este seja igual, pelo menos, ao decorrente do dano extorquido. A proporção ou equilíbrio entre o sacrifício exigido e o mal evitado, o juiz é quem analisará na sua competência e sensibilidade para tomar sua decisão.

f) Deve Constituir Ameaça de Prejuízo à Pessoa ou a Bens da Vítima, ou Pessoas de sua Família, (CC art. 151) “disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação”.

 

3 ESTADO DE PERIGO

 

Quando alguém, em uma situação de extrema necessidade de salvar a si mesmo ou a um membro de sua família, diante de grave dano ou ameaça conhecido pela outra parte, assume obrigação exacerbante em que possa comprometer seu patrimônio e sua subsistência.

 

3.1 Efeitos:

 

O Código Civil considera anulável o negócio realizado nas circunstâncias em estado de perigo. Caso, a obrigação não seja excessivamente onerosa, em que a parte possa assumi-la, não será anulado o negócio, porém, caso seja, o juiz evitará o enriquecimento sem causa, irá reduzir a uma proporção razoável, de modo que anula o excesso e não todo o negócio jurídico.

 

4 LESÃO

 

Quando alguém obtém um lucro desproporcional, diante da inexperiência ou necessidade do outro contratante.

 

4.1 Elementos da Lesão:

 

a) Objetivo são as propostas desproporcionais feitas pelo lesador.

b) Subjetiva seria a inexperiência ou premente necessidade do lesado.

 

4.2 Espécies de Lesão:

 

a) Usuário ou Real, quando a lei exige, além da necessidade ou inexperiência do lesionado, o dolo de aproveitamento da outra parte.

b) Lesão Especial ou Enorme, quando a lei limita-se à exigência de obtenção de vantagem desproporcional, sem indagação da má-fé da parte beneficiada.

 

4.3 Efeitos:

 

O Código considera a lesão um vício do consentimento, que torna anulável o negócio (art. 178, II). Porém, não se decretará a anulação caso a parte favorecida concorde em reduzir o proveito ou a manifestação da parte desproporcional possa ser avaliada e as partes chegarem a um acordo em que não comprometa a parte lesada.

 

5 CONCLUSÃO

 

O trabalho apresentado relata sobre quatro modos que comprometem os negócios jurídicos, por meio de ações más intencionadas (dolo), ameaças ou pressões (coação), situações de extrema necessidade (estado de perigo) e por aproveitamento de uns sobre os outros (lesão) em que se deve ter a atenção não só do juiz, como também das partes envolvidas.

Diante de cada situação apresentada, suas características e seus efeitos foram relatados, motivando ou não suas anulações dos negócios jurídicos, pois estes feriam em prejuízos patrimoniais, comprometendo não só este último como muitas vezes até na subsistência de determinada pessoa ou família.

Não podemos generalizar este tipo de comportamento, mas também não podemos confiar na boa-fé de todos, por isso o Direito Civil faz-se presente para garantir a licitude dos negócios jurídicos e atuando caso seja preciso com o intuito de ressarcir, proteger e garantir a existência das partes prejudicadas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil-Parte Geral, 3ª Ed, São Paulo: Atlas, 2003. p 441-465.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 1- Parte Geral, 17ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2010. p 149-157.

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

        QUESTÕES DISSERTATIVAS DE SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA QUESTÃO 1 :  João fez um testamento para deixar um dos seus 10 imóveis para seu gra...