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sexta-feira, 12 de junho de 2020

A origem da Sociologia


surgimento da Sociologia ocorre no século XIX, a princípio, por influência da teoria positivista de Auguste Comte, porém, muitos acontecimentos anteriores e concomitantes ao surgimento dessa nova ciência humana contribuíram para a sua formação.
Podemos retomar os primeiros indícios de transformação da sociedade europeia que influenciaram a Sociologia ainda no RenascimentoIluminismo também contribuiu para uma desestabilização social e uma completa mudança da configuração urbana e política que tornaram a sociedade europeia altamente complexa e carente de fontes de explicações teóricas rigorosas.
Já a consolidação da Sociologia enquanto ciência ocorreu com o trabalho desenvolvido pelo jurista e sociólogo francês Émile Durkheim, que formulou o primeiro método preciso e exclusivo para a nova ciência e a introduziu na universidade como disciplina autônoma.

Contexto histórico do surgimento da Sociologia

Entre os séculos XV e XIX, sucessivos acontecimentos alteraram significativamente a vida, a política e a economia europeias. Podemos pensar que a economia e a política feudal não precisavam de grandes explicações, pois havia uma lógica interna justificada pelo clero e uma organização social rural e simplista, baseada em estamentos (a nobreza, o clero, os servos e os camponeses).
sociedade estamental apoiada pela Igreja Católica simplesmente impunha que cada um nascia predestinado a levar um tipo de vida e que isso era escolha de Deus sendo, quase sempre, vedada a alteração dessa ordem. Se um indivíduo era servo, ele deveria servir, porque Deus quis assim. Se ele era nobre, era uma recompensa divina, porque o seu espírito era mais nobre.
O século XIX encontra-se em meio a uma crise devido ao alto desenvolvimento promovido pela industrialização, o que refletiu na formação de uma complexa crise de valores e conflito de interesses. Podemos listar como fatores históricos que contribuíram para o surgimento da Sociologia os seguintes:

·         Renascentismo

Com o Renascimento, a burguesia passa a crescer e aquela concepção de sociedade estamental medieval passa a ser alterada, visto que os burgueses não eram nobres, mas tinham tanto ou mais dinheiro quanto os nobres. A reivindicação da classe burguesa por seus direitos políticos ocorreu gradativamente de acordo com o crescimento dessa classe.
Essas alterações na configuração social europeia causaram uma alteração tão grande na ordem política e social do continente que, em partes, contribuíram até para a Revolução Francesa e para os ideais de igualdade e liberdade propostos pelo Iluminismo.
Encontramos no Renascimento europeu um período de transição do Medievo para a Modernidade. A retomada de valores filosóficos, científicos e estéticos da cultura greco-romana mudaram a concepção de conhecimento do ser humano, permitindo uma nova visão que inauguraria a Modernidade.

·         Capitalismo mercantilista

O surgimento do capitalismo em sua primeira forma, o mercantilismo, desencadeou a expansão marítima e comercial europeia, fator que possibilitou o desenvolvimento financeiro de potências por meio do comércio e da exploração voraz das colônias situadas nas Américas e, mais tarde, na África e na Ásia. Isso fez com que, em um primeiro momento (século XVI), o europeu buscasse entender as diferentes culturas das colônias.
Em um segundo momento (século XIX), o europeu precisava justificar a exploração sanguinária dos países africanos e asiáticos. No século XVI, começou, de forma embrionária, o desenvolvimento de uma atitude de estudo das diferentes culturas. No século XIX, aquele estudo tornou-se uma área científica das Ciências Sociais, a Antropologia. Em seu começo, por volta dos anos de 1870, a Antropologia era extremamente elitista e etnocentrista, além disso criava teorias para justificar a exploração das novas colônias, apesar de já estar em curso, no mesmo período, o capitalismo industrial.

·         Iluminismo

Os ideais iluministas projetaram um novo cenário intelectual e político ideal, baseado na justificação jurídica e política dos poderes e na separação entre Estado e Igreja. A partir disso, as pessoas passaram a buscar, pouco a pouco, os seus direitos e a exigir do Estado a legalidade em suas ações.
Isso não só provocou a Revolução Francesa, como fez com que houvesse uma gradativa alteração na concepção de política, o que se expressou como fator marcante para o estabelecimento de uma ciência capaz de compreender essa nova forma de sociedade e de política, baseada na legalidade e nos direitos fundamentais.

·         Revolução Industrial

A consolidação da burguesia enquanto classe dominante e a formação do capitalismo industrial firmaram-se com a mudança da economia, antes baseada na manufatura e agora baseada na produção industrial, que gerou a divisão acirrada de classes sociais. Isso ocasionou uma intensa explosão demográfica nos centros urbanos que se industrializaram, como Londres e Paris, pois as pessoas migraram do campo para as cidades em busca de melhores condições de vida.
A falta de emprego para todo mundo resultou em miséria, fome, aumento significativo da violência e alastramento de doenças. O caos desse novo cenário europeu era, para Auguste Comte, mais um atestado de que era necessária uma ciência capaz de estudar e reordenar a sociedade, a fim de colocar a humanidade novamente no rumo do progresso.

 

Como a Revolução Francesa contribuiu para o surgimento da Sociologia?

A Revolução Francesa marcou profundamente a história europeia e, como não poderia ser diferente, foi um fator decisivo para o surgimento da Sociologia. O objetivo final alcançado da Revolução Francesa era acabar com o Antigo Regime.
A lógica monárquica, herdeira do medievalismo, foi derrubada, e o pensamento republicano começou a nascer na Europa. Forma de políticas menos excludentes, laicas e baseadas no Estado de direitos começaram a florescer na França, o que alterou a configuração social do país. Apesar dos fatores positivos que tornaram a revolução necessária, a França viveu anos de instabilidade política por conta do caos deixado no cenário pós-revolucionário, pois a grande Revolução Francesa, de inspiração burguesa e iluminista, ocasionou uma ruptura política dentro da Europa.
Segundo Comte, a Revolução Francesa foi necessária para o desenvolvimento de um novo pensamento político, laico, republicano e juridicamente amparado, mas o caos deixado pela ruptura abrupta impediu o crescimento social francês, fator que precisava ser alterado no século XIX. Como solução, Comte apontou que a Sociologia devia entrar em cena para entender a nova sociedade e reorganizá-la.
Diante da insegurança, que segundo Comte, era um empecilho para o crescimento, para a evolução e para o progresso, o filósofo propôs a criação de uma ciência que, tal como as ciências naturais, observasse e formulasse, metodologicamente, a sociedade a fim de propor rumos para a retomada do progresso social, científico e moral. Diante disso, o filósofo formulou a sua Lei dos Três Estados e inaugurou o positivismo.

O surgimento da Sociologia como ciência


Sociologia é uma ciência social que surge em consequência das ideias iluministas e da busca de diferentes intelectuais de compreender a sociedade e suas dinâmicas. O principal fator social que conduz ao surgimento deste campo de conhecimento foi a Revolução Industrial e suas consequências, como a divisão do trabalho e o processo de urbanização.
Autores como Karl MarxFriedrich EngelsAlexis de Tocqueville, Le Play, Spencer, se dedicaram a estudar os problemas da nova sociedade que surgia na Europa. Em diferentes países começava a aparecer, no século XIX, o interesse de conhecer os problemas sociais e políticos a partir de um ponto de vista científico e todo esse processo indicava o surgimento de um novo campo de conhecimento.
O nome “Sociologia” foi criado por Auguste Comte, também considerado o pai do positivismo. Comte observava uma transformação da sociedade europeia, mais especificamente da sociedade francesa, em que a sociedade militar e teocrática era substituída por uma sociedade industrial e científica (LALLEMENT, 2008, pg. 71). Essa crise poderia ter consequências catastróficas, e a memória do que havia sido a Revolução Francesa ainda era muito recente para desejar que outras revoltas acontecessem.
É assim que surge, no século XIX, a Sociologia, enquanto campo de estudos da sociedade e suas dinâmicas. A sociologia francesa é conhecida como a principal responsável pela institucionalização da disciplina, quando Émile Durkheim foi convidado a ministrar a disciplina em Bordéus em 1887. Assim sendo, foi primeiramente na França que a disciplina passou a ser considerada uma ciência e a fazer parte das disciplinas universitárias.
Émile Durkheim, foi na verdade o primeiro a estabelecer um método sociológico e a definir o objeto de análise dessa disciplina, é por isso que ele também é considerado um dos pais da Sociologia. Assim como Comte, Durkheim também pretendia entender a sociedade e seus problemas para evitar crises e revoltas sociais. O problema que mais o inquietava era o da anomia social, ou seja, a falta de solidariedade e o crescimento do individualismo. Ele também foi responsável por conceituar o fato social enquanto saber coletivo, formas de agir e pensar, que coagem os indivíduos.
Outro autor que também é considerado um dos fundadores da sociologia é Gabriel Tarde. Ele também se dedicou a compreender o que constitui o vínculo social e o fato social, mas sua teoria se distanciava da de Durkheim por considerar que o fato social poderia ser definido a partir das interações entre as consciências individuais. Para Tarde o fundamento do vínculo social era a imitação, os homens imitam os atos dos outros homens e ao reunirem esses atos em comum, de pequenas ações, de modos de pensar, essas similitudes formam um conjunto, o coletivo.
Por fim, é na virada do século XIX para o XX que a Sociologia realmente se estabelece como uma ciência e uma disciplina universitária. Foi na França, na Alemanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra que surgiram suas principais teorias. E autores como Max Weber, Georg Simmel, Thorstein Veblen, Robert E. Park, dentre outros são também importantes neste início.
Os principais pensadores da sociologia são Karl MarxÉmile Durkheim e Max Weber. Porém antes de ser nomeada como sociologia, por Augusto Comte, alguns pensadores anteriores desenvolveram estudos que influenciaram a fundação desta ciência. São eles: RousseauMontesquieuAlexis de Tocqueville, Auguste Comte, Gabriel Tarde, Vilfredo Pareto. Todos eles buscavam compreender, de alguma forma, a relação entre política, economia e sociedade. Cada um deles desenvolveu teorias sobre o que compõe uma sociedade, quais os poderes que a organiza, qual o sentido da coerção, dentre outros temas.
Rosseau e Montesquieu são reconhecidos pela influência de seus escritos para a Revolução Francesa e para as teorias sobre a formação dos Estados. Ambos os autores são contratualistas, ou seja, acreditam que os homens em algum momento, através de um contrato, delegaram a outros o poder de representação. Assim como eles, na tradição inglesa Hobbes e Locke também foram contratualistas e exercem forte influência sobre a sociologia.
Alexis de Tocqueville também era francês e sofria as consequências da Revolução Francesa. Aristocrata, ele viu os valores de uma classe ser questionado pela burguesia e isso o motivou a viajar para a nova nação em construção, os Estados Unidos da América. Sua principal obra é “A democracia na América”, em que o autor analisa os valores dessa nova sociedade, seu funcionamento político, a influência dos jornais, a vontade de associação, dentre outros.
Karl Marx, de origem alemã, é muito conhecido por suas obras que versam sobre economia, política, direito e trabalho. Uma de suas principais contribuições é a teoria do valor trabalho, em que analisa o que é a mais valia. Seus trabalhos influenciam o campo das ciências sociais até os dias atuais e são responsáveis por uma vasta bibliografia que trata dessas relações a partir do ponto de vista marxista.
O nome sociologia, portanto, foi cunhado pelo filósofo Auguste Comte. Ao contrário de Marx, Comte era um reformador, a sociologia surge como a ciência que compreende os problemas sociais para buscar soluções que evitem colapsos como a Revolução Francesa. Gabriel Tarde é outro pensador francês que é considerado um dos fundadores da sociologia, seus trabalhos tratavam sobre os aspectos sociais do crime e uma de suas teorias mais famosas é a teoria da imitação.
Pareto, Durkheim e Weber possuem em comum o desejo de fazer ciência. Os três escreveram suas obras no final do século XIX e por isso compreendem o mundo de forma distinta dos autores anteriores. Também é comum aos três o pensamento de que, assim como Comte afirmara algum tempo antes, a sociedade para se manter como um todo precisava de um consenso, todos deveriam crer na coletividade (ARON, 2000, p. 279).
Émile Durkheim buscava compreender quais fatores unem os indivíduos para compor uma sociedade. Seus trabalhos tiveram como principais temas o Direito, a educação, a moral, a religião, o suícidio e o trabalho. Um de seus trabalhos mais importantes é o que demarca a diferença entre a sociologia, a filosofia e a psicologia: As regras do método sociológico. Pareto criticava o trabalho de Durkheim por considerá-lo uma moral científica.
Por fim, Max Weber tem como principais contribuições análises sobre o grau de organização das sociedades modernas, burocráticas e racionalizadas. Mas ao mesmo tempo ele apontava para os limites deste processo, reduzindo as liberdades individuais, a escolha pessoal, a fé.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Brasil na Segunda Guerra


FONTE: https://brasilescola.uol.com.br/

Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito da história da humanidade e contou com a participação brasileira a partir de 1944, com o envio de aproximadamente 25 mil soldados, que lutaram no fronte de batalha do norte da Itália. A atuação do Brasil na Segunda Guerra também contribuiu para antecipar o fim da ditadura de Getúlio Vargas.

Relações diplomáticas brasileiras

Durante o período pré-guerra, isto é, na década de 1930, a política externa do Brasil foi a de procurar garantir os melhores benefícios possíveis com as duas potências econômicas daquele momento: Estados Unidos e Alemanha. Assim, nessa época, o Brasil realizou uma série de acordos econômicos com essas duas nações.

Os Estados Unidos haviam aumentado a sua influência sobre a economia internacional a partir da recuperação gradual da sua economia, e a Alemanha, desde a ascensão dos nazistas ao poder, havia iniciado uma política para aumentar a sua influência, tanto ideológica quanto econômica, na América Latina.

As ações de aproximação realizadas pela Alemanha deram certo efeito em sua relação com o Brasil, pois, claramente, existia uma ala do exército brasileiro simpatizante da causa nazista e, além disso, uma série de acordos econômicos foi realizada entre os dois países. Em virtude disso, conforme afirma o historiador Boris Fausto, a Alemanha transformou-se no maior comprador do algodão brasileiro e no segundo maior comprador do café produzido aqui1.

Os acordos com a Alemanha renderam também o fornecimento de armamentos para o exército brasileiro. No entanto, apesar da parceria, Getúlio Vargas mostrou-se inclinado a voltar-se para os Estados Unidos, em detrimento da Alemanha. Isso ficou evidenciado quando ele passou a perseguir os representantes do fascismo no Brasil, conhecidos como integralistas.

O início da Segunda Guerra Mundial foi essencial para a definição da política econômica externa do Brasil, pois o bloqueio marítimo imposto pelos britânicos impossibilitou os alemães de manterem relações comerciais com o Brasil, e isso fortaleceu a posição dos Estados Unidos aqui, uma vez que novas possibilidades comerciais surgiam com esse cenário.

Mapa Mental - Segunda Guerra Mundial

Os Estados Unidos observavam o aumento da influência alemã no Brasil com cautela e, de maneira tímida, tomaram medidas que visavam aumentar a presença da cultura e economia americana no Brasil e na América Latina. Essa política de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina ficou conhecida como política da boa vizinhança.

Economicamente, os Estados Unidos negociaram uma série de acordos econômicos para garantir o apoio do Brasil. Esse conjunto de acordos garantiu a cessão de borracha para os Estados Unidos e a permissão para o uso de bases militares no Nordeste brasileiro. Em troca, os norte-americanos aceitaram financiar a construção de uma siderúrgica em Volta Redonda e fornecer equipamento militar ao Brasil.
No campo cultural, a política americana aconteceu de maneira bastante intensa, com o presidente Franklin Delano Roosevelt nomeando Nelson Rockefeller para comandar ações que aumentassem a influência cultural dos Estados Unidos na América Latina e, em especial, no Brasil. A equipe de Rockefeller, junto com Walt Disney, foi responsável, por exemplo, pela criação de Zé Carioca, personagem brasileiro da Disney.
Com o crescimento dessa influência cultural e com os acordos econômicos consolidados, a entrada dos Estados Unidos na guerra foi essencial para que o Brasil tomasse uma postura diplomática contra o Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão). Assim, em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo.
Brasil vai à guerra
A reação alemã com o rompimento de relações diplomáticas realizado por Getúlio Vargas ocorreu em agosto de 1942, quando submarinos alemães torpedearam e afundaram cinco navios mercantes brasileiros. Os ataques indignaram a opinião pública, e Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha naquele mesmo mês.
A declaração de guerra contra o Eixo fez com que o Brasil mobilizasse soldados para que fossem enviados ao fronte de batalha. Em novembro de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), e soldados de diferentes partes do país foram convocados para formar um corpo de aproximadamente 25 mil militares, comandados pelo general Mascarenhas de Morais. Esses soldados ficaram conhecidos pelo nome de “pracinhas”.
O envio de soldados brasileiros não foi uma imposição dos Estados Unidos, mas surgiu de uma demanda interna do próprio governo brasileiro. Apesar disso, a participação do Brasil na guerra encontrou a oposição dos Aliados, que temiam a pouca preparação dos soldados brasileiros. Os pracinhas foram integrados com o 5º exército americano e atuou nos combates no norte da Itália.
A princípio, o exército brasileiro mostrou-se mal preparado e equipado para a guerra, e isso ficou evidenciado em um primeiro combate, no qual, de acordo com o historiador Thomas E. Skidmore, os brasileiros sofreram pesadas baixas contra os alemães e foram obrigados a recuar2. É importante lembrar que, além da pouca preparação dos pracinhas, os soldados alemães estavam em posições de defesa muito boas e equipados de metralhadoras potentes.
Após ser reequipado e passar por novo treinamento com os soldados americanos, o exército brasileiro foi lançado novamente à batalha e teve participação na Batalha de Monte Castello, cuja conquista foi realizada em fevereiro de 1945. Outras participações do Brasil na guerra ocorreram em Castelnuovo, Montese, Fornovo di Taro etc.
Ao final da guerra, a atuação brasileira havia resultado em 454 soldados brasileiros mortos em combate. Com a ocupação Aliada em determinadas partes da Europa, o exército brasileiro recebeu o convite para auxiliar na ocupação da Áustria, porém o comando militar do Brasil rejeitou o convite, segundo o historiador americano Frank McCann3.

_________________
1 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 324.
2 SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 173.
3 “EUA queriam que Brasil participasse da ocupação”. Para acessar, clique aqui.

Por Daniel Neves
Graduado em História

O Protocolo de Kyoto


Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global.
Redigido e assinado em Kyoto (Japão), em 1997, o Protocolo criou diretrizes para amenizar o impacto dos problemas ambientais causados pelos modelos de desenvolvimento industrial e de consumo vigentes no planeta.
De acordo com o Protocolo, as nações se comprometem a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, comparando-se com os níveis de 1990. O principal alvo é o dióxido de carbono (CO2), pois especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros gases está ligada ao aquecimento global, fenômeno que pode ter efeitos catastróficos para a humanidade durante as próximas décadas.
A intensidade do corte nas emissões de gases poluentes varia, contudo, de país para país, e só foram obrigadas a seguir o compromisso acima as nações consideradas desenvolvidas.
O Protocolo entrou em vigor a partir de 2004 e prevê que suas metas sejam atingidas entre 2008 e 2012, quando ele expirará, dando lugar a outro acordo. Esse novo protocolo deve ser negociado, redigido e aprovado até a realização da conferência da ONU prevista para ocorrer no final de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.

Mecanismos e medidas

O Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem suas metas ambientais. O primeiro prevê parcerias entre países na criação de projetos ambientalmente responsáveis. O segundo dá direito aos países desenvolvidos de comprarem "créditos" diretamente das nações que poluem pouco. Por fim, também foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos de carbono.
Segundo o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm de tomar algumas medidas para atingir as metas de redução de gases:
·         Aumento da eficiência energética em setores relevantes da economia;

·         Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa sobre o meio ambiente, como as florestas;

·         Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal, florestamento e reflorestamento;

·         Promoção de formas sustentáveis de agricultura;

·         Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e renováveis de energia;

·         Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono;

·         Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras;

·         Redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, isenções tributárias e tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo;

·         Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as emissões de gases poluentes;

·         Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa;

·         Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na distribuição de energia;

·         Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias adotadas.



Assinaturas e ratificações

Redigido o documento, era preciso que os países assinassem e ratificassem o Protocolo, ou seja, confirmassem sua adesão, para que o acordo entrasse em vigor.
As assinaturas começaram a ser colhidas em 1998, mas o Protocolo só entrou em vigor em 2004, após a aceitação e ratificação da Rússia. Isso ocorreu porque, para entrar em vigor, o Protocolo precisava ser ratificado por pelo menos 55 países que, juntos, representassem, no mínimo, 55% das emissões de gases feitas em 1990.
Atualmente, 175 países já assinaram e ratificaram o documento, mas os Estados Unidos, maior emissor de dióxido de carbono do mundo (36,1%), se opuseram ao Protocolo de Kyoto, afirmando que a implantação das metas prejudicaria a economia do país.
Na época, o presidente George W. Bush considerou possível a hipótese do aquecimento global, mas disse que preferia combatê-lo com ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas soluções tecnológicas. Outro argumento utilizado por Bush, para refutar o acordo, foi o fato de o Protocolo não exigir redução de emissões dos países em desenvolvimento, como a China e a Índia.
Durante o governo de George Bush, a posição do governo norte-americano sofreu modificações, mas em nenhum momento os Estados Unidos sinalizaram a intenção clara de ratificar o Protocolo.
Essa leve alteração no comportamento dos EUA ocorreu a partir de dezembro de 2007, depois da Conferência das Nações Unidas em Bali, onde se discutiu o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPPC). Naquela oportunidade, a Austrália, que até aquele momento relutara em assinar o Protocolo, acabou aderindo, o que deixou os Estados Unidos isolados em relação aos demais países desenvolvidos.
Depois da eleição de Barak Obama para a presidência dos EUA, a posição do país, até os primeiros meses de 2009, ainda era uma incógnita.

Certificados de carbono

Entre os países mais engajados na efetivação do Protocolo estão os membros da Comunidade Econômica Européia, que, por exemplo, passaram a tomar medidas no sentido de multar os carros mais poluentes.
Além disso, são esses países os que mais emitem certificados de redução de emissão de carbono. Tais papéis financiam os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), que são projetos em todo mundo para reduzir as emissões de gases ou captar o carbono emitido por processos industriais.
Os MDLs formam a base do comércio de carbono obrigatório. E é nesse filão que participam os países em desenvolvimento. Brasil, China e Índia, por exemplo, têm vários projetos que já emitiram certificados de carbono para serem comercializados.
Para o futuro, prevê-se a criação de um grande mercado global de carbono, com mercados regionais menores funcionando em paralelo. Espera-se a aproximação entre o Japão, que já possui um esquema voluntário em vigor, e a Nova Zelândia, que já desenha um esquema nacional; assim como a união entre Estados Unidos e Canadá. Ou seja, será comum países fazerem acordos.

As discussões prosseguem

Uma das questões primordiais em relação ao aquecimento global é: quem pagará a conta dos esforços necessários para atenuar a mudança climática?
Foi em busca de uma resposta que mil representantes de 190 países se reuniram, no início de abril de 2008, em Bangcoc, na Tailândia, e continuarão se reunindo. Eles discutem a divisão de responsabilidades para reduzir a geração de poluição e "salvar o planeta".
Dessa forma, as novas propostas de leis ambientais deverão estar prontas até o final de 2009, para, em 2013, substituírem o Protocolo de Kyoto. Esse novo tratado incluirá todos os países, e não só os desenvolvidos, causando impacto na economia mundial.
A previsão é de que, no final de 2009, em Copenhague, será desenhado um tratado para controlar as emissões de gases do efeito estufa (GEE) após 2012, quando termina o Protocolo de Kyoto. Os aspectos mais práticos, como regras de redução ou mesmo mecanismos de flexibilização para ajudar os países a cumprirem as metas, serão construídos depois.
Entretanto, ao contrário do que prevê o Protocolo de Kyoto, as emissões de gases de efeito estufa dos países mais industrializados cresceram 2,3% entre 2000 e 2006. São números preocupantes, principalmente quando o mundo está diante de três crises interdependentes: climática, econômica e energética.

A indústria e a produção do espaço geográfico


Os três principais tipos de industrialização são: clássica, tardia e planificada.

 

A industrialização das sociedades proporciona profundas alterações no espaço geográfico. Graças a ela, novos elementos passam a fazer parte da vida das pessoas, das cidades e do campo, eleva-se a demanda por energia e o consumo médio da população, além de intensificar ou acelerar o processo de urbanização. Desse modo, é notória a inferência de que as indústrias constituem um dos mais importantes atores de produção e transformação do espaço.


Ao longo do tempo, a humanidade conheceu três processos distintos de modelos industriais pelos quais os diferentes países e localidade vivenciaram. Essas tipificações estão relacionadas a fatores econômicos e políticos relacionados ao desenvolvimento das nações pelo mundo. Os principais tipos, no que se refere ao modelo, são: industrialização clássica, planificada e tardia.

industrialização clássica é característica dos países desenvolvidos, ocorrendo ao longo da I Revolução Industrial naqueles que eram considerados os principais centros econômicos e políticos do planeta. Seu início se deu na Inglaterra e se disseminou por outras partes do mundo, como a França, os Estados Unidos e o Japão.

De início, essa industrialização provocou uma série de problemas urbanos, principalmente aqueles relacionados à marginalidade da classe trabalhadora que, até então, não dispunha de muitos direitos trabalhistas. Atualmente, os países que passaram por esse tipo de industrialização são os principais precursores de novas tecnologias e inovações no campo produtivo.

industrialização planificada ocorreu nos países do antigo “segundo mundo” socialista durante o século XX. Corresponde às economias de estado, como nas repúblicas que integraram a União Soviética, além de China, Cuba e outras nações.

Nesses países – que em algumas perspectivas não são consideradas socialistas, mas “capitalistas de Estado” - as instituições financeiras e industriais, bem como os meios e instrumentos nelas utilizados são de propriedade estatal, não havendo propriedade privada. Nesses países, a industrialização também se deu de forma acentuada, interligando as diferentes regiões em uma elevada interdependência de serviços e infraestrutura, além de apresentar um êxodo rural um pouco mais controlado em função das reformas sociais aplicadas no meio agrário.
Já a industrialização tardia ou periférica encontra-se em curso em muitos países e é predominante em economias subdesenvolvidas ou emergentes. Esses países começaram a dinamizar as suas práticas industriais apenas na segunda metade do século XX em diante (alguns deles ainda nem iniciaram esse processo de forma mais intensificada), o que justifica, em partes, o atraso tecnológico por eles vivenciados.

Esse tipo de industrialização, diferentemente dos outros dois, não ocorre pela ação das indústrias nacionais e sim pela iniciativa privada estrangeira, geralmente representada por grandes corporações multinacionais. Por esse motivo, não há avanços em uma produção tecnológica, cujo conhecimento e desenvolvimento se faz pelo capital estrangeiro oriundo dos países desenvolvidos.

Os efeitos desse processo foi uma urbanização extremamente acelerada e um êxodo rural descontrolado em função do processo de mecanização do campo, que substituiu, em grande parte, os trabalhadores rurais por máquinas. A consequência é o inchamento das cidades e a manifestação de inúmeras contradições sociais, como as favelas e outras moradias precárias, além de inúmeros problemas de caráter socioambientais urbanos.
As diferenças históricas e geográficas promoveram diferentes tipos de industrialização pelo mundo.


O espaço geográfico corresponde ao espaço construído pelas atividades humanas e pelas sociedades, sendo por elas explorado e correntemente transformado. Ele difere-se do meio natural por ser o local onde imediatamente se observa a atuação do ser humano sobre o meio, com a geração de seus respectivos impactos. Trata-se, contudo, de um conceito que possui várias definições e abordagens.

De maneira geral, é correto dizer que há uma produção do espaço geográfico, ou seja, ele é resultante das atividades sociais nas esferas econômica, cultural, educacional e outras. Por esse motivo, compreendê-lo é também uma forma de entender o próprio ser humano e a estrutura das sociedades.

Há que se dizer que, além de produzido, o espaço geográfico é propriamente concebido. Isso que dizer que, além de resultado das práticas e intervenções humanas sobre o meio, ele é fruto da forma com que as pessoas enxergam a realidade. Nesse sentido, o espaço também interfere nas diferentes maneiras com que podemos apreender a realidade e a ela dar significado, ganhando, nesse sentido, uma substância, em termos de conteúdo, que lhe dá uma dinâmica própria.

É nesse sentido que surge o conceito de lugar, que nada mais é do que o espaço percebido e também aqueles locais sobre os quais os sujeitos adquirem afeição e familiaridade. Aquele ponto turístico preferido, a rua da sua casa ou até a fazenda para onde uma pessoa qualquer costuma viajar são exemplos de lugar, que ganha, portanto, um aspecto subjetivo e individual. Nesse contexto, a Geografia também é a ciência dos lugares.

Desde os primórdios da humanidade, antes mesmo da invenção da escrita, os seres humanos atuam no processo de modificação da natureza. Com o tempo, essa prática foi se tornando cada vez mais comum e culminou no desenvolvimento das civilizações, todas elas dotadas de seus espaços, sem os quais não seria possível ter referências sobre elas. Assim sendo, esse espaço é parte constituinte da sociedade que o constrói e, de certa forma, reflexo dela, sendo o produto de suas visões de mundo, práticas sociais, religiões, culturas e, claro, de seu poder. Atualmente, podemos dizer que o nosso espaço atual é fruto não só da sociedade contemporânea, mas também um produto de seu passado.
O espaço geográfico, pois, carrega consigo elementos do passado e do presente, sendo o testemunho mais explícito das diferenças de valores culturais, arquitetônicos e morais dos diferentes períodos da história. Quando observamos um prédio antigo ou andamos por ruas centenárias, somos capazes de perceber, ao menos em partes, os valores de épocas anteriores.
É nesse sentido que podemos notar a dinâmica da paisagem, outro importante conceito atrelado à ideia de espaço geográfico. Ela não é só a aparência do meio em que vivemos, mas também um reflexo e um condicionante de suas formas e conteúdos. Por definição, podemos compreender a paisagem como tudo aquilo que podemos apreender por meio de nossos sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição), embora também existam as chamadas “paisagens ocultas”, aquelas que se escondem ou são ofuscadas pelas práticas sociais, seja por questões econômicas, seja por visões de preconceito, entre outros.

Além das paisagens, para melhor compreender o espaço geográfico, muitas vezes é preciso compreendê-lo em seus aspectos regionais. Para definir o que seria uma região, outro importante conceito, é necessária a adoção de um critério (natural, cultural, econômico, político, etc.) para estabelecer aquilo que chamamos de regionalização. Portanto, região é a porção do espaço dividida e observada a partir de um critério específico, elaborado conforme os nossos interesses e convicções, havendo, dessa forma, tantas regiões quanto critérios diferentes utilizados para elaborá-las.

Mas é importante também conceber que o espaço geográfico possui diferentes dinâmicas e relações, carregando consigo os valores morais da sociedade. Em muitos casos, relações de poder são estabelecidas e o espaço passa a ser apropriado, ou seja, controlado. Essa apropriação pode receber limites e fronteiras (a exemplo do território nacional), mas em outros casos não (como os territórios dos traficantes nas favelas, quando os limites não são muito precisos). Por isso, torna-se importante a compreensão do território, que é o espaço delimitado a partir das relações de poder, podendo se apresentar em várias escalas (do local ao global) e também em múltiplas formas (contínuo, em rede, etc.).

Portanto, podemos notar que o espaço é um elemento bastante complexo da realidade, tanto é que ele possui uma ciência específica que se preocupa em estudá-lo: a Geografia. Ela analisa-o como um fenômeno social, mas também se preocupa em estudar e compreender as paisagens naturais, haja vista que o seu substrato é de imediato interesse para a sociedade e suas atividades.

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

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