FONTE: https://brasilescola.uol.com.br/
A Segunda Guerra Mundial foi
o maior conflito da história da humanidade e contou com a participação brasileira
a partir de 1944, com o envio de aproximadamente 25 mil soldados, que lutaram
no fronte de batalha do norte da Itália. A atuação do Brasil na
Segunda Guerra também contribuiu para antecipar o fim da ditadura de Getúlio Vargas.
Relações diplomáticas brasileiras
Durante o
período pré-guerra, isto é, na década de 1930, a política externa do Brasil foi
a de procurar garantir os melhores benefícios possíveis com as duas potências
econômicas daquele momento: Estados Unidos e Alemanha. Assim,
nessa época, o Brasil realizou uma série de acordos econômicos com essas duas
nações.
Os Estados Unidos haviam aumentado a sua influência sobre a
economia internacional a partir da recuperação gradual da sua economia, e a
Alemanha, desde a ascensão dos nazistas ao poder, havia
iniciado uma política para aumentar a sua influência, tanto ideológica quanto
econômica, na América Latina.
As ações de aproximação realizadas pela Alemanha deram certo
efeito em sua relação com o Brasil, pois, claramente, existia uma ala do
exército brasileiro simpatizante da causa nazista e, além disso, uma série de
acordos econômicos foi realizada entre os dois países. Em virtude disso,
conforme afirma o historiador Boris Fausto, a Alemanha transformou-se no maior
comprador do algodão brasileiro e no segundo maior comprador do café produzido
aqui1.
Os acordos com a Alemanha renderam também o fornecimento de
armamentos para o exército brasileiro. No entanto, apesar da parceria, Getúlio
Vargas mostrou-se inclinado a voltar-se para os Estados Unidos, em detrimento
da Alemanha. Isso ficou evidenciado quando ele passou a perseguir os
representantes do fascismo no Brasil, conhecidos como integralistas.
O início da Segunda Guerra Mundial
foi essencial para a definição da política econômica externa do Brasil, pois o
bloqueio marítimo imposto pelos britânicos impossibilitou os alemães de
manterem relações comerciais com o Brasil, e isso fortaleceu a posição dos
Estados Unidos aqui, uma vez que novas possibilidades comerciais surgiam com
esse cenário.
Mapa Mental - Segunda Guerra Mundial
Os Estados Unidos observavam o aumento da influência alemã no
Brasil com cautela e, de maneira tímida, tomaram medidas que visavam aumentar a
presença da cultura e economia americana no Brasil e na América Latina. Essa
política de aproximação dos Estados Unidos com a América Latina ficou conhecida
como política da boa vizinhança.
Economicamente, os Estados Unidos
negociaram uma série de acordos econômicos para garantir o apoio do Brasil.
Esse conjunto de acordos garantiu a cessão de borracha para os Estados Unidos e
a permissão para o uso de bases militares no Nordeste brasileiro. Em troca, os
norte-americanos aceitaram financiar a construção de uma siderúrgica em Volta
Redonda e fornecer equipamento militar ao Brasil.
No campo cultural, a política
americana aconteceu de maneira bastante intensa, com o presidente Franklin
Delano Roosevelt nomeando Nelson Rockefeller para comandar ações que
aumentassem a influência cultural dos Estados Unidos na América Latina e, em
especial, no Brasil. A equipe de Rockefeller, junto com Walt Disney, foi
responsável, por exemplo, pela criação de Zé Carioca, personagem
brasileiro da Disney.
Com o crescimento dessa influência
cultural e com os acordos econômicos consolidados, a entrada dos Estados Unidos
na guerra foi essencial para que o Brasil tomasse uma postura diplomática
contra o Eixo (formado por Alemanha, Itália e Japão). Assim, em janeiro de
1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo.
Brasil
vai à guerra
A reação alemã com o rompimento de
relações diplomáticas realizado por Getúlio Vargas ocorreu em agosto de 1942,
quando submarinos alemães torpedearam e afundaram cinco navios mercantes
brasileiros. Os ataques indignaram a opinião pública, e Getúlio Vargas declarou
guerra à Alemanha naquele mesmo mês.
A declaração de guerra contra o Eixo
fez com que o Brasil mobilizasse soldados para que fossem enviados ao fronte de
batalha. Em novembro de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB),
e soldados de diferentes partes do país foram convocados para formar um corpo
de aproximadamente 25 mil militares, comandados pelo general
Mascarenhas de Morais. Esses soldados ficaram conhecidos pelo nome de
“pracinhas”.
O envio de soldados brasileiros não
foi uma imposição dos Estados Unidos, mas surgiu de uma demanda interna do
próprio governo brasileiro. Apesar disso, a participação do Brasil na guerra
encontrou a oposição dos Aliados, que temiam a pouca preparação dos soldados
brasileiros. Os pracinhas foram integrados com o 5º exército
americano e atuou nos combates no norte da Itália.
A princípio, o exército brasileiro
mostrou-se mal preparado e equipado para a guerra, e isso ficou evidenciado em
um primeiro combate, no qual, de acordo com o historiador Thomas E. Skidmore,
os brasileiros sofreram pesadas baixas contra os alemães e foram obrigados a
recuar2. É
importante lembrar que, além da pouca preparação dos pracinhas, os soldados
alemães estavam em posições de defesa muito boas e equipados de metralhadoras
potentes.
Após ser reequipado e passar por
novo treinamento com os soldados americanos, o exército brasileiro foi lançado
novamente à batalha e teve participação na Batalha de Monte Castello, cuja
conquista foi realizada em fevereiro de 1945. Outras participações do Brasil na
guerra ocorreram em Castelnuovo, Montese, Fornovo di Taro etc.
Ao final da guerra, a atuação
brasileira havia resultado em 454 soldados brasileiros mortos em combate. Com a
ocupação Aliada em determinadas partes da Europa, o exército brasileiro recebeu
o convite para auxiliar na ocupação da Áustria, porém o comando militar do
Brasil rejeitou o convite, segundo o historiador americano Frank McCann3.
_________________
1 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 324.
2 SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 173.
3 “EUA queriam que Brasil participasse da ocupação”. Para acessar, clique aqui.
1 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 324.
2 SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 173.
3 “EUA queriam que Brasil participasse da ocupação”. Para acessar, clique aqui.
Por Daniel Neves
Graduado em História
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