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quarta-feira, 17 de junho de 2020

As bombas atômicas e a Segunda Guerra Mundial na Ásia


Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos fizeram uso, pela primeira vez na história da humanidade, de armas atômicas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Essas bombas foram utilizadas para forçar a rendição japonesa e evitar que as tropas americanas precisassem invadir o Japão por terra. Ainda hoje esse episódio gera debates entre os historiadores a respeito da questão ética que envolveu o lançamento de bombas atômicas contra civis.

Segunda Guerra Mundial na Ásia

O conflito entre os Estados Unidos e o Japão na Segunda Guerra Mundial foi iniciado após um ataque surpresa dos japoneses contra a base naval americana de Pearl Harbor, localizada no Havaí, em 7 de dezembro de 1941 . Esse ataque resultou em cerca de 2.400 americanos mortos e levou o país a declarar guerra ao Japão.

O ataque japonês visava promover a destruição da frota americana presente no Pacífico para conseguir a sua expulsão das Filipinas, ou de qualquer outro lugar que Estados Unidos estivessem presentes no continente asiático. Isso garantiria o fim do embargo sofrido pelo Japão às importações de petróleo.

Os primeiros meses da atuação japonesa na guerra foram repletos de vitórias. Os japoneses conseguiram derrotar seguidamente as forças americanas, britânicas e franceses em diferentes locais: Cingapura, Malásia, Birmânia, Índias Orientais Holandesas etc. A desorganização das tropas Aliadas foi um fator decisivo a ocasionar o acúmulo de derrotas nesses locais.

A recuperação americana ocorreu a partir da Batalha de Midway, em junho de 1942. Essa batalha é vista pelos americanos como o ponto da virada na guerra. A Marinha Imperial japonesa sofreu danos irreversíveis durante essa batalha e, a partir disso, o Japão foi vagarosamente sendo derrotado pelos Estados Unidos e ficando encurralado em seu próprio território.

Conferência de Potsdam

Em julho de 1945, as potências que faziam parte dos Aliados reuniram-se durante a Conferência de Potsdam. Os representantes reunidos nessa ocasião foram Stalin (União Soviética), Harry Truman (Estados Unidos) e Clement Attlee (Reino Unido). Eles debateram as condições que seriam impostas aos alemães ao final da guerra. Além disso, foram debatidos os termos da rendição que seria redigida e encaminhada aos japoneses.

A solicitação de rendição dos países Aliados ao Japão aconteceu porque os Estados Unidos queriam evitar a necessidade de invasão territorial desse país. O temor americano era de que a resistência japonesa fosse obstinada e isso pudesse custar milhares de vidas de soldados americanos. Além disso, a opinião pública americana começava a aborrecer-se com a demora em acabar com a guerra e, por isso, o governo sentia a pressão para antecipar o fim do conflito. Por fim, havia o temor do avanço dos soviéticos pelo continente asiático (a configuração da Guerra Fria começava a estabelecer-se nesse momento).

Assim, foi emitida a Declaração de Potsdam, que solicitou a rendição imediata do Japão afirmando que, caso houvesse recusa, esse país deveria estar pronto para encarar a sua rápida e total destruição. O presidente americano decidiu que, em caso de recusa dos japoneses, os Estados Unidos usariam suas armas atômicas desenvolvidas durante o Projeto Manhattan.

Lançamento das bombas atômicas

A cúpula japonesa recusou os termos estipulados na Declaração de Potsdam e, assim, os Estados Unidos lançaram a primeira bomba sobre a cidade de Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. A bomba foi transportada em um B-29, que recebeu o nome de Enola Gay. O piloto, Paul Tibbets, recebeu ordens de jogá-la sobre a Ponte Aioi.

A bomba lançada sobre Hiroshima recebeu o nome de Little Boy e explodiu a cerca de 580 metros do chão. Imediatamente depois da explosão, um grande clarão espalhou-se (relatos afirmam que cada pessoa pode ter visto um clarão com um tom diferente) e uma bola de calor surgiu e dispersou-se por toda a cidade, trazendo grande destruição.

Pessoas mais próximas ao “marco zero” foram instantaneamente vaporizadas em uma velocidade tão grande que as impediu de perceber o que acontecia ou mesmo de sentir dor. Outras pessoas tiveram suas sombras impressas nas paredes, deixando um registro da sua última ação em vida. O impacto destrutivo da bomba atômica em Hiroshima resultou em cerca de 80 mil mortes imediatas.

Apesar do enorme poder de destruição que pôde ser percebido em Hiroshima, ainda havia membros da cúpula do governo japonês que defendiam a continuidade na guerra. Mesmo com todos os indícios de que a derrota do Japão era evidente, alguns desses integrantes ainda acreditavam em uma resistência final, que garantiria a expulsão dos americanos e a manutenção das posses territoriais do Japão na China.

Com a não rendição japonesa, o exército americano lançou a segunda bomba atômica. O alvo escolhida foi Kokura, no entanto, o lançamento da bomba sobre a cidade foi cancelado em razão de questões climáticas. O piloto do avião Bock’s Car, Charles W. Sweeney, resolveu, então, lançar a bomba sobre a cidade japonesa de Nagasaki.

A bomba lançada sobre Nagasaki era muito mais potente que a usada em Hiroshima, no entanto, a condição geográfica da cidade, a qual possui muitos morros, fez com que determinadas áreas ficassem protegidas. Assim, apesar da grande destruição causada pela bomba, o número de vítimas foi menor: cerca de 40 mil mortes imediatas.

Os sobreviventes de ambas as cidades tiveram de lidar com grande sofrimento. Muitos ficaram com queimaduras gravíssimas por causa da onda de calor provocada pela bomba e precisaram tratá-las durante anos (especula-se que a demora no fechamento das feridas foi consequência da radiação). Além disso, milhares de pessoas morreram subitamente dias depois em decorrência do contato com a radiação.

O restante dos sobreviventes teve de lidar durante toda a vida com inúmeras doenças surgidas posteriormente ao ataque. Além disso, os filhos desses sobreviventes, que nasceram anos depois, colheram consequências relacionados ao contato de seus pais com a radiação. Por fim, quem sobreviveu ainda enfrentou forte preconceito da sociedade japonesa. Após anos de reivindicações, essas pessoas conseguiram que o governo arcasse com a totalidade de suas despesas médicas de maneira vitalícia.

O lançamento das bombas atômicas acabou alcançando o objetivo esperado pelos Estados Unidos: a rendição japonesa. O governo japonês aceitou render-se no dia 14 de agosto de 1945, e uma mensagem gravada pelo Imperador Hirohito foi transmitida em todo o Japão colocando fim à guerra. A rendição incondicional do país iniciou o período da ocupação americana em seu território e marcou em definitivo o fim da Segunda Guerra Mundial.


As bombas atômicas foram lançadas pelos Estados Unidos no Japão, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. Atribui-se o lançamento das bombas à negativa japonesa de se render e à tentativa americana de evitar uma invasão territorial do Japão. Esse ato foi considerado um crime de guerra.

Justificativas e críticas

Segundo o discurso oficial defendido pelos Estados Unidos, o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão foi consequência da negativa japonesa em se render de acordo com os termos estipulados na Declaração de Potsdam. Os americanos queriam evitar uma possível invasão por terra do Japão porque isso resultaria em milhares de mortos por causa da dura resistência japonesa nos combates. Do ponto de vista americano, o uso das bombas, apesar de cruel, poupou inúmeras vítimas – principalmente americanas – e antecipou o final da guerra, acabando com a agonia japonesa.

Muitos afirmam que o uso das bombas só ocorreu como uma demonstração de força americana para os soviéticos no contexto da Guerra Fria, que já se delineava no mundo com o final da Segunda Guerra na Europa. Críticas também foram realizadas por aqueles que consideraram o uso das bombas desnecessário, uma vez que o Japão era uma nação falida e não suportaria mais a manutenção da guerra.

Efeitos das bombas

Hiroshima algumas semanas após o bombardeio. Foto de setembro ou outubro de 1945
A bomba de Hiroshima, lançada em 6 de agosto de 1945, às 8:15 da manhã, causou uma destruição imensa. Charles Pellegrino afirma que a pessoa mais próxima da explosão da bomba foi a senhora Aoyama, que foi instantaneamente vaporizada pelo efeito da explosão. Veja os detalhes da morte dela no relato a seguir:

Desde o momento em que os raios começaram a atravessar seus ossos, sua medula começaria a vibrar a mais de cinco vezes o ponto de ebulição da água. Os ossos ficariam instantaneamente incandescentes, e toda a sua pela tentaria, ao mesmo tempo, explodir e desgrudar-se do esqueleto, enquanto era forçada na direção do chão como se fosse um gás comprimido. Durante os primeiros três décimos de segundo à detonação da bomba, a maior parte do ferro seria separada do sangue da senhora Aoyama, como por refinaria atômica. […] Quando o som da explosão chegasse a seu filho Nenkai, a dois quilômetros dali, toda a substância do corpo da sua mãe, incluindo o ferro do sangue e o cálcio […], estaria subindo à estratosfera para se tornar parte das estranhas tempestades radioativas que perseguiriam Nenkai e outros sobreviventes


Outras vítimas próximas a bombas tiveram sua sombra impressa em paredes que permaneceram de pé. A partir daí, uma nuvem de calor varreu Hiroshima, trazendo grande destruição material sobre a cidade. Os sobreviventes relatam a respeito de um forte clarão quando a bomba explodiu, e alguns se lembram de um forte som. Apesar da grande destruição, a bomba de Hiroshima foi considerada um fracasso, pois não alcançou nem metade do potencial esperado.


Após a explosão, os impactos e os efeitos da bomba espalharam-se de maneira mais rápida que o corpo humano pudesse reagir. A professora Arai, que examinava papéis de caligrafia de seus alunos, contou que a radiação imprimiu os caracteres em preto definitivamente sobre seu rosto |2|. Ela sobreviveu, mas todos seus alunos morreram.

Os sobreviventes relataram o horror que se espalhou pela cidade. As pessoas estavam feridas de todas as formas possíveis. Locais com vidraças tornaram-se mortais, pois o impacto da explosão fez com que os cacos de vidros fossem lançados sobre as pessoas a velocidades altíssimas. Há relatos de sobreviventes com inúmeros cacos de vidro espalhados pelo corpo.
Outro efeito da bomba sobre as pessoas foi as queimaduras causadas pela nuvem de calor que se espalhou pela cidade. Os relatos mais fortes falam de pessoas com a pele derretida presa ao corpo. Outros afirmam que pessoas tiveram as órbitas oculares derretidas pelo calor. Alguns, com ferimentos menos graves, tiveram que lidar durante meses com queimaduras no corpo que não se curavam (efeito da radiação).

Nos dias seguintes, nuvens de moscas espalharam-se pela cidade, e as larvas proliferavam-se pelos ferimentos das pessoas. Apesar de tudo, os poucos médicos sobreviventes logo identificaram que as larvas nas feridas auxiliavam no salvamento de vidas, já que se alimentavam da carne podre, o que impedia o desenvolvimento de um quadro infeccioso nas vítimas.

Radiação

Muitos, por sorte, sobreviveram sem nenhum tipo de ferimento ou com ferimentos leves. Entretanto, não somente o calor da bomba fez mortos. A radiação foi um inimigo que perseguiu ferozmente os sobreviventes.

A quantidade de radiação espalhada por ambas as cidades era grande demais para o corpo humano resistir. Assim, muitos morreram poucas horas depois da explosão, como foi o caso do filho mais novo da senhora Matsuyanagi, conforme o relato:

Enquanto percorriam a pilha de escombros que havia sido sua escola, os filhos da senhora Matsuyanagi já se sentiam mal. O mais novo tinha ido para a escola com fome, mas, depois dos efeitos dos raios e dos feixes de partículas, perdeu a vontade de comer. Quando sua mãe finalmente o encontrou, ele havia sido tomado por náuseas secas e convulsões. Em questão de minutos, os braços da criança ficaram pretos e azuis, e ele começou a sangrar, apesar da aparente falta de ferimentos

Isso aconteceu repetidamente com várias outras pessoas. Algumas demoraram horas para morrer; outras, dias. Os poucos médicos que sobreviveram trabalharam em ritmo frenético e sem materiais adequados para ajudar os sobreviventes. Os que não morreram com a radiação levaram uma vida de doenças repentinas, sobretudo câncer.

Rendição Japonesa

Após o uso das bombas atômicas, o Japão rendeu-se em 14 de agosto de 1945, oficializando a rendição no dia 2 de setembro com a assinatura da ata pelo imperador Hirohito no navio USS Missouri.

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