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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OPINIÃO: O Pacto Pela Vida está na UTI porque o material humano não foi valorizado

Por Paulo César Gomes, Professor e historiador serra-talhadense

O Pacto Pela Vida foi ao longo do governo Eduardo Campos (PSB) enaltecido por diversos setores da sociedade, tanto no Brasil como no exterior. No entanto, o programa está hoje na UTI, já que não consegue dar respostas positivas frente ao aumento crescente da violência no estado. A priori o problema está na grave crise financeira que afeta o funcionamento da máquina do estado. Porém, é preciso que se diga que o programa sempre trabalhou priorizando os números, sem que o material humano fosse de fato valorizado.

É evidente que uma das grandes ações de combate a violência consiste na prática da prevenção e da repressão ao banditismo. Só que não podemos esquecer que os policias civis e militares, que são a mola mestre da estrutura funcional da segurança pública, foram ao longo da gestão Eduardo Campos extremamente desvalorizados, sem contar que as delegacias e as viaturas foram sucateadas.

Vários são os casos de policias militares, que em função da rotina estressante, sofrem com problemas depressivos, e ainda assim estão na ativa. Bem como os policiais civis que trabalham sem coletes a prova de bala e sem outros equipamentos essenciais. Esses são alguns dos diversos itens que contribuem para o declinou do Pacto Pela Vida.

Fica evidente que o problema da Segurança Pública não é apenas uma questão de números estáticos ou de cumprimento de metas, e nem tão pouco um mero jogo de marketing político.  É preciso que se invista na melhoria da máquina estatal e na valorização dos policiais, pagando bons salários e fornecendo estrutura para que eles possam desempenhar suas funções com qualidade.

Por outro lado, é necessário que políticas públicas sejam elaboradas para reprimir e inibir a origem da violência. Principalmente no que se refere aos jovens, que independentes da classe social, estão cada vez mais expostos as drogas. Se o jovem pobre usa “crack”, o jovem rico usa cocaína e “ecstasy”,  ou seja, a violência não é fruto apenas uma questão de classe social. Na prática, isso quer dizer que é preciso combater o tráfico de drogas em todas as esferas sociais.

Para combater a violência de fato, é preciso que se invista na educação, em modelo de  habitação popular menos excluídos – o modelo atual só está criando guetos -, nas práticas esportivas, na cultura e no lazer, que se dê oportunidade aos jovens e adolescentes de se mostrarem como realmente são, com suas potencialidades, personalidades, criatividade e rebeldia, fatores que são ignorados e reprimidos por governantes e a sociedade em geral, e que se fossem evidencias certamente ajudariam a ressuscitar o Pacto Pela Vida.


Um forte abraço e até a próxima!


Aproveito a oportunidade para publicamente agradecer aos amigos e amigas, familiares, colegas de trabalho, alunos e ex-alunos, que se solidarizaram comigo em face ao fato lamentável ocorrido na semana passada. Gostaria de registrar as incitavas do professor Jean Charles, de Nilson Senna e dos editores do Farol Notícias, bem como a do Secretário de Transporte Sebastião Oliveira, que mesmo diante do abismo que no separa teve uma atitude muito digna.

A todos o meu muito obrigado!

Prof. Paulo César Gomes


Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 20 de setembro de 2015.

Histórias Perdidas: Os cemitérios esquecidos e o registro da cólera em Serra Talhada


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
Sempre que se fala em cemitério um sentimento triste invade o nossos pensamentos, no entanto, para alguns historiadores os cemitérios revelam mais que isso. Segundo essa nova corrente historiográfica, os cemitérios são locais de onde se podem encontrar diversas fontes que podem ajudar a reconstruir a memória esquecida de uma cidade.
Baseando-se nessa linha de pensamento, estivemos ao lado do nobre repórter fotográfico do Farol, Alejandro García, pesquisando e fotografando a história dos cemitérios esquecidos de Serra Talhada.
O CEMITÉRIO DA CÓLERA
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No século 19, foi construido o Cemitério da Cólera neste local


Pouca gente sabe que onde hoje está localizada a empresa Tupan Construções, na Avenida Miguel Nunes de Souza, foi um cemitério. Essa história teve origem no século XIX, quando Serra Talhada foi acometida por duas epidemias de Cólera-morbo, onde morreram dezenas de pessoas. Por uma questão de higiene e precaução, em 1863, um cemitério foi providenciado para que as vítimas fossem sepultadas em covas bastante profundas. Até a década de 1960 ainda encontravam se cruzes do antigo cemitério.

O CEMITÉRIO VELHO E O ‘CURRAL DE LORENA’

Não se sabe ao certo quando erguido o primeiro cemitério da cidade, muito se fala que já existiu um onde hoje funciona a casa paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Penha. O que se tem de registro é encontrado no livro do ex-prefeito Luiz Lorena, “Serra Talhada. 250 anos de história. 150 anos de Emancipação Política.” Segundo o livro, em 1891, em função do faturamento, foi construído o antigo cemitério. “A prefeitura construiu, entre faveleiras e cardeiros, um cemitério na hoje Rua Joaquim Conrado”(LORENA, p.99).

A cidade cresceu bem rapidamente e o antigo cemitério foi cercado de casas e o seu crescimento ficou impossibilitado. Foi então que em 1957, o então prefeito Luiz Lorena, resolveu erguer a atual cemitério em uma área de 10.000m2, no bairro Bom Jesus.
Segundo o ex-prefeito, os seu adversários apelidaram o cemitério de “o curral de Lorena”.  A nova necrópole já foi ampliada por duas vezes.

O antigo campo santo foi demolido em meados dos anos de 1990, após um intenso debate na sociedade, já que várias pessoas eram contra a demolição em função do valor histórico do centenário cemitério. Existem pouquíssimos registros das construções existentes no local.

Ironicamente onde antes existiam restos mortais, hoje existe um espaço para salvar vidas, no caso especifico o Hemope. No entanto, é preciso que se diga que existiam outros locais pertencentes à União que poderiam ter sido usados para a construção do órgão. Infelizmente, como se pode ver, muitas das memórias da cidade estão se perdendo com o tempo em função da falta de preocupação das autoridades em preservá-las.

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O cemitério velho foi derrubado para dar espaço ao Hemope


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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 13 de Setembro de 2015.

HISTÓRIAS PERDIDAS: Fósseis de animais pré-históricos são encontrados em Serra Talhada


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

Os sertões nordestinos um dia já foram habitados por animais pré-históricos, entre as várias cidades nas quais foram encontrados fósseis que comprovam o fato está Serra Talhada.

No capítulo de hoje da série de reportagens “História Perdidas”, trazemos a tona os fósseis de animais pré-históricos encontrados no povoado da Fazenda São Miguel, mas precisamente na lendária Fazenda Pedreira, que pertenceu a José Saturnino, o primeiro inimigo de Lampião.

FAZENDA SÃO MIGUEL RESPIRA CULTURA E HISTÓRIA

Localizada a pouco mais de 30 km do centro de Serra Talhada, a Fazenda São Miguel tem nas suas origens a mistura entre os povos indígenas, mais precisamente os das tribos tapuias que incluem-se os tamaqueus, koripós, kariri, paru, brankararu, pipipã, tuxá, trucá, umã e atikum, e os escravos.

A comunidade é um dos mais importantes pontos da cultura e da história de Serra Talhada. Além de ser a região onde nasceu Lampião e Zé Saturnino, o povoado também é o berço do cantor e compositor Assissão e de João Paulino, um renomado maestro da música nacional.

Em São Miguel também se encontra o Museu do Trio Nordestino e o famoso Clube da Fazenda, onde se realiza um dos melhores São João do interior do estado, sendo inclusive tema de música.

Andando pela região é possível encontrar o Sitio Passagem das Pedras – local onde nasceu Lampião, as ruínas da casa de José Saturnino, as pedras onde ocorreu o primeiro confronto armado entre Lampião e Zé Saturnino, a Pedra do Sino, as Três Pedras, a Pedra do Risco e a Lagoa do Tapuio.  Esse último ponto é o foco principal da nossa reportagem.

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OS FÓSSEIS DE ANIMAIS PRÉ-HISTÓRICO ENCONTRADOS NA LAGOA DO TAPUIO


Para contarmos essa aventura contamos com a colaboração do vereador Pinheiro de São Miguel, que é neto de Zé Saturnino e profundo conhecedor das histórias que envolvem a Fazenda Pedreira, entre elas, a da Lagoa do Tapuio.

Segundo o vereador, em 1958, o seu pai Antônio Alves de Barros, também conhecido como Pinheiro, mandou escavar a lagoa já que aquele foi um ano de seca.
“Nessa escavação foram encontrados ossos muito grandes. Só um presa chegou a pesar mais de 13kg”, conta o parlamentar.

No entanto, por falta de conhecimento sobre a importância do fóssil, o pai de Pinheiro de São Miguel acabou doando boa parte dos ossos a um Padre. “Nos anos 60 apareceu um padre da ciade de Pesqueira e meu pai deu vários ossos a ele, principalmente os maiores. Anos depois, a minha irmã esteve em um museu no Rio de Janeiro e viu os ossos que haviam sido doados, só que identificados com o nome da cidade de Pesqueira”, relata o vereador.

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A lagoa já foi visitada por professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e já foi tema de matérias de emissoras de TVs, no entanto, pouco foi feito pelos órgãos competentes para preservar os restantes dos fósseis que ainda restam na localizada. “Durante a seca de 1993, outra escavação foi feita e mais ossos apareceram. Acreditamos que ainda existam mais fósseis no local”, explica Pinheiro de São Miguel. Ele tem um projeto para tornar a fazenda em uma reserva florestal.


Enquanto se aguarda o reconhecimento governamental da importância de preservação a lagoa, fósseis ainda são encontrados em grade quantidade no local. Ao que tudo indica os fósseis são do Pleistoceno (período que vai de 1,8 milhão a 11.000 anos atrás) e seriam de uma preguiça gigante (Eremotherium laurillardi), o animal fazia parte da megafauna e podia atingir quase o tamanho de um fusca.

De acordo com especialista esse tipo de fóssil é relativamente comum em cacimbas e lagoas, pois certamente os animais procuravam esses locais para beber água.
Mesmo sem se sentir uma certeza sobre a causa da morte dos animais, acreditasse que nesses pontos eles podem ter sido atacados ou morreram de causas naturais. 

Um forte abraço a todos e até a próxima!

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Vereador Pinheiro luta pela preservação do sítio histórico


Publicado no portal Farol de Noticias de Serra Talhada, em 06 de setembro de 2015.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

OPINIÃO: Número de comissionados na PMST deu um salto; estamos na contramão da crise?


Cargos Comissionados
Paulo César Gomes é escritor e professor

Enquanto a Assembleia Legislativa de Pernambuco e os governos federal e estadual anunciam que vão reduzir ministérios, reduzir os cargos comissionados e cortar gastos, a Prefeitura de Serra Talhada demonstra que pelo menos por aqui o período de vacas magras ainda não chegou.

Segundo o Portal da Transparência da gestão municipal, em janeiro de 2015 existiam 206 cargos comissionados, já em junho a quantidade chegou a 224, ou seja, 18 novos cargos foram criados em menos de seis meses. Ao mesmo tempo, o site informa que ainda em janeiro existiam 435 contratos e que em junho esse número subiu para 672. Um aumento de 237 cargos.

Coincidência ou não, o período em que os dados foram levantados corresponde ao mesmo em que o prefeito iniciou o processo de cooptação de ex-adversários. Como já tínhamos tido anteriormente, a conta pelas cooptações das lideranças políticas será paga com o dinheiro público (veja).

Caso novas cooptações sejam feitas e novos cargos comissionados sejam criados, estaremos, de fato, sendo comandados por um dos melhores prefeitos do Brasil que acabará de vez com a estigma de que Luciano Duque não sabe administrar. Do contrário, estaremos vivendo início preocupante em relação às contas públicas, pois quem prometeu agora tem que pagar, e não adianta anotar no caderninho como se fazia nas antigas bodegas.

A verdade é que a gente tem que torcer para que o município não quebre, como está acontecendo com estado de Pernambuco, onde o governo não paga nem as conta telefônicas e o expediente foi reduzido para diminuir o consumo de energia elétrica. Isso tudo me lembra um conselho dando pelo meu saudoso avô “no pote onde só se tira e não se bota, uma hora vai faltar água!”

Um forte abraço e a até a próxima!

Publicado no Portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 30 de agosto de 2015.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

OPINIÃO: Depois de 40 anos, Serra Talhada poderá ter novamente uma Miss Pernambuco

Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol



No último final de semana Serra Talhada conheceu a sua nova Miss, a jovem promissora Tallita Martins. A escolha de Tallita repercutiu muito bem entre os moradores, gerando muita expectativa com relação à possibilidade conseguir o titulo estadual 40 anos depois da última conquista.

Tallita é uma garota com potencial indiscutível, já que possui uma beleza genuína e sua postura nos faz lembrar das antigas misses, pois possui graciosidade, serenidade e segurança. É claro que a escolha estadual é feita com base em critérios um pouco duvidosos, e por isso temos que aproveitar a oportunidade rara que temos, cabendo à equipe que lhe assessora criar as condições para projetar ela como uma candidata vencedora, mesmo que ainda não seja.




Mas, ainda assim, é preciso uma boa preparação, física, psicológica e publicitária. Não se pode querer transformar a moça em algo que ela não é, tipo uma “sex appeal”, ou estilizar a sua imagem. O ideal é se inspirar no passado e transformá-la em uma princesa moderna, como era a proposta dos antigos concursos.

Para os mais desavisados, é preciso lembrar que na década 70, a cidade foi tricampeã no concurso de Miss Pernambuco, com Cilene Aubry (1974), Fátima Mourato (1975) e Matilde Terto (1976). As conquistas das belas “moças de Vila Bela” fizeram com que a autoestima da população ficasse bastante elevada, já que na época Serra Talhada era tema de reportagens nacionais em função da violência. Vale destacar que em 1953, Maria Tereza de Godoy Bené, foi eleita a Rainha do Algodão, em um evento que contou com candidatas de todas as cidades que produziam algodão e com várias autoridades do estado.

Não tenho dúvidas de que temos uma Miss com capacidade para ser eleita a mulher mais bonita de Pernambuco, e que possivelmente poderemos repetir os tempos de outrora, onde a vencedora era recepcionada na entrada da cidade e seguida por uma grande carreata até o centro da cidade, onde ocorria uma grande festa popular. Então, só nos resta desejar boa sorte a Tallita Martins, desde já estamos torcendo por você!


Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 27 de agosto de 2015.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

HISTÓRIAS PERDIDAS: Assissão, o pai do ‘forró estilizado’, abre seu baú musical


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Reportagem: Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

A série jornalística “Histórias Perdidas” trás hoje um relato de um fato pouco conhecido dos nordestinos, em particular, os amantes do forró. É indiscutível que o forró denominado de “estilizado” tomou conta do Brasil, refazendo o caminho que outrora foi feito por Luiz Gonzaga. Apesar de todas as controvérsias em torno do ritmo, que se tornou extremamente apelativo, e que tirou de foco as histórias e o cotidiano do homem sertanejo dando lugar a um biotipo de homem e de mulher diferente dos nativos, é preciso que se registre que toda essa transformação musical teve origem em Serra Talhada.

Foi buscando resgatar está revolução musical e para colocar no lugar o verdadeiro responsável por isso, que Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL, e eu, estivemos na casa do cantor e compositor serra-talhadense Assissão.

Assissão é hoje uma das maiores expressões da música popular nordestina, com mais de 53 anos de carreira. Ele construiu um dos mais importantes currículos da história do forró, chegando inclusive a receber o título de “O Rei do Forró”. Mas, nos anos 80, período em que viveu o auge do sucesso, Assissão inovou ao trocar o som da tradicional zabumba, sanfona e triângulo, pelo o da guitarra, baixo, teclado e bateria. Isso ocorreu mais precisamente em 1985, no LP “Forró do imbiga”.

“A gente queria mudar e resolvi colocar um som de guitarra, baixo, teclado e bateria. Teve música que a gente colocou o compasso musical do Havel Metal e rifs – introdução – com guitarra, entre outras” explica Assissão.

Segundo ele, a ideia era mudar sem tirar as bases que ajudaram a edificar o ritmo. “Uma das primeiras músicas que trabalhamos esse sistema foi “Forró do Futuro”, a letra dela é bem regional”, conta o forrozeiro.

Segundo cantor, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, não se agradou muito da ideia e recomendou que “não deixe de usar a zabumba, a sanfona e o triângulo”. Mesmo com as recomendações do Velho Lua, o serra-talhadense continuou a sua saga e em 1987 atingiu a marca de mais 350 mil cópias de discos, um feito para uma época em que poucos nordestinos tinham uma radiola em casa. O sucesso abriu as portas para o cantor se apresentar no programa do Chacrinha – um dos maiores comunicadores da televisão brasileira – e a ser tema de reportagem no programa Fantástico, ambos na TV Globo.
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Quadrilhas Estilizadas

As músicas se tornaram verdadeiros hits, sendo obrigatórios nas quadrilhas juninas, que com base no ritmo das músicas aceleram os passos dando origem ao que é conhecido hoje como “quadrilhas estilizadas”, já que modificaram marcação usadas nas quadrilhas tradicionais, que possuem passos oriundos das danças francesas e portuguesas.

Somente nos anos 90 surgem as bandas que ao longo dos anos se denominaram como as primeiras do gênero forró estilizado, como Mastruz Com Leite, Forró Maior, Mel Com Terra, Cavalo de Pau, Limão Com Mel e outras. No entanto, poucos sabem que Assissão foi quem criou a primeira banda desse gênero, a banda Planeta Terra, formada por Douglas, Zé Orlando, Arnaud Lima e João Grúdi. A banda gravou um LP, em 1986, mas não chegou a fazer sucesso.

Passados 30 anos de transformação iniciadas por Assissão, o forró de hoje pouco lembrar os de décadas passadas, o que para o velho forrozeiro é motivo de tristeza. Porém, ele também vê o outro lado da história ao afirmar que a mudança fez com que o estilo musical fosse valorizado e os cachês aumentaram, tornando possível que bandas e cantores pudessem montar uma estrutura que envolvesse muita gente. “Hoje você vê bandas com mais 60, 70 pessoas trabalhando”, salienta o criador do forrozeiro estilizado.

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Assissão, que se define como um perfeccionista, que gosta de coisas boas e que, segundo ele, gosta de ouvir as opiniões antes gravar, não pode ser esquecido pelo seu pioneirismo e pelas inovações revolucionarias que propôs, muitas delas sintetizadas na profética música “Forró do Futuro” (composta por Assissão), gravada em 1985 no LP “Forró do se imbiga”, que este outras coisas diz: “…Guitarra, pandeiro e ganzá/Sanfona tocando batera virar/Contra baixo gemendo/E o povo comendo/Mulher bonita na sala a gritar/Nesse forró vai ter futuro, Ai, ui, ai, ui…”.

Um forte abraço e até a próxima!

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OPINIÃO: Os vereadores contra a redução do recesso de 30 dias são corporativistas


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Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e colunista do Farol


A rejeição de alguns vereadores de Serra Talhada ao projeto de Emenda a Lei Orgânica, de autoria do vereador Marcos Oliveira (PR), que reduz o recesso parlamentar de 60 para 30 dias, demonstra como o Poder Legislativo no Brasil é corporativista, e a Câmara de Vereadores da Serra Talhada nesse momento não foge a regra.

O Brasil vive um momento de grande embate político, onde temáticas como a ética e a moral fazem parte da pauta do cotidiano nacional. Muito se questiona o poder executivo, mas ao mesmo tempo, fecham-se os olhos para algumas aberrações cometidas pelo Legislativo, que a cada dia que passa se torna mais fisiológico, e consequentemente, exposto a todos os tipos de lobby e ao pagamento de propina.

O projeto do vereador Marcos Oliveira significa um avanço para o parlamento local, já que os parlamentares são teoricamente os funcionários do povo, e na prática, recebem muito bem para isso. O interessante é que quando a coisa beneficia os próprios vereadores tudo flui com rapidez e tranquilidade, a exemplo do projeto lei que aumentou o número de vereadores de 15 para 17, onde não houve resistência por parte dos que hoje são contrários à redução do recesso.

Outro detalhe a se destacar é a eficiência em lidar com as coisas relacionadas à gestão municipal, que historicamente sempre são aprovadas pela Câmara, sem muitos questionamentos, fazendo jus ao dito popular “uma mão lava a outra e a duas lavam a cara”.

A verdade é que se os nossos parlamentares trabalhassem somente seis meses ou os 365 dias do ano, não iria fazer muita diferença, já que as coisas só funcionam quando o assunto é de interesse pessoal ou da gestão a qual defendem. Desse ponto vista seria bom que Marcos Oliveira não retirasse o seu projeto e fosse até o fim, mesmo que não venha a ser aprovado pelos seus pares, terá ajudado de forma indireta a mostrar uma das faces existentes da Câmara Municipal, que é a de ser cooperativista.

Um forte abraço e até a próxima!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 25 de agosto de 2015.

domingo, 23 de agosto de 2015

MEMÓRIA DE SERRA TALHADA : Escritor Paulo César Gomes e o fotógrafo Alejandro García vão lançar livro sobre as 'Histórias Perdidas' da cidade

Por Giovanni Sá Filho (Farol de Notícias)

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Fotos: Farol de Notícias/Alejandro García


Após gerar um grande número de acessos ao Farol de Notícias, a série de reportagens Histórias Perdidas, escrita pelo professor e escritor Paulo César Gomes e o repórter fotográfico Alejandro García, o projeto vai virar livro denominado “Histórias Perdidas: Um resgate da memória esquecida da cidade de Serra Talhada através de textos e fotografias”A obra será publicada com o apoio da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A publicação vem sendo capitaneada pelo vice-presidente da Assembleia, o deputado Estadual ao Augusto César (PTB), que essa semana recebeu a dupla de exploradores em seu gabinete.

“Evidentemente que é um projeto que merece todo a nossa atenção e da Casa Legislativa, já que trás a luz o resgate da história da nossa cidade”, disse o deputado, bastante empolgado com a ideia. Augusto disse ainda que “não conheçe nenhuma sociedade desenvolvida que não preserve o seu passado”. O livro contará com 120 páginas e trará todas as fotos – algumas inéditas – e textos atualizados e revisados, além de fotos dos bastidores da pesquisa e depoimento dos leitores. O prefácio do livro será escrito pelos redatores do FAROL, Giovanni Sá e Giovanni Sá Filho.

Para Alejandro Garcia a publicação é o reconhecimento do trabalho de pesquisa e uma valorização da memória da população. Segundo Paulo César Gomes a publicação do livro tem como objetivo o registro de lendas. “E também de acontecimentos e locais que fazem parte da história da cidade de Serra Talhada e que foram esquecidos pelo tempo e pelos poderes públicos”, analisou.

Para se chegar ao resultado final do trabalho de pesquisa foram necessários mais de sete meses de pesquisa, percorrendo entre as zona urbana e rural do município, entrevistando pessoas  envolvidas com os fatos narrados e registrando tudo com lindas imagens fotográficas.  “A impressão dessa pesquisa permitirá que as futuras gerações de serra-talhadenses conheçam um pouco mais das suas origens e de sua gente”, concluiu Gomes.

O deputado serra-talhadense, Augusto César, garantiu apoio ao livro do escritor
augusto e paulo cesar

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Gruta do Morcego: Do período de ascensão ao abandono de um marco da natureza em Serra Talhada

Por Paulo Cesar Gomes

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Reportagem: Paulo César Gomes/ Fotos: Álvaro Severo/Farol de Notícias

A serra talhada é mais que uma montanha encravada em meio ao Sertão árido e seco. É um símbolo de um povo. Por isso, é preciso preservar a sua beleza natural e as histórias que envolvem o nosso mais importante cartão postal. Sendo assim, trazemos a tona na segunda reportagem sobre a serra, a Gruta do Morcego, um lugar cheio de mistérios e encantos. Nossa aventura contou com a participação do fotógrafo e jornalista Álvaro Severo.

A GRUTA DO MORCEGO E A TESOURA DE OURO

A gruta do morcego é um local de difícil acesso. Não existe placa indicando o local, nem mesmo um caminho para se chegar até ela. O nosso registro só foi possível graças a orientação de um morador local.

O local é cheio de lendas e estórias que fascinam por sua originalidade e beleza poética.
Segundo o Álvaro Severo, os habitantes mais antigos da serra contam que os negros mais velhos, que fugiram das senzalas, esconderam na gruta uma tesoura de ouro e outras joias.
“Durante muito tempo acreditou-se que se alguém conseguisse pegar a tesoura que ficava no fundo da gruta, automaticamente passaria a ser dono da riqueza que existia no local. No entanto, ninguém conseguiu tal proeza”, relata Álvaro Severo.

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O ‘POINT’ DA JUVENTUDE DOS ANOS 70 E 80

Durante as décadas de 70 e 80, a Gruta do Morcego foi uma dos ‘points’ da época, vários eram os grupos de jovens que subiam a serra para tomar banho no local.

Encravada entre os hemisférios leste e oeste da montanha, a gruta jorrava água que vinha do fundo e de cima da cratera. O nome foi dado em função do mau cheiro existente na cratera o que se faz crê que seja de morcegos que ainda habitam o interior da caverna.

“Quase todos os domingos subíamos a serra para tomar banho e andar pelas diversas grutas que se formavam no decorrer da talha que divide a montanha. Eu e Maninho da Belle Estética, chegamos a usar máscaras para tentar irmos o mais fundo possível da gruta, mas infelizmente nunca conseguimos avançar, pois a área é de difícil locomoção”, narra Severo.
Lamentavelmente, a Gruta do Morcego hoje é um lugar abandonado, que sofre com a depredação e o vandalismo, muitas pessoas deixam nomes com tinta no local e desmatam a mata que fica no entorno, provocando a assoreamento do leito da gruta.

Em função da poucas chuvas que caiem na região, a gruta já não jorra água como em tempos passados. Deixamos aqui o nosso alerta para que os órgãos competentes e os proprietários da serra tomem alguma atitude para que as diversas grutas existente não deixem de existir, já que elas são um patrimônio da natureza e por isso devem ser preservadas.

Um forte abraço e até o próximo domingo!

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Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 09 de agosto de 2015.

Opinião: O projeto político de Duquinho e do PMDB ainda poderá render bons frutos

Por Paulo Cesar Gomes, escritor e professor 

Duquinho e Israel
Foi durante a realização da Exposerra, que no estande do FAROL DE NOTÍCIAS, conversei com o ex-vice-prefeito, João Duque de Souza Filho (PDMB). Acompanhado do seu staff político, os professores Israel Silveira (pré-candidato a prefeito), Jean Charles e Dinho Duarte, Duquinho se mostrou disposto à bancar um projeto político diferente do irmão, o prefeito Luciano Duque (PT), o que nos faz levantar uma série de avaliações.


Mas, antes de analisarmos a postura adotada pelo PMDB, é preciso que se teça alguns elogios ao político João Duque de Souza Filho. Um verdadeiro gentleman. Essa expressão inglesa é uma das formas mais simples de definir Duquinho, uma liderança que conseguiu dialogar com facilidade com todos os seguimentos políticos, em especial,  com aqueles que tem posicionamento diferentes do seu. Saber ouvir e respeitar as divergências são algumas das grandes virtudes do empresário, e que por essas razões é muito bem visto e respeitado por amigos e adversários.

Duquinho despontou no mundo político em 1998, quando foi candidato a deputado estadual, mesmo não sendo eleito, ele obteve uma expressiva votação, o que lhe credenciou para ser candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Geni Pereira.
Durante os quatro anos do mandato de Geni, Duquinho se manteve sempre discreto e atuante, diferente do temperamento do irmão que sempre demonstrou ter pavio curto, sendo em muitos momentos um desagregador.

As dificuldades do grupo de Duquinho em emplacar o nome de Israel Silveira, passam por dois elementos, que como empresário bem sucedido e político lapidado, ele conhece bem. O primeiro é a logística, que no caso seria a necessidade de se construir um grupo forte, do qual pudessem sair uma quantidade mínima de candidato a vereadores, algo em torno de 15 nomes, sendo que 30% devem ser mulheres.  Sem candidatos a vereadores é praticamente impossível segurar uma candidatura, principalmente se objetivo é ser competitivo.

O outro ponto, é o dinheiro, já que estaremos diante da campanha municipal mais cara da história, onde de um lado teremos a maquina municipal sendo usado em favor do prefeito, e do outro, a estrutura do estado, através da secretária estadual de transporte, a serviço do candidato do PR. Duquinho sabe até onde pode ir com o projeto, que poderá não se vitorioso ainda em 2016, mas que certamente semeará grandes ideias para um futuro próximo.

O interessante disso tudo é o fato de que personagens que foram importantes para a eleição do prefeito Luciano Duque, como Carlos Evandro, Socorro Brito, Tatiana Duarte, Marquinhos Dantas, Israel Silveira e Duquinho, estejam hoje em campo oposto ao do petista. Será que vai valer a pena para o prefeito se afastar dos aliados de longa data para enveredar pelo caminho da cooptação? Certamente essa resposta nós só teremos no dia em 09 de outubro de 2016, quando as urnas forem abertas. Independente disso, fico com a sensação de que Serra Talhada estaria em melhores mão se o prefeito fosse Duquinho e não o seu irmão.

Um feliz dias dos pais para todos os amigos faroleiros!

Publicado no portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 09 de agosto de 2015.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

HISTÓRIAS PERDIDAS: O dia municipal da cultura e a estagnação da nossa tradição popular

Por Paulo Cesar Gomes

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Segundo Dierson, o dia municipal da Cultura têm como referência ao dia do nascimento do poeta Emygdio de Miranda
Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García



Hoje, excepcionalmente, estamos publicando mais uma matéria da série “Histórias Perdidas”, isso porque é nessa data que comemoramos o dia municipal da cultura. Conscientes do nosso dever de investigar os episódios que são deixados de lado, justamente por aqueles que têm a obrigação de preservar a memória e de estimular a cultura de Serra Talhada, estivemos mais uma vez ao lado de Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL, atrás da origem da comemoração.

Para compreendermos melhor a trajetória que levou o dia 05 de agosto a ser definido como data máxima da cultural local, visitamos o professor e ex-presidente da ASL – Academia Serra-talhadense de Letras, Dierson Ribeiro. Segundo Dierson, a data tem como referência o dia do nascimento do poeta Waldemar Emygdio de Miranda, mais conhecido com Emygdio de Miranda. “Sou um entusiasta da obra Emygdio de Miranda. Acho que a cidade deveria fazer mais homenagens a ele. Por isso, procurei o então vereador, Ari Amorim (1997/2000), com a ideia de um projeto para torna do dia 05 de agosto o dia municipal da cultura”, explica Ribeiro.

Ainda de acordo com o escritor, alguns parlamentares chegaram a se opor ao projeto. “Teve vereador que chegou a dizer que Serra Talhada possuía muitos políticos de renome e que a data deveria ser em homenagem a um deles”, relata o professor. Apesar da rejeição inicial, o projeto de lei acabou sendo aprovado. Dierson Riberio – que tem como patrono na ASL Emygdio – espera que a data seja lembrada com mais ênfase, bem como a obra e a vida do poeta, que muito bem poderia ter ser seu nome dado a uma escola, rua ou órgão público.

LAMPIÃO E A ESTAGNAÇÃO DA CULTURA POPULAR

Lampião é sem dúvida o grande atrativo cultural da cidade. A história que envolve o Rei do Cangaço atravessa os limites do país, e por isso, é mais do que justo de que se explore tudo de bom que o fascínio que Virgolino Ferreira da Silva exerce sobre as pessoas. O mais controverso dos serratalhadenses é tema de centenas de livros, cordéis, matérias de jornais e revistas, filmes, pesquisas acadêmicas e outras infinidades de trabalhos, o que torna a propagação do assunto uma ótima porta de entrada de negócio para cidade.

No entanto, é preciso que se destaque que são poucas as iniciativas que visam o estimulo de outras práticas culturais. Somos a segunda maior cidade do Sertão pernambucano, com um potencial artístico ímpar, mas não existem projetos para garimpar ou lapidar novos talentos. Para se conquistar um espaço diferente na cidade é preciso coragem e teimosia. Pois, os órgãos que deveriam promover a cultura da cidade se perderam no tempo e no espaço. Muitas são as reclamações sobre a atuação da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Casa da Cultura, que hoje parecem duas irmãs siameses separadas, abruptamente na hora do parto, mas que estão na profunda inércia.

Ao mesmo tempo, os artistas são rotulados de “artistas da terra”, o que para alguns é mais uma forma pejorativa do que um reconhecimento. Recentemente o cantor Rai di Serra fez a seguinte revelação em um programa de rádio, “um produtor cultural renomado da cidade disse que somos como minhoca, por isso somos artistas da terra, essa é imagem que fazem da gente”.

O que melhor demonstra a atual situação é o fato de que eventos como Fecust (Festival de Cultura de Serra Talhada), Mostra de Teatro, Mostra de Cultura nos Distritos, Festival de Música, Festival de Repentistas e outros projetos, já não são realizados há anos. Oficinas de teatro nas escolas, exposição de pinturas e fotografias, são movimentos inexistentes, e quando ocorrem, são promovidos por iniciativas pessoais ou por entidades de fora da cidade.

Outros exemplos são: a recente reclamação do grupo de capoeira que não encontrou apoio para realizar seu encontro e a ausência de um Teatro Municipal. Salientado que o Teatro é uma das maiores bandeiras da classe, um local chegou a ser alugado para esse fim, mas pelo jeito acabou virando apenas um depósito (Foto acima).

EMYGDIO DE MIRANDA, O “VATE PEREGRINO”

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Waldemar Emygdio de Miranda nasceu na cidade do Recife, em 05 de agosto de 1897. Seus pais foram o professor Auxêncio da Silva Viana e sua esposa D. Maria dos Passos de Miranda Andrade, que se fixaram em Serra Talhada, abrindo uma escola na sua residência, na Praça Sérgio Magalhães, tendo tal fato acontecido no princípio do século passado até mais ou menos o ano de 1920. Emygdio viveu na cidade até os 18 ou 19 anos de idade.

Ainda jovem entregou-se ao vício do álcool, sem abandonar, portanto a poesia, e passou a peregrinar pelas cidades do interior pernambucano, como Triunfo, Arcoverde, Caruaru, a capital Recife e Princesa Isabel, na Paraíba, o que lhe deu o carinhoso apelido de “Vate Peregrino”. Foi amigo de alguns dos mais importantes coronéis da politica da época, entre eles, Cornélio Soares e José Pereira.

Com a sua poesia encantou dezenas de pessoas, conquistando o respeito e muitas paixões. O poeta não teve o prazer de ver suas obras publicadas, faleceu em 29 de agosto de 1933, aos 36 anos de idade, pobre e abandonado, em Arcoverde (na época Rio Branco) onde foi sepultado. Após a sua morte os amigos reuniram alguns desses poemas e publicaram nos livros “Rosal” e “Rosa da Serra”.

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ALGUNS DOS MAIS BELOS POEMAS DE EMYGDIO DE MIRANDA

A um burguês

Tu ventrudo burguês analfabeto,

Escultura rotunda da Irrisão
Para quem um viver mais limpo e reto
Consiste em ser avaro e ter balcão;


Tu que resumes todo teu afeto

No dinheiro – o metal da sedução
Pelo qual negocias, abjeto,
Tua esposa, teu lar, teu coração;


Escuta oh ignorantaço o que te digo:

Esse ouro protetor, que é teu amigo,
Que te deu o conforto de um Pachá,


Pode comprar qualquer burguês cretino,

Mas a lira de um vate peregrino
Não compra, não comprou, não comprará!


Esta que passa

Foi minha amante esta mulher que passa…

Sorveu-me em beijos todo o meu ideal!
E comigo bebeu na mesma taça
O vinho do desejo sensual…


Muito tempo possuímos nós, sem jaça,

A gema da ventura triunfal!
Mas um dia partiu… E ei-la devassa,
Bracejando no pélago do mal…


Quando ela passa, eu vejo na tristeza

De seu olhar de erótica beleza
Todo o brilho da orgia da desgraça…


E não posso ficar indiferente,

Só porque afinal, infelizmente,
Foi minha amante essa mulher que passa…


Toda de branco

Toda de Branco vai entrar na Igreja…

Traz a palma e a capela do noivado;
Por isso não é de admirar que esteja
O velho laranjal despetalado.


Deus que é pai, Deus que é bom, Deus a proteja!

Porque nunca ela teve um só pecado…
Sua alma é como a própria sombra, alveja
Hóstia de armindo em cálix nevoado!


É pura, e no entanto amou um dia!

Alguém a teve trêmula nos braços,
Trêmula e branca! Virginal e fria.


Mas hoje é noiva. Afortunada seja!

Mulher de outro por sagrados laços,
Toda de Branco vai sair da Igreja.


A Senhora

Ao Primoroso Cônego Antonio Andrade


Soberba, no silêncio augusto das grandezas,

Loucada do esplendor, das grandes majestades;
Sentinela gigante, a perscrutar reveze,
Feita da veztudez de todas as cidades


Perde monja a rezar, contemplando cidades,

Irmã do vale e o rio irmã das correntezas;
Afrontando o tufão, barrando as tempestades,
– Berço altivo demais para embalar baixezas.


Serra, teu alcantis, teus píncaros selvagens,

Teus profundos desvãos, tuas grandes folhagens,
Sangram meu coração numa amargura estranha…


Sim! Porque de um penhasco em dia de invernada,

Eu vi tombar, rolar, a minha doce amada.
Indo morta cair aos pés de ti, montanha…!

Publicado pelo portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 05 de agosto de 2015. 

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