Escreva-se no meu canal

domingo, 20 de setembro de 2009

Algaroba prejudica ou beneficia o semi-árido

A polêmica está instalada. Alguns pesquisadores já confirmam que a planta é invasora e destrói o meio ambiente original. Alguns produtores dizem que ajuda no alimento do gado. Mas e você, o que acha? Dê sua opinião, participe desse Debate. Para mandar sua posição basta enviar pra gente pelo e-mail pcgomes-st@bol.com.br.

Isabelle Meunier
Eng. Florestal M.Sc. Professora do Departamento de Ciência Florestal – UFRPE

Um dos polemistas escreve que a algaroba: "parece ter mel". E tem mesmo e é capaz de sustentar, com sua florada, a atividade apícola durante a estiagem. Potencial de invasora, é inegável. Mas, nunca vi a algaroba invadindo uma área de caatinga bem conservada, muito menos matas ciliares não degradadas. Como espécie heliófila, ela "foge" do sombreamento e só passa a ser o "demônio" que alguns pensam quando o pior dos capetas, o ser humano, desmata e destrói a vegetação natural. Espécies com o potencial vegetativo e reprodutivo da algaroba devem ser aliadas em programas de recuperação de áreas degradadas (pelo homem, e não por ela!), e empregadas como produtoras de forragem e madeira mas, evidentemente, precisam ser manejadas. Algaroba não deve ser tolerada às margens de rios nem em seus leitos assoreados, tão comuns no sertão.
Muito menos na arborização de cidades, onde foi introduzida de forma irrefletida (tal como o /Ficus/, atualmente). Mas seu manejo, com técnicas que são dominadas pelos agricultores mais atentos, pode ser uma estratégia importante principalmente para o fornecimento de estacas, carvão e lenha para a propriedade e mesmo para comercialização, poupando a caatinga.. Atualmente, com a exploração livre da algaroba (bastando, para seu corte, apenas um "informativo de corte" ao órgão ambiental), certamente grandes áreas estão sendo desmatadas sem nenhum manejo e sem garantia alguma de termos a caatinga recuperada onde antes dominava a "cruel invasora" (se tomarmos por base a quantidade de caminhões de lenha que trafegam por estradas de Ibimirm, pode-se quase pensar que toda a caatinga está povoada de algaroba, mas não é bem essa a verdade...). Com isso, perdemos toneladas e mais toneladas de carbono fixado, perdemos matéria orgânica que seria incorporada aos solos, perdemos a sombra para o gado e para as pessoas - e, ainda assim, não conseguimos conservar a caatinga.

Manejar a algaroba é, antes de tudo, usar o bom senso e adotar atitude consequente e ética frente aos recursos naturais. Manejar uma propriedade no semi-árido é levar em consideração o potencial dessa espécie, bem como de outras, fugir dos modismos, dos "cantos de sereias" e da "demonização" de espécies. Se antes de pensarmos em acabar com a invasora, pensássemos em valorizar nossas espécies nativas, recuperar nossas matas ciliares, buscar formas de desenvolvimento econômico com o uso sustentável da biodiversidade, estaríamos fazendo bem mais pelo meio ambiente.

Nenhum comentário:

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

        QUESTÕES DISSERTATIVAS DE SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA QUESTÃO 1 :  João fez um testamento para deixar um dos seus 10 imóveis para seu gra...