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sábado, 31 de agosto de 2013

Por Paulo César Gomes, escritor e professor serratalhadense
 
“’Ricardinho’,'Cardim’,‘Cabeção’… Eram alguns dos apelidos criados pelos amigos para “tirar onda” de Ricardo Henrique Araújo Rocha, ou simplesmente, Ricardo Rocha. Ele era o que podemos definir nos dias atuais como “o cara”, já que os familiares e amigos o descrevem como um sujeito alegre e parceiro para todas às horas. Ele nasceu na cidade de Salgueiro, em 29 de novembro de 1969, filho de Alípio Rocha de Olímpio e Maria Juracy de Araújo Rocha. Era o quinto filho, sendo o caçula do primeiro casamento de dona Juracy.
Aos sete anos perdeu o seu pai, fato que o deixou com muitos traumas psicológicos. Ainda durante a infância foi acometido de uma meningite; em função da gravidade da doença ele acabou ficando em estado de coma por alguns dias. Na oportunidade, os médicos avisaram à sua mãe que ele não passaria dos 15 anos de idade, em virtude das sequelas que a doença iria deixar. Em 1981 a sua família muda-se para Serra Talhada, cidade pela qual desenvolveu uma intensa paixão, ao ponto de se definir como um “serragueiro”.
Pouco tempo depois da chegada, conheceu Camilo Melo, o seu grande parceiro musical e amigo. Juntos eles fundaram a banda D.Gritos, que ao longo de oito anos revolucionou a música do interior de Pernambuco, e que reuniu talentosos músicos como Jorge Stanley, Paulo Rastafári, Gisleno Sá, Noroba, Nilsinho, Toinho Harmonia, Derivan Calado, Edésio Espedito, Doda, Eltinho e César Rasec. Estudou no Colégio Municipal Cônego Tôrres e tocou na tradicional banda marcial daquele educandário. Casou-se com Célia Rocha e com ele tive dois filhos: Jéssica e Julian Richard.
Ricardo era uma pessoa irrequieta, cheia de questionamentos e posições políticas avançadas para a época. No entanto, a sua aventura na política não foi bem sucedida. Nas eleições municipais 1988, ele foi candidato a vereador pela chapa que era encabeçada pelo atual prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque. A morte prematura de Ricardo nos primeiros minutos de 1993, quando sofreu um infarto no miocárdio em função de uma descarga elétrica, o impediu de mostrar o seu talento por completo.
A forma como se deu a sua morte fez com que o seu trabalho não fosse visto com a intensidade e o respeito que ele merecia, uma prova disso é que em Serra Talhada não existe nenhum prédio público, avenida ou rua com o seu nome. Esse descaso com que é tratada a imagem de Ricardo Rocha é motivo de indignação, pois ele foi um grande músico, compositor, arranjador, poeta e ator. Era um artista completo.
Porém, mesmo diante das adversidades, a força do seu legado ainda resistente ao tempo, e mesmo 20 anos após a sua morte, as suas composições ainda são lembradas por amigos, fãs e admiradores, uma prova de Ricardo Rocha vive! Fruto do que construiu em sua curta passagem por essa dimensão: a sua família, os seus amigos, as suas músicas e a banda D.Gritos!”

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!
 
“Quando vou gritar ‘eu sou mais eu’? Será que de mim o mundo se esqueceu? Quando é que viu falar ‘eu venci’?  Vai chegar a minha vez. Eu não vou desistir!” - Ricardo Rocha.
 
Publicado no site Farol de Notícias de Serra Talhada, em 30 de agosto de 2013.

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