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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

A ESCRAVIDÃO EM SERRA TALHADA: Relatos do censo demográfico de 1872 e a venda da negra Branda

 Por Paulo César Gomes

Informações contidas no censo demográfico de 1872, que é considerado o primeiro desta natureza realizado no Brasil, indicam a existência de um grande número de escravos em Serra Talhada.

Segundo o censo daquele ano, a então Villa Bella, sede da freguesia de Nossa Senhora da Penha, e atual Serra Talhada, possuía 5.548 habitantes. 2.760 pessoas foram declaradas brancas, os demais foram registrados com pardos (2.254), pretos (498) e caboclos (36), infelizmente a pesquisa não registrou a existência de índios, um triste sinal de que o processo de povoamento deve ter contribuído para o extermínio dos povos originários no município.

Ainda segundo o censo, Villa Bella possuía 780 escravos, destes, 431 eram pardos e 349 eram negros. Segundo alguns pesquisadores, o censo de 1872 não atingiu a maioria da população brasileira, principalmente os negros, que em sua maioria viviam escravizados nas senzalas ou abrigados em quilombos.

De acordo com o ex-prefeito e historiador Luiz Lorena, a maioria dos fazendeiro da época possuíam escravos, em boa parte dessas propriedades existiam senzalas com corrente para e grandes de ferros.

Um dos casos mais emblemáticos relacionados a escravidão é referente a venda da escrava Branda, sendo esse um dos únicos registros sobre comércio escravista e que está publicado no livro “Caminhos do Homem”, escrito Luiz Lorena.

A negociata envolvendo a negra, que tinha mais de 18 anos e era solteira, ocorreu em 1876, e foi registrado em uma escritura pública no Cartório do tabelião Joaquim José dos Nascimento Wanderley, na Comarca de Flores. Branda pertencia a Antonia Xavier de Souza e foi comprada por José Lira Chaves Pessoa. O comprador pagou quinhentos mil réis.

Toda a transação foi registrada no livro contábil do Coletor, o capitão Benedicto Hortêncio de Siqueira Campos. Chama atenção no pequeno registro histórico a informação sobre os números que identificava a escrava, que possuía o número das ordens de relação, 356: numero de ordem na matrícula, 172; e o a matricula no município era um.

Outro fato que chama bastante atenção é um dos trechos da transcrição da escritura pública: “e que desde já poderá o comprador tomar posse da dita escrava, como sua que é e fica sendo de hoje em diante, pois aí lhe transferi todo o poder, jus e domínio que nela tinha” (Lorena, p.188).

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Origem do Dia do Estudante - 11 de agosto

Do site Brasil Escola


No dia 11 de agosto, é comemorado, no Brasil, o Dia do Estudante. Essa comemoração acontece desde o ano de 1927 e teve como ponto de partida algo que ocorreu 100 anos antes, isto é, em 1827, na época do recém-instituído Império Brasileiro. Em 11 de agosto de 1827, o então imperador Dom Pedro I autorizou a criação das duas primeiras faculdades do Brasil, a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo. Por esse motivo, no dia 11 de agosto, também se comemora o Dia do Advogado no Brasil.

Dada a importância crucial que as faculdades de Direito tiveram no processo de consolidação do ensino superior e do execício da vida intelectual no Brasil, grande parte dos responsáveis por “pensar o Brasil”, interpretar nossa história e definir e compreender nossa formação teve a sua base intelectual como bacharéis em Direito.


O Dia do Estudante é comemorado, no Brasil, em 11 de agosto.


Oficialização da data

Sendo assim, em 11 de agosto de 1927, cem anos após a criação das referidas faculdades, houve uma comemoração em homenagem a elas. O advogado Celso Gand Ley, que estava participando das comemorações, sugeriu aos demais participantes que, na mesma data, fosse instituído o Dia do Estudante, já que, mais do que símbolo do início dos cursos jurídicos no Brasil, as faculdades de Direito eram também ícones da história da educação brasileira.

A sugestão de Gand Ley foi acatada e, desde então, o Dia do Advogado e o Dia do Estudante são comemorados na mesma data. Houve ainda, dez anos depois, em 1937 – ano em que teve início a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas –, a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), fato que “fez coro” para reforçar o dia dedicado aos estudantes.

Dia Internacional do Estudante

No âmbito internacional, o Dia do Estudante é comemorado em 17 de novembro e faz referência à resistência estudantil à ocupação nazista na antiga Tchecoslováquia, em 1939. Tal data foi escolhida pelo Conselho Internacional de Estudantes (que hoje é a atual União Internacional dos Estudantes), em 1941, na capital da Inglaterra, como forma de homenagear à referida resistência e, sobretudo, um dos jovens participantes, Jan Opletal, que acabou indo a óbito em 11 de novembro de 1939.

Por Me. Cláudio Fernandes 

Modelo de Ação Rescisória

EXCELENTÍSSIMO (VERIFICAR O ORGÃO COMPETENTE) (NOME DA CIDADE) – (UF)



NOME DO SEU CLIENTE, (DADOS/QUALIFICAÇÃO), portador da Carteira de Identidade/RG de nº 0000-000 inscrito no CPF/MF de nº 000.000.000-00, residente na (ENDEREÇO), por seu advogado devidamente constituído pelo instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a seguinte:

AÇÃO RESCISÓRIA

Contra NOME DA PESSOA, (DADOS/QUALIFICAÇÃO), portadora da Carteira de Identidade/RG de nº 0000-000 inscrito no CPF/MF de nº 000.000.000-00, residente na (COLOCAR O ENDEREÇO), com fulcro nos arts. 485 a 496 do CPC, pelos motivos que passa a expor:

I – DOS FATOS (explicar os fatos que levarão a ação rescisória)

O Requerente pretende rescindir o Acórdão (DESCRIÇÃO DO DOCUMENTO) o qual foi proferido no dia (DIA) de (MÊS) de (ANO), tendo percorrido em julgado no dia (DIA) de (MÊS) de (ANO), em razão da (DESCRIÇÃO DE RECURSO OU NÃO, E DE SEUS AGRAVOS).

Deste modo, o prazo de XX anos (POR EXTENSO) para a extinção do direito de propor ação rescisória, disposto no artigo 975 do Código de Processo Civil, não foi atingido.

Desta feita, conforme os fatos acima narrados, conclui-se que a presente demanda de ação rescisória é inegavelmente admissível em face à (DESCRIÇÃO DO FUNDAMENTO) ensejadora de tal providência por parte do Requerente.

II – DO DIREITO (explicar em qual hipótese legal se encaixa ou é aplicável ao caso)

O Requerente tem direito de mover a presente a ação sobre a proteção do Art. 966 NCPC, onde diz que:

Art. 966. § 5º.  Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016).

Sendo oportuna a presente ação rescisória, oferecendo-se o depósito do valor de R$ X.XXX,XX (VALOR), que corresponde a X% do valor da causa, devidamente atualizado até a presente data conforme documento em anexo, de acordo com o art. 488, II do C.P.C., a presente ação preenche os requisitos legais previstos em lei.

III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS (não esqueça de verificar se tem tutela)

Por fim, mediante aos fatos aqui expostos, requer-se:

  1. A citação da Requerida acima qualificado, para que, querendo, conteste no prazo legal a presente ação, sob pena de confissão revelia;
  2. A procedência do pedido para rescindir a mencionada sentença, proferindo novo julgamento do processo, restituindo ao final o depósito efetuado pelo Requerente;
  3. Seja a Ré condenada no pagamento de todas as custas e honorários advocatícios, e demais custos da causa.

Assim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, ainda que não especificadas neste documento.

Atribui-se à causa o valor R$ XXX.XXX,XX (VALOR), para fins de alçada, nos moldes do art. 292, III do NCPC/2015.

Nestes Termos. Pede e espera Deferimento.

(CIDADE), (DATA) de (MÊS) de (ANO).


Advogado – OAB/UF: 

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Modelo Reclamação Constitucional

 

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL










Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG n...., CPF n...., residente e domiciliado na rua ..., vem, por seu advogado, infra-assinado, com procuração anexa e endereço profissional na rua ..., onde serão encaminhadas as intimações do feito, apresentar RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL contra ato do governador do Estado y, agente público, com endereço profissional na rua ..., pelos fatos e fundamentos a seguir:

DO CABIMENTO

É cabível a presente reclamação constitucional, com fulcro no Art. 103-A, § 3º, da Constituição Federal e Art. 7º da Lei n. 11.417/2006, por se tratar de ato que viola Súmula Vinculante.

DOS FATOS

Em janeiro de 2019 o governador do Estado XMod nomeou seu irmão para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Indignada com a nomeação, a população e o reclamante, que estava cotado para assumir o cargo, apresentou reclamação administrativa, a qual foi julgada improcedente pelo Chefe do Executivo estadual, sob a alegação de que tal nomeação é ato político.

DO MÉRITO

Inicialmente, a Súmula Vinculante nº 13 veda a nomeação de cônjuge ou patente para cargo público, sob a chefia da autoridade nomeante. Vejamos:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designação recíproca, viola a Constituição Federal.”

Esta situação configura prática de nepotismo, a qual viola o princípio da moralidade e da impessoalidade, estampados no caput do Art. 37 da Constituição Federal; princípios estes que são de observância obrigatória pela Administração Pública.
O princípio da moralidade exige honestidade, boa-fé, conduta ilibada e atuação não corrupta do agente público no trato da coisa pública, já o princípio da impessoalidade exige atuação não discriminatória, ou seja, o agente público não pode se utilizar do cargo público para beneficiar ou prejudicar os administrados, sob pena de nulidade do ato e de ser responsabilizado por isso.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal (STF) pacificou entendimento no sentido de que o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas tem natureza administrativa e, portanto, a nomeação de parentes para ocupação deste cargo é vedada pela Súmula Vinculante nº 03.

Na situação apresentada, o chefe do Poder Executivo estadual nomeou seu irmão, parente de segundo grau em linha colateral, para exercer o cargo administrativo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, em afronta direta à referida Súmula Vinculante.

Logo, o ato é nulo e não gera qualquer efeito no mundo jurídico, não podendo, portanto, subsistir.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer: a) a notificação da Autoridade coatora para que prestes esclarecimentos, no prazo de lei; b) a procedência do pedido determinando a anulação do ato coator; c) a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público para atuar como fiscal da lei; e d) a juntada dos documentos anexos que comprovam o direito alegado pelo Autor.

Nesses termos, pede deferimento.
Local, data.


Advogado
 OAB/...

FOTOS HISTÓRICAS: O lento processo de urbanização e arborização de Serra Talhada

Por Paulo César Gomes



O site www.paulocesargomes.com.br destaca uma série de fotos de diferentes ruas de Serra Talhada que mostram como o processo de desenvolvimento urbanístico e de arborização na cidade demorou a acontecer.

As imagens que mostram as Praças Sérgio Magalhães e Agamenon Magalhães, e as ruas Cornélio Soares, Agostinho Nunes Magalhães e Enock Ignácio, apresentam um centro urbano sem calçamento e muito provavelmente ainda sem saneamento básico, isso porque a maioria das residencias possuíam fossas. As fotografias foram feitas entre o final dos anos de 1930 e inicio dos anos de 1940.

Com  base nessa perspectivas é possível dizer que até a primeira metade do século 20, o município de Serra Talhada, até 1938, ainda era chamada de Villa Bella, que a maior parte da população habitava na zona rural, mesclando-se entre fazendas e as vilas sedes dos distritos.

Por outro lado, foi somente a partir dos anos de 1950, com o apogeu do ciclo do algodão e as ações administrativas e politicas de Agamenon Magalhães – entre elas a chegada do avião, hospitais, escolas, usina de beneficiamento de algodão, estradas – que Serra Talhada desabrochou para a modernidade e começou a dar passos significativos para se tonar a segunda cidade mais importante do Sertão pernambucano.





segunda-feira, 2 de agosto de 2021

REGISTRO HISTÓRICO: Em 1875, o engenheiro francês Dombre fez um relatório sobre o Açude do Saco

 Por Paulo César Gomes


Açude do Saco I, em outubro de 1949


A foto em destaque é do Açude do Saco, em outubro de 1949. O açude é um elementos importante na história de Serra Talhada. O livro “Agamenon Magalhães e O Ciclo do Algodão Mocó em Serra Talhada” (2021,p.36), aponta como o processo de desenvolvimento econômico está diretamente ligado ao uso das águas do reservatório. Nesse sentido, o livro cita a presença de um engenheiro francês em Serra Talhada, durante a segunda metade do século. Na ocasião o francês fez importantes observações sobre o açude e que depois foram implantadas pelo governo do estado durante os anos de 1930.

 A Fazenda Saco foi adquirida em 5 de dezembro de 1931, pela quantia de cinquenta e cinco contos e seiscentos mil réis (R$ 6.838.800,00), o governo de Pernambuco logo empreendeu a construção do barramento do riacho do medeia com recursos do INFOCS – Inspetoria de Fomento e Obras Contra as Secas, que contratou a construtora Collier que realizou a obra entre 1932 a 1933. A grande parede foi construída entre 1932 a 1933 e a pequena que não sabemos a data, mas achamos que tenha sido construída pelos antigos proprietários da fazenda, Coronel Brás Magalhães e Major Baião, ou mesmo o Coronel Cornélio Soares de Lima, no início do século vinte, o qual fez a venda do citado imóvel ao governo de Pernambuco. Após a sua construção, o Açude Saco I só veio a extravasar no ano de 1964 e posteriormente em 1974 e 2005. 

Foto do Açude do Saco, com destaque par Alejandro J. García (Créditos: Paulo César Gomes – 2016)


“Foi quando da visita do engenheiro francês Louis Émile Dombre, que foi contratado pelo Presidente da Província, o Barão de Lucena, para pesquisar e apresentar projetos em relação ao armazenamento e aproveitamento de água, bem como avaliar e sugerir a construção de cadeias em diversos municípios do interior do estado, que o Açude passou a ter sua importância destacada. Dombre viajou por cidades do Agreste e do Sertão do estado, entre os anos de 1874 e 1875. O engenheiro Dombre visitou Serra Talhada, que na época era chamada oficialmente por Villa Bella, em setembro de 1875. Em suas anotações, posteriormente publicadas em um livro após a sua morte, o engenheiro fez as seguintes observações sobre o Açude do Saco:

“O açude é feito de barro, e arrombou-se no meio, d’uma largura de 30 metros. Os reparos do dito açude hão de custar não menos de 5 (cinco contos). Porém nunca ficará a barragem segura. O comprimento de dita barragem é de 250 metros, a altura no meio é de quase 5 metros; além da quantidade d’agua, as formigas, segundo minhas verificações, teem feito estragos  immensos em todo o comprimento do paredão. Devo dizer que a grande quantidade d’agua espalhada é ruim para a salubridade da povoação, apezar de o açude ser bastante distante da vila” (DOMBRE, 1893, p. 85). 

 Apesar das ponderações feitas, o engenheiro deixa claro nas suas anotações, em francês, a importância da construção de um açude de grande porte para o abastecimento de água para a cidade. Após viajar pelo interior do estado o francês veio a falecer.


QUEM FOI

Louis Émile Dombre (1851-1876)era um engenheiro francês que foi comissionado pelo governo provincial de Pernambuco para fazer uma verificação das obras públicas mais importantes que deveriam ser realizadas no interior da província. Partiu do Recife, via Jaboatão, em direção à Vitória, Bezerros, Caruaru, Garanhuns, Villa Bella, Flores e Triunfo, percorrendo praticamente todo o interior de Pernambuco.

Mandava relatórios periódicos sobre as obras que considerava necessárias, para o diretor de obras da província, assim como informações geológicas, climáticas e geográficas sobre a região. Recomendou, de maneira geral, a construção de açudes e prisões, em várias localidades. Dombre ficou doente durante a viagem e morreu na capital, Recife, em 11 de abril de 1876. Após a morte de Dombre, as suas anotações foram publicadas em um livro mantendo a originalidade dos textos, apenas o final do livro foi publicado na língua portuguesa da época. Abaixo, trecho em que cita a visita a Vila Bela.



 


terça-feira, 27 de julho de 2021

Histórias da tradicional 'Rua dos Correios' em Serra Talhada - PE

Por Paulo César Gomes



A popular “Rua dos Correios” é uma das vias públicas mais antigas de Serra Talhada, com mais de 200 anos de história.

A foto acima destaca a rua durante a década de 1950, na época denominada oficialmente de Siqueira Campos. Logo após a morte do Coronel Cornélio Soares, ela foi rebatizada com o nome do ex-prefeito. A imagem destaca o prédio da agência dos Correios e Telégrafos, construído em 1932.

A fotografia abaixo mostra a rua tendo ao lado esquerdo os fundos da Igreja do Rosário, durante a década de 1940. Ao fundo é possível perceber o prédio do antiga sede do Batalhão da Policia Militar, o hoje funcionado como o DINTER II, a construção foi erguida durante a década de 1930.

Pelas imagens é possível dizer que esta foi uma das primeiras ruas da cidade a ser arborizadas e que o processo de construção de calçamento da via só veio a ocorrer entre o final dos anos de 1950 e 1960.



segunda-feira, 19 de julho de 2021

Em 1947, Serra Talhada foi pivô de suspeita de fraude nas eleições para o governo de Pernambuco

 

Por Paulo César Gomes

Diante da construção de narrativas que buscam empurrar a sociedade brasileira pra uma espécie de “caverna mito-sem-lógica” ou uma “idade das trevas”, onde é alardeado que a terra é plana, que a importância da ciência é ignorada, agora a onda é atacar as urnas eletrônicas. Vale registrar que desde que o voto eletrônico foi criado no país não existe nenhuma denuncia de fraude, então tudo que se especular sobre o assunto é na verdade uma grande “fake news”.

Como base em uma perspectiva histórica, resgatamos aqui detalhes de uma das campanhas eleitorais mais controversas do estado de Pernambuco, a eleição de 1947. Essa disputa foi marcada por várias denúncias de fraude. Uma das cidades que apareciam nas listas das supostas irregularidades foi justamente Serra Talhada.

Na imagem destacamos uma matéria do jornal Diário de Pernambuco, do dia 18 de fevereiro de 1947, onde são apontadas irregularidades nas eleições daquele ano. Em várias outras eleições o nome da cidade aparece com citações sobre problemas com urnas. As denúncias apresentadas nos jornais apontavam para a existência de assinaturas falsificadas, votos acima da quantidades de presentes à seção eleitoral no dia do pleito, até “a presença de mortos” na lista dos votantes. Todos os relatos só comprovam a vulnerabilidade do voto escrito.   

A longa disputa jurídica de 1947 

A eleição para governador de Pernambuco ocorreu em 19 de janeiro 1947. Disputaram a eleição: Barbosa Lima Sobrinho (PSD), Neto Campelo (UDN), Pelópidas da Silveira (PCB/PSB*) e Eurico de Sousa Leão (PR).

O pleito em Serra Talhada foi bastante disputado. Acima podemos ver o encontro promovido por apoiadores de Barbosa Lima Sobrinho, em 1946. A reunião contou com a presença de lideranças políticas e militares de diversas regiões do estado, além de personalidades que residiam na cidade. O anfitrião do encontro foi o Coronel Cornélio Soares, mas quem também marcou presença na reunião foi ex-prefeito do Recife, deputado federal e governador estado, Miguel Arraes. Barbosa Lima também era apoiado por Agamenon e pelo deputado estadual Methódio de Godoy.

Na época o município era um dos maiores expoentes da política pernambucana, isso porque Agamenon Magalhães, então deputado federal, era uma das importantes lideranças do Brasil, e com forte influência nos chamados “currais eleitorais” que viviam espalhados pelo interior de Pernambuco.

Neto Campelo, candidato da chamada “a coligação” era apoiado pelo fazendeiro e empresário Enock Ignácio de Oliveira. Apesar da falta de estrutura e de um grupo forte, Neto Campelo chegou a realizar um comício na Praça Sérgio Magalhães, em janeiro de 1947, conforme registro do jornal Diário de Pernambuco.

O jornalista e deputado federal Barbosa Lima Sobrinho (PSD), foi eleito com 91.985 votos, uma diferença de apenas 575 votos em relação a Neto Campelo (UDN), que obteve 91.410 votos. Ele só assumiu o mandato em fevereiro de 1948, após mais de um ano do pleito, ficando até 1951. O resultado dessa campanha para governador é considerada como a mais acirrada e polêmica da história de Pernambuco.

A demora se deu porque o resultado da eleição foi judicializado em função das suspeitas de fraude. Segundos os jornais da época, Diário de Pernambuco e Jornal Pequeno, as principais denúncias de fraudes envolviam as cidades do interior, principalmente as urnas de Serra Talhada.

A homologação dos resultados dessas urnas, pelo TSE, foi decisiva para garantir a vitória do candidato de Agamenon Magalhães, que acabou aumentando a sua a frente em 888 votos, uma diferença de menos de 0,5% entre Sobrinho e Campelo.

Reunidão da campanha de Barbosa Lima Sobrinha, na casa do Coronel Cornélio, em 1946

Comício de Neto Campelo, em Serra Talhada, em janeiro de 1947 (Fonte: Diário de Pernambuco)

 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

IMAGENS HISTÓRICAS: Morre aos 89 anos ‘Seu Né das Bicicletas’

 Por Paulo César Gomes


Morreu em Recife, na última segunda-feira (05/07), Manoel Gomes Batista, mais conhecido como ‘Né das Bicicletas’, aos 89 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória em Recife.


Além de empreendedor, Né das Bicicletas foi um dos ilustres torcedores do imortal time do Comercial Esporte Clube. Na imagem acima, do ano de 1975, o empresário aparece ao lado dos ex-prefeitos Nildo Pereira e Tião Oliveira, do ex-deputado Inocêncio Oliveira, do empresário Zé Naildo e de Luiz de Cecília, o registro fotográfico foi feito antes de um jogo do time do Comercial, no estádio o Pereirão. Ele vestia calça preta e camisa mangas compridas. na ocasião Fátima Mourato foi apresentado como a representante a representante da cidade no Miss Pernambuco, um mês depois ela foi consagrada com a coroa e a faixa de Miss estadual daquele ano.

As imagens abaixo mostram fotos das bicicletas que eram locadas no estabelecimento de ‘Seu’ Né, segundo relatos de alguns moradores, essas seriam as primeiras bicicletas a serem alugadas na cidade. A  outra imagem é de uma cadeira de rodas produzida na oficina do empresário durante a década de 1960.



quinta-feira, 8 de julho de 2021

O plebiscito de 1991 e os destalhes históricos da última batalha de Lampião

 Por Paulo César Gomes


Diário de Pernambuco, dia 28 de maio de 1985

Com intuito de buscar o aprofundamento das pesquisas sobre o Cangaço e sobre o Sertão Nordestino, resgatamos neste texto detalhes de uma das mais controversas passagens da história contemporânea de Serra Talhada, “o plebiscito da estátua de Lampião”. O debate que se travou há 30 anos teve como ápice o dia 07 de setembro de 1991, quando naquela data 76% dos serra-talhadenses votaram favorável da construção da estatua, 22% foram contra e 0,8 % anularam o voto.

Apesar da consulta popular ter sido promovida pela Fundação Cultural da Casa da Cultura, a ideia da construção do monumento não partiu da entidade, mas do ex-vereador (já falecido) Expedito Eliodoro, o popular Louro Eliodoro, que no dia 28 de maio de 1985, concedeu entrevista ao Diário de Pernambuco, expondo o seu projeto de construir uma estátua de Lampião, com 20 metros de altura, na antiga Estação Ferroviária. Por falta de apoio a iniciativa acabou não vingando, apesar disso, o vereador Louro Eliodoro não desistiu de promover culturalmente a relação de Lampião com a sua cidade natal e em setembro de 1988 (Diário de Pernambuco, dia 27 de setembro de 1988) ele encomendou ao artista plástico Juraci Jusseé, esculturas dos cangaceiros. Essas verdadeiras obras de artes ainda hoje se encontram preservadas e protegidas na Casa da Cultura de Serra Talhada.



Diário de Pernambuco, dia 27 de setembro de 1988

Porém, em 1991 que o assunto retornou ao noticiário. Só que desta vez o projeto para construção da estatua foi incorporado à ideia de um plebiscito, o que culminou um acalorado debate que extrapolou os limites territoriais de Serra Talhada e invadiu literalmente as residências de brasileiros de norte a sul. O que ocorreu naquele ano não foi tão somente a promoção de um evento cultural ou uma disputa entre diferentes narrativas sobre Lampião e o cangaço. A verdade é que a partir daquele momento se estabeleceu uma nova perspectiva histórica. Naquele instante a história estava sendo escrita pelos protagonistas do processo, mesmo que o elemento central desse processo tinha sido “um cangaceiro”, a vontade popular foi expressa na sua integralidade.

Diferentes órgãos de imprensa registram o episódio, entre eles, a revista Veja e o Jornal do Brasil. O JB publicou uma extensa matéria, tendo com destaque o produtor cultural, pesquisador e atual presidente da Fundação Cultural de Serra Talhada, Anildomá Souza. Na publicação, Anildomá incorporou um legítimo cangaceiro, tendo ao lado um letreiro com a frase que se tornou um símbolo daquela passagem histórico: Nem herói, nem bandido! É história! Diga SIM a Lampião!

Jornal do Brasil – 1991

Somente em 2019 foram inauguradas as esculturas de Lampião, Maria Bonita e Zabelê, na área externa do Museu do Cangaço, na Estação do Forró. A iniciativa de instalação das obras de arte partiu da Fundação Cultural Cabras de Lampião (FCCL), presidida pela atriz e produtora cultural Cleonice Maria. O projeto idealizado por Cleonice materializou o desejo de todos os que disseram “SIM” a Lampião em 07 de setembro de 1991.


Cartaz oficial do plebiscito de 1991

Revista Veja 1991

segunda-feira, 28 de junho de 2021

PEGOU AUTOR DE SURPRESA: Com 462 mil visualizações, obra de serra-talhadense viraliza

Por Giovanni Sá Filho, do Farol de Noticias



A força da literatura realmente pode nos surpreender a qualquer momento. Uma dessas surpresas fez, recentemente, o renomado escritor e pesquisador serra-talhadense Paulo César Gomes se perguntar: “Como isso foi possível?”. A narração de um de seus contos intitulado ‘A garota da casa da frente’ viralizou no YouTube e já conseguiu quase meio milhão de visualizações, algo incomum para o gênero. Paulo, na verdade, inovou na estratégia. “Eu nunca imaginaria que pudesse chegar onde chegou, atraindo essa quantidade gigantesca de pessoas”, disse ele ao Farol.


Na peça disponibilizada em seu canal no YouTube [conheça aqui], Gomes narra, por cerca 8 minutos, a história de uma amor incomum, entre vizinhos com origens sociais muito diferentes. No entanto, ao longo da vida, eles acabam se aproximando e o rapaz confessa tudo o que sente. A novidade é que narrações de contos na internet não são tão comuns como se pensa, mas vem se tornando uma forma importante de democratização da literatura, especialmente, ajudando pessoas com deficiência visual que recorrem ao áudio para usufruir desse tipo de conteúdo.

“Esse conto foi finalista do concurso literário da cidade de Salgueiro em 2016. Não é apenas o fato de ser um conto, mas um conto narrado que viralizou, assim, de repente. Já são quase meio milhão de pessoas alcançadas, é algo de espantar mesmo”, afirmou Paulo César. Neste momento, o conto ‘A garota da casa da frente’ está com quase 3 mil likes e mais de 60 comentários. 

ATIVIDADE DE DIREITO CIVIL - SUCESSÃO

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