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sábado, 28 de abril de 2012

CANGAÇO: Pesquisador resgata polêmica sobre estátua de Lampião



Em 07 de setembro de 1991, foi realizado em Serra Talhada-PE, um plebiscito para verificar se a população aprovava ou não a instalação de uma estátua de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, em plena praça pública. O evento mobilizou a opinião pública e tornou-se um tema debatido em todo o país. Para se ter uma ideia da demissão que a discussão tomou, basta ler a revista Veja(28 graus), publicada em 28 de julho de 1991, com o título de “ O julgamento de Lampião 53 anos depois”.

Toda a polêmica tem a sua origem no surgimento de um fenômeno social chamado de “cangaço”, que iniciou no litoral em meados do século XIX e ganhou projeção histórica quando adentrou as caatingas nordestinas. O primeiro grande nome do cangaço foi o “Cabeleira”, que nasceu em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região, incluindo Recife. O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, “Jesuíno Brilhante”, que agiu por volta de 1870. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com Antônio Silvino, Sinho Pereira e Corisco. Porém, o cangaceiro mais famoso foi Lampião, também denominado o “Senhor do Sertão” e “O Rei do Cangaço”.

Lampião atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do nordeste., construindo ao longo do tempo uma história de terror e de medo, pois, a violência pratocinada por cangaceiros, volantes e coróneis, era algo terrível. Somasse a esses elementos o fenômemo da “seca” e ausência de pulicitcas públicas deseenvolvidas pelo do Estado. O cenário que envolveia os principais personagens dessas e de fomes, miséria, opressão e principalmente, sem lei.

O maior osbtaculo para Lampião surgiu quando o então presidente, Getúlio Vargas, adotou o regime ditatorial denominado Estado Novo, em 1937, e que incluiu Virgolino e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem. Lampião foi assassinado em 28 de julho de 1938 e logo depois, em 25 de maio de 1940, Curisco também foi eliminado, decretando assim o fim do cangaço. Um dos fatos mais intigrantes, entre tantos que envolvem o cangaço e que é motivo de estudo de historiadores, sociologos e antropologos, é fato de que nenhum ex-cangaceiro voltou a cometer qualquer atrocidade, em geral todos se resocializaram, construindo famílias e trabalhando de forma digna, caso raro entre crimonosos.

Passados quase cinco décadas do fim do cangaço, o então vereador Expedito Eliodoro (1983-1888), o falecido Louro Eliodoro, apresenta uma proposta de se construir uma estátua de Lampião na estação ferroviaria, a princípio a ideia não emplacou. No início dos anos noventa, a Fundação Casa Cultura retoma a discurssão em torno da estátua, propondo que ela fosse colocada em praça pública. Um modelo da estátua, em escala menor, foi desenvolvida pelo artista plástico Karoba.

Iniciativa

A iniciativa ganhou força e recebeu o apoio da prefeitua municipal e dos movimentos culturais como MTP ( Movimento de Teatro Popular), CDP (Centro Dramátioc Pajeu) e Grupo de poetas “Desafio” (Jornal Desafio). Até a data do plibiscito o debate foi intenso, com uma ampla combertura de jornais, revistas e emissoras de TV de alcance nacional.

Havia uma clara divisão na sociedade, os mais jovens se manisfestavavam pelo “sim” e os mais velhos, em sua maioria ex-soldados das volantes que combateram Lampião e contemporâneos do congaceiro, pelo “não”. O grupo que liderava a campanha pelo “sim” adotou o slogan “Lampião: nem herói, nem bandido. É história!” , uma forma de fugir da idéia de transformar o pleibiscito em um julgamento do “Rei do Cangaço”. 

Seguindo as regras traçadas pela Justiça Eleitoral de Serra Talhada-PE, sendo fiscalizado pelo Juiz de Direito e pelo Promotor de Justiça, foi realizado o plebiscito que apresentou o seguinte resultado: compareceram para votar 2.289 eleitores, 76 % acolheram o “SIM”, 22 % disseram “NÃO” e 0,8 % anularam a escolha. (Fonte: livro “Gota de sangue num mar de lama” de Gutemberg Costa).

Por questões políticas/financeiras a polêmica estátua de Lampião nunca saiu do papel, porém, a discussão proporcionou a cidade vários benefícios, tanto no aspecto cultural como no econômico. Hoje a cidade ostenta com orgulho o título de “A Capital do Xaxado” e a “Terra de Lampião”, vários são os eventos relaizados sobre os temas relacionados ao cangaço, Lampião e ao xaxado, é bem verdade que muito se deve a persitência dos companheiros, os neo-canganceiros, da Fundação Cultural Cultural Cabras de Lampião, que levantam a bandeira de Lampião e do cangaço com muita diginidade. 

É importante ressaltar que a visão do serratalhendes sobre Lampião não mudou, ele continua sendo um bandido, porém precebeu-se que ele é personagem extremamente atrativo, que mexe com o imáginario e a curiosidade dos turistas, o que torna a sua imagem bastante comercial. Uma prova do poder de sedução que Lampião exerce sobre as pessoas é fato de que são vários os hóteis e pousadas na cidade com nomes relacionados ao fenomeno, também são encontradas inúmeras obras de artes e músicas que nos rementem ao tempo em que as caatingas nordestinas foram controladas por um rei, que mesmo com as controversias, entrou para galeria dos personagem mais importantes da história do Brasil.

*Paulo César é professor, pesquisador e especialista em História Geral

Outra matéria da Revista Veja
  

COMENTÁRIOS PUBLICADOS NO FAROL DE NOTÍICIAS:

Tarcisio Rodrigues on 28 de abril de 2012 às 19:25 
O plebiscito acontecido em 1991 pela Casa da Cultura perguntava se a população aceitava ou não uma estátua de Lampião, e a resposta é esta que está aí na matéria. Na época, eu, então presidente Casa fui a Brasília levando comigo o projeto que além da estátua também incluia um parque, o “parque Virgolino Ferreira” onde além da estátua teria museu, memorail, restaurante, xaxódromo, etc. O parque ficaria localizado ao sopé da serra e as margens da BR 232.
Conseguimos, em 1991, aprovar o projeto na Embratur só que a burocracia e a politicagem terminaram fazendo o processo se arrastar e nenhuma parcela da verba que anunciaram foi liberada, aí então o tempo foi passando até que chegamos na era Collor e foi aquele mundo de escânda-los e tudo que estava pendente em Brasília sumiu, entre eles o nosso projeto.
Em 1993 deixei a Casa da Cultura e os políticos locais deixaram o projeto de lado. Também os presidentes da Casa que me sucederam não se importaram mais com o assunto.
O projeto ainda existe. Está na Casa da Cultura e eu voltei a entidade. ainda não perdemos a esperança de tira-lo do papel.
Se não eu, outro um dia fará isso e assim poderá dotar a cidade de um aparelho extraordinário para impulsdionar nossa indústria turística.
Possuímos a panta baixa de todo parque, com cortes e detalhes de tudo. Um dia quem sabe vamos publica-lo para a população compartilhar conosco do sonho que esperamos concretizar.
  • Helder Romulo on 29 de abril de 2012 às 8:07 
    Tarciso,
    Gostaria de lembra ao amigo Tarciso que o projeto do Parque Lampião foi elaborado pelo arquiteto Cesar Barros e o engenheiro Rominho a pedido seu, sem doado por nos, e que recentemente tive em contato com o mesmo e ele procurou como estava isso e que ainda continua a inteira disposição para dar continuidade a mesmo, e também se dispõe a tentar viabilizar recursos para implantar o projeto uma vez que ele foi diretor de UBR – Recife, porem precisamos primeiro e da titularidade de um terreno para dar inicio a todo o processo.
    Um abraço a todos!
    Helder Romulo

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