Embora seja
inadequado referir-se aos cangaceiros como guerrilheiros – eles não tinham
nenhum propósito político –, é inegável que lançaram mão de táticas típicas da
guerrilha. Habituados a viver na caatinga, não eram presa fácil para a polícia,
especialmente para as unidades deslocadas das cidades com a missão de
combatê-los no sertão. Uma das maiores dificuldades de enfrentá-los era a de
que preferiam ataques rápidos e ferozes, que surpreendiam o adversário. Também
não tinham qualquer cerimônia em fugir quando se viam acuados. Houve quem
confundisse isso com covardia. Era estratégia cangaceira.
Tropa de elite
Os bandos eram
sempre pequenos, de no máximo 10 a 15 homens. Isso garantia a mobilidade
necessária para a realização de ataques-surpresa e para bater em retirada em
situações de perigo.
Calada da
noite
Em vez de se
deslocar a cavalo por estradas e trilhas conhecidas da polícia, percorriam
longas distâncias a pé em meio à caatinga, de preferência à noite. Para evitar
que novas vias de acesso ao sertão fossem abertas, assassinavam trabalhadores
nas obras de rodovias e ferrovias.
Os apetrechos
Todos os
pertences do cangaceiro eram levados pendurados pelo corpo. Como não se podia
carregar muita bagagem, dinheiro e comida eram colocados em potes enterrados no
chão, para serem recuperados mais tarde.
Raposas do
deserto
Cangaceiros
eram mestres em esconder rastros. Alguns truques: usar as sandálias ao
contrário nos pés. Pelas pegadas, a polícia achava que eles iam na direção contrária
(detalhe); andar em fila indiana, de costas, pisando sobre as mesmas pegadas,
apagadas com folhagens; pular sobre um lajedo, dando a impressão de sumir no
ar.
Peso morto
Com exceção de
seqüestrados, quase nunca faziam prisioneiros em combate, pois isso
dificultaria a capacidade de se mover com rapidez. Também não mantinham colegas
feridos ou com dificuldade de locomoção.
Seu mestre
mandou
Para resolver
discórdias internas no bando, Lampião sempre planejava um grande ataque. Todos
os membros do grupo se uniam contra o inimigo e deixavam de lado as
divergências entre si.
Os infiltrados
Quem dava
abrigo e esconderijo aos cangaceiros era chamado de coiteiro e agia em troca de
dinheiro, de proteção armada ou mesmo por medo. Coiteiros que traíam a confiança
eram mortos para servirem de exemplo.
Rota de fuga
As principais
áreas de ação do cangaço eram próximas às fronteiras estaduais. Em caso de
perseguição, eles podiam cruzá-las para ficar a salvo do ataque da polícia
local.
Fogo amigo e
inimigo
Durante os combates, havia uma regra fundamental:
em caso de retirada, nunca deixar armas para o inimigo; nas vitórias,
apoderar-se do arsenal dele.
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