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sexta-feira, 27 de março de 2020

As maiores cheias do Rio Pajeú em Serra Talhada

 
Travessa 13 de maio. Ao fundo o bairro Bom Jesus
Cheia do Rio Pajeú em 1960 / Fonte: SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980)

As imagens acima são de abril de 1960, apesar da baixa qualidade, é possível ver o volume de água do Rio Pajeú que invadiu a parte mais baixa da cidade. Outras cheias já tinham ocorridas, mas não nessa proporção, até por que, uma década antes essa região era praticamente inabitada. Essa é a travessa 13 de maio e fica do lado esquerdo da Rua Cornélio Soares, paralela ao leito do rio, e a esquerda da rua XV de Novembro. Essa travessa tem como saída à popular “Rua da Lama”, um dos redutos dos cabarés da cidade, vale a pena registrar que ainda hoje a rua é chamada de Rua da Lama e várias casas de prostituição continuam funcionando da na região. Apesar oficialmente ser denominada de Capitão Hermetério Nogueira.
No tocante as imagens, fica visível que a Rua da Lama está debaixo d’água e algumas residência, da Travessa 13 de maio, estavam sendo inundadas pelas águas. O que chama atenção são as crianças, os jovens e adultos posam para a foto brincando, como se aquela situação fosse uma novidade, porem, a situação era totalmente diferente.  Segundo o Diário de Pernambuco (1960), mais de 80 famílias estavam desabrigadas:
Diário de Pernambuco, dia 5 de abril de 1960 / Fonte: SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980)

[80 FAMILIAS FICARAM, EM SERRA TALHADA, DESABRIGADAS- SERRA TALHADA, 4 (De Oscar Tosta da Silva, enviado Especial do DIARIO) – Esta foi uma das cidades que mais sofreram com os efeitos das enxurradas. Onze açudes e uma barragem romperam. Quarenta casas desabaram e outras trinta estão em ruínas, desabrigando 80 famílias. Quatro poços tubulares foram destruídos e duas bombas, arrastadas e desaparecidas. Os prejuízos da lavoura foram totais, e segundo assessoria da Prefeitura o prejuízo já se eleva a mais de um milhão de cruzeiros. O prefeito Hildo Pereira de Meneses, diante da aflitiva situação, telegrafou ao governador Cid Sampaio, pedindo socorros com urgência. Graças a isso, já recebem grande quantidade de medicamentos, estando os viveres enviados ainda em Arcoverde, prestes a chegar aqui. Embora não se tenha manifestado nenhum caso de doença epidêmia, a população está sendo vacinada contra tifo e varíola. A parte baixa da cidade foi a única atingida. O rio Pajeú desviou seu curso, para avançar mais de duzentos metros contra a cidade. Com o pânico estabelecido, desde a ocasião em que ruíram as primeiras casas, duas pessoas morreram. FAMILIAS ABRIGADAS: Utilizando-se de prédios públicos, o prefeito de Serra Talhada providenciou abrigo para as pessoas que tiveram os seus lares destruídos. Por enquanto, limitou-se em dar acomodação aos necessitados, de vez que os viveres enviados pelo Governo do Estado, como dissemos acima, ainda se encontraram em Arcoverde. Embora demonstrando certo desânimo, as vitimas vêm suportando mais ou menos os efeitos da adversidade]

Rua Henrique de Melo 1967
Cheia do Rio Pajeú em 1967 / Fonte: SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980)

As fotografias acima são da cheia de 1967, considerada como sendo uma das maiores da história e que atingiu boa parte da cidade. A imagem da Rua Cerilo Xavier foi feita de uma ponte da linha férrea, ponto de onde o fotografo captou a dimensão da inundação na Rua Henrique de Melo, que fica a cerca de 2k do leito do rio, ao poucos metros dali, nos sentido contrario estava o prédio da SANBRA, que por está em um ponto alto não foi atingida. Na imagem é possível que a maioria das casas eram de alvenaria e por isso sofreram menos danos com o alagamento, ao mesmo tempo, vemos duas pessoas atravessando a rua alagada carregando um móvel, caminhando em direção a rua que faz esquina com o Hospital. Certamente as casa em que moravam foi invadida com maior volume de água do que as que aparecem na foto.
Nota-se também a quantidade pessoas na porta de suas casas, observando o volume de água e movimento na rua.  Algumas crianças andam no meio do alagamento tranquilamente, diferente da foto anterior onde as pessoas brincavam com água. Pelas informações extraídas durante as pesquisa, identificamos que os danos matérias causados pela enchente de 1967 foram menores que as de 1960. Nesse episódio o que marcou foi o grande volume de chuva, que acabou provocando uma maior extensão do alagamento. Abaixo uma matéria uma matéria publicada no Diário de Pernambuco, no dia 09 de abril de 2967.
Diário de Pernambuco, dia 9 de abril de 1967 / Fonte: SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980)

Dois dias depois, o jornal da capital do estado publicou uma nova matéria que trás mais detalhes sobre a enchente:
[...Em Serra Talhada, para onde foram enviadas equipes de socorro, foram registradas vinte casos de febre tifóide no Hospital local, tendo o Departamento de Saúde Pública determinado a ida de vacinadoras para imunizar a população. Os seus três principais distritos estão isolados, em face de o sangradouro do açude ali construído pelo DNOCS haver cortado as ligações para Loanda. O pluviômetro da SAMBRA acusou na última quinta-feira, 114 milímetros, quando a média anual é de 360/60mm. De janeiro até agora choveu em toda aquela área mais de 900 milímetros, índice comparável a media anual da zona da mata. ATOLEIRO NA BR-232. Na BR- 232, no trecho compreendido entre a cidade de Custódia e Serra Talhada, o trafego permanece impraticável, em face das longas fendas abertas ao longo da estrada. Diversos carros que por ali transitaram, nos dois últimos dias da semana ficaram ilhados…] Trechos do Diário de Pernambuco, dia 11 de abril de 1967.

Dados extraídos do livro “SERRA TALHADA: CEM ANOS EM QUARENTA (1940-1980), de autoria de Paulo César Gomes e publicado em 2019. 
Fotos da cheia de 2004. Imagens feitas pelo fotografo Milagres e cedidas pelo empresário João Daniel
 
Rua Enock Ignácio, em frente ao atual Pátio da Feira  – 2004
 
Rua Enock Ignácio, em frente ao atual Pátio da Feira  – 2004
Rio Pajeú, visto do bairro Bom Jesus – 2004
Lagoa Maria Timóteo – 2004
Lagoa Maria Timóteo – 2004

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