Para
um número significativo de pessoas, ver televisão é “relaxante”. Observe a si
mesmo e verá que, quanto mais tempo sua atenção permanece tomada pela tela,
mais sua atividade intelectual se mantém suspensa. Assim, por longos períodos
você estará assistindo a atrações como programas de entrevistas, jogos de
futebol, Domingão do Faustão, Luciano Huck, programas de humor (sempre com
piadas clichês e repetitivas) e até mesmo propagandas, sem que quase nenhum
pensamento seja gerado pela sua mente. Você não apenas deixa de se lembrar dos
seus problemas como se torna livre de si mesmo por um tempo – e o que poderia
ser mais relaxante do que isso? Afinal, muitos de nós humanos temos dificuldade
de viver consigo mesmo, afinal são tantas coisas negativas que temos em mente:
problemas, dívidas, traumas, defeitos que não gostamos de pensar que temos; que
a melhor solução momentânea que procuramos na terceira dimensão é nos ver
livres de nós mesmos… Mas será que a televisão é benéfica por causar esse tal
“relaxamento mental”? Não, a televisão não é benéfica para nossa mente e vou
explicar o porquê.
Embora
a mente possa ficar sem produzir nenhum pensamento por um bom tempo, a sua
mente permanece ligada à atividade do pensamento do programa que está sendo
exibido. Mantém-se associada à versão televisiva da mente coletiva e segue
absorvendo seus pensamentos. No entanto, continua assimilando os pensamentos e
as imagens que chegam à tela. Isso induz um estado passivo semelhante ao
transe, que aumenta a suscetibilidade, e não é diferente da hipnose. É por isso
que a televisão se presta à manipulação da “opinião pública” e o que passa no
Fantástico cai na boca do povo na segunda-feira. É só observar o seu ambiente e
ver que as pessoas usam o tempo no cafezinho da empresa, ou na hora do almoço
entre amigos para comentar matérias que foram passadas no Fantástico ou Jornal
Nacional e acabam repetindo as frases e opiniões passadas na reportagem; e a
grande parte das notícias é negativa, gerando uma egrégora cada vez mais
negativa na mente das pessoas no planeta.
A
inatividade da mente quando você está assistindo programas comuns de televisão
é apenas no sentido de que ela não está gerando pensamentos e, na tal “ausência de pensamento” que você não
conecta seu eu interior e alcança o tal chamado “estado de graça” e consegue
ficar em paz interior. Não, isso não acontece quando você assiste Salve Jorge,
Salve José ou Salve o santo que seja! É por isso que a televisão se presta a
manipulação da opinião pública; como é do conhecimento de políticos ou de
grupos (o tal “governo oculto”) que atuam por trás de propagandas, filmes,
novelas, reportagens – eles gastam fortunas para nos prender no estado de
inconsciência receptiva. O tal “governo oculto” quer que toda população pense
de forma padrão e limitada, e fazem isso através de mensagens subliminares (e
também explícitas, aliás, bem explícitas; vide o programa Big Brother Brasil)
através das programações populares de televisão. E se observarmos ao nosso
redor, veremos que o “governo oculto” obtém bastante êxito no objetivo de
controle com a grande maioria da população.
Portanto,
quando estamos vendo televisão, nossa tendência é cair abaixo do nível do
pensamento, e não nos posicionarmos acima dele. A TV tem isso em comum com o
álcool e com determinadas drogas. Embora ela nos proporcione um pouco de alívio
em relação à mente, mais uma vez pagamos um preço alto: a perda da consciência.
Assim como as drogas, essa distração tem uma grande capacidade de viciar. Se
assistir TV fosse estimulante para o pensamento, motivaria nossa mente a pensar
por si mesma, o que é mais consciente e, portanto, preferível a um transe
induzido pela televisão.
Não
obstante, existem determinados programas e canais muito interessantes na
televisão; muitos deles nos fazem raciocinar e repensar alguns antigos
conceitos que foram colocados na nossa mente. Também alguns programas podem
mexer com as nossas emoções e até mudar nossa vibração para melhor. Algumas
atrações humorísticas acabam sendo importantes para nossa alma; fazendo-nos
exercitar o bom humor e, dessa forma, poderemos refletir sobre a insensatez
humana e o ego com mais facilidade, além de nos ensinar enquanto nos fazem rir.
Mas, para ter um efeito positivo sobre a mente, precisamos saber escolher o que
assistir.
Temos
a responsabilidade de escolher que tipo de conteúdo queremos imprimir no nosso
cérebro. O livro “A vida em Linhas” diz: “O nosso cérebro não sabe a diferença
do passado, presente e futuro, não sabe a diferença de um acontecimento real da
fantasia. Para o nosso cérebro “fazer” ou “pensar” produz o mesmo efeito.” Então,
imagine quando você assiste às novelas que só mostram trapaça, traição! Você
está gravando essas imagens e sons no seu cérebro.
Evite
programas de anúncios que o agridam com uma rápida sucessão de imagens que
mudam rapidamente, com muitas cores, frases e músicas com letras pobres de
conteúdo. O hábito de assistir televisão em excesso é uma das causas do aumento
do índice de déficit de atenção, um distúrbio que vem afetando milhões de crianças
no mundo. A atenção deficiente (mudar de canal incessantemente pode agravar
isso), de curta duração, torna todos os nossos relacionamentos e percepções
superficiais e insatisfatórios. O ser humano pode perder a paciência de
aprender algo ou de ouvir alguém; o inconsciente pode buscar “mudar de canal a
todo instante” (mudar de parceiro a todo instante, mudar de roupa, mudar de
cabelo), causando a falsa sensação de que iremos encontrar algo que nos
satisfaça completamente, desviando a atenção do seu eu interior. Errado, não
sigam por esse caminho!
Enfim,
enquanto estiver de frente à televisão, escolha algum programa que desperte seu
interesse, procure prestar atenção na sua atividade mental e desvie os olhares
da tela em intervalos regulares, com o intuito de cortar a tal hipnose. Não
aumente o volume além do necessário e procure desligar a televisão e fazer
alguma atividade física ou intelectual, ou apenas a curtir as pessoas que estão
ao seu lado, principalmente se tiver crianças na casa.
E
assim, vocês verão o benefício de fazer o esforço de ser criterioso nas
escolhas e diminuir esse vício na televisão. Você passará mais tempo com você,
observará seus pensamentos. O intuito de tudo isso é você se conhecer,
mergulhar dentro do seu conhecimento interior, refletir mais sobre a vida,
sobre a natureza, sobre o ambiente ao seu redor. Nós sempre queremos mudar
algo: queremos que o governo mude, que nosso chefe mude, as mulheres querem que
o marido mude e vice versa, queremos que nosso vizinho mude, que nosso filho
mude, queremos mudar o mundo; mas, e mudar a nós mesmos? E quanto a mudar
nossos hábitos mais antigos e mudar o que pensamos?
Sibila
de Cumes, nos antigos templos da Grécia jamais disse “Modifique os outros”,
não, claro que não; estava escrito na entrada dos templos da antiga Grécia,
principalmente em Atenas: “nosce te ipsum”, ou “conhece-te a ti mesmo”. Jesus
Cristo também falava para os discípulos que tentavam compreendê-lo: “Conhece-te
a ti mesmo e conhecerás a teu semelhante e a teu Deus”.
Nós
estamos certos de que para você conhecer a si mesmo, conhecer como você
funciona, como seu corpo funciona, quais capacidades seu cérebro possui, suas
habilidades adormecidas; não será sentado horas e horas em frente à televisão
que você encontrará e descobrirá tudo isso.
Você
só estimula o cérebro se o exercita, por isso quem sempre esteve atento a esta
questão terá menos problemas de saúde cerebral, como demência e doenças
cognitivas, como Alzheimer.
“O cérebro é como um músculo: se você
exercita, você está mais protegido contra problemas”, diz Lea Grinberg, uma das
coordenadoras do Banco de Cérebros da USP. Em caso de danos ao cérebro – seja
causado por doenças como Alzheimer ou por pauladas na cabeça –, pessoas com bom
nível educacional ou QI alto sofrem perdas menores da capacidade cerebral. Ao
que tudo indica, exercitar o cérebro cria uma espécie de reserva. É possível
que, quando necessário, os atletas mentais consigam recrutar outras áreas do cérebro
mais facilmente, ou talvez compensem a perda por usarem cada área de forma mais
eficiente.
Aliás,
uma boa notícia: só o fato de você estar lendo este texto já é um começo.
“Leitura é um exercício fantástico. Quem não lê está fadado a uma memória mais
lenta”, diz Iván Izquierdo, neurocientista da PUC gaúcha. Enfrentar desafios e
sair da frente da TV também ajuda, assim como fazer exercícios físicos. Eles
não só permitem que o seu cérebro funcione melhor como, provavelmente, fazem
nascer novos neurônios.
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