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domingo, 29 de setembro de 2013

OPINIÃO: Já se vão dez anos… Uma homenagem à história do eterno Gilvan Santos

Paulo César Gomes é professor de História e escritor



No dia 30 de setembro de 2003, faleceu na cidade na cidade do Recife, aos 33 anos, o ator, dançarino, poeta e cordelista Gilvan Severino dos Santos. Nascido em Serra Talhada, em 30 de outubro de 1969, Gilvan Santos militou durante toda a sua vida no movimento cultural da cidade. Foi um dos fundadores do MTP (Movimento de Teatro Popular) que no final dos anos 80 fez muito sucesso pelo interior do Nordeste  com a peça “As proezas de João Grilo”, escrita e dirigida por Anildomá Willams de Souza. Nos palcos ele contracenou com Cleonice Maria e Gisleno Sá.

Nos início dos anos 90, Gilvan passou por um transplante de rim, doado pelo seu irmão Edvaldo Pato. Recuperado do procedimento ele retornou as atividades teatrais e sua militância política. Como estudante participou da criança do GME (Grupo de Mobilização Estudantil), o grupo foi um dos incentivadores do movimento pelo “Fora Collor” no município. Entre 1993 e 1994, Gilvan adere ao “teatro de rua” – nesta atividade “rua” é todo espaço público aberto e apto a receber um espetáculo teatral, como parques, praças, monumentos, edifícios, rios, entre outros, em oposição aos locais fechados, além do uso da voz e do corpo na construção estética – as “esquetes” apresentados por Gilvan Santos, Giovanni Sá, Fátima Alves e Cleonice Maria.

Essa formação de aritstas conquistou o público com abordagens cômicas de temas sociais bastante difundidas na época como a dívida externa, o fora o FMI, a reforma agrária, o combate à corrupção e ao coronelismo que reinava no Sertão Nordestino. Outra marca importante desse trabalho era o improviso dos atores em cena. Era impossível não “bolar de ri” com as peripécias do quarteto mágico do teatro serra-talhadense.

Em 1995, Gilvan Santos participou da fundação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião e a FCCL (Fundação Cultural Cabras de Lampião). Ele interpretou durante anos o papel do lendário Lampião. No grupo Gilvan pode os seus dons interpretativos para dar uma nova dinâmica à dança, sem contar que ele ao lado de sua irmã, Cleonice Maria, introduziram novos passos ao ritmo musical. Petista de carteira, o “Bigulim” – como apelido dado pelo jornalista Giovanni Sá – foi candidato a vereador pelo partido por duas, 1996 e 2000. Além de ter participado de várias ocupações promovidas pelo MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, e de manifestações realizadas pelos sindicatos e associações de classe.

Gilvan era membro da academia Serra-talhadense de Letras e escreveu vários cordéis, entre eles, Lampião – Vida e Morte; Fitoterapia: O uso pela Natureza; O Segredo do Cachorro; Mulher e Xaxado no Cangaço. Pelo seu empenho na defesa das causas sociais e culturais o seu nome dando a um assentamento de trabalhadores rurais e a um grupo de xaxado. Gilvan era uma pessoa alegre e determinada, mesmo diante dos constantes problemas de saúde era impossível vê-lo de cabeça baixa ou depressivo. Para contrariar a lógica da incerteza ele propagava o bom humor que lhe era peculiar.


Após lutar por mais de 10 anos contra os problemas renais, Gilvan faleceu de infecção generalizada e falência múltipla de órgãos. Deixou viúva e dois filhos, e uma lacuna gigantesca para todos aqueles que tiveram o privilegio de conhecê-lo. Mas, como é dito na saudação feita a todos aqueles que tombam em meio à luta e sempre travando o bom combate… Companheiro Gilvan Santos! Presente! Agora e sempre!

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no site Farol de Noticias de Serra Talhada, em 29 de setembro de 2013.

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