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terça-feira, 25 de março de 2014

A AUSÊNCIA DO ESTADO E A ORIGEM DOS CICLOS DE VIOLÊNCIA EM SERRA TALHADA

Por Paulo César Gomes, Professor, Escritor e Pesquisador serratalhadense



A atual onda de violência em Serra Talhada tem levantado uma série de discussões no meio social, entre elas o debate sobre a origem desses ‘ciclos’ de violência que a cada década volta a ganhar força. Algumas pessoas tentam justificar o aumento do número de homicídios no fato da cidade ser o berço de Lampião. O que na verdade não passa de um grande equívoco, já que nenhum crime foi cometido, ou no passado ou no presente, tendo como inspiração o Rei do Cangaço.

Ainda que seja contraditório, Lampião é uma referência cultural para a cidade e para o Nordeste, um personagem que é estudado por pesquisadores e acadêmicos do Brasil e no mundo. O certo é que existe uma prática de se “fazer justiça com as próprias mãos”, oriunda de uma cultura machista que passa de pai pra filho, e é regra em vários ‘clãs’ espalhados pelo interior nordestino. Dessa forma, um simples pisão no pé pode ser desencadeada uma sequencia trágica de mortes, motivadas pelo desejo de “lavar a honra” e de “não ser desmoralizado”.

Esses são sem sobra de dúvidas fatores que contribuíram e contribuem para o surgimento de ciclos de violência que marcaram a história do povo sertanejo. Alguns tipos de crimes, como tráfico de drogas e assassinatos por dívidas de drogas, ou os crimes sexuais e passionais, têm origens na atual conjuntura social da região, que encontra-se em franco desenvolvimento econômico e urbanístico, e os desvios de conduta e os problemas sociopáticos de parte da sociedade.

Sem contar com a lentidão da Justiça, que acaba estimulando a justiça feita com as próprias mãos. O mais importante nesse momento não é tão somente discutir a origem, mas principalmente os mecanismos para que ocorra a redução dos índices de violência.

É preciso devolver aos cidadãos a sensação de segurança que eles perderam. E para que isso venha a ocorrer, é preciso que Estado use as suas prerrogativas, que inclui entre outras coisas, o uso da força policial. O que estamos vivendo atualmente é definido pelo sociólogo como uma anomalia, um fenômeno que já aconteceu em região onde se observou a inexistência do Estado de direito, e que a solução encontrada foi uso da força do Estado (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário).

Um bom exemplo disso foi ocupação de alguns morros do Rio de Janeiro pela policia, locais que antes eram dominados pelos traficantes e que agora começam a sentir gradativamente uma sensação de segurança. Portanto, não há muito o que se debater, basta apenas que Estado use a sua força e o seu poder, porque quando os políticos querem eles fazem as coisas acontecerem, para o bem ou para o mal, mas eles fazem!

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Publicado no Portal Farol de Notícias de Serra Talhada, em 25 de março de 2014

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