Al-Qaeda (também Al-Qaida ou Alcaida)
é uma organização fundamentalista islâmica internacional, constituída por células colaborativas
e independentes que visam reduzir a influência não-islâmica sobre assuntos
islâmicos.
São
atribuídos à Al Qaeda diversos atentados a alvos civis ou militares na África, no Oriente Médio e na América do Norte,
nomeadamente os ataques de 11 de setembro de 2001,
em Nova Iorque e em Washington, aos quais o governo norte-americano respondeu
lançando a Guerra ao Terror. Seu fundador,
líder e principal colaborador seria Osama Bin Laden. A estrutura organizacional da Al-Qaeda e a
ausência de dados precisos sobre seu funcionamento são fatores que dificultam
estimativas sobre o número de membros que a compõem e a natureza de sua
capacidade bélica.
Visão geral
A
Comissão Nacional sobre Ataques Terroristas nos Estados Unidos (Comissão 9/11) diz que a Al-Qaeda é
responsável por um grande número de ataques violentos e de alto nível contra
civis, alvos militares e instituições comerciais pelo mundo. O relatório da
comissão atribuiu os ataques de 11 de Setembro de
2001 ao World Trade Center em Nova Iorque, ao Pentágono em Arlington e ao voo 93 na Pensilvânia o comando à Al-Qaeda.
Apesar
do grupo alegadamente ter sido responsável direto pelos ataques, vários
analistas, como Michael Scheuer, um ex-analista da CIA (Agência
Central de Inteligência estadunidense) sobre terrorismo, acreditam que a
Al-Qaeda evoluiu para um movimento … no qual a Jihad é
auto-sustentável, os guerreiros islâmicos lutam contra a América com ou sem a
aliança de Bin Laden e da Al-Qaeda originária, e
no qual o nome traz inspiração para novos ataques internacionais.
As
origens do grupo podem ser traçadas a partir da invasão soviética ao Afeganistão, na qual vários não-afegãos, lutadores árabes se
uniram ao movimento anti-russo formado pelos Estados Unidos e Paquistão. Osama Bin Laden, membro de uma abastada e proeminente família
árabe-saudita, liderou um grupo informal que se tornou uma grande agência de
levantamento de fundos e recrutamento para a causa afegã. Esse grupo canalizou
combatentes islâmicos para o conflito, distribuiu dinheiro e forneceu logística
e recursos, para as forças de guerra e para os refugiados afegãos.
Depois
da retirada soviética do Afeganistão em 1989, vários veteranos da guerra
desejaram lutar novamente pelas causas islâmicas. A invasão e ocupação do Kuwait pelo Iraque em
1990 levou o governo estado-unidense à decidir enviar suas tropas em coligação
para a Arábia Saudita, com o
suposto intuito de expulsar as forças iraquianas daquele país. A Al-Qaeda era
fortemente contra o regime de Saddam Hussein, Saddam era acusado pelos fundamentalistas
muçulmanos de ter tornado o Iraque um Estado laico. Bin Laden ofereceu os
serviços dos seus combatentes ao trono saudita, mas a presença de forças
"infiéis" em território islâmico sagrado - era uma luta entre
islâmicos - foi visto por bin Laden como um ato de traição. Então, decidiu
opôr-se aos Estados Unidos e aos seus aliados. A Al-Qaeda considerou os Estados
Unidos como opressivos contra os muçulmanos, citando o apoio
estado-unidense à Israel nos conflitos entre palestinianos e israelitas, a presença militar
estado-unidense em vários países islâmicos (particularmente Arábia Saudita) e
posteriormente a invasão e ocupação do Iraque em 2003.
Osama
bin Laden era e Ayman al-Zawahiri é
membro seniore do conselho da Al-Qaeda e considera-se que possuem contatos com
algumas outras células da organização.
Organização e estrutura
Em
comunicados formais, Osama Bin Laden preferia
usar o termo Frente Internacional pelo Jihad contra os Judeus e
Cruzados como nome para o grupo, em vez do termo mais famoso Al-qaeda.
Embora
o uso do nome Al-Qaeda fosse anterior, só em 2001 foi formalmente usado
enquanto denominação do grupo, quando o governo estado-unidense decidiu
perseguir ou tornar pública a perseguição a Bin Laden. Bin Laden em pessoa é
provavelmente a melhor fonte para a origem do rótulo Al-Qaeda. Falando em 2001,
ele citou: O nome 'Al-Qaeda' foi estabelecido há muito tempo atrás por
conveniência. Abu Ebeida El-Banashiri liderou os campos de treino para os
nossos mujahidin contra o terrorismo russo. Nós costumávamos
chamar o campo de treino Al-Qaeda. E o nome ficou.
A
inspiração filosófica da Al-Qaeda vem dos escritos de Sayyid Qutb, um pensador proveniente da Irmandade Muçulmana, cujos
textos inspiraram a maioria dos principais movimentos militantes islâmicos hoje
activos no Médio Oriente. O autor defende uma
revolução islâmica armada para a sobreposição de todos os regimes não guiados
pela lei islâmica, e reitera a expulsão de milícias e empresas ocidentais de
todos os países muçulmanos.
De
acordo com afirmações transmitidas pela Al-Qaeda na internet e em canais de televisão, as últimas metas da
Al-Qaeda passam por restabelecer o Califado do mundo islâmico, e, para isso, trabalham com
quaisquer grupos extremistas, organizações ou governos que lhes permitam
atingir essa meta. Os fundamentos originais da Al-Qaeda originária são
fortemente anti-sionistas. Em 1997, numa entrevista com Peter Arnett, Osama bin Laden cita a presença estado-unidense
no Médio Oriente e o apoio israelita como as principais razões para as acções
da sua organização.
A
Al-Qaeda acredita que os governos ocidentais e, particularmente, o governo
estado-unidense, agem contra os interesses dos muçulmanos. As suas faltas,
segundo o grupo, incluem:
·
provisão de apoio económico e militar a regimes
opressores dos muçulmanos (por exemplo, o suporte estado-unidense a Israel);
·
o veto da Organização das Nações Unidas em
relação a sanções propostas contra Israel;
·
tentativas de influenciar os assuntos de governos e
comunidades islâmicas;
·
suporte directo, através de armas ou empréstimos, a
regimes árabes anti-islâmicos
·
presença de tropas em países islâmicos,
especialmente na Arábia Saudita;
·
a invasão do Iraque em
2003 (independentemente de supostos confrontos entre Saddam e a Al-Qaeda).
Para
além dos ataques de 11 de Setembro de
2001 ao World Trade Center em Nova Iorque e ao Pentágono em Washington, crê-se que a Al-Qaeda esteve envolvida nos
seguintes ataques:
·
embaixada americana em Nairobi, Quénia, em 7 de agosto de 1998;
·
embaixada americana em Dar es Salaam, Tanzânia, também em 7 de agosto de 1998;
·
bombardeiro USS Cole, atracado no Iêmen, em 12 de outubro de 2000;
·
ataques ao metrô de Londres, em 7 de julho de 2005.
Pensa-se
que o líder militar da Al-Qaeda era Khalid Shaikh Mohammed,
até ter sido detido no Paquistão em 2003. O líder prévio tinha sido Mohammed Atef, morto num bombardeio americano no Afeganistão em finais de 2001.
A
cadeia de comando
Apesar
da estrutura atual da Al-Qaeda ser desconhecida, as informações adquiridas
principalmente do desertor Jamal al-Fadl deram
às autoridades americanas um esboço cru de como o grupo estava organizado.
Enquanto a veracidade das informações fornecidas por al-Fadl e a motivação para
esta cooperação sejam controversas, as autoridades americanas baseiam muito de
seu conhecimento atual sobre a Al-Qaeda em seu testemunho.
Bin
Laden foi o emir da Al-Qaeda (apesar de originalmente este papel ter
sido de Abu Ayoub
al-Iraqi), eleito por um conselho shura, que consiste em
membros seniores da Al-Qaeda, que oficiais ocidentais estimam ser cerca de 20 a
30 pessoas. Após sua morte, em maio de 2011, depois de um ataque de comandos
dos SEALS norte-americanos à sua mansão na cidade de Abbottabad, no Paquistão, no dia 16 de junho de 2011, em comunicado transmitido por vários
sites jihadistas do mundo árabe na Internet, a organização informou que o médico e braço-direito
de bin-Laden, Ayman al-Zawahiri, passou
a ser o novo líder da organização terrorista, como uma maneira de "honrar
o legado de bin-Laden".
·
O Comitê Militar é responsável
pelo treinamento, aquisição de armas e planos de ataque.
·
O Comitê de Negócios e Dinheiro gerencia
as operações de negócios. O escritório de viagens fornece passagens aéreas de
passaportes falsos. O escritório de folha de pagamentos paga aos membros da
Al-Qaeda e o escritório de gerenciamento toma conta de negócios no estrangeiro.
De acordo com o Relatório da Comissão US 911, estima-se que a Al-Qaeda
necessite de US$ 30.000.000 por ano para conduzir suas operações.
·
O Comitê Legislativo revê as leis
Islâmicas e decide cursos de ação particulares conforme às leis.
·
O Comitê de Estudos Islâmicos/fatwah expede
editos religiosos, tais como o editado em 1998,
pedindo aos muçulmanos que matem americanos.
·
No final da década de 1990, havia um Comitê
de Imprensa publicamente conhecido, que administrava o jornal Nashrat
al Akhbar (Newscast) e que fazia as relações públicas da organização. Hoje,
assume-se que as operações de mídia da organização são conduzidas por setores
internos da mesma.
Revoltas
políticas ou estruturas organizacionais terroristas: desconhecidas
Alguns
especialistas em organizações dizem que a estrutura de rede da al Qaeda,
opostamente a estrutura hierárquica organizacional é sua força
primária. A estrutura descentralizada permite à al Qaeda ter uma base
distribuída pelo mundo inteiro enquanto mantém um núcleo pequeno. Estima-se que
100.000 militantes islâmicos tenham recebido instruções nos campos de
treinamento da Al Qaeda desde sua intercepção, embora o grupo retenha somente
um pequeno número de militantes sob ordens diretas. Estimativas raramente
colocam sua mão-de-obra acima de 20.000 no mundo todo.
Para
suas operações mais complexas (como os ataques aos Estados Unidos em 11 de
setembro de 2001), acredita-se que todos os participantes, planejamento e
financiamento tenham sido diretamente providos pelo núcleo da organização Al
Qaeda. Mas, em muitos atentados ao redor do mundo onde parece haver uma conexão
com a Al Qaeda, seu papel preciso tem sido menos fácil de se definir. Ao invés
de conduzir essas operações da concepção até a entrega, a Al Qaeda,
frequentemente, parece agir como uma rede de suporte internacional financeiro e
logístico, canalizando o dinheiro obtido de uma rede de atividades de
levantamento de fundos para financiar treinamento, capital e coordenação de
grupos radicais locais. Em vários casos, é nesses grupos locais, somente
frouxamente afiliados ao núcleo da Al Qaeda, que os ataques são realmente
conduzidos.
As explosões de
2002 em Bali e as explosões subseqüentes no Hotel Marriott em
Jacarta em 2003 dão alguma pista da metodologia de descentralizada da al Qaeda:
os ataques mostraram uma coordenação e efetividade muito maiores do que deve,
historicamente, ter sido esperado de redes regionais de terroristas. Mas
investigações policiais e julgamentos posteriores mostraram que, enquanto se
acreditava que a Al Qaeda ofereceu expertise e coordenação,
muito do planejamento e do pessoal que conduziu os atentados veio de grupos
islâmicos radicais locais.
Sabe-se
que a Al Qaeda estabeleceu e estimulou novos grupos para ampliar os interesses
de grupos radicais islâmicos em conflitos locais. Na verdade, o Talibã deve ser
classificado nessa categoria: as raízes da organização estão nos estudantes
radicais dos madraçais fundados por Bin Laden nos
campos de refugiados Afegãos na época da ocupação russa.
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