Como será que Georg Simmel, um dos pais da Sociologia, veria nossas
atuais cidades? O que ele teria a dizer, então, sobre seus processos de
socialização, sua interação social e sobre as novas formas de individuação?
Espantar-se-ia Simmel com as “tribos urbanas”, com a “vida sem qualidade”, com
os “não-lugares”, com os indivíduos com “excesso de investimento em si mesmos”?
A que nos serve, entrementes, um autor de finais do século XIX , que
ainda andou de bonde puxado a burro, para pensar as cidades de início do século
XXI? Um autor que conheceu a pena de ganso para redigir seus textos e jamais
terá conhecido a esferográfica e muito menos o processador de texto?
É justamente um desses “dinossauros” que trazemos do passado, para que,
com seu espanto passadista, possa nos acordar do entorpecimento do espetáculo
que as grandes metrópoles encenam diariamente, ofertando-nos a côdea de pão e
sonho a que fazemos jus como partícipes desse fabuloso show.
Simmel nos tocará porque ainda somos demasiados humanos, mesmo sabendo
que os andróides estão à espreita. Simmel nos interessará, talvez, porque tenha
descoberto a importância da cultura urbana na configuração do caráter dos indivíduos
em sociedade. E mais do que tudo, Simmel nos afetará porque com ele acreditamos
roçar os segredos do comportamento humano e somos levados a indagar, então,
como a cidade foi possível ?
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