A adolescência é um período
complicado para pais e filhos. As relações ficam mais difíceis, as preocupações
aumentam e é preciso administrar com calma essa fase cheia de experiências
novas para os jovens. Para evitar o distanciamento, duas especialistas listam
dez erros comuns, cometidos pelos pais, em relação aos adolescentes.
1º ERRO: não entender que os filhos
cresceram
As crianças são muito ligadas aos
pais. Mas, na adolescência, há um afastamento natural, para que os filhos
possam testar sua independência e autonomia. E isso não significa que os jovens
não gostam mais de seus pais. A psicóloga Marina Vasconcellos explica que os
adultos devem entender esse momento e dar mais liberdade (claro, com limites).
“Não dá para permitir tudo, mas é um erro impedir que os adolescentes tenham
experiências novas, afinal, eles cresceram e precisam disso para a construção
da identidade.”
2º ERRO: minimizar as descobertas
Os pais costumam dizer aos filhos que
sabem perfeitamente pelo que eles estão passando, pois já viveram tudo aquilo.
E, portanto, acham que podem dizer qual é o melhor caminho. Marina diz que isso
é um erro. “É preciso respeitar o momento do filho, sem impor seu modo de
pensar. Por mais que tenhamos ideia de como é, agora é a vez deles”, diz a
psicóloga. “É impossível impedir o sofrimento dos filhos. Todos têm tristezas e
dificuldades. Os jovens também.”
3º ERRO: não saber como controlá-los
Os adolescentes se consideram maduros
e não gostam de dar satisfações. Mas precisam. E o ideal é fazer com que isso
aconteça naturalmente, sem a necessidade de cobrar explicações. De acordo com
Marina, “se os adolescentes são tratados com respeito, geralmente, retribuem da
mesma maneira”, diz ela. “Pais que julgam bloqueiam os filhos, que se fecham.
Em uma relação saudável, as conversas fluem normalmente. Isso inclui falar
sobre que estão passando, apresentar os amigos, compartilhar as experiências”.
O conselho dela é dar espaço para que o filho se abra, sem que sinta medo de
ser julgado. “Quebre o clima de tensão entre vocês com bom humor.”
Não minimize as descobertas do seu
filho sempre repetindo que já passou por tudo isso
4º ERRO: exagerar nas cobranças
A adolescência é uma fase de muitas
cobranças. Os pais querem que os filhos tenham um bom futuro, estudem, tenham
boas companhias, criem responsabilidade, não se envolvam com drogas... A
sugestão de Marina é escolher a forma certa de cobrar. “Os pais devem ser
afetuosos, senão não funciona. Não podem apenas cobrar. A cobrança precisa ser
intercalada com carinho, diversão, momentos descontraídos e diálogos. Muita
pressão cansa os dois lados: adolescentes e pais.”
5º ERRO: não saber dar liberdade
Podar demais não dá certo. “Deixe que
o seu filho durma na casa dos amigos”, exemplifica Marina Vasconcellos. “Ligue
para os pais do amigo, certifique-se de que é seguro e permita”. De acordo com
a psicóloga, os pais têm dificuldade para saber qual é o momento certo de
permitir que os filhos saiam à noite. “Aos 15 ou 16 anos, eles querem chegar
mais tarde em casa. Querem ir para as baladas. Deixe-os ir, mas é importante ir
buscá-los, para ver como saem dessa balada (se estão com os olhos vermelhos ou
bêbados, por exemplo)”, recomenda a psicóloga. “Combine um horário condizente
com a idade e a maturidade do seu filho.”
6º ERRO: demonstrar falta de
confiança
Certificar-se de que o seu filho está
em segurança é bem diferente de vigiá-lo. De acordo com a psicoterapeuta
Cecília Zylberstajn, o filho pensa que, se o pai não confia nele, pode fazer o
certo ou o errado, pois não fará diferença. “Investigar exageradamente não
estimula a responsabilidade. Gera um clima de desconfiança –e as relações
íntimas são baseadas na confiança”, alerta a especialista. “Diga para o seu
filho que quer se assegurar de que ele estará bem e informe-se, mas não aja às
escondidas.”
7º ERRO: desesperar-se nas crises
Os adolescentes dão trabalho. Mas é
essencial agir com cautela. “As reações precisam ser proporcionais aos fatos”,
diz Cecília. “Se o seu filho entrou em coma alcoólico é uma coisa, se chega
cheirando a bebida é outra. Os pais devem hierarquizar a gravidade dos
problemas”. De acordo com a psicóloga, ter uma reação desmedida (ou dar broncas
muito frequentes) estimula o filho a mentir. “Para o adolescente, o problema é
a bronca. Ele não pondera se suas atitudes podem ser perigosas. Por isso,
converse com calma, para entender as razões que o levaram a fazer escolhas
erradas. Descubra se é algo frequente e explique as consequências.”
·
Colocar defeito em todos os namorados
dos seus filhos pode afastá-los de você. Cuidado!
8º ERRO: constranger os filhos
Na adolescência, é comum os filhos
terem vergonha dos pais. Tente compreender isso. Cecília explica que os pais
são munidos de informações que podem envergonhar o filho diante dos amigos.
Particularidades que só os pais sabem, mas que o jovem não quer que sejam
reveladas. “Os adultos precisam evitar expor a intimidade dos filhos, pois,
muitas vezes, o deixam constrangido. Evite, também, estender muito as conversas
com os amigos dele. “Pai e mãe não são amigos. Pais que querem ser amigos não
estão sendo bons pais”, alerta Cecília. “A relação precisa ser hierárquica.
Isso não significa que tenha de ser ruim. A diferença é que, com amigos, temos
relações de igual para igual. Entre pais e filhos não é assim”, diferencia a psicóloga.
“Os pais podem ser bacanas, compreensivos, divertidos, mas são pais.”
9º ERRO: colocar seu filho em um
altar
Pare de pensar que ninguém está à
altura do seu filho. É comum os pais colocarem defeitos em todos os amigos e,
principalmente, nos namorados que os adolescentes têm. Cecília lembra que o
excesso de julgamento faz com que os filhos se fechem. “O resultado de tantas
críticas é que os filhos passam a esconder namorados e amigos dos pais. Eles
perdem a vontade de apresentar pessoas com quem convivem e começam a ficar mais
na rua do que dentro de casa”, alerta.
10º ERRO: fazer chantagens
Ameaçar cortar a mesada, caso o filho
não obedeça, é muito comum. Assim como dizer que, enquanto ele viver às suas
custas, não poderá tomar certas atitudes. “Isso é uma chantagem e não educa”,
resume Cecília. “Os pais devem explicar as razões que os levam a proibir
determinados comportamentos. Com ameaças, o jovem apenas obedece para não
perder um benefício”. A psicóloga diz, ainda, que, agindo assim, a relação entre
pais e filhos fica muito rasa. “É como beber e dirigir: quem não faz, pois sabe
que é perigoso para si e para as outras pessoas, compreende o problema. Quem
deixa de fazer apenas por medo da multa, não entende os riscos”, exemplifica.
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