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domingo, 19 de maio de 2013

Por uma nova História Cultural e Social de Serra Talhada


Por uma nova História Cultural e Social de Serra Talhada
Segundo um velho provérbio árabe, “os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais”. Ditos, prentesamente ingênuos, fazem mais que simplesmente dispor sobre o óbvio; muitas vezes anunciam tendências ou expõem, de forma sintética, sentimentos  e expectativas. De certa forma a banda D. Gritos sintetizou muito bem essa análise, abrindo um precedente importante para que ao escrevermos sobre sua História, possamos erguer uma bandeira que nos fomete com elementos que venham a servir de paradigmas para a construção de uma nova visão histórica, uma nova perspectiva que nos permita reescrevermos uma nova História Cultural e Social de Serra Talhada.
Escrever sobre a banda D.Gritos não significa apenas falar de um grupo de rapazes que se reuniram para cantar e tocar, ou simplesmente para expressarem seus sentimentos de de revolta e de frustração. Escrever sobre eles é também um resgate de parte da nossa história que anda esquecida. Nesse sentido buscamos dialogar com Jacques Le Goff, Historiador da 3ª geração da Escola dos Annales, que defende a chamada “Nova História Cultural”, segundo a qual, toda atividade humana é considerada história. Partindo desse princípio, buscamos resgatar através deste trabalho de pesquisa, fatos que com o passar dos anos foram sendo deletados da nossa memoria histórica, pois, a maioria dos escritores e pesquisadores regionais preferem contar a história das lendas e mitos humanos, dos líderes políticos e dos seus feitos, esquecendo-se que a vida, assim como a história, é feita também por pessoas simples, mas que em muitos casos são possuidoras de uma postura inovadora e movida por muito idealismo, e que dessa forma, contrariam uma tendência conservadora que domina parte da nossa sociedade.
Com a intenção de apresentar uma nova visão de como se contar uma história, recorremos a “Nova História Cultural”, método que frequentemente combina as abordagens da antropologia e da história para olhar as tradições da cultura popular e interpretações culturais das experiências históricas e humanas. A Nova História Cultural ocupa-se com a pesquisa e a representação de determinada cultura em dado período e lugar. Ela não se dedica diretamente especificamente à história política ou à história oficial de países ou regiões. Na Nova História Cultural a cronologia não é tão relevante quanto na historiografia política.
Contar uma História tão rica de detalhes e simbolismo não foi uma tarefa fácil. Para que isso fosse possível, recorremos a um elemento extremamente importante na composição de toda e qualquer reconstrução histórica tome vida e ganha alma, a memória, pois ela permite que as pessoas revivam as relações e falem sobre amores e também, desamores. Para a composição do livro D.GRITOS: DO SONHO À TRAGÉDIA. A HISTÓRIA DA MAIOR BANDA DE ROCK DO SERTÃO PERNAMBUCANO, foram feitas várias entrevistas com pessoas que fizeram parte dessa história, depoimentos que mostram a importância que a memória coletiva tem na fragmentação da história.
Foi quase impossível não se envolver nas lembranças trazidas à tona, a cada conversa realizada com aqueles que integraram, ou que somente escutaram alguma das músicas produzida em pouco mais de oito anos de existência da banda. A tarefa na construção desta narrativa foi a de dar um sentido às lembranças confiadas por essas pessoas que estiveram presentes nesta curta trajetória.
Pois é com esse olhar que relatamos a trajetória de uma banda de rock que nasceu no Sertão do Pajeu e que continua viva na memória de inúmeras pessoas que viveram os “turbulentos”, “violentos” e “movimentados anos 80 e início dos 90” em Serra Talhada e nas cidades circuvizinhas. Em uma época em que o forró passou por transforamções, ou melhor dizendo, deformações, e que a música baiana começava a conquistar o cenário nacional, alguns destemidos jovens andaram não contramão do contexto regional e resolveram tocar e cantar rock, um ritmo surgido nos Estados Unidos da América, mas que assim como a própria música se tornou universal.
Após ouvirmos vários depoimentos, pesquisarmos em arquivos de jornais locais, acervos fotográficos e em letras de músicas, gravadas e inéditas, encontramos elementos que nos permitissem traçar um perfil histórico da banda D.Gritos. Nesse sentido, dividimos o nosso trabalho em dez capítulos tentado assim situar o leitor da melhor forma possível. Com essa fragmentação será possível entender como era a Serra Talhada dos anos 80, o cenário da música nacional, e os principais elementos que possibilitaram o surgimento da banda D.Gritos. Veremos as principais conquistas e decepções da banda, além de conhecer uma pouco mais sobre os vários músicos que passaram pelo grupo ao longo de sua existência.
Entenderemos melhor alguns conflitos internos que ocorreram na banda, parte da intimidade musical e comportamental de alguns integrantes, fatos que serão mostradas de uma forma natural, sem preconceito ou juízo de valor. E como não poderia ser deixado de lado, viajaremos pelo mundo que cercava os D.Gritos, navegando nas letras de músicas, as gravadas e as inéditas. Nesse sentido, serão mostrados de onde surgiram as inspirações para a criação de clássicos como: Loucos (Mayra), Barriga de Rei, Quando Será Minha Vez, Eu Sei, Traumas, O Barquinho Azul e tantas outras que já fazem parte da vida de três gerações de serra-talhadenses.
Na última etapa da pesquisa será abordada a morte trágica de Ricardo Rocha e conseqüentemente o fim da banda. A narrativa será seguida de fotos, recortes de jornais locais e de diversos depoimentos. Para completar o leitor irá conhecer a maior parte das letras da banda D.Gritos, assim como as dos seus principais compositores. Queridos leitores, bem-vindos à história da maior banda de rock do Sertão Pernambucano!

Professor e escritor Paulo César Gomes
Introdução do Livro D.GRITOS: DO SONHO À TRAGÉDIA. A HISTÓRIA DA MAIOR BANDA DE ROCK DO SERTÃO PERNAMBUCANO

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